All I Want escrita por Laurent


Capítulo 4
Sobre odiar uma festa


Notas iniciais do capítulo

hello, its me. Genteeeeeee tô ficando empolgado com essa história! Espero q vcs gostem de td. Não deixem de comentar ou dar sugestões pra esse autor aqui ficar feliz ashaush. Bjss :*



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Senti muita vergonha. Já ia me levantando quando Maria estendeu a mão para mim.

— Pode ficar aí.

— Eu... — comecei, mas não sabia o que dizer.

Ela veio até mim e sentou-se ao meu lado.

— Pelo jeito você também não está gostando muito da festa.

Fiquei sem jeito.

— Estou sim...

— Não tem problema, Gabriel. Eu também estou odiando. E é a minha própria festa.

Ela suspirou. Não fosse pelas lágrimas e pelos olhos vermelhos, ninguém perceberia seu choro; sua expressão estava completamente indecifrável.

— E por que você tá chorando? — quis saber ela.

— É complicado — falei, ainda sem saber o que dizer. — E você?

— Sinto falta de alguém.

Ela pousou as mãos no colo e cruzou as pernas, encarando o chão.

— Hoje não é nosso dia — comentei, mesmo sabendo que não era a melhor coisa a ser dita.

— Definitivamente não é. — Por incrível que parecesse, ela abriu um pequeno sorriso.

Senti a necessidade de falar algo sobre mim que ao mesmo tempo não revelasse o que se passava.

— De certa forma eu também sinto falta de uma pessoa, mesmo ela estando bem perto de mim. Isso é bobagem?

Maria lançou-me um olhar de quem compreendia o que eu estava dizendo.

— Não — falou.

Um grupo de meninos passou ali por perto, alguns da minha sala de aula. Um deles laçou um olhar direto a nós dois, seguido de uma risada. Quase todos pareciam estar alterados por conta do álcool, dizendo coisas idiotas que bêbados sempre dizem, mas mantiveram certa distância do nosso espaço.

Encarei o chão também. Mais lágrimas vieram, mas eu enxuguei todas.

— Nenhuma das minhas amigas de fato me apoiam — disse Maria. — Veja, elas estão lá, e eu aqui. Existe um motivo pelo qual eu quero ficar um pouco longe delas.

— Acho que eu nem tenho amigos para contar sobre o meu caso.

— Nem o André?

Suspirei.

— Ele é o que menos me entenderia dessa história toda.

Maria levantou o olhar e encarou o quintal.

— Bem, ele está bem ali agora — disse, indicando com os olhos um ponto na extremidade de uma das paredes.

André me encarava de lá, e pareceu ficar sem jeito quando devolvi o olhar. A expressão dele era um misto de desapontamento com vergonha. Subitamente, lembrei-me do pedido dele, mas tudo parecia ter se reduzido a uma derrota que eu não poderia evitar. Eu sentia dor nos olhos por causa do choro, sentia meu coração protestando contra o que eu iria fazer.

— Ele quer ficar com você, Maria.

Ela não esboçou reação alguma durante alguns segundos.

— Isso é... complicado.

— Imagino.

— Tudo o que eu quero fazer agora é dormir. Não tenho energia pra mais nada.

Em seguida, ela levantou-se.

— Acho que vou tirar um cochilo... — e me encarou. — Fala pro seu amigo que ele é muito fofo.

Abrindo a porta que dava acesso ao interior da casa, Maria acenou em despedida para mim. Retribuí a despedida, e então ela entrou de vez. Fiquei sentado no banco sem saber muito o que fazer. Foi quando percebi que André estava vindo em minha direção. Reparei que o grupo de garotos bêbados também me encarava.

— Você disse alguma coisa pra ela? — quis saber André, em pé à minha frente. Ele parecia um pouco agitado.

— Disse sim — falei, não querendo olhar muito em seu rosto. — Maria respondeu que você é fofinho.

Talvez eu tivesse usado um tom mais seco do que pretendia.

— Ah.

— Ela tava cansada, André. Entrou em casa agora pra tirar um cochilo.

Ele não me respondeu. Em seguida, lançou um olhar curioso para os caras bêbados logo a frente, que riam e comentavam coisas que eu não podia ouvir.

— Você quer ficar com ela, Gabriel? Com a Maria — indagou ele, subitamente. — Se é que vocês já não ficaram.

Olhei-o como se ele também estivesse bêbado.

— É claro que não!

— Pode ser sincero comigo...

— André, não é isso...

— Vocês dois sumiram quase ao mesmo tempo. Disseram que estavam indo ao banheiro. Mas eu vi. Nenhum de vocês estavam lá. Vocês vieram pra cá.

— André, por favor... para de viajar, cara.

— Então me conta a verdade.

— Você quer saber? — senti uma raiva intensa tomar conta de mim. — A verdade é que eu quero ir embora.

— O quê? Mas não passou nem uma hora...

— Não importa. Eu vou embora.

— Mas...

— São nove e vinte e cinco. Creio que ainda é seguro pegar um ônibus. Nem vamos precisar de táxi.

Ele perfurou-me com os olhos.

— Tudo bem, vai. Eu pago meu táxi sozinho quando for embora.

Aquilo me fez sentir uma dor imensa no coração.

Funguei, levantando-me apressadamente e passando reto por qualquer pessoa que se encontrasse em minha frente. Segui em direção ao portão, depois saí para a rua, caminhando em direção ao ponto. E senti que estava totalmente sem rumo.


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