quando Eu encontrei Você escrita por SnowDay


Capítulo 2
Capitulo 1




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Savannah

Meus olhos analisam as ruas por quais passamos, quero absorver todos os detalhes caso precise fugir desses caras, cujo nem os nomes sei. Minha viagem estava sendo completamente desastrosa, o que me fazia me odiar amargamente por querer ser alguém que eu não sou. A verdadeira Savannah nunca pegaria o avião mais aleatório do aeroporto e deixaria o vento levá-la, porque é loucura. No entanto, eu não liguei pra isso.

E aí estava o destino. Minhas coisas tinham sido roubadas e estava aterrorizada, porque fosse lá o que aquele ladrão iria fazer comigo se eu não tivesse corrido, não seria boa coisa.

— Então você não tem nada? - o garoto que me propusera ajuda perguntou, se virando para me olhar - Roubaram tudo?

— Acho que tenho grana suficiente para ir embora, ou pra pagar a noite que vou ficar no seu apartamento - comentei olhando a lateral do meu jeans, sempre guardei meu dinheiro ali, na cintura. O garoto que me observava riu, um sorriso reto e branco - Savannah.

— Como? - ele perguntou sem entender - Seu nome é esse? Parece tipico para uma americana e você é tão unica. Esse é Kellin e eu sou Miles.

— Como sabe que sou americana?

Minha surpresa fluiu no ar, enquanto Kellin soutava um risinho. Miles refletiu um pouco, dando de ombros.

— Acho que um americano conhece outro - foi a resposta que ele me deu, e eu não tinha certeza se acreditava muito no que ele dissera, mas concordei - E não precisa me dar seu dinheiro, acho que eu deveria mesmo ficar um pouco mais em casa.

E com isso ele se voltou pra frente e eu voltei a observer por onde passávamos. Eu não fazia ideia de onde eu estava, não mais, apenas sentia meus olhos pesarem, então, dormi o restante da viagem.

***

Quando acordei já era tarde da manhã, o sol brilhava no céu limpo, sem uma única nuvem, mas isso não impedia o frio de penetrar meus ossos. Olhei para a minha roupa, a mesma de quando entrei no maldito avião. Deixe o vento te levar, essas foram as palavras de Dean, mas parecia que o vento queria ferrar comigo.

Cherei minha camisa que fedia a suor e fumaça, ou talvez o que fedesse a fumaça fosse o próprio sofá duro que acolheia meu corpo com sua falta de espuma e excesso de tábua.

Me sentei, tentando me adapitar a claridade do dia e ao lugar. Ao que parecia, eu estava sozinha. Me levantei e analisei a pequena cozinha que ficava no mesmo cômodo da sala. A geladeira estava completamente vazia, o que fez meu estomago roncar. A quanto tempo eu não comia nada? Pelo que me lembrava, minha ultima refeição tinha sido o almoço de ontem.

Haviam apenas mais duas portas, então uma devia ser o banheiro e outra o quarto, se eu tivesse sorte, conseguiria descobrir o banheiro e tomar um banho antes que Miles aparecesse. Mas eu não tinha sorte, então acabei abrindo o quarto. O garoto quase pulou da cama, graças o simples ranger que a porta emitiu ao ser aberta. Os cabelos dele, castanhos, caiam sobre seus olhos de uma cor que me deixava intrigada

— Desculpe, eu estava procurando o banheiro - murmurei, então senti meu rosto enrubescer quando percebi que ele vestia apenas uma cueca box.

Fechei a porta e abri a outra, onde lavei meu rosto e o olhei no pequeno espelho atrás da porta. Meus cabelos estavam bagunçados, mas a tinta continuava vivida, e minha camisa estava rasgada onde o ladrão puxara.

— Ei, vou comer alguma coisa, quer algo? - ele gritou, ao que parecia uns cinco minutos desde que eu entrara no banheiro. Apenas saí e o olhei, agora vestido - Se quiser pode ir junto, pode pegar uma camisa minha se quiser.

E foi o que eu fiz, senti que ele sabia que eu o observava enquanto vasculhava seu baú de roupas velhas, procurando uma camisa pequena. Por fim me entregou uma camisa preta com um logo de uma banda, que ele disse que pertencera a um Miles de 16 anos, mas que mesmo assim, ficava enorme para mim.

— E quantos anos você tem agora? - perguntei enquanto saiamos de seu "apertamento", como ele se referia ao lugar.

— 22 anos - ele falou - 23 no ano novo.

— Você nasceu no dia 1° de janeiro? - me surpreendi, aquele devia ter sido o pior réveillon da vida da mãe dele. Ou o melhor, tudo dependia de como ela via as coisas.

— É estranho, eu sei, mas não é mais estranho que seu cabelo - ele falou rindo, por algum motivo não liguei - Qual é! Estranho, nem sempre quer dizer feio, é apenas diferente, mas encantadoramente belo

— Minha mãe gostava de azul - respondi sentindo o peso de usar o verbo passado para me referir a ela, alguém que eu nunca conheci de fato.

Miles também deve ter sentido isso, pois continuou em silêncio o resto do trajeto. Com as placas, pude ver que estávamos na Itália, em Veneza, pra ser mais específica. O garoto que me guiava fez o pedido em um idioma que eu nunca ouvira, mas que deveria ser italiano.

— O que você pediu? - perguntei ansiosa.

— Aguarde e verá! - disse me lançando um sorriso torto - Mas então, mera americana, o que fazes aqui?

— Estou deixando o vento me levar - comentei e ele riu, como se fosse a coisa mais engraçada que alguém poderia dizer, o que fez com que me sentisse constrangida.

— Por acaso você conhece um mochileiro magrelo chamado Dean? - via por seu tom que ele brincava, mas era verdade, eu conhecia.

— Sim, é por causa dele que eu estou fazendo isso! - falei mais animada, era incrível que ele o conhecesse. Miles estreitou os olhos, como se estivesse surpreso, como se fosse impossível - Conheci ele no aeroporto, ele é amigo de Caleb, um francês legal.

O garçom voltou a nossa mesa com dois pratos de peru natalino, o que era estranho e engraçado.

— Hoje não é natal - comentei analisando a comida em meu  prato.

Miles foi o primeiro a dar uma garfada no alimento, que não era o mesmo que meu pai usava para preparar o "prato". Depois de um tempo apenas olhando, dei de ombros e comecei a comer, não me importando em parecer alguém descente.

— Então senhorita de nome que me lembra geografia, cujo vou substituir por Hannah, o que achou de comer peru fora de hora? - ele perguntou abrindo um pequeno sorriso de satisfação.

Não deveria ser tão surpreendente, tão inovador, mas parecia incrível ter feito aquilo.

— Você é estranha - murmurou quando tudo que fiz foi ignorá-lo - Mas o que vamos fazer agora?

Para mim parecia obvio: eu iria pegar minhas coisas e ir para Inglaterra, que era onde a minha turma estaria, nunca mais ver Miles e continuar a minha vida como se eu não tivesse feito a pior escolha da minha vida quando deixei que o vento me levasse. No entanto, ao ouvir o "vamos", ao invés de "você vai", me impediu de dizer meus planos.

Dei de ombros aguardando que de desse o próximo passo, o que fez com que ficássemos nos encarando durante um bom tempo, aqueles imensos olhos que não eram nem castanhos nem verdes, mas uma mistura perfeita dos dois, de alguma forma, me pareciam provocativos, como se me desafiassem a dar o próximo passo ao invés de apenas esperar por ele.

— Acho que você poderia me explicar o porque de substituir meu nome por Hannah - murmurei, ele estralou a língua e abriu um sorrisinho.

— Bem, todas as Hannah's que eu conheço são bonitas - ele falou - Tipo a Hannah Murray, Hannah Pixie...

— Hannah Montana? - brinquei.

— Esse não é o verdadeiro nome dela - me corrigiu - Mas sim, até ela. E eu não gosto de geografia e pra mim, é isso que Savannah é, uma formação vegetal.

Assenti, me sentindo estranhamente interessada pela teoria maluca dele sobre meu nome, e por ser, indiretamente, elogiada.

— Podemos voltar para o apertameto - sugeri olhando para a toalha vermelha onde nossos pratos repousavam, vazios. Falei tão de repente que Miles arregalou os olhos.

— É isso que uma adolescente americana faz em um dia livre? Fica trancada em casa?

— Não, mas eu faço isso - falei abrindo um sorriso debochado.

— Tá legal, Hannah, mas vamos parar no mercado antes, um dia em casa tem que ter pelo menos comida.


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