Uma nova História escrita por Adhara Mckinnon Black


Capítulo 11
In Memoriam


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, voltei! desculpa a demora, mas aqui é um pouco complicado de escrever, então vou demorar um pouquinho, principalmente que estou em época de prova. Maas, voltando ao capítulo, o próximo conta um pouco da Kathy, e quanto a esse, espero que gostem!



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No outro dia, quando Hermione acordou, percebera que a cama de Kathy já estava arrumada. Perguntou-se aonde a menina fora tão cedo.

Kathy corria em volta do lago. Acordara de outro pesadelo. Já era acostumada, claro, eles eram frequentes. Mas aquele em particular a perturbou mais do que todos os outros. Ele era antigo, mas envolvia muita dor, e quando ela acordara, percebera que não conseguiria dormir novamente e foi extravasar suas emoções alteradas em uma corrida em volta do lago. Adorava correr de manhã. E quando fora para Hogwarts isso não mudou.

Ao olhar para o céu, percebeu que já deveria estar tomando café, então voltou para seu dormitório para tomar um banho e se preparar para o dia, sentia que teria muitas emoções em jogo.

Ao chegar ao salão principal, todos já se encontravam lá. Cumprimentou os convidados e se sentou ao lado de Harry novamente.

—A onde você estava hoje de manhã? – Hermione perguntara trazendo a atenção de alguns para ela. –Sua cama estava arrumada e você demorou.

—Tava por ai- foi à resposta que ganhou da morena que já tomava seu café da manha. A amiga, não gostou da resposta é claro, mas era o que ela ganharia. Não tinha que se meter em tudo que a morena fazia.

O diretor levantou-se da cadeira e dissera que logo após o café da manhã, eles voltariam a ler.

Alguns cochichavam querendo saber o que iria acontecer daquela vez.

Depois de conversarem, toda a comida e talheres em cima da mesa desapareceram então Dumbledore se levantou novamente, perguntando quem iria ler.

Neville se candidatou a ler, então com o livro nas mãos começou:

In Memoriam

—Quem será que morreu? –Jorge perguntou recebendo um olhar feio da mãe.

Harry sangrava.

Alguns olharam pra ele preocupados. Segurando a mão direita com a esquerda, e xingando baixinho, ele empurrou a porta do quarto com o ombro. Ouviu um barulho de porcelana quebrando; pisara em uma xícara de chá frio que alguém deixara do lado de fora, à porta do quarto.

— Que m...?

—Olha a boca menino!- senhora Weasley o repreendeu, fazendo-o arregalar os olhos e corar e Kathy e os ruivos rirem da cara o amigo.

Ele olhou para os lados; o corredor da Rua dos Alfeneiros no 4 estava deserto. A xícara de chá era, possivelmente, a ideia de armadilha inteligente imaginada por Duda. Harry manteve a mão ensanguentada no alto, juntou os cacos da xícara com a outra mão e atirou-os na cesta abarrotada de lixo que entreviu pela porta de seu quarto. Depois caminhou pesadamente até o banheiro para pôr o dedo sob a água da torneira.

Era uma idiotice sem sentido e incrivelmente irritante que ainda lhe faltassem quatro dias para poder realizar feitiços... mas tinha de admitir que esse feio corte no dedo o derrotaria.

Nunca aprendera a curar ferimentos e, agora que lhe ocorria pensar nisso – particularmente à luz dos seus planos imediatos –, parecia-lhe uma séria lacuna em sua educação bruxa.

Anotando mentalmente para perguntar a Hermione como se fazia, ele usou um grande chumaço de papel higiênico para secar o melhor que pôde o chá derramado, antes de voltar para o quarto e bater a porta.

—Hermione olhara para Harry com o cenho franzido. Será que tinham virado amigos?

Kathy deu uma risadinha e cochichou para o amigo: - Eu não disse que virariam amigos?

—Hummmm –os gêmeos começaram maliciosos –Hermione e Harry.

E começaram a fazer piadinhas.

Rony incrivelmente fechou a cara.

Harry gastara a manhã inteira esvaziando seu malão de viagem pela primeira vez desde que o arrumara havia seis anos. Nos primeiros anos de escola, ele simplesmente limpara uns três quartos do seu conteúdo e os repusera ou atualizara, deixando no fundo uma camada de lixo – penas usadas, olhos secos de besouro, meias sem par que não lhe serviam mais.

Algumas meninas fizeram careta de nojo.

Minutos antes, Harry metera a mão nesse entulho, sentira uma dor lancinante no quarto dedo da mão direita e, ao puxá-la, viu que estava coberta de sangue.

Continuou, então, um pouco mais cauteloso. Tornando a se ajoelhar ao lado do malão, apalpou o fundo, retirou um velho broche que piscava fracamente, ora Apoie CEDRICO DIGGORY ora POTTER FEDE, um bisbilhoscópio rachado e gasto e um medalhão de ouro contendo um bilhete assinado por R.A.B., e finalmente descobriu o gume afiado que o ferira.

—O que será que é tudo isso? –Rony perguntou com uma cara ainda emburrada pela fala dos irmãos mais velhos.

—Deve ser as coisas adquiridas ao longo dos anos, porque se a Kathy tem 17 anos no livre, Harry também, já que no livro falava que faltavam quatro dias para ele poder fazer feitiços.

Reconheceu-o sem hesitação. Era um caco de uns cinco centímetros do espelho encantado que Sirius, seu falecido padrinho, tinha lhe dado.

—Falecido padrinho? –Harry perguntara confuso?

—Falecido? –Remo sussurrou incrédulo. Uma dor se apossara dele naquele momento. Não! Ele merece—pensava.

—Eu tenho um padrinho?- Harry continuava confuso.

Remo Lupin trocou um olhar com Dumbledore, e explicou ao garoto, apesar de ter sido um choque saber sobre a morte do amigo que recém descobrira ser inocente, o havia machucado, mas Harry precisava de respostas.

—Sim Harry, você tem um padrinho.

—Mas por que ele nunca foi me buscar?

—Porque ele não podia. –e continuou ao ver que o mais novo ia perguntar- você sabe que estamos lendo esse livro pra mudar o futuro não é?-ao receber um aceno afirmativo, continuou- então! Acreditávamos que seu padrinho tinha feito uma coisa terrível há uns anos atrás, e por isso ele estava pagando por seus erros. Graças a esta leitura ele vai ter uma audiência para provar sua inocência.

—Mas ele não é inocente?

—Não sabemos ainda, mas com esse livro nos deu a dúvida e a possibilidade de saber a verdade. Se ele for realmente inocente, tudo se provará.

Todo mundo estava prestando atenção na conversa do Lupin com o garoto Potter, mas Kathy percebera uma movimentação estranha ao seu lado. Estava sentada ao lado de Rony e seu bichinho estava muito agitado. Aquele rato era estranho, tinha alguma coisa nele.

O Ministro então se pronunciou pela primeira vez desde a discussão de um preso ser inocente.

—Como pedido, vamos trazê-lo até Hogwarts. Se ele for realmente inocente, o que eu duvido, ele sairá de Azkaban. Mas não tenha muita esperança senhor Potter, é impossível que tenhamos prendido um inocente há dez anos.

Oh Ministro, tão seguro de si nesse seu pedestal, pena que dele, você despencará.

Antes que continuassem uma forte luz cegou a todos momentaneamente. Desta vez não era a figura encapuzada, mas sim uma garota. Muito bonita por sinal. Devia ter uns 15 anos.

—A senhorita é quem? – Dumbledore perguntou com educação. A garota o olhou de cima a baixo, dando um sorrisinho irônico no final. De alguma fora, essa garota parecia familiar para Kathy, só não sabia o porquê.

—Quem eu sou não importa. O viajante, por assim dizer, que lhes entregou o livro me mandou. Sou eu quem vai tirar todas as dúvidas que tiverem, mas poderei fazer isso apenas no momento certo. –e caminhou em frente às mesas. Posso me sentar em qualquer lugar? –perguntou virando-se para o diretor, que assentiu. –ótimo. E observando o salão, focou seus olhos em uma certa morena. O sorriso debochado apareceu e seus olhos brilharam de maldade. -Katherine Moore! –disse lentamente, parecendo saborear as palavras. E deu um risinho irônico.

Kathy estava preocupada. Dois estranhos a conheciam e ela não sabia de onde, e tinha certeza que não conseguiria respostas se perguntasse.

—A senhorita conhece a senhorita Moore? –Dumbledore observou astucioso, a nova garota – Então talvez queira se sentar com ela?

Katherine arregalou os olhos para o diretor e deixou sua postura ereta. Estava na defensiva, afinal a estranha até poderia conhecê-la, mas ela não conhecia a estranha.

—Não! Sentarei aqui na frente onde posso observar a todos- e aproximou-se do diretor –Inclusive você- disse lentamente e só para o diretor escutar.

Após acomodar-se na grande mesa, dirigiu-se ao Ministro.

—E o prisioneiro já foi libertado?

—Acredito que este já esteja a caminho. Meus guardas o trarão.

—ele é inocente.

—Ainda não temos certeza- disse o Ministro a encarando com superioridade, fingindo uma coragem que não tinha.

—Você irá quebrar a cara Ministro, e eu irei rir.

—Quer dizer que meu padrinho é inocente?-Harry perguntou esperançoso.

A garota o olhou, o avaliando e por fim acenou.

—Então vou poder morar com ele! –Harry disse feliz. –Vou sair da casa dos Dursley! –comemorou.

—não é bem assim Harry- Dumbledore começou.

—É assim sim!- a moça interrompeu o diretor que não gostara nada. Ela estava se intrometendo nos seus planos. –Os pais de Harry deram a guarda do mesmo pra ele, se algo acontecesse, Sirius Black que tomaria conta. Se você não sabe, os dois morreram a dez anos, portanto Harry tem o direito de morar com o Black.

—Se ele for inocente- Dumbledore ressaltou.

—Você sabe que estou falando a verdade Dumbledore, só não aceita que não consegue me manipular a favor de seus joguinhos. Estou aqui para revelar a verdade, e você não ficará no meu caminho. –e voltando-se para o Neville, que estava com o livro, pediu- e então? Cadê a leitura?

Com um aceno, voltaram a ler.

Harry separou-o e apalpou o malão à procura do resto, mas nada mais restara do último presente do padrinho exceto o vidro moído, agora grudado, na última camada de destroços, como purpurina.

Harry sentou e examinou o caco pontiagudo em que se cortara, mas não viu nada além do reflexo do seu brilhante olho verde. Colocou, então, o fragmento sobre o Profeta Diário daquela manhã, que continuava intocado em sua cama, e tentou estancar o repentino fluxo de amargas lembranças, as pontadas de remorso e saudade que a descoberta do espelho partido tinha ocasionado, ao atacar o resto do lixo dentro do malão.

Levou mais uma hora para esvaziá-lo completamente, jogar fora os objetos inúteis e separar os demais em pilhas, de acordo com as suas futuras necessidades. Suas vestes de escola e de quadribol, caldeirão, pergaminho, penas e a maior parte dos livros de estudo foram empilhados a um canto para serem deixados em casa. Ficou imaginando o que os tios fariam com aquilo; provavelmente queimariam tudo na calada da noite, como se fossem provas de um crime hediondo. Suas roupas de trouxa, Capa da Invisibilidade,

— você tem uma capa de invisibilidade! –Rony exclamara.

—Uau! Empresta pra gente?- os gêmeos pediram recebendo puxões de orelhas da mãe.

—eu não tenho uma capa. –Harry disse confuso, decepcionando os ruivos.

—Mas seu pai tinha Harry- Remo disse sorrindo ao garoto.

—Tinha?- Harry perguntou maravilhado. Adorava saber mais dos pais.

Remo sorriu e assentiu. Era perceptível que o garoto ficara feliz com a notícia.

Estojo para preparo de poções, certos livros, o álbum de fotos que Hagrid um dia lhe dera, um maço de cartas e sua varinha foram rearrumados em uma velha mochila. No bolso frontal, guardou o mapa do maroto e o medalhão com o bilhete assinado por R.A.B. O medalhão recebera esse lugar de honra não porque fosse valioso – sob qualquer ângulo normal, era imprestável –, mas pelo que lhe custara obtê-lo.

—Medalhão?-Harry perguntou confuso.

—E como assim “pelo que custara obtê-lo”?- Hermione perguntou já imaginando algumas possibilidades.

Como ninguém sabia do que se tratava e a garota não parecia disposta a contar, continuaram a ler.

Restou uma avantajada pilha de jornais sobre sua escrivaninha, ao lado da alvíssima coruja Edwiges: um exemplar para cada um dos dias desse verão que Harry passara na Rua dos Alfeneiros.

Levantou-se, então, do chão, espreguiçou-se e se dirigiu à escrivaninha. Edwiges não fez o menor movimento quando ele começou a folhear os jornais e atirar um a um na montanha de lixo acumulado; a coruja cochilava, ou fingia cochilar; estava zangada com Harry por causa do pouco tempo que, no momento, ele a deixava fora da gaiola.

Quase no fim da pilha de jornais, Harry desacelerou à procura de uma certa edição que ele sabia ter chegado logo depois do seu regresso à rua dos Alfeneiros, para passar o verão; lembrava-se de que havia uma pequena nota na primeira página sobre o pedido de demissão de Caridade Burbage, a professora de Estudo dos Trouxas em Hogwarts. Finalmente encontrou-a. Abrindo-a à página dez, sentou-se à cadeira da escrivaninha e releu o artigo que estivera procurando.

EM MEMÓRIA DE ALVO DUMBLEDORE por Elifas Doge

—O que?

—Como assim?

—Diretor Dumbledore? Morto?

—Não pode ser!

—O que será do mundo bruxo agora?

As pessoas começaram a murmurar, espantadas por saber que Alvo Dumbledore, o maior bruxo de todos os tempos, estava morto.

Conheci Alvo Dumbledore aos onze anos de idade, em nosso primeiro dia em Hogwarts. Sem dúvida o nosso interesse mútuo se deveu ao fato de ambos nos sentirmos deslocados. Eu contraíra varíola de dragão pouco antes de chegar à escola, e, embora não oferecesse mais contágio, o meu rosto marcado e verdoso não animava ninguém a se aproximar de mim. Por sua vez, Alvo chegara a Hogwarts carregando o peso de uma indesejável notoriedade. Menos de um ano antes, seu pai, Percival, fora condenado por um ataque selvagem, e amplamente comentado, a três rapazes trouxas.

Todos daquele salão arfaram, jamais imaginariam uma coisa dessa vinda da família do diretor. Dumbledore suspirou e pediu que continuassem.

Era bem complicada aquela história da sua vida, mas era a verdade.

Alvo jamais tentou negar que o pai (que morreria em Azkaban) cometera o crime; muito ao contrário, quando reuni coragem para lhe perguntar, ele me confirmou que sabia que o pai era culpado. E se recusava a acrescentar o que fosse sobre o triste caso, embora muitos tentassem fazê-lo falar. Alguns até se dispunham a elogiar a atitude do pai, presumindo que Alvo também odiasse trouxas. Não poderiam estar mais enganados: todos que conheceram Alvo atestariam que ele jamais revelou a mais remota tendência antitrouxa. Na realidade, seu decisivo apoio aos direitos dessa comunidade conquistou-lhe muitos inimigos nos anos que se seguiram.

Em questão de meses, no entanto, a fama pessoal de Alvo começou a eclipsar a do pai. Ao terminar o primeiro ano de Hogwarts, deixara de ser conhecido como o filho do homem que odiava trouxas, e ganhou a reputação de ser o aluno mais brilhante que a escola já vira. Aqueles que tinham o privilégio de serem seus amigos se beneficiavam do seu exemplo, além de ajuda e estímulo, que sempre distribuía com generosidade. Mais adiante na vida, ele me confessaria que já naquela época sabia que o seu maior prazer era ensinar.

Alvo não só ganhou todos os prêmios importantes que a escola oferecia, bem como não tardou a se corresponder regularmente com as personalidades mais notáveis do mundo da magia contemporânea, inclusive Nicolau Flamel, o famoso alquimista, Batilda Bagshot, a renomada historiadora, e o teórico da magia Adalberto Waffling. Vários dos seus artigos foram acolhidos por publicações cultas como a Transfiguração Hoje, Desafios nos Encantamentos, O Preparador de Poções. A carreira futura de Dumbledore provavelmente seria meteórica, e a única dúvida era se chegaria a ministro da Magia. Embora futuramente se previsse com frequência que ele estava às vésperas de assumir o cargo, Dumbledore nunca teve ambições ministeriais.

Três anos depois de começarmos a estudar em Hogwarts, seu irmão chegou à escola. Não se pareciam; Aberforth nunca foi dado a leituras e, ao contrário de Alvo, preferia resolver suas diferenças com duelos em vez de discuti-las racionalmente. É, porém, um engano insinuar, como alguns têm feito, que os irmãos não fossem amigos. Davam-se tão bem quanto dois garotos, assim diferentes, poderiam se dar. E, para fazer justiça a Aberforth, deve-se admitir que viver à sombra de Alvo não pode ter sido uma experiência muito confortável. Ser continuamente ofuscado era um risco ocupacional que acompanhava seus amigos, e não pode ter sido muito mais prazeroso para um irmão.

Quando Alvo e eu concluímos os estudos em Hogwarts, pretendíamos fazer juntos a viagem pelo mundo, então tradicional, para visitar e observar os bruxos estrangeiros, antes de seguir cada qual a sua carreira. Interveio, porém, a tragédia. Na véspera de nossa viagem, a mãe de Alvo, Kendra, faleceu, legando ao filho mais velho a tarefa de chefiar e sustentar sozinho a família. Adiei a minha partida tempo suficiente para prestar as últimas homenagens a Kendra, então iniciei a viagem, solitário. Com um irmão e uma irmã mais jovens para cuidar, e o pouco dinheiro herdado, já não havia possibilidade de Alvo me acompanhar.

Alvo Dumbledore suspirou tristemente, se pudesse fazer diferente...

Aquele foi o período de nossas vidas em que mantivemos menos contato.

Escrevi a Alvo, narrando, talvez insensivelmente, as maravilhas da minha viagem, desde o episódio em que escapei por um triz de quimeras na Grécia até as minhas experiências com alquimistas egípcios. As cartas dele me contavam alguma coisa de sua vida diária, que eu percebia ser monótona e frustrante para um bruxo tão genial. Absorto em minhas próprias experiências, foi com horror que soube, quase no fim do ano de viagens, que outra tragédia se abatera sobre a família: a morte de sua irmã Ariana.

Muitos olhares de pena foram dirigidos ao diretor. O estranho fora a garota misteriosa revirar os olhos.

Embora Ariana não gozasse de boa saúde havia tempo, o golpe tão próximo à morte da mãe afetou profundamente os dois irmãos. Todos os que eram mais chegados a Alvo – e incluo-me entre esses felizardos – concordam que a morte de Ariana e o sentimento de responsabilidade do irmão por esse desfecho (ainda que ele não fosse culpado) marcaram-no para sempre.

Quando regressei, encontrei um rapaz que passara por sofrimentos de um homem mais velho. Alvo tornou-se mais reservado do que antes e muito menos alegre. Para aumentar sua infelicidade, a morte de Ariana não conduzira a uma aproximação maior entre Alvo e Aberforth, mas a um afastamento. (Com o tempo isso se resolveria – nos últimos anos eles restabeleceram se não uma relação íntima, ao menos cordial.) Desde então, porém, ele raramente falava dos pais ou de Ariana, e seus amigos aprenderam a não mencioná-los.

Naquele momento, muitos puderam perceber o quanto Alvo Dumbledore parecia mais velho.

Outros escritores descreverão os triunfos dos anos seguintes. As inúmeras contribuições de Dumbledore ao acervo de conhecimentos sobre magia, inclusive a descoberta dos doze usos para o sangue de dragão, beneficiarão as futuras gerações, do mesmo modo que a sabedoria que demonstrou nos muitos julgamentos que realizou durante o mandato de presidente da Suprema Corte dos Bruxos. Dizem, ainda hoje, que nenhum duelo de magia jamais se igualou ao que foi travado entre Dumbledore e Grindelwald, em 1945. Os presentes descreveram o terror e o assombro que sentiram ao observar aqueles dois bruxos extraordinários combaterem. A vitória de Dumbledore e suas consequências para o mundo bruxo são consideradas um marco na história da magia, comparável à introdução do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia ou à queda d’Aquele-Que- Não-Deve-Ser-Nomeado.

Alvo Dumbledore jamais demonstrava orgulho ou vaidade; sempre encontrava o que elogiar em qualquer pessoa, por mais insignificante ou miserável que fosse, e acredito que as perdas que sofreu na juventude o dotaram de grande humanidade e solidariedade.

Kathy concordava plenamente que, quando uma pessoa passava por grandes situações como essas que o diretor passou, ela é obrigada a amadurecer, afinal, não é como se tivesse uma escolha.

Sentirei saudades de sua amizade mais do que poderia reconhecer, mas a minha perda é desprezível se a compararmos à do mundo dos bruxos. É indiscutível que ele foi o mais inspirador e o mais querido diretor de Hogwarts. Ele morreu como viveu: sempre trabalhando para o bem maior e, até a sua hora final, tão disposto a estender a mão ao garotinho com varíola de dragão quanto no dia em que o conheci.

Os alunos de Hogwarts bateram palmas, assim como alguns convidados, dado suas exceções é claro. O diretor agradeceu a todos com um aceno de mão, comovido pela solidariedade de sua escola.

Harry terminou a leitura, mas continuou a contemplar a foto que acompanhava o obituário.

Dumbledore exibia o seu conhecido sorriso bondoso, mas, ao olhar por cima dos oclinhos de meia-lua, dava a impressão, mesmo em jornal, de ver o íntimo de Harry, cuja tristeza mesclou-se com uma sensação de humilhação.

Tinha achado que conhecia Dumbledore muito bem, mas, depois da leitura do obituário, fora forçado a admitir que pouco sabia dele. Jamais imaginara uma única vez a infância ou a juventude do mestre; era como se ele tivesse ganhado existência quando Harry o conhecera, venerável, de barbas e cabelos prateados, e idoso. A ideia de um Dumbledore adolescente era simplesmente esquisita, o mesmo que imaginar uma Hermione burra ou um explosivim amigável.

Harry não entendia o porquê de estar tendo aqueles pensamentos. Será que quando mais velho, virara amigo do diretor de sua escola?

Nunca pensara em indagar a Dumbledore sobre o seu passado. Sem dúvida, teria sido constrangedor, e até impertinente, mas era de conhecimento geral que Dumbledore travara um lendário duelo com Grindelwald, e Harry nem sequer pensara em perguntar ao mestre como fora este e outros feitos famosos. Não, eles sempre discutiam Harry, o passado de Harry, o futuro de Harry, os planos de Harry... e a impressão de Harry agora, apesar de seu futuro tão perigoso e incerto, era que ele perdera insubstituíveis oportunidades de perguntar mais a Dumbledore sobre ele mesmo, embora a única pergunta pessoal que fizera ao mestre tenha sido, também, a única que, desconfiava, Dumbledore não respondera com sinceridade:

— O que é que o senhor vê quando se olha no espelho?

— Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã.

Alguns alunos riram daquilo.

Hermione trocou um olhar com Katherine e se entenderam. A questão é: Por que o diretor Dumbledore precisava discutir a vida de Harry? O que será que aconteceu de tão importante?

Poucos se atentaram aquele fato.

Após alguns minutos de reflexão, Harry retirou o obituário do Profeta, dobrou a folha cuidadosamente e guardou-a no primeiro volume de Prática da magia defensiva e seu uso contra as Artes das Trevas. Em seguida, atirou o resto do jornal no monte de lixo e virou-se para encarar o quarto. Estava muito mais arrumado. As únicas coisas fora de lugar eram a edição do dia do Profeta Diário, ainda sobre a cama, e, em cima dela, o caco de espelho.

Harry atravessou o quarto, empurrou o caco para o lado e abriu o jornal. Tinha apenas corrido os olhos pela manchete ao tirar o exemplar enrolado das garras da coruja entregadora, mais cedo naquela manhã, abandonando-o em seguida ao reparar que nada havia sobre Voldemort. Harry tinha certeza de que o Ministério contava que o Profeta omitisse as notícias sobre o bruxo das trevas. Foi somente neste momento, portanto, que reparou no que deixara escapar.

Na metade inferior da primeira página, havia uma manchete no alto de uma foto de Dumbledore caminhando com um ar preocupado: DUMBLEDORE – ENFIM A VERDADE?

Que verdade? Como assim? Será que tem alguma coisa obscura no passado do diretor?

Essas eram alguma das perguntas que as pessoas se faziam.

Na próxima semana, a chocante verdade sobre o gênio imperfeito que muitos consideram o maior bruxo de sua geração.

Desfazendo a imagem popular de serena e venerável sabedoria, Rita Skeeter revela a infância perturbada, a juventude rebelde, as rixas intermináveis e os segredos vergonhosos que Dumbledore levou para o túmulo. POR QUE o homem indicado para ministro da Magia se contentou com o simples cargo de diretor de escola? QUAL era a real finalidade da organização secreta conhecida como a

Ordem da Fênix? COMO Dumbledore realmente encontrou a morte?

As respostas a essas perguntas e muitas outras são examinadas em uma nova e explosiva biografia A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore, de autoria de Rita Skeeter, entrevistada com exclusividade por Betty Braithwaite, na página 13 deste número.

Harry rasgou a cinta do jornal e abriu-o à página treze. O artigo estava encimado pela foto de outro rosto conhecido: uma mulher com óculos enfeitados com pedrinhas, cabelos louros bem ondulados, os dentes à mostra no que, sem dúvida, se supunha ser um sorriso cativante, agitando os dedos para ele. Fazendo o possível para ignorar a imagem nauseante, Harry leu.

Remo fez uma careta, detestava aquela mulher.

Rita Skeeter é muito mais simpática e sensível em pessoa do que os seus já famosos e ferozes retratos a bico de pena poderiam sugerir. Recebendo-me à entrada de sua casa aconchegante, ela me conduz diretamente à cozinha para uma xícara de chá, uma fatia de bolo inglês e, nem é preciso dizer, um caldeirão fumegando com fofocas frescas.

“Naturalmente, Dumbledore é o sonho de qualquer biógrafo”, diz Skeeter, “com sua vida longa e plena. Tenho certeza que o meu livro será o primeiro de muitos outros.”

Skeeter certamente agiu com rapidez. Seu livro de novecentas páginas foi concluído apenas quatro semanas após a misteriosa morte de Dumbledore, em junho. Pergunto-lhe como conseguiu esse feito de velocidade.

“Ah, quando se é jornalista de longa data, trabalhar com prazos curtos é uma segunda natureza. Eu sabia que o mundo dos bruxos exigia uma história completa e queria ser a primeira a satisfazer essa demanda.”

Menciono os comentários recentes e amplamente divulgados de Elifas Doge, conselheiro especial da Suprema Corte dos Bruxos, o Wizengamot, e amigo de longa data de Alvo Dumbledore, de que “o livro da Skeeter contém menos fatos do que um cartão de sapos de chocolate”.

Skeeter joga a cabeça para trás dando uma gargalhada.

“Querido Doguinho! Lembro-me de tê-lo entrevistado há alguns anos sobre os direitos dos sereianos, que Deus o abençoe. Completamente gagá, parecia achar que estávamos sentados no fundo do lago Windermere, e não parava de recomendar que eu tivesse cuidado com as trutas.”

Contudo, as acusações de imprecisão feitas por Elifas Doge encontraram eco em muitos lugares. Será que Skeeter julga que quatro breves semanas foram suficientes para captar um retrato de corpo inteiro da longa e extraordinária vida de Dumbledore?

“Ah, minha cara”, responde ela, abrindo um largo sorriso e me dando um tapinha afetuoso na mão, “você conhece tão bem quanto eu a quantidade de informações que pode gerar uma bolsa cheia de galeões, uma recusa em aceitar um ‘não’ e uma pena de repetição rápida! As pessoas fizeram fila para despejar as sujeiras de Dumbledore. Nem todas achavam que ele fosse tão maravilhoso assim, sabe – ele pisou um bom número de calos de gente importante. Mas o velho Doguinho esquivo pode descer do seu hipogrifo, porque tive acesso a uma fonte que faria jornalistas negociarem as próprias varinhas para obter, alguém que jamais fez declarações públicas e que foi íntimo de Dumbledore durante a fase mais turbulenta e perturbada de sua juventude.”

—Quem será essa fonte? – Um aluno da Corvinal perguntou curioso.

A publicidade que antecede o lançamento da biografia de Skeeter certamente sugere que o livro reserva surpresas para os que acreditam que Dumbledore levou uma vida sem pecados. Perguntei-lhe quais foram os maiores que descobriu.

“Francamente, Betty, não vou revelar todos os destaques antes de as pessoas comprarem o livro!”, ri-se Skeeter. “Mas posso prometer que alguém que ainda pense que Dumbledore era alvo como suas barbas vai acordar assustado!

Digamos apenas que ninguém que o tenha ouvido vociferar contra Você-Sabe- Quem sonharia que ele próprio lidou com as Artes das Trevas na juventude! E, para um bruxo que passou o resto da vida pedindo tolerância, ele não era exatamente indulgente quando mais moço! Sim, senhora, Alvo Dumbledore teve um passado sombrio, isso para não mencionar sua família muito suspeita, que ele tanto se esforçou por ocultar.”

— Bom, esforço pra mostra-los ele não fez- Lúcio Malfoy disse debochadamente para a esposa e o filho, que riu.

Pergunto se Skeeter está se referindo ao irmão de Dumbledore, Aberforth, cuja condenação pela Suprema Corte dos Bruxos por mau uso da magia causou um pequeno escândalo há quinze anos.

“Ah, Aberforth é apenas o topo da estrumeira”, ri-se Skeeter. “Não, não, estou falando de coisa muito pior do que a predileção de um irmão por bodes, pior mesmo do que a mutilação de um trouxa pelo pai, coisas que Dumbledore não pôde abafar, os dois foram condenados. Não, estou me referindo à mãe e à irmã que me intrigaram, uma pequena pesquisa desenterrou um verdadeiro ninho de maldades – mas, como digo, você terá que esperar pelos capítulos de nove a doze para conhecer os detalhes. O que posso adiantar agora é que ninguém estranhe que Dumbledore nunca tenha contado como fraturou o nariz.”

Alguns olhares foram em direção à Dumbledore, mais especificamente ao seu nariz, se perguntando então, como ele fraturara aquele nariz torto.

A moça que aparecera no salão, dera uma risadinha debochada.

Apesar dos torpes segredos de família, será que Skeeter nega a genialidade que conduziu Dumbledore a tantas descobertas em magia?

“Ele tinha cabeça”, admite ela, “embora muitos agora questionem se realmente mereceu sozinho o crédito por suas supostas realizações. No capítulo dezesseis, transcrevo a afirmação de Ivor Dillonsby de que ele já teria descoberto oito usos para o sangue de dragão quando Dumbledore ‘tomou emprestado’ os seus estudos.”

Atrevo-me a replicar que a importância de algumas realizações de Dumbledore não pode ser negada. E a famosa vitória sobre Grindelwald?

“Ah, foi bom você ter mencionado o Grindelwald”, responde Skeeter, com um sorriso irresistível. “Acho que aqueles cujos olhos umedecem de emoção com a magnífica vitória de Dumbledore devem se preparar para uma bomba – ou talvez uma bomba de bosta. Realmente fede bastante. Só posso alertar para a dúvida com relação ao duelo espetacular que nos conta a lenda. Depois de lerem o meu livro, as pessoas talvez sejam obrigadas a concluir que Grindelwald simplesmente conjurou um lenço branco na ponta da varinha e se entregou!”

—O que? Isso é um absurdo! Que mulherzinha mais repugnante- a professora McGonagall defendeu o velho amigo que apenas lhe sorriu e lhe deu um aceno para acalmar-se. Não precisavam de emoções ainda.

Skeeter se recusa a revelar outros detalhes sobre o intrigante assunto, portanto, abordamos a relação que, sem dúvida, mais fascina os seus leitores.

“Ah, sim”, diz Skeeter, assentindo energicamente, “dedico um capítulo inteiro à relação Potter-Dumbledore. Há quem a considere doentia e até sinistra.

Rony olhou preocupado para o amigo, assim como Remo e Kathy. O que ela quis dizer com doentia?

Repito mais uma vez, os seus leitores terão de comprar o meu livro para saber a história completa, mas, pelo que ouço dizer, é ponto pacífico que Dumbledore tomou um interesse anormal por Potter. Se isso realmente visava o bem do garoto – é o que veremos. Certamente não é segredo que Potter tem tido uma adolescência excepcionalmente perturbada.”

Harry fechou os punhos. Aquela mulher, de quem ele nem conhecia, estava falando mal dele para a imprensa. Dele e do diretor Dumbledore!

O que estava acontecendo?

Oh querido Potter, acalme esse coração, nossa história nem ao menos começou. Agora que as aventuras começam.

Perguntei se Skeeter ainda mantém contato com Harry Potter, a quem entrevistou, com sucesso, no ano anterior: um furo de reportagem em que Potter falou exclusivamente de sua certeza sobre o retorno de Você-Sabe-Quem.

“Ah, sim, construímos um forte vínculo”, diz Skeeter. “O coitado do Potter tem poucos amigos verdadeiros, e nos conhecemos em um dos momentos de maior desafio de sua vida – o Torneio Tribruxo. Provavelmente sou uma das poucas pessoas vivas que podem afirmar conhecer o real Harry Potter.”

—Torneio Tribruxo? –alguns alunos exclamaram com surpresa.

—Como assim “conhecer o real Harry Potter?” – Hermione perguntou analisando a frase.

—Essa mulher tem uma cara de caloteira, aposto que estava falando isso para ganhar pontos com a mídia. –Kathy falou revirando os olhos.

— Tá, tá, tá. Mas e o torneio Tribruxo? –Rony perguntou ansioso.

A tal garota, então, revirando os olhos, respondeu aos curiosos dali:

—No percurso normal da história, no quarto ano de vocês – apontou para Harry, Kathy, Hermione, Neville e Rony - aconteceu um grande evento nesta escola: o Torneio Tribruxo, onde o garoto Potter ali, se tornou um campeão.

Sons de admiração eram escutados por todo o salão.

—Mas isso é perigoso! Ele é só um menino!- Molly Weasley protestou fazendo a garota revirar os olhos.

—Que seja! Eu só estou contando o que aconteceu, não foi eu quem colocou o nome dele lá. – E antes que a mais velha falasse alguma coisa, ela fez um aceno para que a leitura continuasse.

A resposta nos leva diretamente aos muitos boatos que continuam a circular sobre as últimas horas de vida de Dumbledore. Será que Skeeter acredita que Potter estava presente quando ele morreu?

“Bem, não quero falar demais – está tudo no livro –, mas testemunhas oculares no castelo de Hogwarts viram Potter saindo de cena instantes depois de Dumbledore cair, saltar ou ser empurrado. Mais tarde, o garoto prestou depoimento acusando Severo Snape, um homem com quem ele tinha conhecida inimizade. Será que as coisas são como parecem ser? Caberá à comunidade bruxa julgar – depois de ler o meu livro.”

—Ela está fazendo propaganda desse livro idiota, dando a entender que Harry é o culpado, fazendo os leitores quererem descobrir se é verdade ou não. –Kathy disse indignada.

—Não chame os livros de idiotas!- Hermione guinchou para ela.

—Não são todos, Hermione, só esse- Katherine justificou revirando os olhos.

Uau, a garota estranha e nossa querida Moore amam revirar os olhos, não? É realmente estranho à familiaridade de este gesto acontecer com um ser que aparece do nada e a garota de quem um livro conta sua vida. Deve ser uma coincidência. Será?

A essa nota intrigante, eu me despeço. Não há dúvida de que Skeeter escreveu um bestseller de ocasião. Enquanto isso, as legiões de admiradores de Dumbledore talvez estejam apreensivas com o que em breve será divulgado sobre o seu herói.

Harry chegou ao fim do artigo, mas continuou a olhar atônito para o papel. A repugnância e a fúria o acometeram como um vômito; ele amassou o jornal e atirou-o, com toda a força, contra a parede, onde a bola foi se juntar ao monte de lixo que já transbordava da lata.

—Parece que Harry é um tanto nervoso- Fred disse com uma expressão pensativa.

—Um pouco? –Jorge também perguntou com a mão no queixo e a mesma expressão do irmão.

—Ele realmente esta nervoso- Os dois completaram juntos, causando um Harry envergonhado e alguns risos.

Começou a caminhar às cegas pelo quarto, abrindo gavetas vazias e erguendo os livros para, em seguida, repô-los nas mesmas pilhas, quase inconsciente do que fazia, enquanto frases esparsas da entrevista com Rita ecoavam em sua cabeça: um capítulo inteiro à relação

Potter-Dumbledore... há quem a considere doentia e até sinistra... ele próprio lidou com as Artes das Trevas na juventude... tive acesso a uma fonte que faria jornalistas negociarem as próprias varinhas para obter...

— Mentiras! – berrou Harry, e pela janela viu o dono da casa ao lado, que parara para religar o cortador de grama, erguer os olhos, nervoso.

Os gêmeos olharam para o garoto com uma cara de “Eu não disse”?— deixando um Harry envergonhado.

O garoto sentou-se com força na cama. O caco de espelho saltou para longe; ele o apanhou e examinou entre os dedos pensando, pensando em Dumbledore e nas mentiras com que Rita Skeeter o difamava...

Um lampejo azul intenso. Harry congelou, o dedo cortado escorregou pela ponta do espelho. Fora imaginação, devia ter sido. Ele espiou por cima do ombro, mas a parede continuava da cor pêssego enjoativo que tia Petúnia escolhera; não havia nada azul ali para ser refletido. Harry tornou a examinar o fragmento de espelho e nada viu, exceto o seu olho muito verde encarando-o.

Imaginara o lampejo, não havia outra explicação; imaginara porque estivera pensando no diretor falecido. Se havia uma certeza era que os olhos muito azuis de Alvo Dumbledore jamais o perscrutariam outra vez.

E acabou o capítulo- Neville disse fechando o livro.

—Bem, acho que a senhorita tem alguma coisa a nos dizer?- o diretor perguntou virando-se para a garota que aparecera do nada, que olhava entediada para as unhas.

Quando ela percebeu que falavam com ela, ela apenas olhou para o diretor e negou.

—Não. Não tenho nada a dizer- e quando viu que o Ministro ia falar algo, completou- Ah sim, chegou nosso convidado que faltava.

E antes dos confusos perguntarem algo, as portas do salão se abriram, revelando um homem sujo e mal acabado. Uma massa de cabelos imundos e embaraçados caíam até seus cotovelos. Se seus olhos não estivessem brilhando em órbitas fundas e escuras, ele poderia ser tomado por um cadáver. A pele macilenta estava tão esticada sobre os ossos do rosto, que ele lembrava uma caveira. O rosto contorcido em preocupação. Era Sirius Black.

Caminhando lentamente, olhando para aqueles rostos que lhe encaravam com medo, Sirius Black se aproximava do diretor. Tiraram-no de Azkaban e ele não fazia ideia do por que. Andava pensativo até que uma figura familiar se projetou em frente dos seus olhos. Ele arfou, só podia estar sonhando.

Remo levantou-se e esperou o velho amigo se aproximar. Quando o mesmo levantou os olhos em sua direção, ele o viu arfar. Não parecia acreditar. Conseguiu ler seus lábios sussurrando um fraco Remo, e foi o que bastou para Lupin abraçar seu velho amigo.

—Remo- Sirius disse emocionado, apertando mais o velho amigo de marotagens.

—Sirius- Lupin exclamou retribuindo aquele abraço apertado. Fazia muito tempo.

O diretor Dumbledore estava se aproximando daquela cena, sendo seguido pela garota do além, até que uma pequena figura de cabelos pretos e arrepiados se materializou no meio da situação.

Harry desconfiava quem aquele homem de cabelos compridos era. Quando viu Remo abraçando o estranho, escutou o nome deste: Sirius. Pelo que leu no livro, aquele era o nome de seu padrinho. Só podia ser.

Puxando um pouco a camisa de Lupin, que se separou do abraço com Black, o fez olhar para ele, que pareceu se lembrar de algo.

Sirius, no entanto, encarava a pequena figura com os olhos muito brilhantes. Havia surpresa, saudade, tristeza, emoção, choque, alegria e mais saudades.

—Oh sim- Remo disse com um enorme sorriso- Harry, tenho que lhe apresentar alguém.

—Harry? –Sirius perguntou ao amigo, surpreso, que o ignorou.

—Harry este é Sirius Black, seu padrinho- e virou-se para o amigo mandando um olhar de advertência- E Sirius, este é o Harry.

Os dois se encararam por um longo minuto. Ninguém ousava se mexer. A garota estranha parara o Ministro e o diretor, nem eles iam interromper aquele momento. Quem entrasse agora iria estranhar aquela cena: um monte de gente sentada com os olhos fixos numa cena principal; uma garota que impedia a passagem do Ministro da Magia e de Alvo Dumbledore; uma criança de onze anos encarando um ex - prisioneiro e um homem no meio dos dois, intermediando tudo. Era realmente... Peculiar.

Sirius não podia acreditar. Era demais. Sentindo suas pernas fraquejarem, caiu de joelhos bem em frente ao garoto. Com as mãos trêmulas, levou ao rosto do garoto, precisando saber se era verdade. Aquele era o seu menino. O filho dos seus melhores amigos. Ali, bem na sua frente. –Harry- sussurrou incrédulo.

Harry também parecia não acreditar. Enfim seu sonho de sair da Rua dos Alfeneiros fora realizado, agora poderia ficar ainda melhor. Ele poderia morar com seu padrinho e ficaria longe dos tios e do primo. Ele poderia ter uma família de verdade agora. Com os olhos cheios de lágrimas e uma coragem que não sabia de onde vinha, Harry abraçou o padrinho com força, que pareceu respirar aliviado, o abraçando de volta.

Muitos se emocionaram com aquela cena. Kathy estava feliz pelo amigo, agora finalmente ele teria uma família.

É Kathy, todo mundo com suas famílias, felizes, e você uma pobre coitada que vive sozinha. Isso seria tão triste... Se eu desse a mínima.

Alvo Dumbledore já achou que era o suficiente. Aproximou-se do prisioneiro para lhe falar.

—Sirius.

—Dumbledore- o rapaz cumprimentou de volta, se soltando do afilhado e levantando com a postura séria.

Harry olhava de um para o outro. Eles lhe disseram que seu padrinho era culpado, mas a moça estranha afirmara que era inocente, então em quem confiar?

—Me disseram que você é culpado? É verdade?- Harry perguntou ao padrinho que ficou surpreso com a pergunta do garoto.

—O quê? Não!- e abaixou-se para ficar na mesma altura que o menino- Olha Harry, essa história é muito complicada para você entender explicando assim e agora, mas o que deve saber, é que eu sou inocente!

—Mentiras- o Ministro resmungou, qualquer culpado diria a mesma coisa.

—Mas não é. – a tal garota se pronunciou- seu padrinho é inocente Harry, cometeram uma injustiça há dez anos e o manteve preso sem julgamento.

—Porque o acusado era culpado.

—Ninguém é culpado até que se prove o contrário. Deveriam ter feito um julgamento. Assim como farão.

—E como saberiam se ele falaria a verdade?- uma garotinha da Lufa-Lufa perguntou curiosa.

—Veritaserum. A poção da verdade. É o mais poderoso Soro da Verdade do mundo. É uma poção tão poderosa, que bastam três gotas de sua fórmula cristalina para o indivíduo que a beber revelar seus mais íntimos segredos. –A garota disse virando-se com um sorriso maldoso para o mestre de poções.

Rony estava assistindo o encontro do amigo com o cara que parecia ser o padrinho dele, quando Perebas, seu rato, começou a querer se soltar.

—Perebas!- exclamou quando o rato conseguiu fugir.

As pessoas direcionaram o olhar para o ruivo, estranhando a exclamação deste, ainda podendo ver um rato cinza e gordo fugindo.

—Não desta vez- a garota fez um aceno com a mão e o ato começou a flutuar, voltando para suas mãos. Quando Sirius e Remo colocaram seus olhos no pequeno animal, exclamaram:

—Não acredito!

—Aqui esta sua inocência Sirius. Por enquanto ele fica comigo- disse virando-se para os dois e para o dono do bicho. –Mas acredito que seja melhor o Black ficar apresentável e comer algo para que possamos conversar.

—Então sugiro que todos aproveitem o final desta bela manhã, e nos encontremos no almoço.

Enquanto os alunos iam se dirigindo para os jardins, um pequeno grupo ainda ficou no salão.

—Ei Harry-Kathy cumprimentou o amigo- você vem para os jardins com a gente, ou... –e deu um olhar sugestivo para o padrinho do garoto, que conversava com Remo e Tonks.

—Aaah, bem eu... –e olhou para o padrinho, ainda não sabendo se ia com os amigos ou ficava.

—acho melhor você ir Harry, Sirius tem que tomar um banho para continuarmos a leitura. –Remo interrompeu ao ver a dúvida do garoto.

Sirius parara de conversar e aproximara do pequeno grupo de amigos.

—Vá com seus amigos Harry, eu preciso resolver umas coisas ainda, mas logo estaremos juntos para conversarmos- disse abraçando-o de lado.

Ainda vendo que o garoto não estava convencido, Tonks se aproximou.

—Sirius não vai a lugar algum , Harry. Quando você voltar, ele ainda estará aqui para conversarem .

—Promete? -Os olhos do menino brilharam em direção ao mais velho.

—Prometo- Sirius afirmou olhando para o pequeno .

—Está bem. Tchau Sirius. – e quando estavam indo embora, Sirius repara na garota que chamara seu afilhado para irem aos jardins. Não vira muito bem o seu rosto, mas o que vira despertara sua curiosidade. Ao olhar para Remo, percebera de onde vinha tanta curiosidade por aquela garota.

—Ei Remo! Quem é aquela garota?

—Ah você estranhou também não é?

— Quem é ela?- Tornou a perguntar, mas não fora o amigo que respondera, mas sim a voz da garota que o defendera, recheada de malícia e muita maldade, o que fez os pelos de sua nuca arrepiarem.

— Katherine Moore.

É Katherine, parece que você é bem conhecida, mas será que eles vão te aceitar depois de descobrirem... Bem... Tudo? E essa garota nova? Parece que ela não é sua maior fã. Fique esperta Moore, a gatinha chegou e ela esta com as unhas afiadas.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram?
Sirius apareceeeeeu.
espero que tenham gostado, comentem o que acharam e até o próximo capítulo



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