A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 15
Capítulo 15




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  Acordei com a cabeça doendo demais, e eu sentia que uma das minhas asas estava quebrada, apesar de já estar muito melhor. Eu estava atirada em um solo arenoso. Era meia-noite e meia. Estávamos em algum tipo de deserto, a lua cheia se destacava no céu com poucas estrelas. A noite estava linda, eu adorava parar e olhar para o céu quando ela estava assim, me ajudava a pensar.

 

  Sentei na areia, meio tonta. Olhei em volta. Realmente, estávamos em um deserto, eu não via nada além de dunas de areia, tocas de bichos, plantas rasteiras, alguns cactos e... Annabeth sentada ao meu lado.

 

  — Ah, olá. — Ela disse assim que percebeu que eu a observava.

 

  — Como... Como viemos parar aqui? Onde estamos?

 

  — Bem, onde eu não sei dizer. Mas é certo que viemos parar aqui com o furacão de Bóreas. Ele ficou furioso mesmo.

 

  — Ah. Onde estão os outros? — Olhei em volta mais uma vez, para me certificar de que estávamos sozinhas. Meu coração se apertou um pouco. Onde estava Nico?

 

  — Não sei. Bóreas deve ter mandado eles pra outro lugar. Um lugar bem longe daqui. — Annabeth baixou o rosto e vi que ela mexia em um colar cheio de contas, mais em uma conta específica... Uma conta verde com um tridente.

 

  — Ah. Isto? — Ela percebeu que eu a olhava. — É meu colar do acampamento. Ganhamos uma conta pra cada verão sobrevivido. Cada conta é marcada com um símbolo do acontecimento mais marcante do verão.

 

  — E essa com o tridente é do ano que descobriram um filho de Poseidon. Percy. — Deduzi.

 

  — Sim. — Annabeth assentiu timidamente e voltou a mexer em seu colar.

 

  — Olha, Ann — falei depois de um tempo —, acho melhor a gente ir andando. Não acho que seja seguro ficarmos aqui, no meio desse deserto. Pelo menos um pouco perto da civilização a gente tem que chegar.

 

  — Mas... Estou tão cansada. — Eu já havia me levantado, Annabeth me olhou. Seus olhos cinza estavam tristes.

 

  — E eu estou cansada, com dor de cabeça e com uma asa quebrada em fase de regeneração. Vamos agora?

 

  — Mas...

 

  — Annabeth. — Interrompi. — Estou sentindo uma presença. Precisamos sair daqui. A não ser que você queira morrer.

 

  Sei que peguei pesado com ela, que estava cansada e se sentindo sozinha longe de Percy. Eu sabia bem como ela se sentia, meu caso talvez fosse até pior que o dela, porque eu estava bem pior fisicamente. Mas eu realmente estava sentindo algo se aproximando, e nós precisávamos sair dali rápido. Tentei me transformar em sombra, mas eu estava tão esgotada que não conseguia nem isso. Toda minha energia estava concentrada na asa machucada, que estava se regenerando a uma velocidade impressionante.

 

  Annabeth levantou e começamos a andar em um ritmo um pouco mais rápido que o normal. A presença estava cada vez mais próxima, até...

 

  — Annabeth — sussurrei para ela. — Corra.

 

  — O quê?

 

  Mas eu não expliquei. Peguei ela pelo braço e saí em uma corrida desabalada. A presença estava próxima demais. Graças aos deuses Annabeth entendeu rápido o recado, e não precisei me esforçar para arrastá-la comigo, e soltei seu braço. Logo, parecíamos duas loucas correndo pelas nossas vidas no meio de um deserto sem ninguém... Aparentemente.

 

 

P.O.V Nico

 

  Tive um sonho horrível.

 

  Eu estava em um deserto, e eu via duas pessoas correndo de longe. À medida que se aproximavam, pude identificar que eram duas garotas, a mais velha era loira, tinha cabelos cacheados, usava uma camiseta laranja. A outra tinha cabelos pretos, olhos escuros, e... Asas. Annabeth e Melanie. Meu coração deu um salto.

 

  Algo estava errado. Elas estavam correndo como se fossem salvar suas vidas. Se havia algum perigo, por que Mel não se transformava em sombra, e por que Annabeth não usava seu boné da invisibilidade?

 

  De repente, algo pulou da terra na frente delas. Annabeth gritou de susto, Melanie a pegou pelo braço e correu em outra direção a uma velocidade que nunca vi antes, a coisa que havia assustado elas em seu encalço.

 

  — Melanie? — Ouvi Annabeth falar, a voz carregada de cansaço.

 

  — O que é, Annabeth? — A voz de Melanie também demonstrava cansaço, mas também  irritação e impaciência.

 

  — Você sabe o que era aquilo, certo?

 

  — Errado.

 

  — Aquilo era a Anfisbena. É uma cobra com duas cabeças, uma em cada ponta do corpo. É um monstro venenoso, rápido e que pode se movimentar por baixo da terra. Mel, não importa o que aconteça, não olhe nos olhos da Anfisbena. Se você faz isso em noite de lua cheia, morre na hora.

 

  — Tá, tá, já entendi, agora pára de falar e corre, que o bicho tá próximo!

 

  — Mas o que a gente faz? Só corre?!

 

  — Até minha asa sarar. Anda! A não ser que queira ser jantar de Anfisbena.

 

  Annabeth ficou quieta e aumentou o passo, apesar de ser visível que elas estavam cansadas demais. Eu queria ajudá-las, queria dar um jeito naquela coisa. Mas eu nem conseguia falar nada, muito menos me mexer.

 

  Annabeth e Melanie estavam subindo uma duna, quando o pé de Melanie se enroscou em uma raiz e ela caiu. Então aconteceu o que eu mais temia. Saída de baixo da terra, uma enorme cobra de duas cabeças, uma em cada extremidade do corpo, se enroscou no corpo caído de Melanie, que gritava e rezava em grego antigo. Ela conseguiu conter uma das cabeças da Anfisbena com os pés, mas o animal se mexia demais. Ela tentava lutar com a outra cabeça, mas isso era difícil quando você está com os olhos praticamente fechados. Até que ela conseguiu pegar a cabeça com as duas mãos, que haviam ficado livres do enroscamento do monstro. Ele começou a apertá-la, e ela começou a gritar de dor.

 

  Então senti alguém me chacoalhando, abri os olhos e vi Percy e Thalia.

 

  — Nico? O que aconteceu? — Percy parecia preocupado.

 

  — É, você estava gritando o nome da Mel agora. O que houve? Alguma coisa com ela? — Thalia não ficava muito atrás de Percy no quesito preocupação. Ela era quem conhecia Mel há menos tempo, mas já havia se identificado bastante com ela.

 

  Sentei para contar a eles meu sonho, e só aí percebi que estávamos em uma caverna. Do lado de fora havia um matagal, a quantidade de árvores amontoadas tapava praticamente toda a luz da lua, que eu havia visto no sonho que estava cheia.

 

  — Onde estamos?

 

  — Como a gente vai saber?! Aquele Vento maldito nos mandou pro fim do mundo. Provavelmente. Mas agora anda, conta o maldito sonho! — Thalia parecia querer tacar um raio na minha cabeça de tão ansiosa.

 

  Contei a eles o que havia sonhado. Eles se entreolharam, nervosos, e então resolveram tomar a mesma atitude das garotas: sair dali e tentar encontrar uma cidade pelas redondezas.


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Notas finais do capítulo

Gente, não sei quando vou poder postar o próximo capítulo, porque esta semana terei prova literalmente todos os dias, mas será provavelmente quarta ou sexta.

Reviews please? =D