All I Want escrita por K2 Phoenix


Capítulo 2
Comeback


Notas iniciais do capítulo

Ela voltou! O grito que tá preso na garganta de todos os fãs de ST! Rsrsrs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/704690/chapter/2

Ele simplesmente não conseguiu dormir.

Um ano. Um ano.

Se a garota que apareceu era mesmo ela... Eleven... o que ele faria quando a visse?

Eram tantos sentimentos confusos. Ele gostava dela; ele sabia que a amava. Porque, se não era amor o fato de pensar durante os 365 dias do ano em uma pessoa, sentir a falta dela doer no peito e manter o abrigo dela na esperança de que ela voltasse, definitivamente, ele não sabia mesmo o que era isso.

Porém, Mike nunca teve coragem de falar aquilo com seus amigos, porque os meninos ainda não tinham ficado com garota nenhuma, porque eles não sabiam o que era este sentimento. E por que ele, tão nerd quanto os outros, aquele carinha que apenas queria ficar trancado horas no porão jogando RPG, o “frog face”, por que ele tinha que se apaixonar pela garota mais extraordinária e complicada que poderia existir?

—Mike?

— MIKE!!! – Dustin gritou e ele se assustou, deixando o caderno cair no chão. – Mrs. Roberts está pedindo o trabalho sobre Mark Twain, você fez?

Mike ficou confuso, e todos a sua volta o olhavam curiosos. Oh, não, ele estava realmente tão distraído assim?

— Fiz. – ele piscou os olhos com orça, voltando à realidade.- Fiz.

[...]

Seu braço doía, e ela estava com a visão nebulosa. Demorou um pouco para perceber que estava em um lugar branco, macio e que tinha algo enfiado no seu braço. Gemeu um pouco e percebeu que um pouco de sangue se misturava à substância que entrava em seu membro.

— Mike? – ela sussurrou. Sua voz estava rouca, pois pouco a tinha usado durante o período em que ficou perdida em diversas dimensões após derrotar o monstro que levara Will e Barb.

— Oh, você acordou.- uma senhora baixinha, gorducha e simpática adentrou o quarto. – Como você se chama?

Eleven demorou um minuto para processar a pergunta:

— Nome?

— Isso, querida.

— El.

— Elle? – a enfermeira retorquiu. – Qual seu sobrenome?

A menina balançou a cabeça, confusa.

— Ok. Tudo bem. Você ainda está muito cansada.

Eleven começou a ficar amedrontada, pois lugares como aquele ( paredes nuas, cheiro de limpeza enjoativo, pessoas de branco), lhe lembravam o laboratório, e ela não poderia ter ido para lá de novo, não...

— Eleven? – a figura altiva do xerife Hooper surgiu ali. – Lembra de mim?

— Sim. – ela falou baixo.

— Você está a salvo. Está num hospital. E eu vou te levar para Hawkings... você me entende? – ele perguntou, paciente.

Ela balançou a cabeça afirmativamente.

[...]

— Michael Wheeler, você está sendo chamado na direção.

Will, Lucas e Dustin olharam para ele apreensivos. Ele contraiu os lábios e saiu, tenso demais para expressar qualquer emoção que fosse.

Quando chegou na sala, encontrou o diretor e o xerife:

— Bom dia. – ele falou hesitante.

— Bom dia. Michael, o xerife quer falar com você a sós, eu vou sair um pouco porque ele me explicou que é algo sigiloso e pessoal, está bem? – o diretor informou, retirando-se.

— Era ela?!- o garoto perguntou alucinado, assim que o diretor saiu.

O xerife sorriu um pouco, meio com doçura. O desespero do menino chegava a comover.

— Sim, é ela, Eleven. Ela está hospitalizada porque foi achada bastante machucada, magra e febril.

— Mas... ela tá bem? – Mike preocupou-se.

— Está viva, e é isso que importa.

O garoto ergueu o queixo e disse, decidido:

— Eu quero ir vê-la. Eu preciso ver a El.

— Foi para isso mesmo que vim aqui, sr. Wheeler. – o xerife ergueu uma sobrancelha, sarcástico.- Vim te tirar da aula para ir à Greenwood buscar a sua garota.

— Ela... ela...- Mike começou a gaguejar.

— Ah, ela não é a sua garota? Sério? – o xerife riu. – Vamos, eu já falei com a Joyce, pedi que ela preparasse o terreno com a sua mãe.

O coração de Mike batia acelerado e ele tinha certeza de que poderia ter um ataque a qualquer momento. No entanto, ele tentava encarar a paisagem do caminho que ligava Hawkings à cidade onde Eleven estava, procurando algo interessante para lhe falar. Mas, o que dizer para alguém que tinha derrotado um monstro de outra dimensão e estava perdida há um ano lá? Não havia o que falar.

A enfermeira disse que ela já estava bem melhor. De fato, Eleven já se sentia mais forte, com as pernas firmes o suficiente para andar. Ela não lembrava de ter tomado banho, mas estava limpa e com um cheiro bom no corpo; havia algumas sacolas de roupas e um tênis All Star rosa para ela calçar. Ela colocou os tênis, uma calça jeans, uma blusa e uma jaqueta. Olhou-se no espelho, e lembrou-se de quando, pela primeira vez na vida, tinha recebido algo bonito para se vestir. Sorriu. Seu cabelo estava um pouco maior, e ela penteou-o; uma sensação nova, mas ela gostou. Ela estava gostando de si mesma, naquele momento, e isso era bom.

O xerife Hooper e Mike desceram da viatura e o garoto sentiu as pernas bambas, o estômago estranho, como se mil borboletas estivessem ali, em revoada, e ele quase ter uma dor física diante do que iria acontecer.

— Ela está lá dentro, nos esperando.

Mike nunca se esqueceria daquele momento; ela estava no fundo do corredor, o rosto apreensivo, e ele andando em sua direção, mal sentindo as pernas, perguntando-se se poderia simplesmente correr até ela e rodá-la no ar.

Eleven viu-o e ergueu-se do banco. Com um jeito de quem havia vivido muito e que estava realmente cansada de fugir, ela foi até ele.

— Mike? – sua voz era um suspiro.

— El? – ele sorriu, e sim, sentiu uma lágrima quente e salgada escorrer até sua boca.

Eles deram mais alguns passos, o mundo sumindo ao seu redor, e se abraçaram forte, apertado, fechando os olhos, um sendo a âncora do outro.

— Eu sabia que você voltaria. – ele suspirou, e o contato quente da voz e do hálito dele em seu ouvido fez a garota estremecer.

— Eu sempre quis... – ela disse baixinho. – Mas o monstro...

— Shiu, ok.- ele segurou protetoramente o rosto dela. – Passou. Não há mais nada disso, tá bem?

— Promete? – os olhos dela cintilaram de lágrimas.

— Prometo.

[...]

Eles voltaram no banco de trás da viatura, os dedos entrelaçados. Eleven colocou a cabeça no ombro dele, sentindo uma paz que ela tão poucas vezes na vida tinha experimentado invadir sua alma. Ela fechou os olhos, um pouco sonolenta ainda por causa do cansaço e dos remédios, e, Hooper percebeu que, singelamente, Mike beijou a testa dela. Às vezes a vida podia ser muito cruel, mas aqueles dois pareciam ter algo tão grande, puro e sincero que dava até vontade de ter esperança na vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews???