De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 8
Capítulo 7 "Dias de Sol"


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey serumaninhos que considero muito. Tudo bem com vocês? Hein?
Eu trouxe mais um capítulo pra vocês, voltando a narração da nossa Beatriz, espero que gostem. Nos vemos lá em baixo!



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A escola nunca esteve tão diferente, na verdade era até estranho entrar na sala de aula e não ver a Janu agarrada com o Duda. Ou talvez só eu estivesse notando aquilo, e talvez não estivesse tão diferente, a não ser pelo fato do idiota do Eduardo Almeida Campos estar completamente quieto, no fundo da sala, para ser exata, no meu lugar. Mas ignorei aquilo e me sentei o mais longe possível.

—Temos que nos desapegar de algumas coisas ás vezes. –ouvi Janu de longe, ela falava com as amigas, me deu uma breve olhada e depois voltou ao assunto, só então percebi que até agora a Vivi não havia chegado, o que será que tinha acontecido com ela? Nem sinal do professor também.

—Precisamos conversar! –Olhei para meu lado, lá estava o Duda, parado, o olhar demonstrava algo como arrependimento?!

—Não, eu passo! –respondi depressa e abri meu caderno apenas para poder focar em outra coisa que não fosse ele.

Os acontecimentos depois daquela festa do Rafa foram estranhos. Duda havia ido até minha casa bêbado, culpando-me pelo seu termino com a Janu e dizendo outras coisas horríveis, enquanto eu apenas tentava dizer que beber não era bom para saúde.

—Por favor. –ele pediu e em seguida suspirou, como se já fosse difícil o bastante pedir “por favor”.

Mesmo sem ter certeza, levantei-me e o segui para fora da sala, e mesmo sem poder conferir, sabia que Janu estava nos olhando. Duda fechou a porta da sala de aula quando saiu.

—Me desculpe por aquele dia.

—Você está falando daquele...

—Deixa eu me explicar, tá bem? –ele me interrompeu ao perguntar, eu apenas assenti com a cabeça, o que ele podia dizer? –Me desculpa. Eu estava bêbado, chateado e me sentindo culpado. Nunca me senti tão mal na minha vida.

—Não duvido, você sempre tem tudo oque quer. –eu não estava com a mínima vontade de ouvi-lo.

—Bia, não foi minha intenção dizer aquelas coisas, e te culpar. Quando estamos bêbados fazemos coisas idiotas...

—Coisas idiotas que não temos coragem de fazer quando estamos sóbrios.

—Não, claro que não. Tem algum modo de eu recompensá-la?

—Não. Já estou com pena de você o suficiente. –respondi, olhei em seus olhos por um segundo e em seguida abri a porta e entrei novamente para a sala, sem nem olhar para trás.

(...)

A semana havia sido intensa, mas nada muito diferente da segunda-feira. Duda não falou mais comigo, e que eu saiba, ele e Janu continuavam brigados (aquele devia ser o record de tempo separados). Mas já era sábado, aliás, o sábado mais ensolarado do ano, eu não tinha dúvidas. E por isso, Vivi já estava na minha casa ás oito da manhã, praticamente forçando-me á ir a praia com ela.

Havia uma praia bem perto do nosso bairro, mas a verdade é que quando moramos perto de algum local famoso e bem frequentado como a praia não vamos muito, além de que por sorte, chovia bastante naquele cidadezinha que eu chamada de lar.

—Bia, eu já estou cansada de ter que ficar convencendo você a ir á esses lugares comigo. –Vivi disse, ela já estava perto de desistir de tentar me levar junto, eu sabia disso porque conhecia bem aqueles estágios de tentar-levar-Beatriz-a-algum-lugar.

—Então não tente! –sorri levemente. –Você sabe que eu não gosto de sol, sem contar que essa hora e nesse tempo, a nossa escola inteira deve estar lá.

—Bia, por que você não vai com a Vivi á praia? –minha mãe acabava de passar pelo quarto, quando pegou a conversa.

—Ah, você também não... –murmurei.

—Ela vai sim, Vivi. Fique tranquila.

—Não, eu não vou! –afirmei.

—Sim, você vai. Eu estou queimando de tão quente que está hoje, não é possível que ainda assim queira ficar trancada no quarto. –minha mãe continuou insistindo.

—Na verdade...

—Bia, por favor. –Vivi pediu.

—Eu odeio vocês! –falei e me levantei para ir á praia.

—Ótimo! –minha mãe exclamou. –Vivi, quando você estava vindo para cá, viu alguns cartazes estranhos sobre política? –ela perguntou, fazendo a famosa voz de quem não queria ir direto ao assunto.

—Ah, do pai do Duda? O senhor Almeida Campos está concorrendo á prefeito. –ela respondeu e só então entendi a conversa das duas.

—Ele não seria capaz... –minha mãe murmurou.

Eu e minha mãe não conversávamos direito sobre o assunto, mas ela não era muito fã da família Almeida Campos, tudo que eu sabia, na verdade, é que meu pai era amigo deles quando eu nasci. Mas não era de se estranhar já que uma boa parte da população não gostava mesmo do senhor Almeida Campos, então ignorei o assunto e parti para o banheiro.

(...)

Assim como o previsto, a escola inteira parecia estar lá, mas mesmo assim eu e Vivi conseguimos um lugar legal, ela até conseguiu uma daquelas cadeiras de praia para ela, enquanto eu forrei minha toalha na areia e me sentei por cima, observando o mar.

—Acho que vou entrar na água. –ela avisou logo depois de se sentar.

—Ok.

—Você não vai vir comigo? –ela virou a cabeça apenas para ouvir minha resposta, me olhando como se eu fosse obrigada a entrar no mar já que estava ali tão perto.

—Não obrigado. Aliás, eu nem trouxe um biquíni. –avisei e voltei a olhar o mar.

Antes de qualquer outra coisa, avistei Duda e Janjão se aproximando de nós duas. Eles eram melhores amigos desde pequenos, quando Duda ainda nem namorava Janu e os dois saiam juntos para “pegar-geral”, me preocupava se agora aquela dupla voltaria a ser daquele jeito.

—Oi, Viviane. –Janjão cumprimentou.

—Oi meninos. –Vivi disse.

Me levantei da areia e olhei fixamente para Janjão, mas ele não disse mais nada. Como aquele garoto era ridículo!

—Podemos conversar? –ele perguntou a Vivi, que rapidamente levantou-se e os dois se afastaram um pouco, me deixando sozinha com o Eduardo. Ótimo!

—Oi. –foi só o que eu tinha para dizer depois que Vivi simplesmente me abandonou ali.

—Oi. –ele respondeu de volta, levemente constrangido já que as últimas vezes que nos falamos não foram muito encantadoras.

—Tudo bem? Quer dizer, depois de tudo, você está bem? –perguntei, tentando encontrar as palavras. Eu odiava a parte de mim que se importava com ele.

—Está dando para levar. –respondeu o garoto.

—Isso é bom!

—Obrigada por perguntar. –ele sorriu e depois olhou para o mar.

—Eu vi alguns cartazes. O seu pai quer mesmo concorrer...

—Próximo assunto, por favor –ele brincou. –Eu só não recomendaria ninguém a votar nele.

—Acho que você nem precisará recomendar, alguém seria louco o bastante? –ele soltou uma risada, mas em seguida olhou para o outro lado, avistando alguém conhecido.

—Nos vemos por aí Bia. –ele disse e foi até lá.

—Tchau. –me despedi enquanto ele ainda podia me ouvir.

Continuei a observar a cena por alguns segundos, Duda estava apenas cumprimentando mais um dos grupinhos da escola.

—O que está rolando ali? –Samuca chegou do nada, me assustando ao perguntar, mas ele encarava Vivi, que parecia mesmo estar em uma conversa divertida com o Janjão.

—Ele vai usa-la e sair correndo.

—Ela não deixaria... –Samuca disse, ingênuo.

—Ela não está em uma boa fase, meu jovem. Está precisando de alguém para se escorar agora que seus pais se separaram, eu diria que é sua chance! –eu disse a ele.

—Ah, não. Não sou do tipo que se aproxima das pessoas quando estão fracas, só quero mesmo tocar meu som. –ele respondeu dando um leve tapinha no violão do qual ele estava sempre acompanhado.

—Faz tanto tempo que eu não toco violão, eu tenho a minha guitarra, mas é diferente. –eu disse e por um breve momento um mar de lembranças me atacaram: lembrei-me de meu pai tocando violão, e das poucas vezes que ele teve a chance de me ensinar um pouco.

—Quer tentar? –Samuca perguntou, mas antes que eu pudesse responder ele já estava entregando-me o seu violão e fazendo uma expressão de quem estava ansioso para ouvir o que eu sabia.

—Tudo bem então.

Sentei na cadeira de Vivi e posicionei o violão. E então comecei

—Quando tá escuro, e ninguém te ouve. Quando chega a noite, e você pode chorar. Há uma luz no túnel dos desesperados, há um cais no porto pra quem precisa chegar. Tô na lanterna dos afogados, tô te esperando, vê se não vai demorar...-cantarolei, enquanto tocava nas cordas, fechei os olhos por alguns segundos, mas quando os abri novamente pessoas de todas as partes da praia me olhavam de olhos arregalados, podia ver alguns cantando juntos, e até mesmo Duda me olhava surpreso.

É uma noite longa pra uma vida curta. Mas já não me importa basta poder te ajudar, e são tantas marcas que já fazem parte do que eu sou agora, mas ainda sei me virar... –continuei e agora eu já não me importava com nenhum dos olhares, adorava a sensação de tocar.

Quando acabei ouvi as palmas das pessoas ao meu redor, elas sorriam para mim e então entendi porque o Samuca gostava tanto de cantar em público. Vivi, Janjão, Duda, Samuca... todos eles aplaudiam.

—Quer saber, eu estava mesmo precisando de uma parceira nisso. –Samuca brincou, e eu lhe entreguei o violão.

—Vou passar essa, mas isso foi legal! –confessei e ele sorriu, pude ver Viviane espiando-o de longe.

Seriam longos os dias ensolarados.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?
Vou tentar fazer o próximo capítulo gigante, mas não prometo nada!
Comentem okay?!



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