Uma nova História escrita por Adhara Mckinnon Black


Capítulo 17
O Vampiro de Pijamas


Notas iniciais do capítulo

Bom galera, desculpe pela demora.
Queria agradecer aos meus maravilhosos leitores, que acompanham a história e estão sempre comentando e me motivando. Muito obrigada!
Mais um capítulo fresquinho saindo pra vocês.
Espero que gostem
Boa leitura!



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Depois de Katherine ter se resolvido com os irmãos, ela foi em direção à sala de transfiguração. Sabia que os irmãos não explicariam nada àquela hora, pois eles tinham assuntos a resolver. Acreditava que tinha relação com o Mago, já que ambos sumiram como pó. Antes de entrar, batera na porta e escutara um entre vindo lá de dentro.

—Em que posso ajudá-la senhorita Moore? –Minerva a olhou de sua mesa, parecendo querer desvendá-la por seu real motivo.

—Ora tia Mimi, eu não posso lhe fazer uma visita?- Kathy dera seu melhor sorriso, e seus olhos tinham um brilho leve de diversão, o que fez a mulher a sua frente dar um discreto sorriso que não fora reparado pela pequena.

—Eu até acreditaria nisso senhorita Moore, se não a conhecesse. –Disse encarando-a severa pelo apelido.

—Então a senhora se enganou desta vez- A menina disse dando aquele sorriso encantador- Eu só vim conversar. Está ocupada? Se estiver eu volto depois.

A mulher, um pouco surpresa, negou com a cabeça, apontando a cadeira para a criança se sentar.

—Sobre o que quer conversar? –McGonagall perguntou servindo duas xícaras de xá e entregando uma para a morena a sua frente e tomando a outra.

—Sobre a vida- Kathy respondeu displicente sentindo-se a vontade para pegar um dos biscoitos oferecidos pela professora, nem notando o olhar desconfiado e surpreso da senhora em si.

Enquanto as duas entravam em um assunto que duraria a tarde toda, Nicole e Jake foram resolver seus assuntos.

—Mago? Mago? –Nicole chamava pelo homem até este aparecer.

—Sim?

—Por que não deixou que a garota morresse? Achei que este era nosso trato.

—A garota é importante para meus planos.

—Eu imaginei que fosse isso, mas vai nos contar quais os seus planos?

—Nicole minha querida, - o encapuzado fora se aproximando e segurou o rosto da garota entre suas mãos frias, obrigando a olha-lo bem nos olhos- não deixe o ódio cegá-la. Achei que tinha lhe ensinado bem – soltou-a deixando-a envergonhada pela repreensão.

Jake observava calado. Ele tinha um conhecimento maior que a irmã sobre o assunto, mas ainda não era todo. Não sabia o real propósito daquilo.

—A garota é mais poderosa do que vocês imaginam. Se ela seguir instruções certas, ela pode ser mais poderosa que aquele velhote diretor.

—Mas então ela tem que ser detida, não?

—Vocês a subestimam demais. –o Mago comentou observando o horizonte, sem dar atenção a eles realmente.

—E o que fazemos agora? –Jake se pronunciou pela primeira vez.

—Continuem a leitura e observem a garota.

—E quanto aos visitantes? –Nicole perguntou.

—Deles eu cuido depois. Katherine aceitou?

—Ela disse algo como concertar seus erros. O que isso quer dizer? –Nicole se aproximou.

—Isso significa que teremos ficar de olho. Uma revolução esta para acontecer, saiba olhar para as pessoas certas meus meninos.

—O que? –Nicole sussurrou confusa para o irmão que estava da mesma maneira.

—Lembrem-se dos meus ensinamentos. Devemos saber aproveitar as oportunidades que a vida nos dá. As visitas chegarão antes do outro capítulo. Vocês poderão explicar para eles o que aconteceu e então voltarem à leitura. Agora vão.

Já estava quase na hora do jantar quando os irmãos voltaram. O tempo era mesmo diferente nas duas dimensões.

Ambos seguiam o caminho em direção ao salão principal quando encontraram um bilhete para seguirem para a torre de astronomia. Ao chegarem ao local marcado, se depararam com caixões.

—Parece que nossa missão começa hoje- Jake disse despreocupado. –Vá chamar a garota.

Nicole bufou e foi em direção à saída parando antes- Nossa missão começou há muito tempo Jake, mas parece que só eu me lembro disso.

E saiu à procura de Katherine, deixando seu irmão cuidando dos caixões.

Kathy, depois de passar a tarde toda com a professora McGonagall, estava indo em direção ao salão principal para o jantar, quando foi parada por Nicole Becker.

—Moore, precisamos da sua ajuda, venha. – E virou as costas esperando que a garota a seguisse.

—Estou indo jantar, o que quer que precisem da minha pessoa pode esperar- E retomou seu caminho escutando a outra bufar.

—Pensei que o Mago tivesse conversado contigo.

—E conversou- respondeu sem se virar.

—E ele não lhe disse que deveria nos obedecer?- Becker perguntou, fazendo-a parar e virar-se para Nicole.

—Ele apenas disse que vocês me dariam alguns trabalhos para fazer, não disse nada sobre obedecer vocês. Até porque não adiantaria, eu não faria isso. –A morena sorriu debochada, fazendo a outra revirar os olhos e bufar.

— Pois então queridinha- Nicole sorriu falsamente- Sua primeira missão começa agora. – Disse, fazendo o sorriso de Kathy se apagar- Vamos.

—Agora? Mas e o jantar? Ele começou há dez minutos. Estou faminta.

—Problema teu. Precisamos de você agora, não entendeu? E depois você come alguma coisa nas cozinhas. Não é como se você nunca tivesse ficado sem comer – Nicole disse debochada, virando as costas e finalmente indo em direção à torre, desta vez, sendo seguida por uma Katherine emburrada.

Quando Kathy chegara a Torre de Astronomia, com muito custo e receio, dado as circunstâncias do último encontro com aqueles dois naquele mesmo lugar, levara um grande susto. Havia caixões por toda à extensão da torre.

—O que é isso?- Kathy perguntara assustada.

—Caixões- Jake respondera devagar como se a garota tivesse problemas mentais.

—Eu sei o que são, mas estão vazios né?

—Não.

—Vocês pediram minha ajuda, mas não vou acobertar um assassinato, ou melhor, nove assassinatos.

—Pare de covardia Moore, não é do seu feitio. Esses caixões faz parte do trato. Agora pare de fazer perguntas e nos ajude a levar esses caixões para um lugar seguro. –Jake disse empurrando um dos caixões para perto da porta.

—Pra onde vamos leva-los? –Kathy perguntara enquanto empurrava um dos caixões para perto da porta da torre, como Jake fizera.

—Sala Precisa- Nicole respondeu, juntando mais um caixão para perto da porta.

—Mas e os convidados? Eles vão ver!- Kathy parara de empurrar um dos corpos para encarar os irmãos que continuavam seu trabalho sem se abater pela surpresa da morena.

—Eles estarão com um feitiço. Ninguém poderá vê-los.

—E por que esses corpos estão aqui?

—Porque o mestre enviou. Eles são importantes para o que esta para acontecer.

—E quem são?

— Você faz perguntas demais garota, fale menos e trabalhe mais- Nicole interrompeu a conversa de Kathy e seu irmão. –Vai Jake. Moore, vê se tem alguém vindo do salão Principal enquanto levamos esses caixões para o lugar onde devem estar.

—Não- Jake interrompeu a irmã- Você vigia e ela me ajuda- deu um sorriso maldoso para a irmã, que revirou os olhos e fora vigiar.

Jake, sem pronunciar uma única palavra, fez alguns gestos com as mãos e todos os nove caixões começaram a flutuar e seguir o rapaz que ia amis a frente.

—Venha comigo.

Kathy o seguiu, um tanto temerosa, observando todos os corredores para ver se encontrava alguém. Não ia ser legal que vissem um dos irmãos sinistros fazerem nove caixões flutuarem por ai.

A chegarem ao sétimo andar, o garoto passou três vezes em frente a parede e logo depois uma porta surgiu entre ela. Jake abriu e entrou no ambiente, sendo seguido por Kathy, que observava o lugar. Era uma sala enorme, sem nada dentro. Apenas um cômodo vazio. O chão de mármore preto contrastava com os caixões recém-depositados ali.

— Ta na hora, faz o feitiço. – O garoto se virou para ela, pegando-a de surpresa.

—Quê? Eu? Que feitiço?- Katherine perguntara assustada.

—É garota! Pra deixa-los invisíveis. –Nicole respondera anunciando sua chegada.

—Eu não sei nenhum feitiço pra isso. Entrei na escola agora, não sei de muita coisa.

—Deixa disso Moore. Sabemos que você entende de bruxaria há muito tempo. Você só se faz de sonsa nas aulas para não desconfiarem, mas sempre é uma das primeiras a terminar os exercícios.

—E por que vocês mesmos não fazem? Poderiam ter trago os caixões aqui sem a minha ajuda, mas quiseram que eu participasse disso. Por quê?

—Porque queríamos que você fosse cúmplice. É sua missão, não a nossa Moore. Nós te ajudamos, e não o contrário. Agora pare de enrolar que o jantar já esta no fim. Logo as pessoas vão começar a desconfiar, já que nenhum de nós três apareceu no salão para o jantar.

—Anda Moore! Faça o feitiço!

Então Kathy se concentrou, e olhou para os nove caixões. Jake tinha colocado quatro de cada lado e um no meio, sendo que este era diferente dos outros caixões. Kathy não sabia dizer o que tinha naqueles caixões, mas sabia que não deveria mostra-los a ninguém ou poderia causar grandes confusões.

Dando uma última olhada neles, Katherine levantou as mãos e murmurou algumas palavras, fazendo um a um, desaparecer.

O que Kathy não sabia, era que ao fazer aquele feitiço, somente ela poderia ver os caixões, e somente ela poderia abri-los. Agora a pergunta é: Ela teria coragem de descobrir o que tem dentro deles?

Ao terminar o feitiço, os três foram em direção ao salão principal, tinham que continuar a leitura.

Quando os três atravessaram as portas juntos, o salão silenciou-se. O que eles estavam fazendo juntos?

Kathy fora para sua mesa, enquanto os irmãos foram para a mesa dos professores. Mal se sentou e foi atacada com perguntas.

—Você estava com eles?

—O que eles queriam?

— Onde você estava?

—Por que não veio jantar?

Kathy levantou a mão para calar os amigos. Antes de responder, pegaria alguma coisa para comer antes de tudo sumir... Tarde demais.

Os elfos recolheram a comida, deixando Kathy com o braço estendido para o nada.

Bufando Kathy colocou as mãos na mesa, agora vazia, e encarou os amigos.

—Não, eu não estava com eles, e nem sei o que estavam fazendo, eu estava no meu dormitório, acabei pegando no sono e ninguém me acordou, o que me fez perder o jantar – Olhou feio para Hermione como se fosse culpa dela que tivesse perdido o jantar, deixando a garota envergonhada e pedindo desculpas.

—Mas vocês chegaram juntos- Harry perguntara desconfiado.

—Encontrei eles na porta do salão, pareciam estar conversando algo importante, já que pararam de conversar na hora que eu cheguei e ficaram me olhando com aquelas caras de mau humor.

A desculpa parecia ter funcionado, já que Harry dera de ombros e os outros voltaram a conversar coisas aleatórias.

É Moore, é boa em mentir, em manipular e fazer as pessoas acreditarem em você. Mas fico surpresa em perceber o quão idiota é para algumas coisas. Sua mãe não te ensinou a não confiar em estranhos? Ah é... Você não tem uma mãe. Quase sinto pena. Quase...

Dumbledore levantara, silenciando o salão.

—Muito bem crianças, vamos ler mais um capítulo antes de irmos dormir. Quem quer ler?

—Eu leio- Lino se pronunciou, recebendo o livro, já aberto no capítulo certo. –O Vampiro de pijamas.

O choque de perder Olho-Tonto pairou sobre a casa nos dias que se seguiram; Harry continuou na expectativa de vê-lo entrar mancando pela porta dos fundos, como os demais membros da Ordem que iam e vinham para transmitir notícias. Ele sentiu que nada, a não ser a ação, aliviaria seus sentimentos de culpa e pesar, e que deveria partir em missão para encontrar e destruir as Horcruxes, assim que possível.

—Que bobagem Harry! Não é sua culpa olho-Tonto ter morrido- Arthur disse para o garoto que apenas abaixou a cabeça. Era inevitável o sentimento de culpa se apossar de si.

— Bem, você não pode fazer nada a respeito das... – Rony enunciou a palavra Horcruxes – até fazer dezessete anos. Ainda tem o rastreador. E podemos planejar aqui tão bem quanto em qualquer outro lugar, não? Ou – a voz dele virou um sussurro – já tem ideia de onde estão as você-sabe-o-quê?

— Não – admitiu Harry.

— Acho que a Hermione tem feito umas pesquisas. Ela me disse que estava guardando os resultados para quando você chegasse. Kathy anda meio estranha, mas quando ela não é, não é mesmo?

Katherine fuzilou Rony que se encolheu com o olhar da amiga.

Os dois estavam sentados à mesa do café da manhã; o sr. Weasley e Gui tinham acabado de sair para o trabalho, a sra. Weasley subira para acordar Hermione e Gina, e Fleur fora tomar banho.

— O rastreador perderá a validade no dia trinta e um – disse Harry. – Isto significa que só preciso ficar aqui mais quatro dias. Depois eu posso...

— Cinco dias – Rony corrigiu-o com firmeza. – Temos que ficar para o casamento. Eles nos matarão se não estivermos aqui.

Harry entendeu que o “eles” se referia a Fleur e a sra. Weasley.

— É só mais um dia – disse Rony, quando Harry pareceu se rebelar.

— Será que não compreendem como é importante...?

— Claro que não – respondeu Rony. – Não fazem a menor ideia. E agora que você tocou nesse assunto, eu queria mesmo esclarecer umas coisas.

Rony olhou para a porta que abria para o corredor a ver se a sra. Weasley já estava voltando, depois se curvou para Harry.

— Mamãe esteve tentando extrair informações de Hermione e de mim: vamos viajar para o quê. Você será o próximo, portanto prepare-se. Ela até tentou tirar informações da Kathy, mas desistiu logo. Pra tirar informações daquela lá, só o soro da verdade.

—Obrigada por “aquela lá” Rony- Kathy revirou os olhos.

Papai e Lupin também perguntaram, mas, quando respondemos que a recomendação de Dumbledore foi para você não comentar com ninguém exceto nós dois, eles não insistiram. Mas a mamãe, não. Ela é decidida.

As previsões de Rony se confirmaram algumas horas mais tarde.

—É claro que se confirmaram, é a mamãe!- Os gêmeos disseram juntos, causando alguns risos nas pessoas que conheciam a senhora, que olhara feio para os dois.

Pouco antes do almoço, a sra. Weasley afastou Harry dos outros, pedindo-lhe para identificar um pé de meia sem par que talvez tivesse caído da mochila dele. Assim que o encurralou na despensa mínima ao lado da cozinha, ela começou:

— Rony e Hermione estão achando que vocês três vão deixar Hogwarts – começou ela em um tom leve e informal.

— Ah – respondeu Harry. – Ah, é. Vamos.

O par apareceu sozinho no canto, saindo de um colete que parecia ser do sr. Weasley.

— Posso perguntar por que vocês vão abandonar sua educação?

— Bem, Dumbledore me deixou... umas coisas para fazer – murmurou Harry. – Rony e Hermione sabem disso, e querem vir comigo.

— Que tipo de “coisas”?

— Desculpe, mas não posso...

— Ora, francamente, acho que Arthur e eu temos o direito de saber, e tenho certeza de que o sr. e a sra. Granger concordariam comigo! – retrucou a sra. Weasley. Harry receara a estratégia dos “pais preocupados”. Fez força para encarar a senhora nos olhos, reparando, ao fazer isso, que eles tinham exatamente o mesmo tom de castanho dos de Gina. Isso não ajudou nem um pouco.

Kathy, Sirius e Remo deram um sorrisinho ao escutar isso. “Potter´s e suas ruivas” era o pensamento dos mais velhos.

— Dumbledore não queria que mais ninguém soubesse. Sinto muito. Rony e Hermione não têm que viajar comigo, foi a opção que fizeram...

— Também não vejo por que você precisa ir! – retorquiu ela, abandonando todo o fingimento. – Vocês mal atingiram a maioridade, os três! É um absurdo, se Dumbledore precisava que fizessem algum serviço para ele, tinha a Ordem inteira à disposição! Harry, você deve ter entendido mal. Provavelmente ele estava falando de alguma coisa que queria que alguém fizesse, e você entendeu que se referia a você...

— Não entendi mal – respondeu Harry resoluto. – O alguém era eu.

Ele devolveu à sra. Weasley o pé de meia estampado com juncos dourados que supostamente deveria identificar.

— Não é minha, eu não torço pelo Puddlemere United.

— Ah, claro que não – disse a bruxa, com um retorno repentino e enervante ao seu tom informal. – Eu devia ter me lembrado. Então, Harry, enquanto estiver aqui conosco, não irá se importar de ajudar nos preparativos para o casamento de Gui e Fleur, não é? Ainda falta fazer tanta coisa!

— Não... eu... claro que não – respondeu Harry, desconcertado com a súbita mudança de assunto.

— Você é muito gentil. – Ela o aprovou, sorrindo, e saiu da despensa.

Daquele momento em diante, a sra. Weasley manteve Harry, Rony, Kathy e Hermione tão ocupados com os preparativos para o casamento que mal lhes sobrava tempo para pensar. A explicação mais caridosa para tal atitude seria a vontade de distraí-los para não pensarem em Olho-Tonto e nos terrores da recente viagem. Depois de dois dias limpando talheres sem parar, combinando, por cor, presentinhos para os convidados, fitas e flores, desgnomizando o jardim e ajudando a sra. Weasley a cozinhar enormes tabuleiros de petiscos, no entanto, Harry começou a suspeitar que ela tivesse um motivo diverso. Todos os serviços que distribuía pareciam manter Rony, Hermione Kathy e ele afastados um do outro; Harry não tivera oportunidade de falar a sós com os amigos desde a primeira noite, quando lhes contara que Voldemort estava torturando Olivaras.

— Acho que mamãe pensa que, se impedir vocês quatro de se reunirem para fazer planos, poderá adiar a sua partida – murmurou Gina para Harry, na terceira noite, quando punham a mesa para o jantar.

— E que é que ela acha que vai acontecer? – perguntou Harry no mesmo tom de voz. – Que talvez outra pessoa liquide Voldemort enquanto ela nos segura aqui preparando vol-au-vents?

Ele falara sem pensar e notou que o rosto de Gina ficara lívido.

— Então é verdade? É isso que vão tentar fazer?

— Eu... não... eu estava brincando – respondeu Harry, fugindo à pergunta.

Os dois se encararam, e havia algo mais do que uma forte comoção no rosto de Gina.

Subitamente, Harry percebeu que era a primeira vez que ficava a sós com ela, desde as horas roubadas em lugares isolados de Hogwarts. E teve a certeza de que Gina também estava se lembrando daqueles momentos. Os dois se sobressaltaram quando a porta abriu e o sr.

Weasley, Kingsley e Gui entraram.

Agora, era frequente outros membros da Ordem virem jantar, porque A Toca substituíra o largo Grimmauld no 12 como quartel-general. O sr. Weasley explicara que, depois da morte de Dumbledore, que era o fiel do segredo, cada uma das pessoas a quem ele confiara a localização da casa se tornara, por sua vez, um fiel do segredo.

— E como somos uns vinte, isso dilui muito o poder do Feitiço Fidelius. A possibilidade de os Comensais da Morte extraírem o segredo de um deles é vinte vezes maior. Não podemos esperar que o segredo seja mantido por muito mais tempo.

— Mas, com certeza, a essa altura, Snape já terá informado aos Comensais o endereço, não? – perguntou Harry.

— Bem, Olho-Tonto preparou alguns feitiços contra Snape, caso ele voltasse a aparecer por lá. Temos esperança de que sejam suficientemente fortes para mantê-lo a distância e amarrar sua língua, se tentar falar sobre a casa, mas não podemos estar seguros. Teria sido loucura continuar a usar o local como quartel-general, agora que sua proteção se tornou tão precária.

A cozinha estava tão apinhada naquela noite que tornava difícil o uso de garfos e facas.

Harry se viu espremido ao lado de Gina; as palavras não ditas que os dois haviam trocado o fez desejar que estivessem separados por mais gente. Ele fazia tanto esforço para não roçar no braço dela que mal conseguia cortar a galinha no próprio prato.

Katherine olhou para Gina e Hermione e revirou os olhos, sendo seguida pelas duas, sendo que a primeira estava corada.

— Alguma notícia sobre Olho-Tonto? – Harry perguntou a Gui.

— Não – foi a resposta.

Não haviam realizado um funeral para Olho-Tonto porque Gui e Lupin não conseguiram resgatar o corpo. Fora difícil determinar onde poderia ter caído, por causa da escuridão e da confusão da batalha.

— O Profeta Diário não disse uma palavra sobre a morte dele nem sobre as buscas pelo corpo – continuou Gui. – Mas isso não quer dizer nada. O jornal tem omitido muita notícia ultimamente.

—Como da ultima vez- Remo murmurou, recebendo um aceno de Sirius que concordara.

— E o Ministério, ainda não convocou uma audiência para averiguar a magia que usei ainda menor de idade para escapar dos Comensais da Morte? – Harry perguntou ao sr. Weasley, que, do outro lado da mesa, sacudiu a cabeça em resposta. – Porque sabe que não tive escolha ou porque não quer que eu conte ao mundo inteiro que Voldemort me atacou?

— Acho que a segunda hipótese. Scrimgeour não quer admitir que Você-Sabe-Quem tem tanto poder quanto ele, nem que houve uma fuga em massa em Azkaban.

—O erro desses Ministros, é se preocupar com a imagem que eles vão passar. O mundo está em guerra, o mínimo é informar as pessoas do que esta realmente acontecendo, para elas se prepararem devidamente. –Kathy comentou suspirando cansada.

— É, para que informar ao público a verdade? – protestou Harry, agarrando a faca com tanta força que as leves cicatrizes no dorso de sua mão direita se destacaram, brancas, na pele: Não devo contar mentiras.

—Essas cicatrizes são um absurdo!- Molly protestou. –Onde você pode ter arrumado cicatrizes assim?

Harry dera de ombros, não sabia responder.

Kathy pensando em umas coisas, dera um olhar de relance para os dois irmãos que se sentavam na mesa dos professores, e decidiu compartilhar sua teoria.

—Antigamente, no mundo trouxa, não sei quanto ao mundo bruxo, se tinha essas práticas, mas quando uma criança ou adolescente iam ser castigados, eles optavam pela tortura.

—Que tipos de tortura? –Neville perguntara.

—Vários tipos. Tinham o chicote, deixavam a pessoa presa em uma câmera vazia, dependuravam os pulsos em uma corrente de ferro... E várias outras práticas.

—Que horror!

—Que absurdo!

—Mas não se engane meninos- Remo disse para os primeiranistas que exclamavam- no mundo bruxo era bem comum essa prática. –Terminou deixando alguns mais chocados ainda.

— Será que não tem ninguém no Ministério disposto a enfrentá-lo? – perguntou Rony com raiva.

— Claro que tem, Rony, mas as pessoas estão aterrorizadas – respondeu o sr. Weasley –, aterrorizadas com a ideia de serem as próximas a desaparecer, e seus filhos os próximos a serem atacados! Há muitos boatos assustadores; eu, por exemplo, não acredito que a professora de Estudo dos Trouxas em Hogwarts tenha pedido demissão. Faz semanas que ninguém a vê. Nesse meio tempo, Scrimgeour passa o dia trancado no escritório: só espero que esteja preparando algum plano.

Fez-se uma pausa em que a sra. Weasley, com um gesto da varinha, pôs os pratos usados no aparador e serviu a torta de maçã.

— Prrecisamos rresolverr o disfarrce que você vai usarr, Arry – disse Fleur depois da sobremesa. – No casamente – acrescentou, quando ele pareceu não entender. – Naturralmente, nam tam Comensais da Morte entrre nosses convidades, mas nam posse garrantirr que nam falem demais depois de tomarrem champanhe.

Ao que Harry deduziu que ela ainda suspeitava de Hagrid.

— É, uma boa lembrança – disse a sra. Weasley da cabeceira da mesa onde estava, os óculos encarrapitados na ponta do nariz, passando em revista uma enorme lista de tarefas que anotara em um longo pergaminho. – Então, Rony, já limpou o seu quarto?

— Por quê?! – exclamou Rony, batendo a colher no prato e olhando feio para a mãe. – Por que o meu quarto tem que ser limpo? Harry e eu estamos muito bem no quarto do jeito que está.

— Vamos festejar o casamento do seu irmão dentro de alguns dias, jovem...

— E eles vão casar no meu quarto? – indagou Rony furioso. – Não! Então por que em nome das plicas de Merlim...

— Não responda assim a sua mãe – interpôs o sr. Weasley com firmeza. – E faça o que ela está mandando.

Rony amarrou a cara para o pai e a mãe, depois apanhou novamente a colher e atacou os últimos bocados da torta de maçã.

— Eu posso ajudar, um pouco da bagunça é minha – disse Harry a Rony, mas a sra. Weasley cortou a conversa.

— Não, Harry querido, prefiro muito mais que você ajude Arthur a limpar o galinheiro, e, Hermione, eu agradeceria muito se você fosse trocar os lençóis do casal Delacour, sabe, eles estão chegando amanhã às onze horas, e Kathy...

—Lamento senhora Weasley, mas tenho que resolver uns assuntos fora, não poderei ajudar hoje.

Afinal, havia muito pouco a fazer pelas galinhas.

— Não há necessidade de, ah, dizer isso a Molly – começou o sr. Weasley, bloqueando o acesso de Harry ao galinheiro –, mas, ah, Ted Tonks me mandou quase tudo que restou da moto de Sirius e, ah, estou escondendo-a, ou, melhor dizendo, guardando-a aqui.

—Minha moto- Sirius disse com um brilho no olhar, o que fez Remo virar os olhos.

É fantástica:

—É mesmo- Sirius tornou a interromper.

Tem uma ganacha de escape, acho que é esse o nome, uma bateria magnífica, e será uma ótima oportunidade para descobrir como os freios funcionam. Vou tentar montá-la outra vez quando Molly não... quero dizer, quando eu tiver tempo.

Quando voltou a casa, a sra. Weasley não estava à vista, então Harry subiu despercebido para o quarto de Rony, no sótão.

— Já estou arrumando, já estou arrumando...! Ah, é você! – exclamou Rony aliviado, quando Harry entrou. O amigo estava deitado na cama, e era óbvio que acabara de desocupá-la. O quarto continuava na mesma desordem da semana inteira; a única mudança é que agora Hermione estava sentada no canto oposto, com o seu peludo gato ruivo, Bichento, aos pés, separando livros, alguns dos quais Harry reconheceu serem dele, em duas enormes pilhas.

— Oi, Harry – cumprimentou a amiga quando ele sentou na cama de armar.

— Como foi que você conseguiu fugir?

— Ah, a mãe de Rony esqueceu que já tinha pedido a Gina para trocar os lençóis ontem – respondeu Hermione. E jogou o Numerologia e gramática em uma pilha e Ascensão e queda das Artes das Trevas na outra.

—Acho que seu plano falhou senhora Weasley- Kathy dera um sorrisinho à mulher que corou e amarrou a cara.

— Estávamos conversando sobre o Olho-Tonto – disse Rony. – Acho que ele pode ter sobrevivido.

— Mas Gui viu quando ele foi atingido pela Maldição da Morte – argumentou Harry.

— É, mas o Gui também estava sob ataque – replicou Rony. – Como pode ter certeza do que viu?

— Mesmo que a Maldição da Morte não o atingisse, Olho-Tonto caiu uns trezentos metros – lembrou Hermione, agora segurando o pesado Os times de quadribol da Grã-Bretanha e da Irlanda.

— Ele poderia ter usado o Feitiço Escudo...

— Fleur disse que a varinha foi arrancada da mão dele – disse Harry.

— Tudo bem, se vocês querem que ele tenha morrido – concluiu Rony mal-humorado, dando uns socos no travesseiro para afofá-lo.

— É claro que não queremos que esteja morto! – exclamou Hermione, chocada. – É horrível que ele esteja! Mas temos que ser realistas!

Pela primeira vez, Harry imaginou o corpo de Olho-Tonto com os ossos partidos como o de Dumbledore, mas com aquele único olho ainda girando na órbita. Sentiu uma reação violenta, que mesclava desgosto e uma bizarra vontade de rir.

Katherine, que também imaginara a cena, começou a rir, fazendo uma cara de nojo no final.

— Os Comensais da Morte provavelmente limparam os restos dele, é por isso que ninguém encontrou nada – sugeriu Rony com sabedoria.

— É – acrescentou Harry. – Como o Bartô Crouch, transformado em um osso e enterrado no jardim do Hagrid. Provavelmente transfiguraram o Olho-Tonto e o empalharam...

— Para! – guinchou Hermione. Assustado, Harry ergueu a cabeça em tempo de ver a garota romper em lágrimas sobre o Silabário de Spellman.

— Ah, não! – exclamou Harry tentando se levantar da velha cama de armar. – Hermione, eu não estava querendo transtornar ninguém...

—Que conversa maravilhosa em- Kathy comentou com uma careta. Hermione estava com os olhos arregalados, imaginando a cena, muito provavelmente.

Com uma rangedeira de molas enferrujadas, Rony pulou da cama e chegou primeiro. Com um braço, envolveu Hermione, e enfiou a outra mão no bolso do jeans de onde extraiu um lenço absurdamente sujo, usado mais cedo, naquele dia, para limpar o forno. Em seguida, puxou depressa a varinha, apontou para o trapo e ordenou: “Tergeo!”

A varinha chupou a maior parte da graxa. Com um ar de vaidosa satisfação, Rony entregou o lenço ainda fumegando a Hermione.

— Ah... obrigada, Rony... desculpe... – Ela assoou o nariz e soluçou. – Só que é tão ho-horrível, não é? P-pouco depois de Dumb-bledore... P-por alguma razão, eu nunc-ca imaginei Olho-Tonto morto, ele parecia tão forte!

— É, eu sei – concordou Rony, dando-lhe um breve aperto. – Mas vocês sabem o que ele nos diria se estivesse aqui?

— V-vigilância constante – respondeu Hermione enxugando os olhos.

— É isso aí – concordou Rony, reforçando com um aceno de cabeça. – Ele nos diria para aprender com o que lhe aconteceu. E o que aprendi foi a não confiar naquele lixo covarde do Mundungo.

Harry e Katherine olharam com um sorriso para Rony e Hermione, que coraram e abaixaram a cabeça.

Hermione soltou uma risada tremida e se curvou para apanhar mais dois livros. Um segundo mais tarde, Rony puxou o braço das costas dela; Hermione tinha deixado cair O livro monstruoso dos monstros no pé dele. O cinto de couro que o prendia soltou-se e o livro abocanhou com força o tornozelo do garoto.

— Desculpe, desculpe – Hermione pedia, enquanto Harry arrancava o livro da perna de Rony e tornava a amarrá-lo.

Naquele momento os três pararam de falar quando a porta foi aberta bruscamente. 

—Quem será? 

—Será que é a mãe do Rony?

—Seria muita falta de sorte.

O trio respirara aliviado. Era apenas Kathy.

—Apenas eu? Olha que delicado da parte de vocês - a morena lançou olhares feios aos três, que se encolheram.

— Que susto Kathy- Hermione exclamou, apertando o livro contra o peito.

— É bom pra vocês ficarem espertos - a morena se sentou ao lado de Harry - Cheguei agora a pouco, imaginei que estivessem aqui. Senhora Weasley perguntou se te vi lá fora Harry, falei que estava cuidando das galinhas ainda.

— Afinal, que está fazendo com todos esses livros? – perguntou Rony, mancando de volta à cama, se dirigindo à Hermione. 

— Tentando decidir quais deles vamos levar conosco, quando formos procurar as Horcruxes.

— Ah, claro – disse Rony, batendo na própria testa. – Esqueci que vamos liquidar Voldemort em uma biblioteca móvel.

Os alunos começaram a rir.

— Ha-ha – replicou ela, examinando o Silabário. – Será que... Precisaremos traduzir runas?É possível... acho que é melhor levar, só por precaução.

Hermione jogou o livro na maior das duas pilhas e apanhou Hogwarts, uma história.

— Escutem aqui – disse Harry.

Ele se empertigara na cama. Rony e Hermione olharam o amigo com expressões iguais que somavam resignação e desafio.

— Eu sei que vocês disseram, depois dos funerais de Dumbledore, que queriam me acompanhar – começou Harry.

— Lá vem ele – comentou Rony com Hermione olhando para o teto.

—Eu disse que tava demorando -Katherine comentou olhando para as unhas. 

— Como sabíamos que iria fazer – suspirou a garota, voltando sua atenção para os livros. – Sabem, acho que vou levar Hogwarts, uma história. Mesmo que a gente não volte lá, acho que não me sentiria bem se não carregasse...

— Escutem! – repetiu Harry.

— Não, Harry, escute você – retorquiu Hermione. – Vamos com você. Isto já ficou decidido há meses; aliás, há anos.

— Mas...

— Cala essa boca – Rony o aconselhou.

— ... vocês têm certeza que refletiram bem? – insistiu Harry.

— Vejamos – retrucou Hermione, batendo com o volume de Viagens com trasgos na pilha dos descartados, com uma expressão feroz no rosto. – Estou arrumando a bagagem há dias, portanto estamos prontos para partir a qualquer momento, o que, para sua informação, exigiu feitiços extremamente complexos, para não mencionar o contrabando do estoque de Poção Polissuco de Olho-Tonto, bem debaixo do nariz da mãe de Rony.

—Adoro essa Hermione mafiosa -Kathy sorriu de um jeito louco para a amiga que balançou a cabeça.

“Além disso, alterei a memória dos meus pais para se convencerem de que, na realidade, são Wendell e Monica Wilkins, e que sua ambição na vida é mudar para a Austrália, o que eles já fizeram. Para dificultar que Voldemort os encontre e interrogue sobre mim... ou sobre vocês, porque, infelizmente, contei aos dois muita coisa sobre vocês.

“Supondo que eu sobreviva à busca das Horcruxes, procurarei mamãe e papai e desfarei o feitiço. Se não... bem, acho que lancei neles um encanto suficientemente forte para que vivam seguros e felizes como Wendell e Monica Wilkins. O casal não sabe que tem uma filha, entendem.”

Os olhos de Hermione tinham se enchido novamente de lágrimas.

—Wow. Isso sim é amizade. –Um sextanista da lufa-lufa comentou, deixando os três envergonhados.

—É Hermione, parece que você também teve que deixar sua família -Kathy colocou uma mão no ombro da menina, que estava com os olhos marejados, como sinal de conforto.

Kathy tinha ficado estranhamente quieta.

Rony tornou a levantar da cama, a abraçá-la pelos ombros e a franzir a testa para Harry como se o repreendesse pela falta de tato. Harry não conseguiu pensar em mais nada para contrapor a isso, no mínimo porque era excepcionalmente insólito Rony ensinar alguém a ter tato.

A maioria começara a rir, principalmente quem conhecia o garoto.

— Eu... Hermione, peço desculpas... eu não...

— Não percebeu que Rony, kathy e eu temos perfeita noção do que poderá acontecer se formos com você? Pois temos. Rony, mostre ao Harry o que você já fez.

— Nãããh, ele acabou de comer – disse Rony.

— Mostra logo, ele precisa saber!

— Ah, tá, Harry, vem comigo.

Pela segunda vez, Rony parou de abraçar Hermione e saiu mancando para a porta.

— Anda.

— Por quê? – quis saber Harry, saindo do quarto e acompanhando Rony ao pequeno patamar do sótão.

— Descendo! – murmurou Rony, apontando a varinha para o teto baixo. Um alçapão se abriu e uma escada desceu aos seus pés. Um barulho horrível, meio gemido meio sucção, saiu do buraco quadrado, juntamente com um horrível cheiro de esgoto.

— É o seu vampiro, não é? – perguntou Harry, que nunca chegara a conhecer a criatura que, por vezes, perturbava o silêncio noturno n’A Toca.

— É – confirmou Rony subindo a escada. – Suba para dar uma olhada nele.

Harry seguiu o amigo pela escadinha até o minúsculo sótão. Sua cabeça e seus ombros já estavam no quarto quando ele avistou a criatura enroscada ali perto no escuro, ferrada no sono com a bocarra aberta.

— Mas ele... parece... é normal vampiros usarem pijamas?

— Não – respondeu Rony. – Nem é normal terem cabelos ruivos ou tantas espinhas.

Harry contemplou a coisa, ligeiramente enojado. Na forma e no tamanho, pareceu-lhe humano e, aos seus olhos acostumados ao escuro, não havia dúvida de que usava um pijama velho de Rony. Harry também não duvidava de que os vampiros, em geral, fossem viscosos e carecas, e não visivelmente cabeludos e cobertos de feias espinhas roxas.

— Ele sou eu, entendeu? – disse Rony.

— Não. Não entendi.

—Há! Genial!- Kathy olhou para Rony admirada. –Simplesmente genial!

—Você entendeu o plano? –Lilá perguntou confusa.

—Vocês não?- Kathy perguntou chocada para os colegas que a olhavam como se fossem louca. –Aff! Continue.

— Então explico lá no meu quarto, o cheiro está me incomodando. – Os dois desceram a escada, que Rony empurrou de volta ao teto, e foram se reunir as meninas, que continuavam separando livros.

“Quando viajarmos, o vampiro vai descer para morar no meu quarto”, disse Rony. “Acho que ele está até ansioso para isso acontecer, mas é difícil saber, porque ele só sabe gemer e babar, mas acena muito com a cabeça quando se menciona a mudança. Em todo caso, ele vai ser o Rony com sarapintose. Bem bolado, hein?”

Uma onda de exclamação foi ouvida no salão. Muitos passaram a olhar Rony com admiração. Era genial.

O rosto de Harry espelhava sua perplexidade.

— É, sim! – insistiu Rony, visivelmente frustrado porque Harry não alcançara a genialidade do seu plano. – Olhe, quando nós três não aparecermos em Hogwarts, todo o mundo vai pensar que Hermione e eu estamos com você, certo? O que significa que os Comensais da Morte irão direto procurar as nossas famílias para obter informações sobre o seu paradeiro.

— Mas, se o plano der certo, parecerá que fui viajar com os meus pais; muitas pessoas que nasceram trouxas estão falando em sumir de circulação por um tempo – esclareceu Hermione.

— Não podemos esconder a minha família inteira, iria parecer suspeito demais, além disso, eles não podem largar o emprego – explicou Rony. – Então, vamos divulgar a história de que estou gravemente doente com sarapintose, razão por que não pude voltar à escola. Se alguém vier investigar, meus pais podem mostrar o vampiro na minha cama, coberto de pústulas. Essa doença é realmente contagiosa, portanto eles não vão querer chegar muito perto. E também não fará diferença se o vampiro não puder falar nada, porque aparentemente ninguém pode, depois que o fungo ataca a úvula.

— E seus pais concordaram com esse plano? – perguntou Harry.

— Papai, sim. Ele ajudou Fred e Jorge a transformarem o vampiro. Mamãe... bem, você já viu como ela é. Não vai aceitar que viajemos até termos partido.

Fez-se silêncio no quarto, interrompido apenas pelas leves batidas que Hermione produzia ao jogar os livros em uma das duas pilhas. Rony parou, observando-a, Katherine olhava o céu pela janela, parecia em outro mundo e Harry olhava de um para outro incapaz de falar. As medidas que os amigos tinham tomado para proteger as famílias, mais do que qualquer outra coisa, o convenceram de que iriam acompanhá-lo e que sabiam exatamente o perigo que corriam. Quis manifestar o quanto isto significava para ele, mas simplesmente não encontrava palavras que fossem expressivas o suficiente.

—Quando uma amizade é verdadeira, não precisa-se de palavras- Remo olhou para Sirius, que sabia que o outro se referia aos seus problemas lunares, com um olhar de cumplicidade.

No silêncio, ouviram o ruído abafado dos gritos da sra. Weasley quatro andares abaixo.

— Gina provavelmente deixou uma poeirinha em uma droga qualquer de porta-guardanapos – comentou Rony. – Não sei por que os Delacour inventaram de chegar dois dias antes do casamento.

— A irmã de Fleur vai ser dama de honra, precisa estar aqui para o ensaio e é jovem demais para viajar sozinha – explicou Hermione, examinando indecisa o Como dominar um espírito agourento.

— Bom, ter hóspedes não vai melhorar os níveis de estresse da mamãe – comentou Rony.

— O que realmente precisamos decidir – disse Hermione, atirando o Teoria da defesa em magia em uma lata de lixo sem olhá-lo duas vezes e apanhando Uma avaliação da educação em magia na Europa – é para onde iremos ao sair daqui. Eu sei que você disse que quer ir a Godric’s Hollow primeiro, Harry, e entendo o motivo, mas... bem... não devíamos dar prioridade às Horcruxes?

— Se soubéssemos onde encontrar alguma Horcrux, eu concordaria com você – respondeu Harry, sem acreditar que Hermione entendesse, de fato, o seu desejo de retornar a Godric’s Hollow. O túmulo dos seus pais era apenas uma parte do atrativo: ele tinha uma forte sensação, embora inexplicável, que o vilarejo lhe forneceria algumas respostas. Talvez fosse simplesmente porque ali ele sobrevivera à Maldição da Morte lançada por Voldemort; agora que enfrentava o desafio de repetir o feito, sentia-se atraído ao lugar onde tudo acontecera, buscando compreendê-lo.

— Você não acha possível que Voldemort esteja mantendo Godric’s Hollow sob vigilância? – arriscou Hermione. – Talvez espere que você volte para visitar o túmulo dos seus pais, uma vez que está livre para ir aonde quiser.

A ideia não ocorrera a Harry. E, enquanto se concentrava para contra argumentar, Rony se manifestou, obviamente seguindo um fluxo independente de pensamentos.

— Esse tal R.A.B. – disse ele. – Sabe, aquele que roubou o verdadeiro medalhão?

Hermione fez que sim com a cabeça.

— Ele disse no bilhete que ia destruir o medalhão, não foi?

—R.A.B.? -Kathy  murmurou pensativa. Parecia estar tentando se lembrar de algo.

—Devo ter reconhecido de algum lugar- Kathy deu de ombros. 

Mas Sirius também reconheceu a sigla ,só não se lembrava de onde.

Harry puxou sua mochila para perto e tirou de dentro a falsa Horcrux contendo o bilhete de R.A.B.

— “Roubei a Horcrux verdadeira e pretendo destruí-la assim que puder” – leu Harry em voz alta.

— Então, e se ele de fato a destruiu? – perguntou Rony.

— Ou ela – interrompeu-o Hermione.

— O que seja, seria uma a menos para se procurar! – concluiu Rony.

— Mas ainda iríamos tentar rastrear o medalhão verdadeiro, não? – quis saber Hermione. – Para descobrir se foi ou não destruído.

— E quando o encontrarmos, como é que se destrói uma Horcrux? – perguntou Rony.

— Bem – começou Hermione –, andei pesquisando.

— Como? – admirou-se Harry. – Achei que não havia livros sobre Horcruxes na biblioteca.

— Não havia – esclareceu Hermione corando. – Dumbledore retirou todos, mas... mas não os destruiu.

Rony se sentou na cama de olhos arregalados.

— Pelas calças de Merlim, como foi que você conseguiu pôr a mão nesses livros sobre Horcruxes?

— Eu... não foi roubando! – respondeu ela, olhando de Harry para Rony com um ar de desespero. – Eles continuaram a ser livros da biblioteca, mesmo que Dumbledore os tenha retirado das prateleiras. Enfim, se ele realmente não quisesse que ninguém os pegasse, tenho certeza de que teria dificultado muito mais...

— Não fique enrolando! – exclamou Rony.

— Bem, foi fácil – disse Hermione com uma vozinha humilde. – Lancei um Feitiço Convocatório. Sabem: Accio! E eles saíram voando pela janela do gabinete de Dumbledore para o dormitório das garotas.

— Mas quando foi que você fez isso? – perguntou Harry, olhando para a amiga ao mesmo tempo assombrado e incrédulo.

— Logo depois do... funeral – respondeu ela com uma vozinha ainda mais humilde. – Logo depois de combinarmos que iríamos deixar a escola para procurar as Horcruxes. Quando voltei para apanhar minhas coisas, me... Simplesmente me ocorreu que, quanto mais soubéssemos sobre o assunto, melhor seria... e eu estava sozinha lá em cima... então tentei... e funcionou. Eles entraram voando direto pela janela aberta e eu... eu os guardei no malão.

A garota engoliu em seco e, então, justificou suplicante:

— Não acredito que Dumbledore se zangasse, não vamos usar a informação para fazer uma Horcrux, não é?

Kathy estourou em gargalhadas, o que deixou Hermione sem graça. 

Todos do salão olhavam chocados para a garota, que corou e abaixou a cabeça, não vendo o sorriso orgulhoso de McGonagall.

— Você está nos ouvindo reclamar? – perguntou Rony. – Afinal, onde estão esses livros?

Hermione procurou um pouco e tirou da pilha um grande livro, encadernado em couro preto já desbotado. Fez uma cara de nojo e estendeu-o cautelosamente como se fosse uma coisa recém-morta.

— Esse é o que dá instruções explícitas para se preparar uma Horcrux: Segredos das artes mais tenebrosas. É um livro horrível, realmente assustador, cheio de feitiços malignos. Fico pensando quando foi que Dumbledore o retirou da biblioteca... se foi só quando se tornou diretor. Aposto como Voldemort copiou dele todas as instruções de que precisava.

— Por que então precisou perguntar a Slughorn como preparar uma Horcrux, se já tinha lido o livro? – perguntou Rony.

— Ele só procurou o professor para saber o que acontecia quando a pessoa subdividia a alma em sete pedaços – disse Harry. – Dumbledore tinha certeza de que Riddle já sabia fazer uma Horcrux na época em que foi à sala de Slughorn. Acho que você tem razão, Hermione, é muito provável que tenha sido daí que ele tirou as informações.

— E quanto mais eu leio – continuou Hermione –, mais terrível a ideia me parece, e menos acredito que ele tenha realmente feito seis. O livro alerta para a instabilidade que a pessoa causa ao restante da alma dividindo-a, e isso para se fazer apenas uma Horcrux!

Harry lembrou-se de Dumbledore ter dito que Voldemort ultrapassara a “esfera da maldade normal”.

— E não tem jeito de reintegrar todas as partes? – perguntou Rony.

— Tem – respondeu Hermione com um sorriso inexpressivo –, mas causaria uma dor lancinante.

— Por quê? Como se faz? – quis saber Harry.

— Remorso – esclareceu Hermione. – A pessoa precisa estar, de fato, arrependida do que fez. Tem um pé de página. Pelo que diz, a dor do processo pode destruí-la. Não sei por quê, não consigo ver Voldemort fazendo isso, e vocês?

— Não – respondeu Rony antes que Harry o fizesse. – E o livro diz como destruir Horcruxes?

— Diz – confirmou Hermione, agora virando as frágeis páginas como se examinasse entranhas em decomposição –, porque avisa aos bruxos das trevas que os feitiços com que se protegerem têm que ser excepcionalmente fortes. De tudo que li, o que Harry fez com o diário de Riddle foi uma das poucas maneiras infalíveis de destruir uma Horcrux.

— O quê, furar com uma presa de basilisco? – perguntou Harry.

— Ah, bom, que sorte a gente ter um estoque tão grande de presas de basilisco – comentou Rony. – Eu estava mesmo me perguntando o que íamos fazer com elas.

Alguns alunos começaram a rir.

—Não sabia que o Rony era engraçado. – fred comentou como se avaliasse o irmão mais novo, que revirou os olhos para os gêmeos.

— Não precisa ser uma presa de basilisco – explicou Hermione, pacientemente. – Tem que ser alguma coisa tão destrutiva que a Horcrux não possa se autorrestaurar. O veneno de basilisco só tem um antídoto, e é incrivelmente raro...

— ... lágrimas de fênix – disse Harry.

— Exatamente – confirmou Hermione. – O problema é que há pouquíssimas substâncias tão destrutivas quanto o veneno de basilisco, e são todas muito perigosas para se carregar por aí.

Mas é um problema que precisaremos resolver, porque romper, quebrar ou moer uma Horcrux não adianta. É preciso deixá-la sem possibilidade de se restaurar por magia.

— Mas, se a gente destrói o objeto em que está guardada – perguntou Rony –, por que o fragmento de alma não pode se mudar para outro lugar?

— Porque uma Horcrux é o absoluto oposto de um ser humano.

Ao perceber que Harry e Rony pareciam confusos, Hermione se apressou a explicar:

— Vejam, se eu apanhasse uma espada neste minuto e transpassasse você, eu não danificaria sua alma.

— O que, com certeza, seria realmente um consolo para mim – disse Rony.

Harry riu.

— Devia ser mesmo! Mas o que quero demonstrar é que, seja o que for que aconteça ao seu corpo, sua alma continuará ilesa. Mas com uma Horcrux é o contrário. O fragmento de alma depende do objeto que o contém, do seu corpo encantado, para sobreviver. Do contrário, não sobreviverá.

— Aquele diário deu a impressão de morrer quando eu o perfurei – disse Harry, lembrando-se da tinta que jorrou como sangue de suas páginas e os gritos do fragmento de alma de Voldemort ao desaparecer.

— E, uma vez que o diário foi completamente destruído, o fragmento nele contido não pôde sobreviver. Gina tentou se livrar do diário antes de você, jogando-o no vaso e dando descarga, mas, obviamente, ele voltou novo em folha.

— Espere aí – disse Rony, franzindo a testa. – O pedacinho de alma naquele diário estava possuindo a Gina, não? Como é isso, então?

— Enquanto o objeto mágico continuar intacto, o pedacinho de alma nele pode entrar em uma pessoa e tornar a sair se ela chegar muito perto do objeto. Não precisa segurá-lo muito tempo, não é o toque que importa – acrescentou ela, antes que Rony pudesse falar. – É a proximidade emocional. Gina abriu o coração para o diário, tornando-se, assim, incrivelmente vulnerável. A pessoa se mete em apuros quando se apega demais ou passa a depender de uma Horcrux.

Gina tremeu com o pensamento de ser possuída por aquela coisa. Molly ficara extremamente aflita. Como assim sua menininha fora possuída?

—Temos que tomar muito cuidado nas buscas dessas Horcruxes. É da alma de Voldemort que estamos falando. Olhem o que ele fez com a Gina. Seja qual for o objeto, não vai nos deixar destruí-lo sem lutar. E o que Voldemort sabe fazer de melhor? Manipular a cabeça dos outros . Temos que ser mais espertos que ele. -Kathy comentou ainda observando o horizonte. 

—É uma boa observação senhorita Moore - Dumbledore comentou analisando a garota.

— Fico imaginando como foi que Dumbledore destruiu o anel – disse Harry. – Por que não perguntei a ele? Realmente nunca...

Sua voz foi morrendo: pensou nas muitas coisas que deveria ter perguntado a Dumbledore e como, desde sua morte, lhe parecia que tinha desperdiçado tantas oportunidades, enquanto o diretor era vivo, para descobrir mais... descobrir tudo...

O silêncio foi quebrado quando a porta do quarto se escancarou, produzindo um estrondo de sacudir as paredes. Hermione gritou e deixou cair o Segredos das artes mais tenebrosas; Bichento disparou para baixo da cama, bufando indignado. Rony pulou da cama, escorregou em uma embalagem velha de sapos de chocolate e bateu a cabeça na parede oposta, e Harry, instintivamente, se jogou para apanhar sua varinha antes de perceber que estava vendo a sra. Weasley, que tinha os cabelos revoltos e o rosto contorcido de raiva.

—Santo Deus! Até eu me assustaria- Tonks exclamou.

— Lamento interromper essa reuniãozinha íntima – vociferou ela, com a voz trêmula. – Tenho certeza de que vocês precisam de descanso... mas há presentes de casamento empilhados no meu quarto que precisam ser separados, e tive a impressão de que vocês concordaram em ajudar.

— Ah, sim – respondeu Hermione aterrorizada, levantando-se depressa e fazendo os livros voarem para todos os lados. – Ajudaremos... pedimos desculpas...

Com um olhar aflito para Harry e Rony, a garota saiu correndo do quarto atrás da sra. Weasley. Katherine foi atrás, de forma mais lenta.

— É como se a gente fosse um elfo doméstico – queixou-se Rony em voz baixa, ainda massageando a cabeça e saindo com Harry atrás das três. – Só que sem a satisfação no trabalho. Quanto mais cedo esse casamento terminar, mais feliz eu vou ficar.

— É – concordou Harry –, então não teremos mais nada para fazer exceto procurar Horcruxes... vai parecer até que estamos de férias, não é?

Rony começou a rir, mas, ao ver a enorme pilha de presentes de casamento que os esperava no quarto da sra. Weasley, parou no ato.

—Afinal, onde você esteve a manhã toda, Kathy ?

— Por aí Rony, resolvendo uns assuntos particulares .

Os Delacour chegaram na manhã seguinte às onze horas. A essa altura, Harry, Rony, Hermione e Gina já estavam sentindo certa raiva da família de Fleur; foi de má vontade que Rony subiu as escadas batendo os pés para calçar meias iguais e Harry tentou baixar os cabelos. Quando foram considerados bem-arrumados, os garotos saíram em fila para esperar as visitas no quintal batido de sol.

Harry nunca vira a casa tão arrumada. Os caldeirões enferrujados e as botas velhas que, em geral, coalhavam a escada para a porta dos fundos tinham desaparecido e sido substituídos por dois grandes vasos com arbustos tremulantes a cada lado da porta; embora não houvesse brisa, as folhas balançavam preguiçosamente, produzindo um belo efeito ondulante. As galinhas tinham sido trancadas no galinheiro, o quintal varrido e o jardim anexo fora despojado das folhas velhas, podado e, de um modo geral, cuidado, embora Harry, que o preferia sem trato, achasse que o jardim parecia abandonado sem o seu contingente normal de gnomos saltitantes.

O garoto perdera a noção da quantidade de feitiços de segurança que tinham sido lançados sobre A Toca, tanto pela Ordem quanto pelo Ministério; só sabia que tinham inviabilizado a possibilidade de alguém viajar por magia até ali. O sr. Weasley, portanto, fora esperar os Delacour no alto de um morro próximo, onde a família chegaria por Chave de Portal. O primeiro sinal de sua aproximação foi uma gargalhada anormalmente aguda, dada pelo sr. Weasley, soube-se depois, que apareceu ao portão em seguida, carregado de malas à frente de uma bela loura de longas vestes verde-folha, que só poderia ser a mãe de Fleur.

— Maman! – exclamou Fleur, correndo para abraçá-la. – Papa!

O sr. Delacour não era nem de longe atraente como sua mulher; era uma cabeça mais baixo que ela, além de extremamente gordo, e usava uma barbicha pontuda e preta. Parecia, contudo, uma pessoa bem-humorada. Sacudindo-se nas botas de salto em direção à sra. Weasley, ele lhe aplicou dois beijos em cada bochecha, deixando-a perturbada.

— Vocês tiverram tante trrabalhe – disse ele com sua voz grave. – Fleur nos contou qu’andarram trrabalhando muite mesme.

— Ah, não foi nada, absolutamente nada! – gorjeou a sra. Weasley. – Não foi trabalho algum!

Rony aliviou sua frustração mirando um pontapé em um gnomo que estava espiando atrás de um dos vasos com arbustos tremulantes.

— Minhe carra senhorra! – replicou o sr. Delacour, ainda segurando a mão da sra. Weasley entre as suas, muito gorduchas, e dando-lhe um radiante sorriso. – Nos sentimes muite honrrrades com a eminente união de nosses famílies! Deixe-me arpresentarr-lhe minhe mulherr, Apolline.

Madame Delacour adiantou-se como se deslizasse e se curvou para beijar a sra. Weasley também.

— Enchantée – disse ela. – Se marrido esteve me contanto histórrias muite diverrtidas!

O sr. Weasley soltou uma risada exagerada; a sra. Weasley lançou-lhe um olhar que o fez calar-se imediatamente e assumir uma expressão mais apropriada a uma visita a um amigo doente no hospital.

Kathy teve a inteligência de segurar o riso.

— E, naturralmente, já conhecem minhe filhinea Gabrrielle! – disse Monsieur Delacour.

Gabrielle era uma Fleur em miniatura; onze anos, cabelos louros platinados, a garota dirigiu um sorriso ofuscante à sra. Weasley, abraçou-a e, pestanejando, lançou um olhar intenso a Harry. Gina pigarreou alto.

—Ciúmes Gininha? -Os gêmeos implicaram com a irmã. 

—Deixem sua irmã em paz- Senhor Weasley ralhou com os dois.

— Então, entrem, por favor! – convidou a sra. Weasley animada, levando os hóspedes para dentro, depois de muitos “Não, por favor!” e “Primeiro os senhores!” e “De maneira alguma!”.

Os Delacour, eles não tardaram a perceber, eram hóspedes prestativos e agradáveis. Mostravam-se satisfeitos com tudo e desejosos de ajudar nos preparativos do casamento.

Monsieur Delacour considerou tudo, desde a distribuição de lugares até os sapatos das damas de honra, “charmant!”. Madame Delacour era muito talentosa com feitiços domésticos e deixou o forno limpo em segundos; Gabrielle seguia a irmã mais velha pela casa, tentando ajudar no que pudesse, tagarelando em um francês muito rápido.

Embaixo, A Toca não fora construída para acomodar tanta gente. O casal Weasley agora estava dormindo na sala de visitas depois de calar os protestos de Monsieur e Madame Delacour e insistir que os dois ocupassem seu quarto. Gabrielle ia dormir com Fleur no antigo quarto de Percy, e Gui dividiria o quarto com Carlinhos, seu padrinho de casamento, quando ele chegasse da Romênia. As oportunidades de se reunirem para fazer planos praticamente deixaram de existir, e foi por desespero que Kathy, Harry, Rony e Hermione passaram a se oferecer para dar comida às galinhas só para fugir da casa demasiado cheia.

— Nem assim ela vai nos deixar em paz! – reclamou Rony quando a segunda tentativa de se encontrarem no quintal foi frustrada pelo aparecimento da sra. Weasley, carregando um grande cesto de roupa lavada nos braços.

— Ah, ótimo, vocês já alimentaram as galinhas – disse ao se aproximar. – É melhor prendê-las outra vez no galinheiro antes que os homens cheguem amanhã... para armar a tenda para o casamento – explicou, parando e se apoiando à parede da casa. Ela parecia exausta. – Tendas Mágicas Millamant... eles são muito bons. Gui vai acompanhá-los... é melhor você não sair de casa enquanto estiverem aqui, Harry. Devo confessar que complica bastante organizar um casamento, com tantos feitiços de segurança pela propriedade.

— Lamento muito – respondeu Harry com humildade.

— Ah, não seja tolo, querido! – exclamou a sra. Weasley imediatamente. – Não quis me referir... bem, a sua segurança é muito mais importante! Aliás, eu estava pensando em lhe perguntar como vai querer comemorar o seu aniversário, Harry. Afinal, dezessete anos é uma data importante...

— Não quero incomodar – disse Harry depressa, imaginando a pressão adicional que isso traria a todos. – Realmente, sra. Weasley, um jantar normal seria ótimo... é a véspera do casamento...

— Ah, bem, se você tem certeza, querido. Vou convidar Remo e Tonks, posso? E Hagrid?

— Seria ótimo. Mas, por favor, não se incomode demais.

— Não, não mesmo... não será incômodo...

A bruxa lhe lançou um olhar demorado e inquisitivo, depois sorriu com certa tristeza e, se aprumando, afastou-se. Harry observou-a acenar a varinha quando se aproximou do varal, fazendo as roupas úmidas se erguerem no ar para se pendurarem, e, de repente, foi invadido por uma onda de remorso pela inconveniência e o pesar que estava lhe causando.

Kathy, parecendo ser a única que percebeu seu desconforto, colocou as mãos pequenas em seus ombros e dera um pequeno sorriso de encorajamento.

—Acabou.

—Acho melhor vocês irem dormir. Amanhã, nós explicaremos algumas coisas e passaremos para o capítulo adiante. –Jake se pronunciou.

—Então, boa noite crianças. –Dumbledore desejou e os alunos foram se retirando para seus salões comunais.

Katherine andava com os amigos, mas em silêncio. Pensava no que acontecera mais cedo. Quem ocupava aqueles caixões? Se sentia estranha por ter ajudado aqueles dois. Será que fizera o certo?

Oh... O certo... Bom minha doce e adorada Katherine, você não sabe o que é o certo, a única coisa que importa é em como você será atingida com essa história, e querida, espero que seja como uma bomba explodindo bem no seu colo. Bem vinda ao meu mundo Moore, onde a vez das garotinhas imbecis nunca chegam.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
Até o próximo capítulo.
Beijinhos.