— Você está bem, Vivian? — Perguntou Ravel, preocupado. Logo após o seu ataque surpresa, Pam tinha recuado e desaparecido no bosque. Ravel não a sentia mais no sensor.

— Sim, você a segurou bem na hora que ia me atingir. — Respondeu ela com um sorriso.

— Ainda bem. Quase que não consigo chegar a tempo. — Admitiu o garoto.

— Sério? Mas você pareceu bem confiante quando disse que não seríamos pegos de surpresa.

— Você me conhece, preciso fazer os outros ficarem com o psicológico abalado. — Falou ele, enquanto os dois riam.

— Vamos fazer o que agora, Ravel? — Lana interrompeu a risada dos dois.

— Bom, creio que em breve nos encontraremos com mais pessoas de facção de nível alta, por isso, tomem cuidado. Vamos em direção ao centro do bosque.

Com a habilidade sensor sempre ativada, o grupo do garoto continuou rumando ao centro da floresta. Cinco minutos se passaram até que ele sentiu alguém se aproximando. Eram cinco pessoas.

— Inimigos a direita! — Gritou ele para as companheiras.

Os cinco pararam e aguardaram os inimigos que se aproximavam. Só tinham dois grupos que ainda tinham cinco pessoas vivas, com exceção do deles.

Ravel não acreditava que seria a aliança um, então era muito provável que quem estivesse se aproximando fosse a aliança do Sétimo Fragmento de Gungnir.

Lentamente, cinco garotas apareceram das árvores. A do meio tinha longos cabelos azulados e uma lança de cerca de dois metros de comprimento. Ela bateu com o cabo no chão, fazendo a faixa vermelha, que estava amarrada na lança, balançar.

— Finalmente te achei, Estrategista.

O garoto achou estranho o nome que Melanie o chamou, mas deduziu que essa era a alcunha que as pessoas de nível alto tinham lhe dado.

— Pelo que você fala, parece que estava me procurando, Sétimo Fragmento.

Ela deu um sorriso.

— Então você sabe quem eu sou?

— Difícil não saber quando você anda com essa lança chamativa. — Riu Ravel.

Melanie olhou para a sua lança. Ela virou a cabeça e murmurou.

— Será que é a faixa vermelha? Mas ela fica tão bonita...

Ravel observou o monólogo da garota por um momento e, com um olhar, mandou um sinal para Vivian.

— Lâmina de areia

A lâmina voou rapidamente para cima de Melanie, que mesmo estando cheia de aberturas, cortou-a no meio.

— Não vale atacar quando eu estou distrída. — Disse ela com uma cara zangada. Ravel sentiu vontade de rir, pois ela agia muito como uma garota mais jovem.

— Você fala isso, mas cortou o ataque sem dificuldades nenhuma. Por causa de pessoas como você que bolar planos é tão difícil. — Reclamou ele.

— Não minta. Eu sei que você já tem um plano formado para me enfrentar. — Retrucou ela com um sorriso.

— Você superestima as minhas habilidades. — Comentou Ravel rindo. No entanto, ele já tinha um plano formado para enfrentá-la.

— Que tal uma luta de um contra um? Adoraria poder enfrentá-lo sem ter que me preocupar com mais ninguém. — Ofereceu Melanie, girando a lança nas mãos.

— Sinto-me honrado pelo desafio, mas devo recusar. Você não é alguém que eu consiga derrotar com as habilidades que tenho agora.

— Sério? Que pena. Então isso não vai ter nem graça.

Sem pensar duas vezes, Melanie partiu para cima de Ravel, mas Mai se intrometeu e parou a lança dela com a sua espada.

— Você bloqueou a minha lança? Nada mal. — Comentou ela surpresa.

— Eu que tenho que dizer isso. — Disse Mai. — Quem diria que o poder divino da lança anularia a minha habilidade. Isso vai ser difícil...

Mai provavelmente tinha ativado a sua habilidade para tentar cortar a lança, mas pelo que parecia o poder divino estava bloqueando-a. Portanto, a sua habilidade seria inútil em uma luta contra Melanie.

O que se seguiu foi uma rajada de golpes. Mai atacando e Melanie defendendo. Ravel tinha subestimado Mai. Embora ela claramente não estivesse a altura de Melanie, ela estava conseguindo se virar bem.

As quatro companheiras de Melanie não tinham se mexido, não desejando interromper o duelo entre as duas. Durante o confronto, um aviso informou-os que a Dama do Veneno tinha derrotado os cinco membros da aliança um.

Foi quando o duelo estava chegando ao seu clímax que Ravel captou mais coisas no sensor. Da sua esquerda, um animal estava se aproximando rapidamente. Provavelmente era a Mamba-Negra. Da sua direita, vários dardos de energia apareceram. No entanto, nenhum deles tinha o grupo do garoto como alvo.

Em questão de segundos, uma grande cobra mordeu duas das companheiras de Melanie, que caíram desacordadas. As outras duas foram atingidas pelos dardos de energia e também tinham sido derrotadas. Um comunicado no seu ouvido o informou que a Mamba-Negra tinha ganho dois pontos, assim como a Mestra dos Dardos.

Ravel estalou a língua, irritado. Ele sabia que seriam interrompidos no duelo, por isso não tinha usado nenhuma habilidade, mas ele não esperava que os ataques fossem ser tão velozes. Além disso, ele não conseguia sentir a presença da Mestra dos Dardos, o que indicava que o seu alcance era maior que o sensor.

Melanie também não parecia nada feliz com a derrota de suas aliadas. Ela provavelmente sairia correndo atrás da Mamba-Negra, mas ela sumiu levando os corpos das duas derrotadas. Isso deu um calafrio no garoto, mas ela provavelmente estava levando-as para receberem um soro antiofídico.

Sentindo o perigo Mai recuou, ainda com a espada preparada. Melanie girou a lança no ar e ela começou a emitir uma quantidade absurda de aura divina. Pressentindo que algo vinha, Ravel gritou:

— Desviem!

— Rajada divina!

Ravel pulou para o lado e colocou a mão nos olhos, para protegê-los da claridade. Uma grande quantidade de energia divina tinha sido lançada por Melanie. Passado o clarão, Ravel viu Vivian protegida por um grosso escudo de areia e suas três outras companheiras desacordadas no chão.

“Melanie derrotou três oponentes da aliança dois. Mais três pontos para a aliança seis.”

O cérebro do garoto estava agindo a mil, planejando o que fazer em seguida. Ele esperava que as três fossem ser derrotadas, assim como que os únicos que fossem restar vivos fossem os de facção alta, ele e Vivian.

— Vivian! Vamos nos separar. Consiga alguns pontos!

Falando isso, ele se virou e saiu correndo pela floresta. O sensor indicava que Melanie estava o seguindo. Ele correu por mais um tempo, até que detectou duas pessoas vindo da direção que ele estava correndo.

Ravel parou e observou. Alguns metros atrás dele, Melanie também parou. Na sua frente, duas garotas apareceram. Uma tinha cabelo pretos, presos em um rabo de cavalo, e olhos da mesma cor. A outra tinha cabelos levemente arroxeados, assim como os seus olhos. Ravel suspirou audivelmente.

— Como assim, é alguma festa de “vamos todos nos virar contra o novato”? — Se queixou ele, mostrando um sorriso. As duas a sua frente eram a Dama do Veneno e a Primeira Maga dos Olhos.

— Sabe como é, não podemos deixar o novato andando por aí, achando que manda nas coisas. Fizemos um pequeno cessar-fogo. — Disse Joanne com um sorriso.

O sensor foi a loucura e detectou mais três pessoas. No alto das árvores, ele viu Allie e Pam. Caminhando junto com a sua cobra, a Mamba-Negra apareceu a sua esquerda.

— Queria te enfrentar sozinha, mas acho que vou seguir com elas. Nada pessoal, Estrategista. — Melanie falou, preparando a lança.

— Devo dizer que estou um pouco decepcionada com você, Estrategista. — Disse Sophy relaxadamente. — Esperava bem mais do discípulo da melhor estrategista do mundo.

— Sério? — Perguntou Ravel se alongando. — O que você acha que um bom estrategista faz? Um plano que não vá falhar? Um plano que não possa ser desafiado? Me desculpe, mas o nosso ponto de vista é bem diferente. Para mim, um grande estrategista não é aquele que faz um plano infalível, mas sim que consegue fazer planos para sair de situações adversas.

O garoto acabou de se alongar e começou a dar pulos no lugar. Depois de alguns, ele parou e apontou os dedos, como se fossem uma arma, para Sophy.

— Para provar o meu ponto de vista, permita-me derrotar vocês. Vou mostrá-las porque eu sou o discípulo da melhor estrategista do mundo. Muito obrigado por terem se juntado, me pouparam bastante trabalho.

Sorrindo, ele fingiu atirar com os dedos. Ravel estava pronto para lutar.

Ponto de vista de Vivian.

Logo que Ravel falou para se separarem, Vivian correu para a direção oposta dele.

Felizmente, ela tinha conseguido fazer um escudo de areia bem na hora que Melanie liberou o seu ataque.

Vivian correu pela floresta por um tempo, até parar. Melanie não estava a seguindo, então devia ter ido atrás de Ravel. A garota estava um pouco preocupada com ele, mas confiava no amigo.

Enquanto pensava no que fazer, ela ouviu barulho de respiração. Era como se alguém, ou algo, estivesse farejando pelo bosque. O barulho foi se aproximando, e ela também conseguiu ouvir um rosnado.

Um grande cão de três cabeças saiu de entre as árvores, com uma garota de cabelos negros em cima.

— Frenesi de Areia... Isso vai ser interessante. — Disse Blanca descendo do Cerberus. — Ela não é uma oponente que eu consiga derrotar sozinha. Vou precisar da sua ajuda, Cerberus.

Vivian assumiu uma postura de batalha, enquanto esperava Blanca agir.

As batalhas finais do evento estavam prestes a acontecer. Antes delas ocorrerem, a pontuação era a seguinte:

Em primeiro lugar, a aliança três (Elementais e Deusas do Tempo), com catorze pontos. Em segundo, a aliança seis (Guerreiras Imortais e Espelho Enevoado), com sete pontos. Em terceiro, as alianças oito (Serpentes Venenosas e Espadas do Futuro) e dez (Pégaso Ciano e Eternidade Branca) empatadas, com seis pontos. Logo atrás, as alianças dois (Cavaleiros Dragões e Lamia Escarlate) e cinco (Lua Estilhaçada e Imperadoras do Vazio), com cinco pontos.