Will estava encantado com tudo naquele país. Vez ou outra passava por sua cabeça que podia estar fazendo papel de bobo sorrindo para todo mundo, mas ele simplesmente não conseguia parar.

Quando se dirigiu ao seu assento no trem, naquela bela manhã de fim de verão, viu que o jovem sentado de frente para ele tinha cara de ser nativo do país, então resolveu complementar o sorriso com um “buongiorno” como indicava seu guia de italiano rápido.

O jovem o encarou por uns segundos e perguntou em inglês:

— Americano? – Mas não soou muito como uma pergunta.

— Eh... Sim.

O outro só desviou o olhar para a janela com um traço de sorrisinho de zombaria no canto da boca. Will até então imaginava que todos os italianos eram simpáticos, por isso se sentiu um pouquinho mal, mas isso não durou muito. A vista da janela era maravilhosa. Ele nem conseguia acreditar ainda que estava mesmo na Itália.

— Nico. – Uma moça se dirigia ao jovem que aparentemente não gostava de americanos. Enquanto ela se acomodava ao lado dele, os dois falavam num italiano muito rápido e um tanto exaltado que deixou Will meio tonto. Will teria imaginado que eles eram um casal, se a imensa semelhança entre os dois não deixasse claro que eram parentes próximos.

A recém-chegada percebeu-o observando e abriu um pequeno sorriso.

— Ciao – ela se dirigiu a ele.

— Americano – o jovem que devia se chamar Nico respondeu antes que Will falasse.

— Ah, então está de férias? – Pelo visto ela não tinha nada contra americanos.

— Por enquanto sim, mas eu vou ficar um ano aqui... Intercâmbio na VIU.

— Legal... Olha só Nico, essa é sua chance de fazer um amigo. – A moça deu uma cotovelada brincalhona no jovem.

— Bianca!

— Você estuda lá também? Que coincidência! – Will disse educadamente, sem rir, pensando que podiam começar de novo.

— Nós somos de Veneza – Nico respondeu, como se não houvesse motivo para alarde. Talvez aquilo fosse ele sendo modesto.

— Mas nosso pai é americano – acrescentou Bianca. – Você é de onde nos Estados Unidos?

— Eu sou do Texas – Will respondeu, exagerando no sotaque texano. – Mas faço faculdade em Nova York.

Bianca sorriu e o observou como se terminasse de formar uma opinião positiva sobre ele, depois deu uma olhada para o irmão e de volta para Will antes de anunciar:

— Eu vou ao banheiro. Com licença.

Nico e Will a viram se levantar e depois seus olhos se encontraram. Will voltou a sorrir para ele, e o jovem italiano baixou os olhos.  Will podia jurar que as bochechas dele tinham ficado um pouco vermelhas. Era estranho como aquilo deixava sua expressão aborrecida fofa.

— A propósito, meu nome é Will Solace.