A sensação de se deitar em uma cama,depois de horas de estresse e surpresas era realmente a melhor recompensa que alguém poderia ganhar.Tanto Cebola quanto Magali suspiravam aliviados enquanto afundavam suas cabeças em seus travesseiros,era tanto alívio que nem mesmo as dores e cicatrizes do ultimo teste foram capazes de acabar com aquilo.

Cebola fora um grande exemplo disso,após deitar na cama..apagou,como se tivesse sido desconectado da tomada.Mas nem todas as sensações são oq ue parecem e muitas vezes o sono não costuma a ser tão bom.

O mesmo achava que dormiria como um anjo,mas se enganou quando no mesmo instante em que pregou seus olhos..invés da escuridão surgir,uma imagem um tanto estranha ou pertubadora surgiu a sua frente.

Começou a surgir como um borrão muito claro,que aos poucos entrava em foco mostrando uma cena horrível.Cebola estava deitado no chão do que aparentava ser a mansão em que estava no seu experimento,logo a sua frente tinha uma mulher deitada do seu lado...seus longos cabelos pretos cobriam o seu rosto.

Porém Cebola não resistiu e resolveu tirar os fios de cabelo do rosto da mulher para poder ao menos reconhece-la,mas naquele momento aquela foi a sua pior escolha..pois assim que "abriu as cortinas pretas"se deparou com o rosto de Magali,pálido..seus olhos estavam arregalados,sua boca entreaberta deixava escorrer o sangue,que por sua vez se espalhava rapidamente no piso.Dava pra ver que haviam lágrimas secas que acabaram de escorrer nos olhos da mesma...sem contar que seu olhar estava direcionado para o lado,como se houvesse mais alguém ali.

Cebola sentiu uma sensação horrível lhe percorrer a espinha e um desespero que não cabia dentro de si,quando tentou se mover não conseguia seu corpo não obedecia nenhum comando..mas seus olhos puderam ver a sua suposta esposa aos pés da escadaria,com seus longos cabelos negros e seu vestido vermelho observando a cena.

Porém não conseguira ver seus olhos,somente o formato de seu rosto que estava todo borrado...e quando iria dar um grito acordou em um sobressalto em sua cama.

Cebola soava frio,suas mãos tremiam e seu corpo parecia ter sido eletrocutado por inteiro..seus batimentos cardíacos estavam muito acelerados e as lágrimas escorriam como cachoeiras de seus olhos.O mesmo acabara de dar um grito estridente que queimara a sua garganta e que acordara a colega ao lado.

—CEBOLA?!O QUE ACONTECEU?-Magali saltou da cama em que estava e correu em disparada em direção de Cebola

—Maga..mag...-Ele não conseguia falar direito,suas palavras estavam presas na garganta e seus lábios trémulos não deixavam o som sair

—Calma..calma respira fundo-Magali pegou na mão do amigo e pôde sentir o nervosismo do mesmo-Meu Deus!O que houve?

—Eu...tive um pesadelo-Cebola havia tirado aquelas palavras da sua boca com muita dificuldade

—Que pesadelo?!

—Você...você estava morta..na minha frente-Cebola não segurou as lágrimas que já haviam secado,dando lugar as novas

—Ai credo!Cebola...calma ta bom,eu to aqui vivinha-Magali tentava acalmar o amigo,mas sem sucesso

—Foi tão real...parecia tão real-A voz de Cebola estava rouca,enquanto ele quase sussurrava o que falava-Eu não quero que seja real...eu não quero...foi tão horrível...

Magali nem teve tempo de responder,quando Cebola lhe abraçou fortemente como se fosse uma criança de 7 anos se abraçando nos seus pais com medo do escuro.Ele segurava nos cabelos desesperadamente da amiga para averiguar se aquilo era real..se a amiga estava viva mesmo.

—Calma Cê..só foi um pesadelo

—Mas parecia ser mais do que isso..muito mais

Ambos desfizeram o abraço e Magali conduziu o colega até o banheiro do quarto,lavando o seu rosto com água fria para que se acalmasse..depois esperou o colega ficar um bom tempo recuperando as energias na pia do banheiro.

Cebola suava constantemente,mas já havia se acalmado depois da "terapia"rápida que Magali fez nele.Quando se viu no espelho se espantou,seus olhos estavam inchados e avermelhados,seu cabelo todo bagunçado e e suas mãos que ainda estavam tremulas em cima da pia.

—Você já esta melhor?-Magali se encostara na porta do banheiro esperando a resposta do amigo

—Sim...já estou melhor obrigado-Cebola abriu um pequeno sorriso tentando esquecer as imagens em sua cabeça

—Que  bom...você quer falar com o Franja sobre o sonho que teve?

—Acho que sim...talvez ele me explique-Cebola não tirava os olhos do seu reflexo pálido e assustado no espelho.

Ambos os amigos desceram para o primeiro andar da casa,mas assimq ue desceram as escadas deram de cara com Franja que estava na sala de estar rodeado por livros e cadernos.

—Nossa acordaram rápido ein!-Franja se surpreendeu com as duas cobaias descendo as escadas,aparentemente "ativas"

—Franja..eu só acordei por conta de um pesadelo-Cebola se aproximou do cientista com um tom mais sério-Isso também faz parte da experiência

—Claro que faz!é normal ter pesadelos depois desse tipo de teste...

—É normal sonhar que a sua amiga esta morta?

—Olha Cebola...como eu disse é tudo do seu inconsciente,nada mais além disso

—Franja,o Cebola mesmo disso que parecia muito real!tem certeza que é normal esse tipo de coisa?-Magali interviu na conversa dos dois

—Certeza absoluta Magali!se eu não soubesse desses "efeitos colaterais" eu provavelmente não colocaria vocês no meu projeto,mas como eu disse anteriormente..isso é fruto do cérebro de vocês,nenhuma experiencia é capaz de modificar isso.

—Hum..bom então,quer dizer que é "normal"-Cebola ainda não conseguia aceitar aquela normalidade toda

—Sim...é vocês que se assustam fácil com qualquer coisinha..relaxem ta bom?que tal voltarem pro quarto,vocês passaram uma noite inteira acordados...precisam estar bem para a aula amanha,e pra voltar para casa hoje.

—Ok...eu vou descansar então...-Cebola subiu as escadas com Magali um tanto desconfiado,toda vez que acontecia alguma coisa o Franja agia de um jeito estranho mas sempre dizia as mesmas frases"isso é por causa do seu inconsciente e blá blá blá".Ele até poderia estar certo,mas Cebola e Magali não conseguiam aceitar a possibilidade de um experimento tão estranho e incomum como aqueles não tivesse nenhum efeito colateral nos seus pacientes.