Nick desceu do carro e foi direto até o elevador. Não deu a mínima importância aos olhares que recebeu pelas marcas de sangue que suas patas deixavam no piso. Sua expressão não mudou um milímetro quando invadiu a sala do prefeito, que parecia vazia. Mas ele sabia que não estava. Sua postura não mudou quando Highhorn apareceu, carregando em suas mãos a pistola.

Não moveu um músculo quando o rinoceronte falou, debochando dele.

— E então, como vai a coelhinha da páscoa? – o ser mais odioso da face daquele planeta teve a coragem de rir. – Não achei que você fosse desse tipo, Wilde. Já pensou nas crianças?

Nick apenas continuou encarando o céu atrás da mesa do prefeito enquanto os capangas de Highhorn o cercaram, apontando seus rifles de ar comprimido.

Um deles segurava os ombros do prefeito, que parecia tão surpreso com a situação que Nick teria rido. Teria rido há alguns minutos atrás. Não agora.

— Por quê veio, raposa? Pra ficar aí, encarando o nada? Pra morrer?

Nick continuou calado, o sangue de seus pés manchando o tapete.

— Ah, fez dodói? – o rinoceronte deu um passo na direção de Nick, que continuou exatamente na mesma posição. Acho que está precisando de um curativo, oficial Wilde.

Nick esperou.

Highhorn pareceu um pouco desconformado com a falta de reação do outro às suas provocações.

— Peguem ele e coloquem junto com o vice-prefeito. – Highhorn comandou.

Só então Nick falou.

Sua voz estava grossa, machucada, rouca e um pouco chiada, mas cumpriu a sua missão.

— Eu vim te trazer uma mensagem. – a raposa sequer olhou ao redor.

O único indício de que ele falara alguma coisa foi a expressão incrédula de Highhorn, que foi logo substituída por uma cara de deboche.

— Ah, e qual é a mensagem?

O tempo pareceu parar. O ponteiro do caro relógio na parede esquerda da sala custou a mover-se e marcar os segundos.

Três.

Três segundos antes de todo o grupo ser cercado por policiais e ursos polares da gangue do Sr. Big.

Nick finalmente moveu-se, dando um passo adiante e encarando o rinoceronte imenso como se fosse uma gigantesca massa de esterco.

— A mensagem é a seguinte – ele elevou a voz, forçando a sua garganta irritada a responder.

A sala caiu no silêncio de um túmulo antes de Nick falar a única frase na qual a mensagem consistia.

— Primeira regra do Nick Wilde – ele disse – Se alguém achar que é mais esperto que você, deixe que continue achando. Vai ser muito mais fácil derrota-lo.

Nick virou-se e saiu da sala, deixando apenas as marcas de seus pés feridos atrás de si.