De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 28
Capítulo 27 "Eu estraguei a noite!"


Notas iniciais do capítulo

Hey guys. Desculpa a demora, queria ter postado no Natal, mas vocês sabe como essas datas são complicadas. Mas aqui estou eu, Vivinha da Silva, com esse capítulo super-esperado pra vocês.
Espero que gostem!



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Beatriz

Avistei Cinderela correndo para a saída do baile e estranhei imediatamente, me virei para Duda, iria dizer que eu iria atrás de minha melhor-amiga para saber do problema, mas assim que me virei ele estava com a mão erguida para mim, sem dizer uma palavra, apenas me encarando e esperando que eu a pegasse para que pudéssemos ir dançar.

—Sem chance! -neguei o convite, seguido de uma risadinha falsa, mas Duda permaneceu imóvel apenas esperando pacientemente que eu me rendesse. -Duda, você me viu como líder de torcida? Eu sou péssima, não danço na frente de tantas pessoas, sério! -afirmei novamente, mas isso só fez com que ele perdesse a paciência, buscando minha mão e a puxando para o centro da quadra antes que eu pudesse pensar em outra desculpa.

—Duda, eu tenho que te contar uma coisa. -finalmente digo, quando estou frente a frente com ele, com suas mãos na minha cintura, as minhas no seu pescoço, e seus olhos nos meus, enquanto balançávamos conforme o som da bela música que Samuca cantava.

—Por que sinto que não é bom? -ele perguntou. 

—Porque não é. -respondi, suspirando. Parecia que nunca ficaríamos juntos sem nenhum problema envolvido.

—Que tal mais dois minutinhos sem problemas, pode ser? -ele pediu, provavelmente achando que era algo que podia estragar o que tínhamos. Assenti com a cabeça, enquanto continuamos a nos mover lentamente com os corpos colados.

Ele me girou no ar, surpreendendo-me. 

—Seu louco! -eu disse após o ato, rindo.

—Ei, olha aquilo! -ele falou enquanto olhava para a entrada, fazendo com que eu virasse os olhos pra lá imediatamente. 

Não consigo evitar o riso quando vi a cena: Janu e Janjão entrando de mãos dadas no baile. Duda gargalhou forte, eu o acompanhei.

—Eu acho que ela estava querendo te atingir. -comentei, expressando minha opinião, mas era claro que ambos não tinham achado pares e não queriam aparecer sozinhos.

—Talvez eles tenham se apaixonado. -Duda diz, após controlar os risos. Pensei na ideia por um instante, eles se mereciam. 

Voltamos a dançar, enquanto ainda ríamos. Parecíamos dois patetas, rindo no centro do baile enquanto dançávamos, mas eu não me importava.

—Por que não conseguimos ter dois minutos de paz? -Duda perguntou, após olhar novamente para entrada.

Não acreditei no que meus olhos viam, era José Almeida Campos acompanhado da mesma loira grávida que eu tinha visto com ele no outro dia.

—Quem é ela, Duda? A loira com ele? -perguntei sem perder tempo, surpresa pois não o esperava ali. 

—É a secretária, ele vem a ajudando porque ela está grávida. -ele respondeu, e em seguida começou a andar até lá, me abandonando. Mas eu o segurei antes que ele pudesse ir muito longe.

—A gente precisa conversar agora. -falei com preocupação na voz, sabendo que aquela mulher não era apenas uma assistente.

Duda me olhou confuso, percebendo o desespero em minha voz, mas antes que ele tivesse a chance de perguntar, eu já estava o puxando para fora da quadra, entrando dentro do colégio, e só parei quando cheguei a sala de enfermagem. A mesma sala em que Duda ficou quando se machucou no meio de um jogo, e eu tinha ido conferir se ele estava bem a alguns dias atrás, ignorei a ironia. 

—Bia, o que foi? O que você tem? -ele perguntou preocupado quando eu finalmente parei de correr e fechei a porta atrás de mim. 

—Aquela mulher com seu pai, ela está grávida… -comecei aquela conversa que já tinha sido adiada por muito tempo.

—Sim, eu sei. -Duda disse como se fosse óbvio.

—Não, Duda. Quando fui comprar roupas pro baile eu vi os dois juntos, eles estavam comprando ternos e…

—Bia, você está me deixando nervoso.

—Eu acho que eles estão tendo um caso! -tampei a boca assim que falei, surpresa por aquilo ter finalmente saído da minha boca.

—O que? -Duda sussurrou, agora ainda mais confuso, consegui perceber a tristeza que havia caído sobre ele, e foi impossível não me sentir triste ao vê-lo daquele jeito.

—Ela estava dizendo sobre como achava ele excitante, e ele estava passando a mão sobre a barriga grávida dela. -tagarelei, mas dessa vez Duda não esboçou nenhuma reação e permaneceu em silêncio, como se estivesse pensando se o pai seria mesmo capaz. -Eu devia ter te contado antes, mas eu não consegui, não sabia como te contar algo assim Duda. Eu sinto muito!

Mais silêncio, Duda se virou para trás como se precisasse pensar sozinho, pensei em deixá-lo a sós, mas eu não conseguiria deixá-lo com uma bomba daquelas.

—Não sei porque não estou nem um pouco surpreso com isso, sabe?! Já imaginava que ele tinha casos, mas a própria secretária? Ela vai lá em casa todos os dias, Bia. -ele se virou para mim, e agora posso ver que toda a suposta tristeza havia se transformado inteiramente em raiva. -Ela conversa com a minha mãe! -ele aumentou o tom de voz, me assustando, mas logo em seguida saiu da sala correndo.

Droga, o que eu tinha feito?

Corri atrás dele imediatamente, ele iria acabar fazendo alguma coisa que iria se arrepender depois. Eu precisava evitar, mas quando voltei ao baile, já havia o perdido em meio a multidão. 

Olhei pra todos os lados e só depois para o palco, Samuca não estava mais cantando. No lugar de sua voz, era a voz do pai do Duda que ecoava sobre o local, ele estava dando um discurso sobre ter ganhado as eleições. Patético!

Samuca, um pouco atrás dele, ainda no palco, olhou pra mim e apontou discretamente para a direita. Onde Eduardo estava, já subindo no palco.

Droga, o que eu tinha feito?

José Almeida Campos logo percebeu a presença do filho no palco, porque começou a improvisar o discurso:

—Queria agradecer a minha família, ao meu filho. -ele ergueu as mãos para Duda. -Por terem acreditado em mim desde o princípio. -Duda gargalhou alto, chamando a atenção de todos para ele.

—Como tem coragem de falar sobre família? -Eduardo perguntou, fazendo com que o pai logo soltasse um último “obrigado a todos que votaram em mim” e puxasse o filho para fora do palco no mesmo instante.

Mas antes que ele tivesse a chance de forçar Duda a sair do palco, ele deu um soco no rosto do pai, fazendo todos voltarem a atenção para eles, espantados.

José obviamente revidou o soco.

—Ei! Ei! Não, aqui não! -Samuca gritou enquanto foi correndo na tentativa de afastá-los. Era como um show para todos que olhavam surpresos. Corri até lá imediatamente, ajudando Samuca a afastá-los. Mas a essa altura, os dois já estavam jogados no chão, ambos com um olho roxo.

Janjão também havia subido ao palco, e nós dois ajudamos Duda a se levantar.

—O que está fazendo? -o pai perguntou ao filho.

—Está tendo um caso justo com a Patrícia? Pai, ela conversa com minha mãe todos os dias. Você é um idiota! -Duda gritava em resposta.

—E agora você acredita em tudo que sua namoradinha nojenta diz? -José me olhou, provavelmente adivinhando que eu havia contado.

—O problema é que eu nem fiquei surpreso. Isso é bem do seu feitio mesmo. Trair, magoar, enganar, igual está enganando esta cidade. Eu tenho nojo de ter seu sobrenome! -Duda falou o que já estava engasgado por muito tempo, e deu as costas em seguida, provavelmente em direção a saída do baile. Aquilo já tinha perdido a graça pra todo mundo. 

—Eu é que tenho vergonha que você tenha meu sobrenome! -José afirmou fazendo Duda se virar novamente, ele encarou bravamente o pai com o olhar repleto de ódio, mas logo em seguida saiu pela porta, como se estivesse desistindo de discutir. Não valia a pena.

—Viu o que você fez, garota? Vai destruir minha família, e isso vai ter volta. -Almeida Campos ameaçou enquanto passou a mão pelo olho roxo.

—Sem ameaças, por favor. -Samuca se intrometeu, me defendendo, talvez percebendo que eu estava prestes a cair no choro. Só então Almeida Campos saiu do palco, e todos do baile começaram a sussurrar.

—Bia, acho melhor você ir atrás do Duda. -Samuca também sussurrou se aproximando de mim.

—Eu vou! -Janjão foi quem disse, assenti para ele, e ele logo saiu dali atrás do Duda.

Coloquei as mãos no rosto e me sentei ali mesmo no chão, já preocupada com o que o Duda faria agora.

—Bia, tudo bem? -Samuca perguntou, se sentando ao meu lado.

—Eu estraguei a noite. -disse ainda segurando para não cair no choro. Samuca me olhou repleto de consideração. -Cumpriu sua parte? –perguntei após respirar fundo, me referindo ao trato de contarmos nossos segredos no baile.

—Ainda não. A Vivi sumiu junto com a minha mãe, e…

—Quê? Sua mãe está aqui?

—Ela veio quando ficou sabendo que eu sairia do país.

—Samuca, eu vi a Vivi saindo correndo do baile, acho melhor você começar a procurá-la pra se explicar.

—Ai meu Deus! -Samuca exclamou, só então percebendo: -Minha mãe contou a ela, claro! -ele respirou fundo, e também foi em direção a saída, mas antes que pudesse dar mais de dois passos voltou até mim: -Tem certeza que está bem?

—Vai logo! -eu disse, agora também preocupada com a Vivi.

As pessoas logo voltaram com a música, como se nada tivesse acontecido e seguiram com o baile. Quando comecei a me levantar para ir embora, ouvi a voz:

—Isso já estava para acontecer a muito tempo, não foi sua culpa. -Se tratava de Janu, que estava usando um vestido vermelho e chamativo, mas tinha a voz amigável.

Respirei fundo novamente, tentando justamente fazer com que aquela culpa dentro de mim sumisse. Achava que iria me sentir melhor depois de revelar a verdade ao Duda, mas nada mudou. 

—Eles sempre foram assim, quer dizer, pelo menos desde os meus oito anos quando conheci o Duda. -ela continuou falando, me deixando confusa e surpresa, afinal, eu não tinha ideia que ela conhecia o Duda a tanto tempo, ou até tivesse, mas nunca pareceu importar tanto até agora.

—Por que está me dizendo isso?

—Porque o pai dele é um idiota. E o Duda teria tudo para ser um grande homem se não fosse pelo pai. -ela respondeu após dar de ombros. 

—Ele vai ser um grande homem! -exclamei, contrariando-a, tinha certeza absoluta do fato. 

—Eu não sei, a gente não acaba sempre nos tornando uma cópia mal feita dos nossos pais?

Agora sou eu quem dá de ombros, mas tenho certeza que não é o caso do Duda.

—Não vai atrás dele hoje, por mais que seus extintos dizerem ao contrário, quando ele está muito bravo ele não gosta de ver ninguém. Provavelmente está expulsando o Janjão aos socos agora. -ela contou, e por um segundo invejei todo o conhecimento que ela parecia ter sobre o Duda. 

Assenti com a cabeça e em seguida ela se virou, indo em outra direção. É engraçado como as vezes julgamos mal as pessoas, mas apesar da sugestão, eu não sabia se conseguiria esperar até amanhã para conferir se Duda estava bem. 

(…)

Samuca

Procurei Vivi pelas ruas, por toda a escola, em sua casa, na minha casa, mas só a encontrei na praia. No mesmo lugar que eu havia encontrado-a chorando a alguns meses atrás e havia levado-a para minha casa. Só que dessa vez ela estava sentada na área, apenas encarando o mar quando me aproximei.

—Não é um pouco tarde para a Cinderela está tão sozinha na praia? -questionei enquanto me sentava ao seu lado. Ela estava com o queixo ajeitado perfeitamente entre os joelhos, mas apenas virou os olhos para mim, indagando:

—Não deveria estar no baile?

—Longa história! -exclamei em um suspiro.

—Por que não me contou, Samuca? -ela sabia sobre minha viagem, é claro que sabia! E agora ela olhava para o mar, como se estivesse com medo da minha resposta.

—Eu não sei. Lembra do dia em que eu te disse que tinha uma notícia boa? Bom, era isso, mas naquela época eu ainda não tinha certeza, e quando eu tive… eu apenas não sei. -respondi, enquanto passava os dedos pela areia.

—Você me deve ao menos uma boa resposta, seu… seu idiota! Era o tipo de coisa que você deveria ter ficado sabendo e ter ido correndo me contar, Samuca! Por que não fez isso? -ela disse, agora estava prestes a se levantar, como se estivesse avaliando se valia ou não a pena continuar ali comigo.

—Quer mesmo saber o porquê? -perguntei, mas ela apenas assentiu com a cabeça, perdendo a paciência. 

—Porque você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida desde sempre! Porque a gente não chega nas pessoas que amamos e simplesmente diz que vai embora, não é certo! -declarei, mas por alguns segundos ambos ficamos em silêncio, apenas refletindo as palavras que eu havia acabado de dizer.

—Você disse que me…

—Sim, Viviane, eu amo você! Quem não amaria? E sinto muito por ter omitido isso de você!

Ela não respondeu, apenas continuou olhando para o mar, surpresa.

Mas, de repente, se levantou, preparando-se para ir embora.

—O que…? -comecei, mas ela me interrompeu:

—Samuca, por que você disse que me ama? -agora eu vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto, o que faz com que eu me sinta a pior pessoa do mundo e me levante no mesmo instante, limpando suas lágrimas. Eu era um completo idiota, como fazia uma garota dessas chorar?!

—Porque é verdade. -sussurrei com sinceridade.

—Samuca, você vai embora daqui a sei-lá-quantos-dias, não pode dizer que me ama agora, você não tem esse direito! Está destruindo meu coração! -ela afirmou, me olhando nos olhos enquanto desabafava, ao mesmo tempo em que mais lágrimas caiam e eu também começava a marejar.

Mas ela apenas afastou minhas mãos do rosto dela e começou a andar para longe dali. Pensei em impedi-la, em gritar, fazer alguma coisa, mas continuei imóvel. Mal acreditando em que eu estava mesmo vendo mais uma pessoa que amava partir da minha vida.

(…)


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Notas finais do capítulo

EU VOU CHORAR!
Galera, queria saber qual personagem da fic é o favorito de vocês? Comentem aí, vaaai!
E também aproveitem pra falar o que acharam do capítulo, e o que esperam para os próximos. Opiniões são sempre bem-vindas.
BEEEEIJO! :*



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