Mais tarde, como prometido, Grissom foi ao hospital passar a noite com Sara. Quando chegou foi informado que, logo após sua saída, ela teve febre que já estava medicada e que agora estava descansando.

— Estava achando Sara muito triste, fiquei preocupado quanto a isso, pelo que me lembro Sara é tão alegre, e quando fui examiná-la já estava além dos 39°. - O médico explicava para o namorado atencioso.

— E o motivo dessa febre?

— Grissom, como eu disse antes, pelo trauma físico e psicológico que ela sofreu é normal. É uma forma do corpo dela liberar todo o mar de informação que ele processou e que ela sentiu também.

— E o bebê vai ficar bem? Ela vai ficar bem?

O médico sorrindo lhe dizia, calmo:

— Não há com que se preocupar. Somos uma ótima equipe. Seu filho está em ótimas mãos e ela também. Seu filho é forte.

Grissom sorriu, mais abertamente.

— Deve ter puxado a mãe.

— Já que estamos falando dela, eu queria dizer que notamos que ela está bem triste e anda chorando. É fato que já estamos acostumados com isso, muitas mães não estão prontas para a maternidade ou a criança é fruto de algo complicado, enfim. Gostamos de Sara, queremos ver ela bem. Eu que a conheço a mais tempo sei que não é o normal. Sara está passando por alguma dessas dificuldades? Estão com problemas?

Ele não queria contar da sua vida íntima para o médico, ninguém precisava saber o quão estúpido ele fora. Ninguém precisava saber que ele se derretia em remorso pelo que fizera com ela.

— Confiei em quem não devia e magoei Sara. Mas estou lutando pelo perdão dela, não se preocupe. Ela vai ficar bem, logo logo.

Após responder a pergunta do médico, Grissom pediu para ser levado até o quarto de Sara, queria pedir desculpas, queria conversar com ela de maneira decente e pedir perdão, mil vezes perdão! Caminhavam juntos os dois homens pelos corredores sem fim do hospital. Não trocaram nenhuma palavra, não era cabível. Ao chegarem ao quarto, o CSI mais velho agradeceu ao outro homem e entrou na sala, sozinho.

Viu Sara dormindo tranquilamente, seu semblante calmo o fez sorrir logo em seguida. Só queria tomá-la nos braços e saber que estavam bem de novo. Só queria escutar o som da sua respiração, sentir o bater de seu coração contra o dele. Era só isso que queria.

Ficou uns minutos a observando dormir e depois, cansado, resolveu sentar na poltrona que, por sorte, parecia-lhe tão confortável. Em dois minutos Grissom já tinha dormido, o cansaço o consumira por completo.

Sara havia dormido bem, não estava com tanta dor como a noite passada e nem estava tão dolorida. Sentia-se bem e só queria sair daquele hospital. Abriu os olhos e sorrindo apreciou a bela paisagem ao seu lado. Ao virar o rosto notou que mais alguém dormira em seu quarto, alguém que conhecia muito bem e que estava bastante chateada. O belo homem, que estava sentado, comprimido pela pequena poltrona, dormia lindamente. Sara sentiu um certo dó por Grissom e, se pudesse, teria levantado e chamado-o para deitar com ela. Sentir seu cheiro a faria melhorar em dois tempos. Viu ele remexer-se e começar a espreguiçar-se, só ela sabia o quanto ele ficava maravilhoso acordando.

— Ei, você já acordou. Como está se sentindo? - Ele perguntou, levantando-se e passando a mão pelo rosto. 

— Dormiu aqui? Nessa poltrona? - Ela ajeitou sua postura na cama.

— Você não me respondeu..

— Nem você. - Ela sorriu a ele, pela primeira vez depois do acidente.

— Dormi. Não quis deixar você sozinha. E nem quero, nunca mais, deixá-la sozinha.

Ela olhou para o lado, buscando algo para dizer, mas ele foi mais ágil.

— Acho que precisamos conversar.