Tears in Heaven escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Aconselho que leiam escutando a musica Tears in Heaven, do Eric Clapton, que me levou a escolher esse título porque combina bastante com essa história.

Eu tive a ideia de escrever essa oneshot após desejar profundamente que houvesse a cena do reencontro de Tae-hwa e Jung-suh, que nunca aconteceu, então resolvi preencher o vazio que aquele final me causou com essa pequena história. Espero que gostem!

E caso alguém não saiba, Oppa é o termo coreano usado por meninas para se referir a garotos mais velhos que sejam íntimos dela, no caso dessa história, oppa seria o mesmo que irmão.



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Enquanto Jung-suh estava presente em seus os últimos pensamentos, Tae-hwa sentia somente alegria, gratidão, amor e coragem para seguir adiante com seu sacrifício enquanto aquele carro seguia desgovernado pela estrada. Mas de repente, tudo o que ele passou a sentir era dor, uma dor agonizante que percorria cada parte de seu corpo e parecia nunca ter fim. O jovem acidentado nunca havia parado para pensar o que aconteceria a ele depois da morte, apenas pensava em como Jung-suh ficaria ao receber o transplante de córneas para voltar a enxergar. Também nunca se havia considerado um grande merecedor de ir para o céu e naquele momento, com tanta dor, começava a acreditar que estava condenado a padecer no inferno.

Por um milésimo de segundo ele sentiu medo, não por estar morrendo, mas temia que seu plano inicial não tivesse dado certo e que ele sobrevivesse pois, nesse mesmo instante, uma voz feminina chegou aos seus ouvidos e o que ela disse ecoou por toda sua mente devido à confusão do momento:

Não se preocupe, querido! Tudo vai ficar bem... Eu estou ao seu lado agora!” Aquela mulher falava em um tom de voz doce e reconfortante, como uma mãe que acaba de socorrer um filho pequeno que ralou os joelhos enquanto brincava e estava chorando, mas devido à sua infância solitária e sofrida, ele nunca havia tido essa experiência antes.

Tae-hwa se recusava a abrir os olhos, não só por receio de ainda estar vivo no carro e que alguém o tivesse socorrido, mas também porque se sentia tão debilitado que seu corpo parecia não obedecer mais sua mente. No entanto, por mais que ele achasse que suas mãos ainda cobriam seus olhos, a dona da voz segurava suas duas mãos, como se quisesse levá-lo a algum lugar.

"Venha comigo…” Ela dizia enquanto o ajudava a se levantar e ele simplesmente a obedeceu, pois aquela voz lhe transmitia uma segurança tão forte que ele não podia simplesmente recusar qualquer ordem sua.

Assim que se levantou, já não sentia dor alguma, mas ainda mantinha seus olhos fechados, sem entender o que estava acontecendo enquanto ela colocava um dos braços em volta de seus ombros, o conduzindo a caminhar para fora do carro e, assim que deram alguns passos adiante, ela disse:

"Já pode abrir os olhos, mas é melhor não olhar para trás agora. "

Ele abriu vagamente os olhos e continuou caminhando, resistindo duramente à curiosidade de olhar para trás e olhou atentamente para aquela mulher enquanto caminhavam juntos pela estrada em direção a uma luz que brilhava ao longe, no topo de uma grande escada que estava a apenas alguns passos de distância, exatamente como ele imaginava que deveria ser uma escada para o céu.

“Eu estou muito orgulhosa de você, meu menino!” Aquela senhora que lhe parecia familiar o elogiou, fitando fixamente seus olhos antes de subir o primeiro degrau juntos e lhe presenteou um sorriso tão doce quanto sua voz. “O que você fez pela sua irmã foi muito nobre! Em seu lugar eu também faria de tudo para vê-la feliz como você teve a coragem de fazer…”

Ao ouvir essas palavras ele percebeu que recebia o orgulho e os elogios de uma mãe, mesmo sem nunca ter sabido o que era isso em vida e logo entendeu que aquela era a mãe de Jung-suh, que o recebia em seus braços como um filho, então se sentiu imensamente aliviado ao constatar que tudo havia terminado bem.

Naquele lugar, Tae-hwa se sentia feliz como nunca esteve antes, ele agora tinha uma mãe amorosa, com a qual tinha muitas coisas em comum e passavam ótimos momentos juntos, além de conversar agradavelmente sobre tudo o que mais amavam, como Jung-suh e artes. Às vezes ele até se questionava como poderia merecer uma dádiva tão grande quanto essa e, só de olhar para sua feição pensativa, ela o entendia como se pudesse ler seus pensamentos e o envolvia em um abraço tão acolhedor e confortante que o fazia esquecer completamente aquela ideia de que não merecia ser amado.

O rapaz se sentia realizado principalmente porque sabia que já não haveria mais tristeza nem despedidas, só reencontros e, ainda que esperasse ansiosamente para se encontrar outra vez com Jung-suh, esperava verdadeiramente que ainda demorasse muito para que isso acontecesse, pois ela merecia ser feliz ao lado de Song-ju pelo máximo de tempo possível.

Até que um dia, quando menos esperava, recebeu a notícia de que havia chegado a hora de reencontrar-se com Jung-su.

“Tão rápido?!” Ele perguntava incrédulo.

“Pensei que ia ficar feliz, por isso vim correndo te contar…” Sua nova mãe disse em um tom brincalhão ao perceber como ele havia ficado tenso.

“Eu… Eu imaginava que ela viria algum dia, mas já?!” Tae-hwa estava ao mesmo tempo surpreso, empolgado e desapontado, mesmo que essas três emoções pareçam impossíveis de coexistir em um só momento.

A doce senhora percebeu sua confusão de sentimentos e lhe explicou da forma mais didática e sucinta possível: “Todos temos um tempo certo para estar estar do lado de lá e depois vir para cá, a hora dela chegou e só nos resta recebê-la de braços abertos…”

Ele ouvia atentamente cada uma de duas palavras, embora não olhasse diretamente para ela, e apenas balançou levemente a cabeça em resposta para demostrar que havia entendido, ainda chocado com aquela situação.

"Ou melhor, você irá até lá para recebê-la!”

Ao escutar aquilo o rapaz ficou surpreso e voltou seu olhar para ela, perguntando um pouco confuso: “Eu? E você não vem junto?”

Ela deu uma pequena risada e segurou seu braço delicadamente enquanto alisava suas costas suavemente com a outra mão.

“Você já conhece o caminho, pode conduzí-la até aqui perfeitamente… Agora vá logo, não deixe sua irmã esperando!”

Ela ordenou enquanto soltava seu braço, e pressionava as pontas dos dedos contra suas costas, como se fosse um aviso para que ele se movesse.

A partida de Jung-su foi mais tranquila, ela simplesmente fechou os olhos nos braços de Song-ju e, tal qual imaginava que seria, os abriu outra vez ao se dar conta que não estava mais no mesmo lugar de antes, já estava de pé com as forças renovadas e cercada por uma imensa luz que a impedia de ver qualquer coisa, mas ela tinha certeza que seu oppa a esperava e começou a chamá-lo desesperadamente:

“Taehwa, você está aí, não está? Oppa! Opp…” Nem precisou terminar seu chamado pela segunda vez, pois ele já estava ali e a envolvia em um abraço apertado.

“Claro que estou aqui, eu não te disse que sempre estaria?” De repente aquela luz começou a se desvanecer e Jung-suh finalmente pôde contemplar o sorriso que Tae-hwa lhe brindava. Rapidamente a jovem tomou o rosto dele entre suas mãos, enquanto acariciava suas bochechas com os polegares e o encarava com um semblante de felicidade e satisfação.

“Eu prometi ver só as coisas bonitas do mundo com seus olhos, mas a melhor de todas eu só consegui ver agora, finalmente posso te ver outra vez!” Ela dizia emocionada e lhe retribuiu seu melhor sorriso, mas ele logo deixou de sorrir e lhe perguntou:

“Meus olhos? Então você...” Ela imediatamente afirmou balançando a cabeça, demonstrando-lhe que já sabia de tudo e tentou se explicar ao ver que Tae-hwa apresentava um semblante preocupado por constatar que talvez Jung-suh tenha sofrido por saber o quanto ele havia se sacrificado por ela.

“No início você me enganou direitinho com aquela carta e as fotos suas dizendo que estava se saindo bem em Paris... Eu fui realmente feliz e muito agradecida por voltar a ver! Mesmo não sabendo que o doador era você… Mas minha situação piorou e eu não queria mais lutar contra aquela doença, foi quando Song-ju me disse que eu precisava fazer isso por você e me revelou tudo… A princípio foi difícil de aceitar, mas eu continuei sendo tão feliz quanto podia até o fim e já não sentia tanto medo por deixar a todos que amo, porque sabia que você estaria aqui comigo!”

Tae-hwa se sentiu um pouco aliviado após escutar suas palavras e, como se de repente tivesse se lembrado de algo muito importante, voltou a sorrir.

“E não sou o único que vai estar aqui com você!” Lhe contou animado, mas Jung-suh o olhou confusa.

“O que quer dizer com isso? Não me diga que…”

Ele parecia adivinhar o que ela estava pensando e completou: “Isso mesmo, Jung-suh, vem comigo que mamãe está nos esperando!”

Diante daquela surpresa agradável, seus olhos se iluminaram e ela abriu um sorriso tão grande que Tae-hwa só se lembrava de ter visto tamanha alegria estampada em seu rosto quando eles era bem mais novos e haviam acabado de se conhecer, sem imaginar ainda as grandes adversidades que começariam a enfrentar.

Finalmente felizes, juntos e sem mais nenhum motivo que gerasse preocupações, mágoas ou tristeza, os dois seguiram de mãos dadas pelo caminho que os levaria a mais um esperado reencontro e ambos se sentiam como se tivessem voltado a ser apenas duas crianças felizes na saída da escola. Embora ainda aparentasse ter seus trinta e poucos anos, Jung-suh quase saltitava ao imaginar que sua mãe a esperava em algum lugar como costumava ser na época mais feliz de sua vida e Tae-hwa, por sua vez, caminhava de cabeça erguida com um sorriso de satisfação estampado na face pois, agora que a pessoa mais importante para ele estava ao seu lado e nunca mais se afastaria outra vez, se sentia realmente completo e sabia que começaria a partir desse momento a época mais feliz de sua existência.


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Notas finais do capítulo

Se alguma alma viva encontrar essa história, deixe comentário por favor e venha fazer amizade comigo porque não conheço ninguém que goste de Kdramas!!