A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 7
Capítulo 7




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  — QUE?! — Gritei para a voz de Percy, que me chamava em algum lugar ao longe.

 

  — Ei, pra que todo esse stress? — Perguntou ele, surgindo por entre as árvores.

 

  — Não é stress.

 

  Percy me ignorou. — O que é isso com a sua mão, Nico?

 

  — Ah. Isso. Bem, Mel e eu resolvemos duelar. E essa foi a, hm, conseqüência.

 

  — E que conseqüência, hein. Aposto que você deixou ela ganhar.

 

  — Que nada.

 

  — Quer ver por si mesmo, Jackson? — Perguntei, já arrancando o pingente de novo e  revelando minha lança. Os olhos de Percy ficaram enormes quando ele viu o tamanho da minha arma.

 

  — De onde você tirou isso?

 

  — Um presente dos deuses. Agora, me diga, quer testar ou não?

 

  Vi que Nico estava tentando não sorrir, mas sem sucesso. De que ele estava rindo?

 

  — Outra hora. Quíron quer falar conosco.

 

  — Ah. Ok. Já vamos aproveitar e fazer uns curativos nesse dedos, Nico.

 

  — Já vão sarar. — Replicou ele.

 

  — Caramba, quantas vezes preciso dizer que nem o filho do deus dos mortos é de ferro?

 

  — Não é mais útil pegar um candelabro pra segurar a vela, em vez de mim?

 

  — CALA A BOCA, PERCY! — Nico e eu gritamos ao mesmo tempo. Depois disso nos olhamos e rimos. Percy também riu, e ficou quieto.

 

  Quíron estava na varanda da Casa Grande, jogando cartas com Dioniso, Grover e um sátiro velho. Assim que nos viu, sua expressão ficou mais séria e ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para algo.

 

  — Percy. Melanie. Nico.

 

  — Olá, Quíron, Grover, você aí que não sei o nome. — Cumprimentei-os. — E olá, Sr D. — Acrescentei de má vontade quando Percy me deu uma cotovelada.

 

  Os sátiros cumprimentaram a mim e aos garotos, e o Sr D resmungou algo sobre Milena, Perry e Nicolau. Revirei os olhos.

 

  — NICO DI ANGELO, O QUE SÃO ESSES SEUS DEDOS?! — Exclamou Rachel, a mortal ruiva que era o Oráculo, saindo da casa. — Você precisa de um curativo. Vem!

 

  Fui tomada por uma onda de ciúmes, principalmente quando Nico foi sem hesitar e sem nem olhar pra mim. Cafajeste.

 

  — O que você quer, Quíron? — Perguntou Percy por mim.

 

  — Ah, sim. Bem, garotos, eu tenho uma missão para vocês.

 

  Percy arregalou os olhos. — Uma missão?! Acho que não temos nenhuma desde que Cron...

 

  — Eu sei, eu sei — interrompeu Quíron enquanto fazia uma jogada que fez o sátiro mais velho franzir as sobrancelhas. — Mas agora temos mais um problema, e precisamos de nossos meios-sangues mais poderosos para resolvê-lo. Thalia já está a caminho para ajudar.

 

  — Pelos deuses, Quíron. O que aconteceu? — Perguntei, preocupada.

 

  — É Tífon. — Disse ele com expressão abatida. Senti Percy enrijecer ao meu lado. — Ele estava aprisionado no Monte Santa Helena. Três anos atrás, Percy causou uma erupção lá, o que fez o monstro se agitar. Depois de um tempo tranqüilo, ele acordou de vez, e parece estar tentando fugir.

 

  — Em resumo, precisamos que os meios-sangues deem um chega-pra-lá no monstro mais poderoso de todos, que Zeus mal conseguiu vencer três mil anos atrás. — Falou o Sr D, sorrindo presunçosamente enquanto fazia uma jogada que fez Grover mordiscar uma lata de Coca-Cola com mais afinco.

 

  — Ah, então é só isso? Vocês simplesmente nos dizem que temos que ir ao outro lado do país para enfrentar o pai de todos os monstros assim, casualmente, jogando cartas, como se estivessem nos mandando limpar nossos chalés? — Perguntei.

 

  — Queria que fizéssemos uma cerimônia com direito a discurso pré-escrito, filha da Noite? — Perguntou Dioniso. Céus, como esse velho gordo me irritava.

 

  — Como é a coisa? — Perguntou Nico, voltando com os dedos enfaixados e Rachel logo atrás dele.

 

  — Temos que enfrentar Tífon. — Explicou Percy. — Nós três, e Thalia.

 

  — Nossa. Quando partimos?

 

  — Ei, esperem — Disse Quíron. — Vamos consultar Rachel primeiro.

 

  — Aí, lembraram de m... — A ruiva comemorava com ironia, mas não chegou a completar a frase. Seus olhos já verdes ficaram brilhantes e enormes, e quando ela falou, já não parecia mais uma garota, e sim três:

 

  “Para o oeste, os mais poderosos irão

  Acompanhados da sabedoria, cinco formarão

  No oeste, mais tempo vão ficar

  Para do abismo, três resgatar

  A batalha terminará pela filha da escuridão

  E ao final, seis retornarão.

 

  Rachel cambaleou e se apoiou em uma cadeira. Ela levou a mão à cabeça e resmungou alguma coisa ininteligível.

 

  — Seis retornarão? Como assim seis, se vão ir cinco? — Perguntei.

 

  — Uh? — Rachel resmungou, me olhando estranho. Então ela pareceu entender  do que eu falava e mudou de expressão subitamente. — Reflita, meu bem. — Disse ela, vagamente, enquanto nos dava as costas para voltar para dentro da casa. — As profecias não foram feitas para serem claras. 

 

  Resmunguei um “hm”, e fiquei pensando no verso sobre a filha da escuridão. Seria eu essa filha? Acho que sim... E que história de abismo era aquela? 

 

  — “Acompanhados da sabedoria, cinco formarão”... — Disse Nico. — A sabedoria seria alguém de Atena?

 

  — Eu!

 

  Annabeth havia chegado à varanda, o rosto corado por estar treinando na parede de escalada debaixo do sol forte de verão. Usava camiseta do acampamento e uma calça de ginástica justa com tênis, os cabelos loiros presos em um rabo-de-cavalo. Mesmo vermelha, cansada e toda suada, Percy a olhava como se ela fosse uma deusa maior que Zeus. Me perguntei se algum dia Nico olharia para mim daquele jeito.

 

  — Desculpem, eu estava passando por aqui e não pude deixar de ouvir... Enfim, já sabem, se precisarem de alguém de Atena...

 

  — Claro, claro. — Disse Percy, pegando na mão dela com um sorriso.

 

  — Então somos nós quatro, e Thalia? — Confirmou Nico.

 

  — Exato. — Disse uma voz feminina que eu não conhecia. Olhamos na direção da voz e vimos uma garota de cabelos pretos e olhos azuis com um arco prateado nas costas, uma presilha em formato de uma lua prateada em seu cabelo. Essa devia ser Thalia, a filha de Zeus que morreu e virou pinheiro, aí reviveu e virou a comandante das Caçadoras de Ártemis quando a antiga comandante, Zoe, morreu com um ferimento do dragão Ládon.

 

  É, Nico e Percy haviam se encarregado de me manter informada da história toda.

 

  — Thalia. — Quíron a cumprimentou com um aceno de cabeça. — Devo lhe apresentar nossa mais nova campista. Thalia, esta é Melanie, filha de Nyx.

 

  — Nyx? — Thalia parecia pouco surpresa. — Já imaginava, com essa lua na cabeça. Espero que os mortais não possam ver isso, ou vão te achar uma maluca que faz tatuagens de luas na testa. Enfim, prazer em conhecê-la, Melanie.

 

  Eu havia me esquecido completamente da lua que marcara minha testa desde que Nyx me reconheceu. Isso era aparentemente uma característica dos filhos dela, sejam semideuses mortais ou não.

 

  — Ótimo. Agora que já terminaram as formalidades, vão arrumar suas coisas, que vamos jantar em vinte minutos, e vocês partirão amanhã, às cinco da manhã. — Informou Dioniso, parecendo ter prazer em ver nossas caras de desgosto com o horário.

 

  — Cinco da manhã?! — Exclamei. Claro, tinha que ser a idiota aqui pra confrontar um deus. — Mas... Mas nós somos adolescentes ainda. Nosso relógio biológico está todo desregulado. Vamos ficar muito cansados, vamos parecer umas baratas tontas por aí, os monstros vão nos pegar de primeira e os deuses vão ter que parar de frescura e irem por si mesmos enfrentar Tífon.

 

  Senti Quíron, os sátiros e os semideuses ao meu lado prenderem as respirações.

 

  — Pensei que Hermes houvesse dito que você parasse com a petulância, garota.

 

  — Hm, é, ele disse. Mas não estou sendo petulante. Estou declarando um fato de que o senhor é aparentemente inconsciente, Senhor D. — Esperei realmente que ele sentisse o sarcasmo profundo na minha voz. Ah, como eu adoro irritar o diretor do acampamento.

 

  — Sua...

 

  — ENTÃÃO, ACHO MELHOR ARRUMARMOS NOSSAS COISAS! — Exclamou Annabeth, interrompendo Dioniso antes que a coisa ficasse feia.

 

  — É, EU CONCORDO COM A ANNABETH. Vamos, Mel. — Nico me pegou pelo braço e me tirou de lá, enquanto Annabeth fazia o mesmo com Percy. À medida que nos afastávamos, a mão de Nico desceu do meu braço para a minha mão. Eu já havia sentido a mão dele na minha umas duas ou três vezes, mas ainda sentia aquela sensação quente de conforto e aquele arrepio no braço inteiro.


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Notas finais do capítulo

não sei criar profecias, oi QQQQ

reviews? =D