A Filha da Noite escrita por sutekilullaby, izacoelho


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Como eu ainda não li O Ultimo Olimpiano, e sim vi uns resumos na internet :x, pode ser que alguns acontecimentos não batam com a história do Rick. But, whatever. :B



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  Meu nome é Melanie White. Tenho 14 anos. Nasci em Chicago, e vivi lá com meu pai, Robert White, até os 10 anos. Aí, por causa de uma série de acontecimentos muito estranhos, tivemos que nos mudar para Nova York. Digamos que eu sempre fui uma criança problemática. Sou disléxica, sofro de DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) e tem gente que acha que eu sou deprimida. Nunca tive nenhum amigo. Vivia sendo expulsa de escolas por causar alguns, hm, transtornos.

 

  Ah, sim, e eu sempre era perseguida por... Coisas estranhas. Digo coisas porque não sei o que são. Tipo, quando eu tinha uns dez anos, minha professora de educação artística tentou me arranhar com garras que com certeza não eram humanas. Além disso, as garras pingavam um troço verde que com certeza não era tinta. Aí eu lutei com ela com a pata arrancada de uma mesa. E quando eu me cansei eu simplesmente fiz ela ser engolida pelo chão. Também teve aquela vez, na sétima série, que a secretária da escola se revelou um demônio meio vampiro e tentou me morder. Mas com essa foi mais fácil lidar. Tinha uma faca por perto. Aí eu fui tentar atacá-la e ela se explodiu. Literalmente. E houveram muitas outras vezes, claro. Foi isso que fez com que nos mudássemos de Chicago. O que foi inútil, porque em Nova York as coisas foram só piorando.

 

  O auge foi no dia em que fui fazer uma visita à escola onde eu estudaria  no primeiro ano do ensino médio. Estava praticamente caindo uma tempestade aquele dia. Eu fui atacada por uma coisa diferente de todas. Essa era a orientadora da escola. Ela me chamou à sua sala para conversarmos, e no momento em que tranquei a porta, ela se transformou num... Num troço que parecia um corvo enorme com asas de morcego e um chicote incandescente na mão. Era apavorante.

 

  Dessa vez eu só corri. Corri desabaladamente pela cidade, até chegar ao lugar onde meu pai trabalhava — uma gravadora pouco conhecida mais usada por bandas de rock underground. Eu estranhei ninguém ter me parado, falado comigo, e também estranhei o monstro ter desistido tão rápido de mim. Mas aí que eu percebi: eu estava invisível. Ou quase. Se eu olhasse para baixo, meu corpo parecia transparente e acinzentado. Era como se eu fosse uma sombra. 

 

  E talvez eu fosse, mesmo.

 

  Saí do estado de sombra, falei com meu pai, e ele me levou para casa imediatamente. Meu pai não era exatamente comum. Ele era parecido comigo, tirando a coisa do DDA e da dislexia (meu pai era muito inteligente, até). Apesar de sermos bem diferentes fisicamente, tirando o cabelo preto. Mas o meu era liso escorrido, e o dele era crespo. Ele tinha olhos verde-escuros e eu tinha olhos praticamente pretos. Eu tinha a pele pálida, até demais. Mas nossas personalidades eram parecidas. Éramos ambos introspectivos, quietos, preferíamos a noite ao dia, nos interessávamos por coisas mais sobrenaturais, gostávamos de música pesada e filmes de terror, etc.

 

  Quando chegamos em casa, meu pai preparou uma mochila rápida para mim e me pôs no carro, e partiu em disparada para fora da cidade. Ele ignorava minhas perguntas, parecia muito atento ao trânsito. Ele dirigia como louco. Em certo momento jurei ter ouvido sirenes de polícia, provavelmente iam multá-lo ou prendê-lo por uns dias por estar dirigindo a quase 200km/h. 

 

  Chegamos a uma colina no meio do nada. No topo da colina havia um pinheiro com uma pele de cordeiro dourada pendendo de um galho, e uma coisa muito estranha: um dragão.

 

  — Você fica aqui, filha. — Disse meu pai, encostando o carro. — Desça rápido com sua mochila e vá correndo até o topo da colina, onde está o pinheiro com o dragão e o Velocino de Ouro. De lá, você vai ver uma propriedade enorme com morangos, bosques e outras coisas assim. É o Acampamento Meio-Sangue. Ao chegar lá, procure pelo Quíron. Ele irá guiá-la.

 

  — Como assim, pai? — Perguntei, totalmente confusa.

 

  Ouvimos um rugido muito distante. — Vá rápido, Melanie! Os monstros estão atrás de você. Vá correndo e não ouse olhar pra trás até estar a salvo no pinheiro.

 

  — Mas e o dragão?!

 

  — Ele vai te defender. VAI! — O rugido ficava mais próximo. Meu pai praticamente me chutou do carro.

 

  Fiz o que ele disse e fui correndo. Estava caindo uma chuva que dificultava as coisas, a subida da colina ficava mais escorregadia, eu tropeçava em pedras o tempo todo. O rugido ficava mais próximo, a terra começava a tremer com a aproximação do monstro. O dragão do topo da colina me olhava ansioso, como se quisesse me ajudar, mas não pudesse. Então senti uma presença atrás de mim, a terra tremendo mais do que nunca. Me virei e vi um cachorro preto gigante, os olhos parecendo conter chamas. Instantaneamente eu soube que era um cão infernal.

 

  Fui tomada pelo pânico e comecei a escorregar mais enquanto o cachorro se aproximava. Então percebi que a subida ficara subitamente fácil, e percebi que eu era feita de sombras novamente. Fui até o topo da colina assim, tendo despistado o cachorro. Passei pelo dragão e instantaneamente voltei a ser material.

 

  A paisagem era exatamente como meu pai havia dito: um bosque, enormes campos de morangos, uma praia lá longe. Havia algumas casas bem grandes, e construções ao estilo grego antigo. Eu podia ver várias pessoas andando. E o mais estranho de tudo: ali não chovia.

 

  Desci a colina, cansada. Esse negócio de virar sombra desgasta muito. Fui recebida por um garoto de cabelo crespo como o do meu pai, só que ruivo. Esse garoto também era bem mais jovem, cheio de espinhas, e tinha chifres. E cascos. 

 

  — Olá! — Disse alegremente o garoto-bode. — Meu nome é Grover. Bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue. Você provavelmente deve estar confusa, mas acalme-se, amiga! Nós vamos esclarecer todas as suas dúvidas. Venha, vamos falar com o Quíron.

 

  Confusa, segui o menino-bode Grover pelos campos verdes do acampamento. O lugar era bem bonito, visto mais de perto. E bem mais estranho, também. Assim como havia crianças e adolescentes normais, havia também umas garotas verdes e azuis — dríades e náiades, como Grover me informou mais tarde —, vários garotos-bode como Grover — os sátiros —, um cachorro enorme igual ao que havia me atacado — mas este era do bem, e se chamava Sra. O’Leary. Havia uma quantidade bem grande de chalés. Um deles era maior e ficava mais isolado, o chalé principal. Depois, havia doze chalés formando um U, cada um deles com um número. Depois, havia alguns chalés pequenos meio dispersados. O chalé que mais me chamou a atenção foi um que era inteiramente preto. Aquele lugar me transmitia solidão, mas me fascinava ao mesmo tempo.

 

  — Ah, Quíron! — Falou Grover extasiado. — Temos uma nova campista. Esta chegou aqui sozinha.

 

  O tal de Quíron veio até nós. Era um homem bem velho cuja metade inferior do corpo era um cavalo. Ou seja, ele era um centauro.

 

  Quíron me cumprimentou e pediu praticamente minha ficha completa. Eu falei todos os meus dados, e ele franziu as sobrancelhas.

 

  — Isso não está certo. — Dizia ele coçando o queixo barbudo. — Um dos deuses não cumpriu sua promessa. Você sabe, Melanie, que os deuses gregos de fato existem? Os outros seres da mitologia também. Os deuses muitas vezes têm filhos com mortais, os semideuses, e você é uma. Dois anos atrás, um herói filho de Poseidon e seus amigos venceram a guerra dos Olimpianos contra Cronos, o Senhor dos Titãs, que estava se reerguendo do Tártaro, no Mundo Inferior. Então, Percy Jackson, esse era o filho de Poseidon, pediu aos deuses que prometessem reconhecer seus filhos quando chegassem aos 13 anos. Mas aparentemente sempre há quem quebre as regras... 

 

  Quíron me levou para um tour pelo Acampamento. Por onde eu passava as pessoas me olhavam. Eu definitivamente era a mais diferente. A maioria das pessoas estava de camiseta e jeans, alguns até de bermuda. E eu lá, de sobretudo, calça preta e coturno.

 

  E eu nem estava com calor. Mesmo.

 

  Passei a tarde inteira com Quíron e Grover, aprendendo sobre o acampamento. Deixei minha mochila no chalé 11, o chalé do deus Hermes. Era ali que ficavam todos os filhos de Hermes e os semideuses indeterminados.

 

  Grover me contou a história de Percy Jackson, o filho de Poseidon. Ele ainda ia ao acampamento, mas deveria chegar no dia seguinte, o início da temporada. Eram poucos os campistas de ano inteiro. Além dele, ele disse que eu conheceria outros personagens da história, como a filha de Atena Annabeth Chase, que era namorada de Percy há quase dois anos, o meio-irmão ciclope de Percy, Tyson, e o filho de Hades Nico di Angelo. 

 

  Meu primeiro dia no acampamento foi normal. As pessoas aos poucos foram se acostumando a mim. Pelo meu jeito fechado e misterioso deviam pensar que sou filha de Hades, pelo menos até eu dizer que o olimpiano da família era minha mãe. Dormi em meu canto do chalé de Hermes, aproveitando o espaço, pois diziam que o chalé 11 era o mais cheio. 

 

  No dia seguinte, os meios-sangues começaram a chegar por volta das dez da manhã.

 

 


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Notas finais do capítulo

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