Saí do banho e fui até o quarto de Rhay (que já havia até virado meu quarto). Ela ainda conversava animadamente com Mat e sorriu para mim quando eu passei. Sorri tristemente de volta. Pus uma roupa quente e comecei á estudar Geografia. Eu não estava estudando muito esses dias.

Estudei até ficar com fome e depois fui para o computador. Saí e fui dormir.

                                                           Triste...

Desolada e completamente cansada. Então minha vida continua sendo inútil. Eu não consigo satisfazer nem á Igor, nem á Will, nem á mim mesma. E eu estava desolada com tudo aquilo, eu queria fugir para nunca mais voltar, o que seria deprimente sem William por perto.

Apertei-me nas cobertas tentando fazer aquele sentimento de culpa e perda esvair de meu corpo agora frágil. Eu não tinha proteção, eu não tinha mais aquela camada de amor que normalmente me preenchia, eu não tinha aquele calor que o coração transmitia para o corpo quando eu estava ao seu lado.

Eu estava sofrendo com tudo, sem exceções. Deixei meu corpo relaxar um pouco e consegui dormir, mas com o rosto coberto de lágrimas.

                                                          ~*~*~*~*

Acordei na manhã seguinte com o rosto meio inchado e fui lavá-lo com todo o sono possível. Isso porque eu acordava de 5 em 5 minutos no máximo por causa de pesadelos. Eu nunca tinha pesadelos, por que eles tinham que vir bem agora para mexer nas minhas noites? Revoltante.

Arrumei-me e fui até a escola sozinha. Minha cadeira estava me esperando, então coloquei todo o meu material ali.

_Oi Bruna..._Igor disse tentando começar á me beijar, mas eu o empurrei.

_Igor..._Eu não queria falar nada, continuei arrumando minhas coisas._E-eu..._Olhei para ele, que me olhava meio descrente._Não dá!_Eu disse deixando a sala e indo até uma janela no corredor.

Debrucei-me nela e comecei á chorar novamente. Senti meu corpo sendo abraçado e depois um beijo foi depositado em minha nuca, o que fez meu corpo se arrepiar. Parei instintivamente de chorar e olhei para trás lentamente. Não tinha ninguém ali. Foi então que eu senti um certo frio na barriga e outra lágrima caiu.

                                                Não era ele...

Mas eu queria que fosse... Queria muito. Encostei minha mão na nuca onde eu parecia ter sentido um beijo e fiquei ali, olhando para o nada com esperança de que William chegasse e dissesse que tudo aquilo foi apenas uma piada de mal gosto.

POV’s Will

Ela olhava para o nada segurando sua nuca. Eu conseguia ver dali da porta do banheiro suas lágrimas que doíam em mim rolando incessantemente. Nunca havia acontecido aquilo comigo... Eu nunca chorei por uma garota. Á não ser por Juliet, mas eu apenas queria me iludir e não pensar que em poucos dias eu tinha começado á sentir algo maior que amizade no meu peito por aquela menina. Apertei minhas mãos quando vi a fraqueza dela agora... A maior fraqueza dela era simples.

                                                          Era eu.

E eu não sabia. Não até aquele momento em que ela demonstrava tamanha franqueza diante de um toque tão comum. Eu já havia feito isso com outras garotas solitárias, que estavam passando por uma situação difícil porque eu era meio “galinha”... Mas nenhuma delas ficou tão assustada. Aquilo não era exatamente ruim para mim, ela gostava de mim, muito, mas seu brilho havia ido embora. Ela estava mais apagada, seu olhar não reluzia e seu sorriso não era mostrado mais... Pelo menos não para mim.

Pelo pouco espaço em que eu conseguia ver minha menina, notei alguém se aproximando e logo reconheci quem era... Igor não me deixava nada, nada feliz.

POV’s Bruna

_O que foi Bruna?_Ele perguntou doce e calmamente.

_E-eu... T-tenho certeza de que eu s-senti o..._Falei olhando ainda para o nada, segurando minha nuca.

_Bruna..._Ele disse em tom sofrido._Eu preciso de falar algo... Pensei que tudo aquilo no pátio iria lhe fazer gostar de mim, mas...

_Do que você está f-falando?_Perguntei ainda chorando.

_Eu que persuadi Will á me bater... Eu disse coisas para ele que... Ele sabia que era mentira, sobre você, e ele me bateu por causa disso. Eu estou vendo que tudo aquilo não me ajudou em nada. Eu amava você, realmente amava muito, mas era somente atração... Agora passou, por isso eu estou falando isso com você, correndo o risco de você me deixar. Mesmo que tudo o que eu queira agora é amizade.

Engoli seco.

_Então..._Senti um frio correr por meu corpo._N-não foi culpa de Will...

_Não._Igor falou e me deu um beijo na cabeça.

Depois saiu em direção á nossa sala.

Eu simplesmente não conseguia acreditar que tudo aquilo havia sido uma armação do Igor para eu ficar com ele... Eu havia sofrido tudo aquilo por nada, eu pensei...

Eu queria Will. Mais que tudo, aqui, agora.

POV’s Will

Eu não havia ouvido nada do que Igor havia dito com ela, só sei que á deixou mais pensativa. Ela segurava algo na mão. Acho que nem ela havia visto, mas Bruna segurava algo. Ela apertava tanto aquilo na mão que parecia até ser seu amuleto mais precioso. Seus lábio tremeu levemente antes de se encontrar com o outro, me dando uma visão impressionante.

Eu não havia percebido o quão bela minha amada era. Eu tinha reparado tudo nela, mas não sabia apreciar... Agora seu até cheiro me embriagava, sua visão me fascinava e seus olhos agora com o brilho das lágrimas me causava dor...

Ela deixou o que apertava na mão no chão. Assim que ela olhou para o objeto, meu coração deu um pulo.

                                              Era uma aliança.

A minha aliança, aquela na qual eu havia colocado delicadamente em seu dedo naquela noite. Ela olhou dolorosamente para ele e o beijou para depois apertar na mão novamente, sobre os lábios e chorar mais lágrimas incessantes.

Eu queria tirar sua dor, eu queria muito...

POV’s Bruna

Andei pesadamente até o banheiro feminino e coloquei minha aliança no dedo. Fechei os olhos e fitei meu rosto no espelho. Ele estava corado e molhado. Lavei minha face e depois á enxuguei para voltar á sala. Sentei-me na minha mesa e deitei a cabeça nos braços em cima da mesa.

Nem percebi quando o recreio havia começado. Ele passou lentamente, eu estava estranhamente calada. Voltamos á sala, tivemos mais 3 aulas e fomos liberados logo após. Voltei para casa com a Rhay.

_Você está calada Bruna..._Comentou.

_Eu sei._Falei.

_Por que?

_Porque..._Falei depois de um silencio._ Igor me disse que toda aquela confusão com o Will foi coisa dele... Ele se sentia atraído por mim e por isso... Fez todo aquele rolo para eu começar á gostar dele como ele gostava de mim, mas agora isso passou.

_E agora?

_E agora... O que?

_O que você vai fazer?_Ela perguntou.

_E-eu vou... Esperar. Talvez eu vá dar uma volta de noite, para pensar um pouco.

_Faça isso Bruna, você está realmente acabada.

Sorri tristemente e fomos para casa.

                                                 ~*~*~*~*~*~*

Vesti uma calça jeans, coloquei uma blusa de frio e depois uma jaqueta, que eu deixei aberta. Depois eu apenas saí de casa e caminhei até o lago que ficava em um local no parque.

Encostei meu ombro e minha cabeça numa árvore e fechei os olhos, prendendo meus braços em volta do corpo para me proteger do frio. Novamente eu senti braços me envolvendo e um beijo quente e molhado na volta do meu pescoço que fazia meus pelos eriçarem. Eu não fiz nada, pois eu sabia que tudo era ilusão... Até que eu ouvi uma voz rouca e levemente grave sussurrando em minha orelha.

_Senti saudades...

Arrepiei-me de novo e virei meu corpo para ver o corpo magnífico de Will. Fiquei assustada e dei um passo para trás.

_Bruna..._Ele murmurou meu nome, tocando sua mão em minha aliança._Não fuja de mim..._Suplicou.

Fiz o que ele mandou, por pura vontade, afinal eu não conseguiria fazer alguma outra coisa.

_Igor lhe contou o que aconteceu?_Assenti.

Ele suspirou e tocou meu rosto com a mão que estava quente, em contraste com minha face fria.

_E-eu..._Ele começou á falar, se enrolando._Não aguento mais.

Dito isso ele pegou rapidamente com as pontas dos dedos minha blusa e puxou meu corpo para o dele. Depois lentamente foi se aproximando até estar á ponto de me beijar.

_Nunca, nunca mais... Faça isso comigo.

Foi assim que ele selou nossos lábios. Minhas mãos tocaram em seus cabelos negros e revoltos enquanto nossos lábios deslizavam em perfeito encaixe, sem que nossos pulmões se lembrassem de pedir por ar, sem que nada mais importasse. Á medida em que nosso beijo estendia-se por mais e mais tempo, sem interrupções, o peito dele ia inclinando-se sobre o meu, dominantemente. E eu desejei que aquilo durasse para sempre...