Safe & Sound escrita por Ana


Capítulo 8
Chapter Seven - The Big Plan


Notas iniciais do capítulo

Hello ^^
Espero que gostem!



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CHAPTER SEVEN – THE BIG PLAN

“Eu tenho uma pele grossa e um coração elástico”.
— Sia, Elastic Heart

— Eu não acredito!

O sorriso de Tessa aumentou consideravelmente enquanto desviava o olhar para Allison que, após alguma persuasão de Lydia, havia voltado a conversar com ela. Tessa não sabia ao certo o que estava fazendo naquele momento — isso é, além de estar tendo uma noite das garotas com Allison e Lydia —, mas parecia extremamente certo.

Além disso, Lydia parecia bem feliz com a revelação que Tessa havia feito para as duas naquele momento; e Allison, ainda que tentasse disfarçar, soltava algumas risadas sutis e — quando as duas não estavam olhando — demonstrava certa felicidade pelo assunto que havia começado há poucos minutos, quando a curiosidade de Lydia falou mais alto do que seu amor pela supervalorizada privacidade.

Afinal, não era sempre que Tessa revelava que estava, enfim, namorando um cara. Ou melhor, Tessa — assim como Allison e Lydia — tinha a convicção de que aquele era o primeiro namoro da garota, o que já era uma boa notícia para todos; a questão que afligia Allison — ou que ela acreditava afligir Allison — era quem era, na realidade, seu namorado.

Afinal, Isaac ainda era da Alcateia de Derek.

— E como foi o pedido? — Lydia perguntou, os olhos brilhando e a animação transbordada por seus poros — Anda, fala logo!

— Não foi bem um pedido — Tessa tirou a franja do olho e sorriu — Nós estávamos jantando quando ele chegou pra ver se eu estava bem, e como a minha mãe nunca havia me ouvido falar dele ela o convidou para jantar conosco — revirou os olhos — Então nós passamos o jantar inteiro conversando e Isaac disse para ela — fez uma pausa dramática — “Gosto muito de sua filha, Senhora Adams, e se ela gostasse de mim, estaríamos namorando.” — virou-se para Allison — E, bem, você conheceu minha mãe, sabe como ela é — Allison assentiu, os olhos ainda fixos no rosto alegre de Tessa — E ela ficou me olhando como se perguntasse se eu gostava dele e eu simplesmente virei e disse: “Bem, então estamos namorando!”, e aí o Isaac me beijou. Fim do pedido nada romântico.

Lydia, assim como Allison, começaram a rir. Não era como se elas tivessem achado engraçado, na realidade, Tessa acreditava que aquele era o modo das duas mostrarem o quão felizes estavam naquele momento.Tessa surpreendeu-se mais ainda ao ver que a alegria não acabou nem mesmo quando Victoria Argent entrou no recinto, um sorriso — possivelmente sincero — no rosto.

— Qual o motivo de tamanha alegria? — a matriarca perguntou, parecia realmente curiosa com o assunto.

— Bem, que rufem os tambores... — Lydia falou, ao que Allison começou a bater em uma almofada — Theresa Adams tem um namorado!

O sorriso de Victoria se abriu mais ainda, como se a felicidade fosse genuína. Tessa não pôde deixar de sentir um pouco de medo considerando que estava no mesmo território que uma caçadora destemida e medonha, mas seu medo se esvaiu rapidamente quando o sorriso de caçadora de Victoria saiu de sua face e um sorriso de mãe amorosa tomou seu lugar.

— Bem, que tal vocês descerem para jantar e assim me contarem quem foi o sortudo que conseguiu conquistar a Tessa?

Tessa respirou fundo e levantou-se da cama junto de suas amigas. Parou ao lado de Victoria e tocou-lhe o ombro, olhando-a no fundo dos olhos.

— Acho que fui eu quem conquistou o boy magia, Tia Vick.

...

— Por que ele tá aqui?

Tessa sorriu para Scott enquanto passava pela porta da Clínica Veterinária. Allison havia sido convocada por seu pai e Lydia não se sentiu á vontade para continuar na casa após a saída de Allison; alguns minutos — ou talvez segundos — após Tessa deixar Lydia em casa, Tessa foi convocada por Derek para encontrá-los na clínica para uma “exploração noturna” com Scott. Ao que parecia, Scott não sabia ao certo o propósito de Isaac estar com eles naquele momento.

— Preciso dele — Derek respondeu, simplesmente — E eu não sabia se Tessa iria vir se o namoradinho novo não fosse convidado também, e eu precisava de Tessa. Logo, se eu precisava de Tessa, precisava de Isaac também.

Scott virou-se para Tessa que mantinha-se parada na frente da porta da clínica. Por um segundo, um lampejo de sorriso passou no rosto de Scott, mas ele rapidamente sumiu quando viu Derek e Isaac caminhando lentamente para a parte de trás da clínica.

— Não confio nele!

— Pois é, ele não confia em você também! — Isaac respondeu, realmente soando indiferente.

— Isaac!

Isaac desviou seu olhar para Tessa e sorriu, ao que Tessa rapidamente revirou os olhos. Não estava acostumada a trabalhar com Scott e Derek do mesmo lado, mas as coisas pareciam estar caminhando bem, á medida do possível. Claro que as coisas seriam infinitamente melhores se todos confiassem em todos e não houvesse uma pequena crise de ódio sempre que todos se reuniam no mesmo local.

Era por isso, Tessa percebeu, que ela não tinha amigos em sua vida pré-poderes.

— Tess? — Tessa piscou duas vezes antes de desviar seus olhos para Isaac que a esperava no que deveria ser a entrada para os fundos da clínica — Você não vem?

Tessa olhou ao redor em busca de Scott ou Derek; estranhou não ter percebido o afastamento dos três, afinal, desde que havia adquirido seus poderes ela havia ficado muito mais atenta aos detalhes do que antes. Ainda assim, ela não parecia tão atenta quanto poderia estar; na realidade, ela sentia-se como se tivesse viajado para outro mundo por um segundo, como se sua atenção — antes completamente em Derek e em seus problemas com Jackson — voasse para outro local, um local onde ela parecia ser mais necessária do que naquele local, especificamente.

Estranhou, por um segundo, que esse local fosse — ou parecesse ser — uma balada.

Deu de ombros e andou calmamente até o local onde Isaac ainda a esperava. Não deu a mão para ele, eles ainda não tinham chego nessa fase de romantismo; na realidade, não haviam chego nem na parte de “onde ele for, eu vou”, talvez tenha sido por isso que — mesmo que um pouco incomodada — Tessa não havia dito nada sobre o comentário de Derek sobre seu relacionamento com Isaac. Afinal, ela poderia não pensar dessa forma, mas e se Isaac pensasse dessa forma?

Por qual motivo ela estava se preocupado com a qualidade de seu relacionamento naquele momento? Afinal, eles estavam ali para tentar pegar o Jackson, não para consultar o Deaton como conselheiro amoroso.

— Então — Isaac iniciou, encostando-se à mesa — Você é algum tipo de bruxo?

— Não — respondeu — Eu sou só um veterinário — voltou a olhar um dos vidros — Mas a sua amiga é uma bruxa, estou certo?

Tessa levantou o olhar, desviando-o para Deaton no segundo seguinte. Ela sabia que Scott provavelmente teria comentado algo — possivelmente á pedido dela mesma —, apenas não sabia que o comentário havia surtido efeito a ponto de Deaton saber que ela, especificamente, era a tal bruxa. Não que houvessem outras opções, muito pelo contrário, ela só não esperava que estivesse tão na cara que ela era uma bruxa.

Ou melhor, que ela era a bruxa.

— Tess? Tessa!

Tessa piscou novamente, desviando seu olhar para Isaac. Ele parecia confuso, assim como todos ao seu redor, ela pôde perceber. Esboçou seu melhor olhar confuso e viu quando Isaac desviou o olhar para o bolso de sua blusa, onde seu celular tocava insistentemente. Tirou o celular de lá e surpreendeu-se ao ler a mensagem de sua mãe, quase podendo escutar sua voz aborrecida pela noticia.

“Parentes, venha logo para casa. Eles querem te conhecer. – R”.

Tessa estreitou os olhos por um segundo, há muito não ouvia falar de parentes ou até mesmo chegados da família Adams, afinal, a família de seu pai não fazia questão de conhecê-las. Deu de ombros e olhou para Derek que sequer prestava atenção nela.

— Eu tenho que ir, minha mãe precisa de mim — virou-se para Isaac — Se você me levar para casa eu posso te deixar com o carro e você vai me buscar amanhã... Ou você pode ficar aqui com eles, pra mim tanto faz.

— Eu vou — Isaac falou, não parecia arrependido de sua escolha — Você parece meio desligada e eu não quero que você morra em um acidente de trânsito — pegou a mão dela — E eu quero saber o que está te fazendo ir embora assim, então... Volto assim que puder.

Dito isso, os dois deixaram a clínica veterinária.

...

O caminho para a casa de Tessa foi, assim como esperado, curto; infelizmente para ambos, também havia sido extremamente silencioso. Isaac não havia se pronunciado e Tessa — apreciando o silêncio — apenas havia pensado em que parente havia decidido aparecer depois de tantos anos.

Isaac, por outro lado, ponderava no que o silêncio de Tessa queria dizer. Ele acreditava que, conhecendo Tessa, esse era apenas o seu método de manter sua privacidade completamente imaculada, considerando que ela já havia estragado isso ao contar para Lydia e Allison sobre o relacionamento deles. E pensando nisso, Isaac acabou chegando á uma importante conclusão sobre o namoro recém-iniciado dos dois: se ela havia contado para Lydia e Allison, suas melhores amigas, queria dizer que era sério, não? Afinal, quando as coisas são sérias o suficiente a garota imediatamente conta para as amigas, certo? Ele não sabia, afinal, havia nascido homem por um motivo.

Os pensamentos, ambos repararam, era uma boa maneira de mantê-los juntos ainda que estivessem separados pelas palavras; e ambos gostaram disso.

— Está entregue — Isaac falou ao parar na frente da casa de Tessa — Tem certeza que não quer ficar com o carro?

— Não! — Tessa dispensou com um aceno de mão — Está tarde e você é um lobisomem descontrolado, prefiro que você não corra riscos por mim. Ah, e não esqueça de mim amanhã de manhã, por favor.

— Anotado! — Isaac ironizou, fazendo um sinal de “check” com a mão — Até amanhã, Tess.

Tessa não respondeu, seus olhos mantinham-se fixos no rosto de Isaac. Ele a havia beijado na noite anterior, quando fizera o pedido — que não havia sido bem um pedido, por sinal —, isso justificava a vontade crescente que Tessa estava sentindo de beijá-lo naquele momento, certo? Ela não sabia, afinal, aquele era o seu primeiro relacionamento sério e ela não fazia a menor ideia do que deveria fazer naquele momento. Ah, como odiava não saber das coisas!

Isaac, por outro lado, parecia bem convicto do que estava com vontade de fazer, e o fez. Beijou-a sem se importar que fosse o primeiro namorado dela, assim como ela não se importava de que ela fosse sua primeira namorada. Ele não a amava, ele gostava dela, estava apaixonado por ela; ela não o amava, estava apaixonada por ele e para ambos isso era mais do que suficiente, afinal, o amor vinha com o tempo, certo?

Bem, ambos esperavam que sim.

— Até amanhã, Isaac.

Tessa aproximou-se novamente deixando um selinho rápido nos lábios de Isaac antes de se levantar e sair do carro, vendo-o desaparecer no final da rua. Sorriu para si mesma e caminhou lentamente — e apaixonadamente — até a porta de sua casa, abrindo-a rapidamente, encostando-se a ela após fechá-la.

Rebekah apareceu com uma rapidez invejável na sala, os olhos verdes demonstrando dois sentimentos que Tessa raramente via em sua mãe; primeiro a tristeza, como se alguém tivesse lhe dado a pior notícia do mundo, depois disso a raiva, como se alguém tivesse pisado em seu pé machucado. Porém, um terceiro sentimento se fazia presente: a felicidade; felicidade esta que Tessa não via no rosto de sua mãe desde a morte de seu pai.

Não acreditava que Rebekah poderia estar sentindo tantas coisas por causa de um simples parente.

— Onde está Isaac? Pensei que ele viria com você.

— Ele teve que ir embora, está com meu carro — Rebekah sorriu — Eu acho que vou dar um carro de presente pra ele, ou melhor, vou dar o carro da Liv de presente para ele.

— Faça isso — Rebekah riu — Assim eu vou poder dar um novo carro para ela com a desculpa de que o dela foi roubado.

Tessa riu, mesmo sabendo que sua mãe estava falando sério. Olivia tinha um dom e, infelizmente, esse dom era fazer com que as pessoas se sentissem mal sempre que ela pedia algo e essa determinada pessoa negasse; ela havia feito isso com Rebekah ao pedir um carro novo e agora Rebekah se remoia todas as noites ao lembrar que havia negado o pedido de sua filha mais jovem.

Não que Olivia realmente tivesse idade para dirigir até dois dias atrás; a questão é que ela sabia que o carro que um dia foi de sua mãe — um carro bom, por sinal — estava fadado a ser seu. O veículo era praticamente novo, seu único defeito — de acordo com Olivia — era ter sido de sua mãe. Afinal, nenhum de seus amigos iria levá-la a sério se ela usasse um carro que era usado, já que todos ganhavam um novo em seu aniversário. Rebekah estava mal e Tessa se aproveitaria disso para dar um sumiço no carro que era de sua irmã.

Na família Adams todos se ajudam!

— Pois bem, quem é o tal parente que veio nos visitar?

Rebekah pareceu recobrar sua consciência após o comentário de Tessa, acenando com a cabeça para que a filha mais velha a seguisse até a cozinha. Primeiramente Tessa viu Liv sorrindo enquanto conversava animadamente com alguém que ela não reconheceu á principio, mas foi inevitável reconhecer o rosto da pessoa que arrancava sorrisos de Liv.

— Tessa, esse é o seu Tio, Dean Donovan.

Ah, como o mundo dá voltas!

...

— Como assim o gato do Senhor Donovan é seu tio?

Tessa piscou duas vezes e virou sua cabeça lentamente para Lydia que, por sua vez, parecia procurar alguém no corredor. Pensou em perguntar como ela sabia quem era Dean Donovan, mas concluiu de que ela iria se surpreender com o número de pessoas que Lydia conhecia no mundo. Após chegar á essa conclusão, limitou-se á fechar a porta de seu armário e dar de ombros, respondendo a pergunta de Lydia:

— Ele é irmão da minha mãe, passou uns anos fora e agora quer recuperar o tempo perdido ou algo assim — mentiu — Ele namora uma das alunas, eu acho. A Anastácia, lembra?

— Lembro! — Lydia exclamou, estalando a língua logo depois — Vocês pareciam ser amigas, por qual motivo ela não te contou isso. Ah, e por qual motivo você parou de andar com ela?

— Para a pergunta número um, a resposta é ‘não sei’ — estalou a língua — Para a pergunta número dois, a resposta é ‘também não sei’. Por falar nisso, aí vem ela — olhou para Lydia — Posso falar com você depois?

— Claro — Lydia deu de ombros — Vou atrás da Allison. Ou de qualquer um que esteja disponível para uma conversa. Depois falamos sobre o seu tio maravilhosamente gato.

Tessa sorriu enquanto via Lydia sumir após virar um corredor. Virou seu rosto e assustou-se ao ver Anastácia ao seu lado, um enorme sorriso no rosto.

— Vou te ensinar a fazer um feitiço!

— Ah... Calma! — Tessa respirou fundo — Primeiro eu quero perguntar sobre meu aparentemente tio, Dean Donovan. Depois você pode me ensinar o feitiço que quiser.

Anastácia estalou a língua e negou com a cabeça, os olhos ainda fixos na — isso soará estranho — sobrinha. Não tardou a responder, ainda que sua resposta fosse mais completa do que Tessa esperava:

— Tente palavras de trás para frente, sua personalidade mostra que isso lhe fará se sair bem. E sobre Dean... — desencostou-se do armário, saindo de perto de Tessa no segundo seguinte — Converse com ele, ele também não fazia ideia sobre a sua existência.

Tessa observou, confusa, enquanto Anastácia se afastava do local onde antes as duas conversavam. Permaneceu parada mesmo após ver a garota sumir no fim do corredor, tão misteriosa quanto o possível. Piscou — um costume que começou a incomodá-la — e fez seu caminho até a sala de aula, cruzando com a mãe de Allison no caminho.

— Tia Vick? Está tudo bem?

Victoria virou-se rapidamente, sua carranca transformando-se rapidamente em um sorriso ao ver que Tessa parecia, realmente preocupada.

— Tudo ótima, Tessa — aproximou-se da mais jovem, os olhos azuis fixos na garota — Posso te fazer uma pergunta?

— Ah... Claro — Tessa deu de ombros — Qualquer coisa.

— Você sabia que Allison e Scott ainda estavam saindo?

Tessa arregalou os olhos, congelando no lugar. Trocou o peso do pé esquerdo para o direito e negou com a cabeça.

— Não, Tia Vick! — mentiu — Eu sequer podia imaginar algo assim. Quer dizer, até onde eu sabia ela estava saindo com outro garoto. Matt, eu acho.

— Muito obrigada, querida — Victoria sorriu docemente — Aparentemente não foi apenas para mim que minha filha mentiu.

E Victoria partiu, sem olhar para trás. Tessa, por outro lado, olhou imediatamente para trás vendo Isaac se aproximar de si; pegou sua mão e recebeu um simples beijo do namorado, na bochecha.

— O que foi?

— Bem... — Tessa iniciou, desviando os olhos para a porta da diretoria — O meu dia só está piorando, se você realmente se importa com isso.

...

— O que você está fazendo aqui fora?

Stiles assustou-se, virando-se imediatamente ao ouvir a voz conhecida de Tessa; a mesma, por sua vez, sorria alegremente ao perceber que havia assustado o amigo. Stiles, por outro lado, não parecia nem um pouco feliz com o susto que havia acabado de levar.

— Eu perguntaria a mesma coisa, mas você parece não ter vindo pronta para uma balada.

— Não gosto de festas — deu de ombros — Mas, ainda assim, preciso entrar — olhou para o chão — O que é isso?

— É o pó de fada que vai manter todos os seres sobrenaturais presos aí dentro, inclusive você, por sinal — ele não parecia feliz — Infelizmente eu tenho que fazer isso sozinho, então se você quiser não ficar jogando pressão...

— Eu sei que seu pai foi demitido, Stiles — Stiles virou-se para ela, confuso — A minha mãe me contou, estava arrasada. O ponto é: ele é bom, vão trazê-lo de volta; e, o mais importante, depois que ajudarmos Jackson, e nós vamos fazê-lo, ele vai tirar a medida cautelar e seu pai vai poder voltar — Tessa sorriu — Agora eu tenho que encontrar o meu namorado e minha amiga.

— Namorado?

— Longa história — afastou-se um pouco — Até logo, Stiles.

— Ei, Tessa — a garota virou, os olhos verdes brilhando — Obrigado.

Tessa apenas sorriu e acenou, fazendo seu caminho na direção da entrada do armazém. Infelizmente, a primeira imagem que foi capaz de ver ao entrar no local não foi a mais agradável aos seus olhos.

Isaac. Erica. Jackson.

Jackson agarrava Erica.

Isaac também.

Seu namorado estava agarrando sua amiga.

Sentiu seu coração falhar uma batida e podia afirmar que seus olhos estavam ficando roxos; sentiu-se pior ainda ao encontrar o olhar de Isaac que segurava um Jackson desacordado em seus braços, em busca de algum tipo de ajuda no olhar dela. Tessa revirou os olhos e fez sinal para que ele a seguisse, sentindo os olhos voltando á cor normal; viu, também, quando Erica começou a segui-los pouco tempo depois dos dois se afastarem do centro da pista.

Entraram num local que seria facilmente confundido com um banheiro — pelo seu espaço e não pela existência de itens de banheiro no local — e Erica estava prestes a se pronunciar quando a porta abriu, revelando Stiles. Stiles, por sinal, parecia ser a única pessoa que notou a face de descontentamento de Tessa; porém, ainda que tivesse notado, nada falou. Não era hora nem lugar para isso.

— Ele tá bem? — Stiles perguntou. Não parecia apreensivo, sequer parecia se preocupar; estava, no máximo, curioso.

— Não sei — Isaac aproximou-se da cadeira onde Jackson estava sentado levantando a mão e mostrando as garras — Vamos descobrir.

Tudo aconteceu com uma rapidez invejável. No mesmo momento em que Isaac abaixou sua mão, pronto para machucá-lo, Jackson levantou sua mão e segurou o braço de Isaac, quebrando-o. Tessa não pôde deixar de sentir certa satisfação ao ver o ocorrido, afinal, buscava uma maneira de se vingar do namorado — ou ex-namorado —, mas isso parecia uma vingança satisfatória e eficaz, além de dolorosa.

Ela estava, definitivamente, satisfeita.

— Pelo que vimos, acho que é melhor ninguém mais fazer isso aqui, tá?

— Talvez Isaac queira tentar novamente, Stiles — Tessa sorriu — Vamos deixar ele fazer, vai ser divertido ver o Jackson quebrando o outro braço dele.

Os olhares viraram rapidamente para Tessa que mantinha um sorriso melancólico e um olhar raivoso na direção de Jackson. Ela não parecia saber o que estava fazendo mas, ainda assim, parecia ter se divertido com seu comentário anterior. Isaac tentou pegar a mão da namorada, mas ela rapidamente cruzou os braços sem nem mesmo olhar para ele, os lábios curvados em um pequeno sorriso.

— Tente pegar a mão da Erica, ela é sua nova namorada, não?

— O que, Erica... — Isaac parecia confuso — Ah, meu Deus, você viu o que aconteceu lá fora, não viu?

— Pensei que eu tivesse deixado isso bem claro na minha declaração, Isaac — Tessa virou-se para Isaac, ainda sorrindo — Mas tudo bem, eu realmente não ligo, afinal, esse não seria o primeiro fora que você me dá por causa de uma garota bonita — deu de ombros — Agora fique com ela!

— Ah... Gente — Stiles chamou a atenção dos três — Ele abriu os olhos.

Tessa foi a primeira a desviar o olhar, tomando a frente da rodinha de pessoas curiosas que queriam observar a Aberração Jackson Whitemore. Virou-se para Stiles — e exclusivamente para Stiles — ainda confusa.

— Onde é que está a pessoa que controla ele?

Eu estou aqui — Jackson respondeu, sua voz alterada chamando a atenção de Tessa — Bem aqui com vocês.

Tessa deu dois passos para trás, os olhos roxos brilhando. De repente não estava mais naquele quartinho feio que mais parecia um banheiro, encontrava-se em outro lugar do armazém, lugar este cujo cheiro lhe remetia a sua flor favorita, o acônito. Não conseguia ver rostos e nem mesmo ouvia vozes, mas conseguia ouvir gemidos de dor e uma clara ameaça parecia estar sendo revelada para si; enquanto isso, o cheiro ficava cada vez mais forte e os gemidos cada vez mais altos em seu ouvido.

Quando finalmente recobrou a consciência, sentiu alguém a empurrando para trás fazendo com que caísse nos braços de alguém que rapidamente correu para fora do quartinho. Tudo passou por seus olhos como um borrão, inclusive o momento em que correu atrás Stiles para fora do local, ouvindo seus gritos sobre ela não conseguir passar pela tramazeira. Surpreendeu-se mais ainda ao parar e olhar para o chão, vendo que ela havia, sim, conseguido passar a tramazeira.

Seu dia estava ficando cada vez mais estranho.

Não demorou muito para que Isaac e Erica saíssem do local, percebendo que ficariam presos dentro do círculo. Isaac desviou o olhar para Tessa que, por sua vez, parecia estar mais confusa do que o normal.

— Ah meu Deus, tá funcionando! — Stiles comemorou — Eu não acredito! Eu fiz uma coisa!

— Stiles, se tá funcionando... — Stiles virou-se para Tessa — Como eu consegui sair?

O silêncio reinou por um segundo, a troca de olhares demonstrando toda a confusão em que os dois estavam; e foi então que a voz de Derek se fez ser ouvida no meio da discussão de olhares.

— Scott! — virou-se para Stiles — Quebra!

— O quê? — Stiles protestou — Sem chance!

— O Scott tá morrendo! — Derek gritou.

— O quê? — Tessa se fez ser ouvida — Como sabe disso?

— Ah, que droga Theresa, eu sei! — virou-se para Stiles — Quebra logo!

Stiles abaixou-se — ainda que relutante — e quebrou a barreira, seus olhos demonstrando o tamanho de seu descontentamento. Derek correu para dentro do local e Tessa correu atrás, não se importando com as consequências que isso poderia lhe trazer no futuro.

Correu atrás dele até outra sala no armazém, reconhecendo-a das visões que havia tido desde a noite anterior; Derek abriu a porta e entrou, sendo seguido por Tessa logo depois. Tessa não conseguia ver direito o que estava acontecendo, apenas levantou o braço e sentiu seus olhos mudando de cor.

Erap! — O som de alguém caindo no chão pôde ser ouvido. Tessa não sabia quem era, sequer se importava, apenas correspondia a toda a adrenalina que corria por suas veias naquele momento. E foi com aquele mesmo sinal de adrenalina que ela não pensou duas vezes antes de pronunciar a palavra seguinte — Arrom!

Um estalo pôde ser ouvido, um pescoço quebrado, talvez.

Tessa não se importava, de qualquer maneira. A única coisa com a qual se importou foi a escuridão que a tomou após o ocorrido.

...

Tessa encontrava-se sentada no parapeito de sua janela, os olhos vidrados na rua nada movimentada de sua casa. Não havia conversado com Isaac, na verdade, não havia conversado com ninguém além de Derek, que havia lhe contado o que ela havia feito.

Ela estava mal, ou melhor, estava péssima. Sentia-se péssima pelo que havia feito, mas sentia-se mais péssima ainda por saber que, por sua culpa, Allison havia perdido a pessoa que ela mais amava no mundo.

Tessa sentiu-se, pela primeira vez em sua vida, um monstro.

Eu entendo como você se sente.

Tessa virou seu pescoço com tamanha rapidez que sentiu que poderia tê-lo quebrado naquele momento. Colocou a mão no coração rapidamente ao encontrar Dean sentado descontraidamente em sua cama, como se nada mais importasse; sua pose tranquila apenas se desfez quando o olhar de Tessa o fez se sentir culpado por sua felicidade extrema.

— Já matou alguém? — Tessa perguntou, recebendo um sinal positivo de seu tio — Como você se sentiu após isso?

— Destruído — o homem respondeu — Mas passou. E vai continuar passando. O peso nunca irá embora, afinal, esse foi o seu primeiro homicídio. Mas ele vai diminuir — sentou-se ao lado dela — Principalmente por ter sido legitima defesa.

Não foi legitima defesa, ela não estava me atacando — Tessa respirou fundo — Sei como essa coisa funciona.

Foi sim! — Dean garantiu — Você estava mantendo seu lobo seguro, como você está destinada a fazer — olhou pela janela — E Anastácia está sofrendo as consequências, não você.

Tessa pensou em perguntar o que ele queria dizer com isso, mas manteve-se em seu silêncio mais que confortável, apenas sentindo a presença de Dean ali, ao seu lado. Sentindo, pela primeira vez, que alguém da família — além de sua mãe, claro — importava-se com ela.

Sentiu-se, mesmo em meio á todo aquele caos, feliz.

— Vai estar aqui sempre que eu precisar, Tio Dean?

— Ah, não! Não comece com isso — Dean riu — Isso me faz parecer tão velho, sua mãe é a irmã mais velha! — Tessa arregalou os olhos, finalmente percebendo o que aquilo significava. Ignorando a reação da sobrinha, Dean continuou — É claro que eu estarei sempre aqui, Tessa. É isso que significa ser parte da família, não é?

É, podia ser.


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Notas finais do capítulo

Kisses ♥



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