Tarde de Calor Implacável escrita por Foxxy Kitsune


Capítulo 1
A Deusa vai se Espreguiçar


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindo(a) mais uma vez.
Aqui é uma curta one-shot sobre o "calor" implacável de uma tarde de verão que o familiar Tomoe não ousava conhecer.



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Aconteceu por acidente.

Era uma tarde de verão acalorada: um sábado antes das férias do meio do ano. O cheiro da primavera ainda sondava todo o ar e as pétalas de flores do jardim do Templo dançavam conforme o vento soprava.

E como acontecia em todas as tardes de verão quando as tarefas estavam prontas, Tomoe deitava-se preguiçosamente numa das varandas do Templo, bebendo chá e alternando entre ler um livro tão antigo quanto o Japão ou cochilar pacificamente.

Mas naquela tarde, Nanami Momozono decidiu que deveria aproveitar a tarde exatamente como seu familiar sábio gostava de fazer. Mas não era apenas um interesse singelo dela, e sim uma desculpa interessante para passar alguns momentos ao lado dele.

— Eu nunca entendi muito bem, Tomoe. – Ela recitou o nome dele com uma preguiça amorosa. – Não tem graça passar uma tarde agradável dessas olhando para o teto de madeira.

Ele bufou de olhos fechados, determinado a ignorá-la.

Nanami queria que Tomoe tomasse um susto com a voz súbita dela. Ela queria assustá-lo com sucesso, por isso fez todo o caminho na ponta dos pés em direção à ele e diminuiu sua respiração para não ser pega por suas orelhas vorazes. O familiar não se assustou.

Ela não contava com o desempenho alto e destreza da audição do seu fiel familiar: como um demônio-raposa, se Tomoe se concentrasse por alguns segundos, conseguiria ouvir o indistinguível som do coração de sua Deusa batendo de qualquer lugar no Templo... Ele quase poderia sentir o sangue sendo pulsado nas veias dela. Então, mesmo em seu estado pacífico e sem vigia, Tomoe notou a agitação frequente na atmosfera e o peso de Nanami sendo transferido de um pé para o outro no encontro do piso oco de madeira.

Ele abriu os olhos para se deparar com a sua Deusa sentada no chão, à frente dele, com os olhos vidrados no extenso jardim do Templo. Ela distraidamente usou as duas mãos ágeis para retirar suas meias já não tão necessárias.

Tomoe engasgou com o sentimento de impunidade que o atingiu no momento em que o tecido de algodão escuro dava espaço para a pele pálida de Nanami ser exposta lentamente à luz solar. A cena toda o pegou de surpresa e ele decidiu que daí em diante, deveria fechar seus olhos.

Mas foi impossível quando a pequena saia de Nanami se embolou em direção ao seu quadril feminino, revelando um palmo de coxa intocável enquanto ela se inclinava para retirar a outra meia.

Perna por perna. Pé por pé. Os dedinhos pintados de rosa e as duas meias ao avesso descansaram na escadaria do Templo. Respirando fundo, mas baixinho para ela não ouvir, Tomoe tentou acalmar seus nervos quando percebeu que a garota havia deitado no chão e que a sua saia já estava devidamente esticada ao redor de suas longas pernas.

O familiar se conformou com o fato de que Nanami não sairia dali tão cedo e decidiu permanecer imóvel, fechando os olhos e ignorando a presença quente e acolhedora que ela jorrava quando se aproximava dele.

Tomoe sempre definiu a palavra autocontrole e se orgulhava de sua concentração cética em qualquer momento. Isso porque era um sábio com quase mil anos em Terra. E novamente sua autodenominação faria jus ao seu comportamento padrão, se não fosse pelo momento em que sentiu Nanami rolando pelo chão até se acomodar mais perto dele.

O familiar engasgou quando ouviu um suspiro audível escapar pela boca dela. Curioso, abriu os olhos com precisão cirúrgica (incapaz de imaginar se ela estava olhando para ele ou não), observando sua Deusa deitada bem próximo dele.

Tomoe correu os olhos pelos cabelos castanhos de Nanami escorregando lentamente pelo chão de madeira e as extremidades inferiores adentrando no vale estreito do vão que separava uma estaca de madeira da outra, erguidas do chão por meio metro de vazio e de colunas. Ele notou o sol da tarde fresca iluminando o rosto dela com os formatos e sombras provenientes da inclinação de um portal em cima deles e de uma árvore próxima. O sol incidia sobre estes primeiros, para então formar sombras no rosto de Nanami.

Tomoe se inclinou para frente quando ouviu outro suspiro dela. Desta vez, também viu os lábios rosados abertos suavemente, os olhos fechados e as bochechas sem cor alguma. O familiar teve noção do tempo em que passou observando-a quando uma nuvem escondeu a luz do sol e uma atmosfera azulada, que se assemelhava ao fim do pôr-do-sol, simplesmente escureceu o rosto da Deusa da Terra.

— Tomoe... – Ela chamou com uma queixa disfarçada no beicinho em seus lábios que esperava impacientemente a resposta dele. As orelhas do familiar se arquearam, assim como as suas sobrancelhas surpresas.

Mas antes que ele pudesse perguntar o que ela queria, Nanami o impediu:

— Hmmmm... – Ela se espreguiçou com vontade, levantando os braços por cima da cabeça e esticando seu corpo frágil ao máximo. Suas mãos fechadas encontraram sem querer as orelhas atentas do familiar, o contato inesperado fazendo Tomoe se estagnar e Nanami pular de susto.

O acidente.

Ela se virou para ele, deitando de barriga para baixo no chão, um tanto surpresa. Mas Tomoe pode ver quando a expressão dela mudou e ele sabia que ela foi atingida com uma ideia. Nanami sorriu e levantou seus pés no ar, entrelaçando as pernas e balançando-as para frente e para trás. Tomoe passou a prestar atenção nos movimentos distraídos de Nanami, que por algum motivo estranho, o atraia mais do que tudo.

Ela fechou os olhos passivelmente e ele só notou algo quando a mão direita dela encontrou a sua orelha esquerda. Tomoe paralisou, olhos arregalados e boca entreaberta. Mais corado do que tudo.

— Hmm... Tomoe... – Ela murmurou com os olhos fechados de sono. – É tão macio!

O familiar foi tomado por um arrepio de corpo inteiro quando Nanami esfregou delicadamente da ponta da orelha até a sua base, uma forma de carinho inesperada e que nunca havia sentido antes.

Era claro que as Tanukis medievais já haviam passado feriados e feriados tardios brincando confortavelmente com as orelhas macias da Legendária Raposa de Fogo, mas aquela forma em como a atenção que a Nanami o dava era insignificante, senão, pueril, e uma vez que ela era sua Deusa e Mestra, o carinho inesperado de suas mãos tão graciosas o levou a permanecer atônito em uma atmosfera de tensão que ele não poderia se ajudar e ignorar.

“Besteira!” O familiar explodiu. “Ela é uma criança e não sabe o que faz!”

A raposa decidiu parar com aquela forma de descontrole recém-descoberto perante à ela, antes que mais um novo calafrio se alastrasse pelo seu corpo já extasiado.

Porque desde que Tomoe descobriu que Nanami o fazia pensar não só nos seus cumprimentos de familiar em relação à ela: como proteção e cuidado, mas também passionalmente e de forma carnal, ele se acomodava com pequenos prazeres instintivos e totalmente visuais que ela o dava acidentalmente e sem ao menos saber durante boa parte do tempo em que estavam na companhia um do outro.

Por exemplo, no dia de hoje, a aparição repentina e sua remoção de meias desastrosas, já eram mais do que o suficiente para mantê-lo saciado durante um bom tempo. Afinal de contas, ela era sua Deusa.

 “Ela não sabe o tipo de efeito que este gesto me traz. Uma criança jovem como é, uma garota inexperiente e nada sábia.” Ele balbuciou mentalmente enquanto se preparava para tirar a mão dela à força.

Só que seus olhos deslizaram até o colo Nanami, o pescoço longo e fino, os ombros estreitos e femininos e uma alça da blusa caída para o lado, descendo significativamente para ele poder ver sem qualquer obstrução da visão o formato de seus pequenos seios deitados contra seu braço.

A raiva foi consumida por um desejo que o desestabilizou. Agora, ele não tinha coragem nem de tocá-la. Que outros tipos de sensações perturbadoras que Nanami traria quando ele tocasse em sua pele?

Tomoe suspirou fundo mais uma vez. Sentindo seu desejo puro e insaciável se concentrando apenas em um ponto comum na parte inferior de seu corpo.

Ele fechou os olhos com raiva, mordeu os lábios com força e estreitou suas sobrancelhas violentamente. Por fim, prendeu a respiração enquanto a permitia tocar em sua orelha sem qualquer restrição.

— To-mo-e! – Nanami riu, enquanto apertava sua orelha no ritmo em que soletrava seu nome. A garota, alheia a situação do seu familiar, de olhos semifechados e um coração grande demais para se importar, se divertiu como pode até o momento que sentiu a nuvem espessa deixar espaço para o sol brilhar, quando suas pernas foram banhadas com sua luz mais uma vez naquela tarde.

Relaxada e espreguiçada, Nanami parou de importunar sua pobre raposa, já que agora estava distraída com a tarde de verão novamente, se deitou na mesma posição de anteriormente, fechando os seus olhos e relaxando totalmente satisfeita, bem diferente de seu familiar no calor implacável do verão.

— É Tomoe, você estava certo... Eu não sabia que uma tarde preguiçosa poderia ser tão boa!


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Notas finais do capítulo

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