—Pode começar – Dean sentou na minha frente.

Parecia aqueles investigadores que te colocam em uma sala mal iluminada, ligam um gravador e te faz milhares de perguntas de algo que aconteceu, não que já tivesse passado por isso, mas já havia visto em filmes.

—Eu liguei para o seu pai e ele não atendeu, mas o recado da caixa postal citava seu nome e seu número – respondi.

—Qual a ligação que você tem com meu pai? - ele baixou a voz e fitou o chão.

—Bom, ele ia na minha casa – algumas lembranças rápidas rodaram na minha mente – Meu pai era um caçador também.

—Espera aí, ele ia na sua casa? - Sam sentou ao lado do irmão – A quanto tempo?

—Faz uns anos, ele sumiu e… - respirei fundo – Algo matou a minha mãe.

Nós ficamos em silêncio, meu corpo tremia pela chuva que havia tomado um pouco antes de chegar a casa de Bobby, onde tínhamos marcado aquele encontro.

—Porque não me contou isso pelo telefone? - Bobby perguntou trazendo uma xícara de café fumaceando.

—Não achei que fosse bom contar pelo telefone, e ela já está morta, não tem muito o que fazer – respondi.

—E vocês se conhecem desde quando? Você chegou aqui chamando o Bobby de tio e anda pela casa como se conhecesse tudo – Sam tirou o casaco devagar e jogou sobre os meus ombros.

—Obrigada – senti as bochechas queimarem.

—E conhece – Bobby se encostou em uma estante lotada de livros – Seu pai a trazia aqui sempre.

A frase não causou um impacto tão bom quanto eu esperava, se é que eu esperava algum, nos meninos, inclusive em Dean que soltou um ‘’claro’’ com um tom de desapontamento na voz. Sam me olhou por uns instantes procurando, talvez alguma semelhança entre mim e Jhon, mas não, eu não era filha dele.

—Porque? - Dean se virou para olhar Bobby.

—Lembram de Kevin Dealer? - Bobby perguntou – É a filha dele.

—Sinto muito pelo que aconteceu com seu pai – Sam falou assim que Bobby terminou a frase.

—Tudo bem, eu só queria saber o que aconteceu com minha mãe.

Ouvimos leves batidas na porta e Dean se levantou mais do que rápido para abrir, sua mão lentamente foi para as costas quando colocou a outra na maçaneta, é claro que sua arma estava aí.

—Quem é? - ele falou antes de abrir.

—Castiel – uma voz calma respondeu do outro lado da porta.

—Não pode chamar? - Dean disse assim que abriu as portas.

—Me desculpe – o tal Castiel respondeu - Aurora, Aurora Dealer – ele andou até a mim – Que bom que fui o primeiro a te encontrar.

Olhei para ele assustada, ele sorriu, passava tranquilidade em seus olhos e meu frio se foi quando ele ficou em minha frente.

—Quem é você? - perguntei deixando um certo medo ecoar na voz.

—Sou Castiel, um anjo rebelado do Senhor – ele respondeu ainda sorrindo.

—Chega até ser engraçado quando ele diz isso – Dean riu e não pude deixar de notar Sam o acompanhar.