All I Want escrita por Laurent


Capítulo 12
Vidros e Espelhos


Notas iniciais do capítulo

Aqui retorno depois de 2 semanas de perrengues, meus lindoss ♥ Desculpem por toda essa demora!

Realmente, a volta às aulas é só uma das coisas das quais eu tenho q dar conta! Durante as férias, fico na casa da mamis, na sombra e água fresca. Porém, a realidade é q eu moro sozinho, e quando tem aula, tenho q voltar pra cidade da minha facul e viver no meu cafofo minúsculo; isso significa: lavar louça, cozinhar, limpar, fazer projeto de arquitetura e afins. E, lembrando, minha facul é integral: manhã e tarde preenchidos. Sinceramente, eu devia ter me explicado melhor no cap passado hahah mas por alguma razão eu só falei que as minhas aulas voltariam :/ mas agora vcs entendem melhor.

Outra coisa que prejudicou um pouco foi o fato de q fiquei bastante gripado. Gentchy, q horror! N tava com vontade de fazer nada hasuahs odeio ficar doente, mas acho q ninguém nessa vida gosta. Fica a reflexão.

Não vou mentir, fui em algumas baladinhas em noites q eu poderia estar escrevendo, pq ninguém é de ferro huashau nem sempre as noites acabaram da melhor forma, o q envolve, por exemplo, correr atrás de um onibus pq sua amiga esqueceu o celular lá dentro.

Essa vida universitária é um caos. MAS EU AMO ♥ Então, novamente, peço desculpas por toda essa demora, pessoal. Tudo isso foi dito pelo seguinte motivo: não sei se haverá mais uma rotina de postagem. Sei q muitos de vcs vão odiar isso, mas é q, pelo fato de várias coisas acontecerem ao longo do dia, pelo fato de q às vezes me surge um compromisso do nada, e pelo fato de q tenho aula o dia inteiro, creio q vai ficar impossível postar com regularidade.

Isso significa o fim da fic? DE JEITO NENHUM
Só significa que agora vou postar os capítulos aleatoriamente sabe-se lá quando. Mas vou me esforçar ao máximo pra conseguir postar rápido. Espero que entendam e não deixem de acompanhar a história ♥ Sou muito grato a todos vocês por absolutamente tudo! HAMO VCSS SEUS LINDOS

É isso! Bjss e aproveitem o cap :)



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 Meu primeiro amor foi uma garota chamada Liane. Tínhamos 12 anos, mas eu nunca me declarei, e nós nunca tivemos nada. Eu a admirava profundamente; nunca vira alguém tão fascinante. A sua beleza residia em algum lugar mais fundo do que as pessoas geralmente eram capazes de enxergar. Mas eu a via claramente.

Digo isso porque os garotos idiotas da minha sala a achavam repugnante. Liane tinha uma doença de pele séria que, ela dizia, com os anos se espalharia por seu corpo. Mas não era nada que a matasse. Era um dano somente visual e estético, um dano que somente pessoas com olhos superficiais se importam.

Liane, contudo, às vezes ficava triste por causa do olhar de reprovação das outras pessoas. Sentia vergonha da própria aparência. Ela se sentava numa carteira ao fundo da sala, bem ao lado de uma enorme janela, logo atrás de mim. Nos intervalos, era comum que ficasse isolada lá, observando o pátio, ao invés de sair para o recreio como as outras crianças faziam.

Certo dia, também permaneci na minha carteira quando o sinal tocou. Resolvi ficar lá dentro, e observar, exatamente como Liane fazia todos os dias.

Virei-me para trás, olhando-a. Ela pareceu não prestar atenção em mim.

— Oi — falei. Minha voz hesitava,

Ela me encarou com seus olhos verdes e dolorosos.

— Oi — disse.

Continuamos olhando as crianças através da janela, em profundo silêncio. Liane pegou um pacote de bolachas de dentro da bolsa, enquanto eu comia um sanduíche que minha mãe havia feito.

— Você sabe a diferença entre vidros e espelhos? — questionou ela, de repente.

Fiquei surpreso com aquela súbita e estranha curiosidade.

— Bom — comecei, engolindo um pedaço do sanduíche. — Os vidros são transparentes. Já os espelhos refletem nossa imagem.

Ela virou-se e deteve seu olhar em mim, fazendo um sinal em negativo.

— Espelhos são egoístas — disse. — Só nos mostram a gente. Mas os vidros são portais. Permitem que vejamos através deles. E nos mostram os outros.

Liane penetrou seus olhos em mim.

— Às vezes você precisa saber qual deles usar — prosseguiu. — Deve saber para quem olhar.

Encarei-a, encantado, deixando meu sanduíche de lado por um instante. Para quem eu estava olhando?

Liane tornou a se virar para a janela, observando através do vidro. Recostando a cabeça nos braços, ela suspirou profundamente.

— Eu odeio espelhos — disse, e nesse momento, poderia jurar que vi seus olhos brilharem com uma estranha e dolorosa tristeza.

*

Fiquei sem saber o que dizer. 

De todas as vozes que eu esperava ouvir, aquela era a que mais me deixava confuso.

— André? — chamou Maria.

Por um breve segundo, pensei em ignorá-la e desligar. Mas algo me disse para continuar na linha e ouvir o que quer que fosse.

— Oi — falei.

Ouvi um apenas um suspiro.

— O que foi? — perguntei, e na hora me arrependi, pois provavelmente minhas palavras haviam soado grosseiras. — Pode falar — completei, tentando amenizar o tom.

— Eu não sei se fiz a escolha certa falando com você por telefone — ela fez uma breve pausa. — Talvez teria sido melhor uma conversa pessoal. Mas esquece. Vou falar por aqui mesmo. Eu... bem, antes que isso seja um choque pra você, eu... eu sei de tudo.

Foi como se os pensamentos rodassem em minha mente.

— De tudo o quê? — perguntei.

— Sobre aquilo que o Gabriel te contou — respondeu Maria. — Tudo o que ele te contou hoje.

Abri a boca, em seguida a fechei, totalmente sem palavras.

— Ok, em primeiro lugar: calma — prosseguiu ela. — Eu sei que é estranho, e é estranho a gente estar falando sobre isso. Mas eu senti que precisava trocar uma ideia com você.

— O quê... — eu ainda estava sem saber o que falar. — O que você quer dizer?

— Simplesmente tente entender toda essa situação do Gabriel. Por favor, André.

— Mas eu tô tentando entender! — falei, e novamente, soei mais grosso do que pretendia.

Maria fez uma pequena pausa. Senti vontade de pedir desculpas. Nesse momento, imaginei se Gabriel também teria contado que eu gostava dela, e não sabia se isso era bom ou ruim. Já não sabia mais de nada, pra falar a verdade.

— Só me fala o que você tá sentindo — prosseguiu.

Eu não tinha certeza se conseguiria transmitir tudo o que eu estava sentindo em palavras, ou se eu realmente queria contar alguma coisa para Maria. Talvez eu estivesse chateado por ela saber de tudo, ou comigo mesmo, por não ter mais ninguém a quem recorrer.

— André? — chamou ela em resposta ao meu silêncio.

Demorei um pouco para falar.

— É difícil — foi o que saiu.

Sentia que as palavras estavam presas em algum lugar.

— Eu entendo. Mas... só fala.

E de repente, foi como se minhas emoções quisessem explodir lá dentro do meu peito.

Eu perdi meu melhor amigo.

— Eu estou com raiva. Com muita raiva — comecei, fechando os olhos por um tempo e em seguida abrindo de novo para a escuridão do meu quarto. — E também estou me sentindo tão triste que não sei qual dos dois sentimentos é o pior. Eu queria poder desabafar com meu melhor amigo, mas acho que ele não vai me ouvir dessa vez porque... sinceramente, eu não sei o que eu vou fazer, Maria. Dentre qualquer pessoa no mundo que poderia se apaixonar por mim, não queria que fosse ele. Não o meu melhor amigo. Sei que ele não vai querer ficar perto de mim agora que tudo isso aconteceu, e eu não posso culpá-lo. Tudo vai mudar agora, eu sei que vai. Mas eu não quero que mude... não quero nada disso.

Seguiram-se alguns segundos de silêncio. Fechei os olhos novamente.

— Você só quer que tudo volte a ser como era — disse Maria.

Novamente meus olhos ficaram um pouco úmidos.

— Sim — falei, reprimindo qualquer lágrima que pudesse vir. — É tudo o que eu queria nesse momento. Mas não tem como, eu sei disso.

— André — começou ela com um tom de voz sereno. — Você e o Gabriel são melhores amigos. Você nunca desconfiou de nada? Nada que indicasse que ele estava apaixonado por você?

— Não sei, eu... eu sempre achei que ele me via como um irmão ou algo do tipo. Nem sabia que ele era... gay. Eu não sei o que faço. Não sei.

— Eu entendo que seja difícil. Está sendo difícil pra vocês dois.

Imaginei onde Gabriel estaria agora, ou o que estaria fazendo. Se estaria chorando. Se também estaria num quarto escuro, sozinho.

— Eu não estou conseguindo ver o que é certo — falei.

— Sabe — disse ela. — Às vezes parece impossível enxergar direito em situações como essa. Eu sei que parece, André. Enxergar as coisas como elas realmente são, e não como achamos que devem ser. Isso é o que o Gabriel está sentindo. E você também.

Limpei a garganta e enxuguei outra lágrima.

— Vocês dois estão sofrendo igualmente por motivos diferentes — prosseguiu Maria. — E precisam um do outro. Precisam ser francos um com o outro. Precisam conversar de novo.

— Conversar? Isso não vai mudar o que ele sente por mim e nem o que eu não sinto por ele. Nós... já tentamos conversar hoje.

— Mas precisam conversar mais.

— Ele disse que está apaixonado por mim. De que forma eu vou resolver isso? Eu não quero fazê-lo sofrer mais ainda... não quero...

— Algumas coisas precisam acabar do jeito certo — revidou.

Silêncio.

Algo em mim desabou.

— Não queria que fosse assim... não queria que acabasse.

— E talvez não precise. Você tem que me prometer que vai conversar com o Gabriel sobre isso.

Pensei em como seria diferente — não de um jeito bom — falar com Gabriel de novo. Olhar em seus olhos, ouvir o que ele teria a me dizer. Minha ficha ainda estava caindo.

— Eu vou conversar com ele... eu prometo. — falei.

— Não pense duas vezes antes de dizer o que sente a ele, André, mesmo que o que você sinta o magoe de certa forma.

Minhas lágrimas haviam secado. Ali, sozinho no escuro, meu coração também estava ouvindo as palavras de Maria.

Conte a ela. Conte que você gosta dela. Não pense duas vezes antes de dizer o que sente.

Mas, nesse caso, eu pensei duas vezes.

— Tudo bem — respondi, afastando alguns pensamentos sobre Maria.

— Eu fico feliz — disse ela.

— Obrigado. Por... por tudo isso. Obrigado mesmo.

— Não é nada. Se você quiser desabafar sobre alguma coisa com alguém... bem, eu estou aqui.

Imaginei se realmente eu poderia contar com Maria. Se era uma boa ou uma má ideia. Não consegui chegar a uma conclusão satisfatória.

— Então... boa noite — disse ela.

Mas não custava nada tentar.

— Boa noite — respondi.

E desliguei.

No escuro, no silêncio, pensei no que Gabriel sentia por mim. Pensei no que eu sentia por Maria. E resolvi que já estava mais do que na hora de quebrar os espelhos e observar através dos vidros.


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Notas finais do capítulo

Playlist do Gabriel:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/5jeQl18nsJ8q6bzt68ummb

Playlist do André:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/7egp4Rp3P3qfssGqlXGRwR

Playlist da Maria:
https://open.spotify.com/user/laurent123373/playlist/3Ifa72tfUJZzIWkf7FZ2ao