Congelante escrita por Alex Jackalope


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

O time skip agora foi de uns 4 meses,4 meses e meio. Perdão. 8'D Eu to correndo horrores contra o tempo.



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— Ziz, vem cá, vem cá, eu consegui uma colaboração com o clube de química! – A voz de Daemon ecoava pelo corredor pelo qual Ezriel caminhava com Viria e Lou, indo para a cafeteria almoçar antes dos clubes

Os três pararam, surpresos, e Daemon colidiu sem cerimônias nas costas do albino. Segurou seus ombros e olhou com aqueles olhos castanhos brilhando de alegria enquanto o sacudia, quase pulando.

— Por favor, você tem que ver isso, é a escultura perfeita pra você!

— M-mas eu estou indo almoçar – gaguejou Ezriel, dividido entre a curiosidade e a lealdade com os amigos.

— A gente pega um sanduíche natural para você – Viria falou enquanto bagunçava suavemente os cabelos do amigo, a neve caindo suavemente enquanto suas bochechas ficavam arroxeadas.

— É… Aproveita esses momentos sozinhos – Lou mal conteve uma risadinha e levou uma cotovelada na costela de Ezriel, que ficou ainda mais roxo.

Daemon acabou corando de leve, mas fingiu não entender do que estavam falando e apenas puxou Ezriel pelas mangas do sobretudo, correndo para a sala de artes.

Quando chegaram na sala do clube, não tinha ninguém. As mesas ainda estavam bagunçadas do dia anterior, mas a mesa de Daemon tinha uma obra nova. Um coração de vidro cheio de um líquido tingido de azul.

Ezriel foi chegando perto bem devagar. Sabia que a maioria das esculturas de água que Daemon vinha fazendo nas últimas semanas, desde que entrara no clube, se transformavam quando chegava perto com sua aura congelante. Ele era um ótimo aluno, então além de pintar quadros excelentes, sabia melhor do que ninguém combinar química com arte.

Chegou então a um raio de dez centímetros da mesa e o vidro começou a congelar suavemente. O líquido que estava dentro, então, gradativamente mudou do azul para o vermelho, e a luz que entrava na sala atravessava a obra, deixando os dois avermelhados. O que era bom, pois ambos estavam corados, embora as bochechas arroxeadas de Ezriel não ficassem tão discretas assim.

Ele se virou para Daemon, que estava com o rosto um pouco desviado para o lado, visivelmente constrangido, na espera de um tipo de explicação, mas não conseguiu nada.

Estavam vivendo naquele clima há meses. Havia percebido que, apesar de muito extrovertido, Daemon parecia estranhamente sem jeito toda vez que conseguia arrancar sorrisos seus e que se esforçava para incluí-lo em seus projetos, por mais esquisito que parecesse envolver gelo até em pinturas, já que eventualmente gelo derrete.

Tentou ignorar, não criar expectativas para não se envolver emocionalmente, mas cada vez que o garoto sorria de orgulho por tê-lo feito feliz e coçava a nuca sem jeito, parecendo prestes a pular, seu peito se aquecia e sentia vontade de abraçá-lo, mas tinha tanto medo.

Mas não dava mais. Aquele coração cheio de água vermelha havia sido feito especialmente para ele. Daemon tinha se dado ao trabalho de procurar o clube de química para arranjar um corante que mudava de cor de acordo com a temperatura da água, só para que pudesse se aproximar da escultura e entender, de uma vez por todas, o que ele não tinha coragem de contar.

Ezriel olhou para baixo. Respirou fundo. Não queria se aproximar demais, pois sabia o quão forte era a energia gélida de sua maldição, mas não aguentava mais evitar os toques de Daemon. Ele não tinha medo de seu gelo e mesmo assim, tentava protegê-lo. Mas talvez não devesse.

Concentrou o gelo nos pés, para criar um banco de gelo e se nivelar à altura do outro. Cutucou seu ombro e assim que Daemon se virou para olhá-lo e arregalou os olhos de surpresa ao ver seus olhos nivelados pela primeira vez, Ezriel passou os braços em torno de seu pescoço e beijou seus lábios, deixando todo aquele calor acumulado de meses e meses sendo feliz pelas pequenas ações de carinho de Daemon fluírem para a intensidade do beijo, puxando o corpo do moreno para si.

Daemon retribuiu sem pestanejar. Envolveu o torso magro do albino com os braços e o apertou contra o peito. Chegou a deixar escorrer uma lágrima pela bochecha, que rapidamente congelou ali mesmo por causa do frio que Ezriel emanava. Ficaram  ali, com os lábios unidos, se beijando para compensar todos os meses de tensão romântica entre os dois, até que Ezriel percebeu os dentes de Daemon batendo de frio.

Se afastou imediatamente, horrorizado, e percebeu que havia coberto o corpo do outro todo com geada, embora não parecesse tão ruim quanto normalmente.

— Água e gelo não é lá uma combinação muito boa, mas a gente até que se dá bem, não é mesmo? – Daemon brincou, ainda com os dentes batendo de frio e os lábios roxos, ms com o sorriso mais lindo que Ezriel havia visto até então, os olhos completamente apaixonados.

— Não mesmo. Olha pra você… Sua boca está roxa. – Ezriel continuava horrorizado, cobrindo a boca com as mãos. Não podia sequer procurar um lençol para aquecer o outro, deixaria tudo que tocasse gelado do jeito que estava nervoso.

— Tá tudo bem. A gente pode pedir ajuda para a Viria, não pode? Só não sei como a gente faria sexo – riu ao ver os olhos do albino arregalarem ainda mais. – Não fica assim. A gente vai dar um jeito, ok? – Puxou as mãos de Ezriel para si e as beijou suavemente antes de afastar de leve.

— Ok… – Ezriel não acreditava muito, mas no momento, queria ver o outro com aquele sorriso lindo mais uma vez, então não ousaria contrariá-lo.

Seria difícil, mas se Daemon acreditava que podia dar certo, ele queria acreditar também.


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Notas finais do capítulo

Eu tive que correr. ;w; Oh bosta. O próximo capítulo é o epílogo.