F O X escrita por Paulie


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody!

Primeiro, agradecendo a todos os comentários, acompanhamentos e favoritos - adoro vocês, pessoal ♥

Em seguida... Boa leitura!



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Capítulo II

 

—Hugo! – a irmã gritou antes que ele entrasse na sala para a aula de poções.

—Rose? – ele parou a caminhada, esperando que ela o alcançasse.

—Hey. Você vai passar o Natal em casa?

—Acho que não... Sabe, um monte de pergaminhos para entregar.

—Hugo, a professora está chegando, você vai ficar de fora – cantarolou Lily pela porta da sala, por onde somente sua cabeça era visível – Ei Rose.

—Preciso ir – Hugo, receoso em realmente perder a aula, foi até a irmã dando-lhe um beijo na bochecha cheia de sardas – Até depois, Rosie.

—Escreva à mamãe, ela está indignada que não tem cumprido a promessa de “escrever toda semana”. Até – sorriu, vendo o irmão caminhar e sumir pela porta pesada de ferro que levava à sala de aula.

Rose caminhava feliz pelo caminho até a sala comunal: seu novo método de estudos funcionara perfeitamente bem e lhe rendera uma nota máxima na tarefa de transfiguração. Se seguisse nesse ritmo, acreditava, poderia até mesmo ir muito bem nos NIEM’s.

Tinha o horário livre, e resolveu passa-lo na torre de astronomia, afinal, era o local perfeito: não tão frio, apesar do inverno que rigoroso abalava Hogwarts, e a possibilidade de observar o terreno da escola, que, coberto pela neve, se assemelhava a um enorme bolo coberto de chantilly.

Jurava que podia até mesmo sentir o cheiro do chantilly, era só se esforçar um pouco e conseguia diferenciar o leve odor de limão. Não pode deixar de pensar na maravilhosa torta de limão que vovó Molly faria para o natal, e a vontade foi de realmente jogar todos os estudos para o ar, embarcar no trem e passar todo o feriado aconchegada em seu suéter, bebendo chocolate quente e comendo a torta.

—Sonhando acordada, Weasley? 

—Como se fosse da sua conta, Malfoy – respondeu mostrando língua, e sentando-se ao lado do garoto – O que te traz aqui nessa maravilhosa manhã?

—Não seja tão irônica. Só há neve para todos os lugares.

—E, por um acaso, não posso gostar da neve?

—Não a ponto de usar “maravilhosa” como adjetivo.

—Gosto não se discute – ela deu de ombros.

—Gosto não se discute – repetiu o gesto.

Sentados lado a lado, Rose pensava em como, mesmo o loiro tendo surgido inesperadamente em seus planos da manhã solitária no topo da torre, ainda assim não havia sido uma mudança ruim.

A verdade é que, depois de muito tentar seguir a risca o pedido do pai de “tentar superá-lo em todos os exames” e manter-se ao máximo neutra perto do rapaz e do primo (sobretudo devido ao fato que Scorpius a superara no primeiro teste de Feitiços que tiveram), não suportou mais e acabou cedendo.

Acabou cedendo a todas as vezes que ele simplesmente sentava a sua frente, quando Albus por vezes ia em uma das muitas visitas a Hagrid ou professor Neville (nas ocasiões que Rose não podia ir por estar ‘demasiada ocupada com as diversas atividades curriculares’, que era como a ruiva costumava dizer), observando ela escrever seu extenso pergaminho com a letra bordada, como se perguntasse a si mesmo “Como a letra dela continua a mesma depois de mais de um metro?” ou talvez fosse “Ela é humana?”. E, claro, a todos os momentos em que ele implicou seus cabelos – estariam mais para ‘jubas completamente desorganizadas e incontroláveis’ na época – e ela apenas revirou os olhos.

O fato era que agora a convivência entre eles era suportável. Na verdade, era pacífica e amigável, provavelmente. “Olá Malfoy”; “Como vai, Weasley?”; sempre educados. Até porque, uma hora ou outra, acabariam assim; afinal, Albus era o elo entre eles, e hora ou outra, mesmo com a presença do primo, seriam obrigados a conversar.

Só... Evitavam estar juntos em momentos em que Albus não estivesse presente.

Seja o que fosse, eles estavam ali, observando a manta branca de neve que cobria Hogwarts, com pensamentos divergentes.

—Onde vai passar o natal? – ele perguntou, em um ponto que ela havia até mesmo esquecido de sua presença ali.

—Aqui mesmo. NIEM’s e tudo mais – simplesmente disse – E você?

—Aqui – a sobrancelha levantada de Rose para ele já transmitia a pergunta ‘estudando?’ – Meus pais vão para o chalé dos meus avós, na Suíça, e Lucius Malfoy não sabe lidar com o neto que está no sétimo ano e ainda não escolheu para o que prestar os NIEM’s.

—Então, o neto convenientemente vai passar o feriado na escola?

—Exatamente – sorriu.

—Bem, - a ruiva disse depois de um tempo – espero te ver durante o feriado então.

Levantou-se e espanou a saia, removendo qualquer pó que por ali tivesse – um gesto já característico seu, em analogia à uma raposa que limpa seus pelos – e sorrindo ao rapaz.

—Também espero.

—Até, Malfoy. – se despediu com um aceno de mãos.

***

—O que aconteceu, Rose? – um Scorpius com o rosto amassado, calças de pijama, uma velha blusa do time de quadribol e os pés descalços.

Ele fechou a porta atrás de si, após murmurar um “ninguém” à pergunta de “quem infernos estava chamando de madrugada” de um dos colegas. Ela não lhe respondeu, ficando do mesmo jeito desde que chegara.

—Vamos pra outro lugar – ele tocou o cotovelo da garota, como se tentando acordá-la de um transe – Só espera um pouco, ok?

Voltou apressado ao dormitório, pegou a capa de Albus – infelizmente, James estava com o mapa essa noite, teria de improvisar –, murmurou um “me empresta?” para o amigo e saiu novamente para o corredor. Por sorte, Rose ainda estava do mesmo jeito.

Ela iniciou a caminhada rumo ao salão comunal, e antes de saírem pelo retrato da Mulher Gorda, esperou que o loiro os cobrissem com a capa do primo – o que, pela altura do rapaz, fazia com que ele tivesse de se curvar sobre si mesmo.

—Vamos – ele disse, quando achou que seus pés estavam disfarçados o bastante para não serem notados.

Conduziu-a a torre, lugar onde ele sabia que a ruiva gostaria de estar. Sentaram-se à beira, com os pés balançando livres junto ao vento.

—E então... – ele disse após esperar um tempo, inutilmente, pela fala da garota.

Agora, a lua fornecia luz suficiente para que ele pudesse notar o rosto vermelho da garota. Até mesmo ele, que podia não ser o cara mais detalhista do mundo, podia apostar que ela estivera chorando. Notou também o papel de presente – ou melhor, o embrulho – que ela abraçava.

Pela primeira vez desde que souberam do falecimento dos pais de Rose, Scorpius a via com os cabelos soltos. A lua, agora cheia, que preenchia o céu tornava o rosto da garota, se possível, mais ainda semelhante ao leão de sua casa – ou seria a raposa que enfeitava todos os pertences da garota?

—É o presente dos seus pais? – ele apontou para o embrulho, recordando daquele que era segurara com animação no dia do natal.

Em um aceno afirmativo, obteve sua resposta.

Rose respirou fundo, colocou a franja para atrás da orelha e respirou fundo. Estava agindo como uma garota tola agora e, por Merlim, ela odiava parecer tão frágil frente a Scorpius naquele momento.

—Eu... Ainda não abri meu presente de Natal – ela sorriu, lembrando-se do que conversaram aquele dia – E achei que, talvez, você pudesse me ajudar. Quer dizer, que tipo de pessoa ganha um presente e não o abre na hora? Não é? Eu só queria que pudesse abrir e mostrar pra mamãe o que eu achei do presente, e agradecer. Eu só gostaria, Scorpius, de ainda tê-los comigo. Mas, como eu não fui passar o Natal em casa, agora eles estão mortos, e eu não posso mais dizer isso a ela, ou a papai – ela encarou o garoto, sentindo os olhos úmidos – Eu só queria que tudo voltasse a ser como era.

—Eu não posso dizer que vai voltar – ele praticamente sussurrou, mantendo o olhar – Mas posso te ajudar a enfrentar, Rose.

Ela acenou, não sabendo o que dizer. Dando um passo a frente, ele envolveu os braços pelo corpo dela, a abraçando.

—Vai ficar bem, Rosie. – ele sussurrou junto ao cabelo da garota, enquanto sentia que ela agarrava a sua camisa e começava a chorar – Vai ficar tudo bem.

***

—Você só pode estar brincando – Albus bateu com a mão na mesa em frente Rose, assustando-a.

—Acho que você vai ter de ser um pouquinho mais específico – ela utilizou o tom irônico tão próprio dela.

—Quer que eu liste? Tudo bem – ele deixou o malão que estava arrastando atrás de si do lado do banco do salão principal, antes de sentar-se em frente a ruiva – Um, você não vai passar o Natal na toca. Dois, você vai passar o feriado estudando— apontou para o enorme livro aberto diante da garota para provar seu ponto – E eu já comentei, por Merlim, que você não vai passar o Natal na toca?

—Depois a dramática sou eu – Lucy disse, colocando a mão no ombro do primo – Realmente vamos sentir sua falta, Rose. Não que eu esteja reclamando, até porque, assim vai sobrar mais torta de limão para mim, e você pode ter certeza que vou fazer questão de comer cada pedacinho que seria seu. Nos vemos em breve, prima. E deixa ela em paz, Albus. – mandou beijinhos pelo ar em direção à ruiva e uma careta para o outro.

—Ainda não acredito que você não vem, Rose. – ele murmurou.

—Deixa eu adivinhar – Scorpius disse, alcançando o lugar ao lado do melhor amigo – Está tentando convencer Rose a ir para o Natal?

—Exatamente – foi a garota que respondeu – Não que vá adiantar.

—Vocês dois são uns merdas – ele disse, erguendo-se do lugar e arrastando o malão rumo a porta de entrada – Espero que aproveitem o Natal – ainda gritou – Sozinhos!

Saiu pela porta, sorrindo maliciosamente para os dois, e acenando.

—Em um ponto ele está certo – o loiro comentou, casualmente.

—Em qual?

—Você não vai passar o Natal estudando, vai? Quer dizer, tudo bem, o feriado é muito tempo. Mas pelo menos no Natal você vai dar uma pausa, certo?

—Quem sabe – respondeu, sabendo ser essa a resposta que ele queria ouvir, embora internamente gritasse um “não”.

...

Provavelmente comera demais no banquete de Natal. Não, provavelmente não: com certeza comera demais no banquete de Natal. Deitada na sua cama – sem nem ao menos precisar puxar as cortinas, por Merlim, o quanto amava passar o feriado ali sozinha – tinha a mão repousada sobre a barriga que estava até mesmo estufada. Ela nem ao menos sabia que conseguia comer tanto assim.

Tudo bem, pode ser que ela tenha comido um pouco demais porque acabou em uma aposta idiota com Malfoy – aí estava: o feriado estava deixando ela maluca, com certeza. Apostando com ele quem comia mais pudim? Depois de um jantar inteiro? Ela definitivamente não estava em seu juízo perfeito.

Pelo menos, já havia visto Hugo e lhe entregado seu presente de Natal. Como era de se esperar, a mesa da Ravenclaw era a que possuía mais integrantes na ocasião, e Hugo parecia estar se divertindo – já que a maioria dos seus colegas também haviam ficado. Feliz, Rose lhe desejou um feliz Natal com um beijo estalado na bochecha sardenta do irmão, lembrando o garoto de escrever algo para a mãe – ou ela realmente entraria em colapso.

Agora, pensava seriamente em suas opções. Podia simplesmente virar para o lado e dormir – o que parecia uma ótima escolha –; podia acabar de estudar aquele livro enorme de Runas – o que não era tão atrativo, mas se fazia necessário –; e podia também...

Enquanto divagava, foi interrompida pelo bater na porta. Confusa, levantou-se para atender. Quer dizer, quem viria ali chama-la – nota-se que depois do horário de recolher – em pleno 24 de dezembro? Considerando apenas continuar deitada e fingir que não tinha ninguém, foi obrigada a levantar quando o visitante bateu mais uma vez.

—Já vou – murmurou. Um novo bater, dessa vez mais urgente, a levou a dizer, irritada – Já disse que já vou, merda.

Ao abrir a porta e deparar-se surpresa com os cabelos loiros de Malfoy, não teve nem tempo de esboçar uma reação antes dele disparar um “Quem diria! Rose Weasley também fala palavrões, senhoras e senhores”.

—Lógico que falo – ela murmurou – Quem não fala? E que merda você está fazendo aqui?

—Estou mesmo achando que “merda” é seu palavrão preferido.

 -Merda não pode nem ao menos ser considerado um palavrão, Malfoy. E você ainda não respondeu o que está fazendo aqui.

—É quase Natal. Vamos lá, não vou deixar você ficar aí estudando.

—Não vai deixar? – ela ceticamente ergueu a sobrancelha em um perfeito arco.

—Sem essa coisa da sobrancelha hoje. Vamos lá, Weasley.

Ele a puxou pelas mãos, agarrando firmemente as da ruiva e tirando-a do dormitório.

—Vamos, Rose – ela não deixou de reparar que ele havia a chamado pelo primeiro nome.

—Ok, ok. – ela acabou por se render – Onde vamos?

—Ter um Natal, oras – ele respondeu, sorrindo largamente.                       

...

—Onde está me levando, Malfoy? – ela perguntou, sendo praticamente arrastada pela mão pelo garoto, ansioso.

Por mais que conhecesse Hogwarts – de suas andanças, das histórias dos pais –, a noite a escola tomava proporções misteriosas. As paredes de pedra que durante o dia conferiam todo aquele ar imponente ao lugar, à noite podia muito bem esconder alguém. Embora isso não a afetasse tanto – bendita coragem grifinória – o fato de não saber para onde estava sendo levada a incomodava.

—Para onde estamos indo, Malfoy? – ela insistiu.

—Por Merlim, Rose, relaxa. Não estou te sequestrando, para te estuprar, matar e pedir um resgate pelo seu corpo. Se eu fosse te sequestrar não seria aqui em Hogwarts, relaxa.

—Ah, agora estou super relaxada – ela rolou os olhos.

Ele repetiu o gesto dela, seguindo em frente. Quando enfim parou em frente a uma parede – “por que raios eles parou aqui?” – e simplesmente começou a encará-la, Rose começou a pensar se ele não tinha bebido algo. Quer dizer, até parecia que ele esperava que uma passagem secreta, ou uma porta mágica, se abrisse ali e...

E Rose percebeu que estavam no sétimo andar, que estavam à porta da Sala Precisa, quase no mesmo instante em que a porta se materializou e ele a puxou para lá dentro.

—Bem-vinda ao nosso Natal, Weasley – ele disse, sorrindo.

***

—Eu quero ir lá, Scorpius – ela sussurrou, um tempo depois.

—Ir lá?

—Nos meus pais. Quero ir lá.

—Ah, claro, é claro – ele disse, assimilando que ela falava sobre o cemitério. – A gente pode ir amanhã, eu converso com a McGonagall e não vamos ter problemas, porque já temos dezessete e...

—Não, eu não quero ir amanhã. Eu já ajeitei tudo, e preciso da sua ajuda, Scorpius. Você vai me ajudar?

—Você quer ir lá tipo hoje?

—Eu quero ir lá tipo agora. – ela respondeu, encarando o loiro – Não vai começar a ser um chato de galochas agora, vai?

—Seguir as regras sempre foi seu feitio, Rose, não meu – ele sorriu – Vamos lá, você é o cérebro da operação. Quais são os comandos, R?

—R? – ela fungou, passando as mãos pelo rosto e cabelos como se aquilo pudesse apagar a memória de lágrimas recém caídas.

—É estilo MIB, aquele filme trouxa, sabe?

—Claro que sei. Presta atenção então, S.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, de coração.

Sei que esse capítulo não foi muito esclarecedor, mas espero que percebam que estamos descobrindo como foi o Natal de Rose, ao mesmo tempo que ela está lidando com o luto - de maneira mais expressiva, agora.

A propósito, eu fiz uma alteração no capítulo passado. Havia colocado que a Dominique estava chamando a Rose - mas esqueci do detalhe que nesse ano, ela já estaria formada. Então, modifiquei para a Lucy, ok? Não há nenhuma alteração no sentido, na verdade, mas gostaria de deixar isso claro e pedir desculpas pelos erros.

Espero não decepcioná-los.

Até o próximo - na verdade, até nos comentários, certo? Haha

Beijos ♥

Paulie