Por sua causa escrita por Elie


Capítulo 14
Silas


Notas iniciais do capítulo

Promessa de mindinho é inquebrável.



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Funk num volume altíssimo. Está calor. Cheiro de cigarro insuportável. Neste mesmo momento estava passando um jogo que eu estava animadíssimo para assistir, mas escolhi estar ali.

— Desce até o chão, Silas — Nina gritou.

Não tenho talento nenhum para dança. Elas chamaram alguns amigos e eles estavam adorando isso. Eu não. Comprei bebidas a cada dez minutos para poder respirar. Rafaela, já bêbada, veio na minha direção.

— Sabe o amigo que eu havia falado para você? Ele está aqui.

Minha amiga apontou para um garoto que estava no canto da parede, mexendo no celular. Tinha um olhar misterioso. Usava uma camisa social que era bonita, mas eu não sabia como ele estava aguentando de tanto calor.

— Tem certeza que ele quer falar comigo? — perguntei, inseguro.

— Tenho sim. Mostrei seu perfil. O Thomas te achou interessante.

@thomassilva solicitou aprovação para te seguir.

Ele era rápido no gatilho. Aprovei e comecei a segui-lo. Thomas era muito bonito e tirava muitas selfies sérias. Também gostava de publicar fotos de paisagens.

Thomas (20:41) - Você parece tímido. Gostei de você.

Ele me escreveu assim que eu aceitei a solicitação de amizade. Era bem rápido mesmo. Olhei para ele mexendo no celular do outro lado do clube.

Silas (20:45) – Funk não é bem o meu estilo.

Thomas (20:46) – O meu também não. Quer sair um pouco? Tem uma lanchonete legal do outro lado da rua.

Olhei para ele novamente e sorri. Ele veio em minha direção, deu um abraço e pude sentir um cheiro bom de perfume caro. Pensei que talvez tivesse perdido o jogo por causa disso e era o destino me presenteando. Rafaela e Nina começaram a gritar loucamente quando passamos por elas.

— Aproveita, Sil! — Nina gritou.

— É melhor tratá-lo bem, Thomas — Rafaela disse para ele.

Thomas coçou a testa de um jeito desconfortável quando Rafaela falou aquilo. Até que achei fofo.

Fomos para uma lanchonete nova meio hipster que eu ainda não conhecia. Haviam referências a filmes do Wes Anderson em todos os lugares. As cervejas eram todas artesanais e caras.

— Você tem que experimentar a cerveja de açaí. É incrível.

Thomas chamou um garçom chamado Jhonny que usava um coque samurai e pediu duas cervejas de açaí. Por sorte não pediram minha identidade. Ele parecia já frequentar o local há algum tempo, pois chamava todos os funcionários pelo nome.

— Quer dizer que você também não gosta de funk, em? — ele puxou assunto.

— Não é que eu deteste, só não gosto tanto. Venho pelas minhas amigas.

— Eu detesto — ele foi honesto. — Acho que só tem letra ruim, obscena. É uma bosta. As pessoas baixam o nível quando ouvem funk. É um lixo total.

— Se você acha... — dei um sorriso sem graça.

Não gosto muito de funk porque não tenho talento para descer até o chão, mas eu até entendo porque algumas pessoas gostam. Muitas letras são obscenas e desnecessárias, é claro, mas existem funks com letras mais leves. E dizer que as pessoas baixam o nível foi um pouco pesado, principalmente porque minhas amigas estavam lá dançando.

— Que tipo de música você gosta? — perguntei.

— Gosto de música antiga. É raro achar coisa boa de uns vinte anos para cá. As pessoas estão cada vez menos seletivas, sabe? É tudo uma bosta.

— É... — Dei outro risinho desconfortável.

— Gostei da sua roupa — ele elogiou.

“Finalmente um assunto que gosto”, pensei. Fui precipitado em comemorar.

— Obrigado. Para mim, moda é arte também. É um jeito de se expressar, mostrar sua identidade. Mas não é tipo modinha, falo de alta cultura.

— Entendo... — acho que vi um relance de desprezo no rosto de Thomas. — Mas é só roupa, né?

Não acreditei no que tinha ouvido. Como é que alguém poderia dizer algo assim para mim? Não é só roupa. Moda envolve paixão, pesquisa, ousadia e criatividade. Por sorte, o garçom nos interrompeu. Não sei dizer de certeza, mas acho que o “samurai” piscou rapidamente para Thomas.

“O que estou fazendo aqui?”, refleti.

— Agora, sério. Prova essa cerveja de açaí. Vê se não é a me-lhor cerveja que você já provou na sua vida.

Era uma cerveja bem escura. Dei um gole grande e fiquei imaginando o que fazia aquela cerveja ser tão boa. Para mim, era uma cerveja normal.

— É boa — falei. — Está bem gelada.

— Olha que cor maravilhosa. Tem mais de sete por cento de teor alcoólico. Sente o aroma, é incrível. Dá para perceber todas as notas. Acho que tem algo cítrico, chocolate e malte torrado. Adoro essa cerveja.

Thomas deu um gole gigante e ficou com um bigode de espuma. Nunca conheci ninguém tão apaixonado por cerveja. Não estava entendendo muita coisa do que ele dizia, mas fingi que concordava com tudo.

— Realmente — falei.

Nesse momento, duas garotas entraram no bar. Era um casal bem bonito. Uma era morena e tinha o cabelo roxo e a outra era uma loira de olhos azuis. Acho que elas tinham saído da mesma festa que nós. Estavam um pouco bêbadas e falavam um pouco alto demais. Thomas olhou para elas e bufou.

— Precisa disso? — ele comentou.

— Disso, o quê?

— Dessa demonstração pública exagerada. Todo mundo já entendeu que elas são um casal, não precisa gritar para o mundo saber. Deviam se comportar como nós.

— Como nós? — eu não estava nem acreditando no que tinha acabado de ouvir.

— Você sabe, discretamente.

— Cara, elas não estão incomodando ninguém. E olha aquele outro casal ali, eles também estão meio alterados.

Apontei para o casal heterossexual igualmente bêbado que estava no outro canto do bar.

— Verdade. É que eu acho meio desnecessário esses casais gays que ficam querendo se exibir. Precisa disso? E aqueles gays afeminados que vivem querendo competir com mulher? Somos gays, mas nunca seremos mulheres. Temos que agir como homem. Tem que ser como a gente, não precisa rebolar até o chão.

Acho que fiquei boquiaberto quando ouvi aquele tanto de baboseira.

— Não, cara. Elas não estão querendo aparecer, só estão bêbadas. E gays afeminados sabem que não são mulheres. Não acho que seja divertido para eles sofrer tanto preconceito só para chamar atenção.

— Pode ser — claramente, ele não concordou, seu desprezo estava explícito dessa vez.

— Além disso, se não fossem os afeminados, talvez não poderíamos estar aqui hoje — continuei. Deixei claro que estava indignado.

Ele bufou mais uma vez, claramente também discordávamos naquele ponto. O “samurai” passou mais uma vez e Thomas deu outra olhada. Não acreditei que ele podia ser tão óbvio comigo lá. Olhei para o celular por alguns minutos para não ter que continuar aquela conversa.

— Thomas, Nina está passando mal. Acho que vou voltar lá para dar uma olhada nela — menti.

— Que pena — ele também mentiu. — Não estou muito a fim de voltar para aquele forno, mas eu posso te levar até lá para você não ir sozinho.

— Não é necessário — levantei-me às pressas e quase corri dali.

— Não se esqueça dos vinte reais da cerveja — Thomas lembrou.

Não acreditei que tinha ouvido isso mesmo. Eu só tinha dado um gole.

— Nossa. Caro, em? — comentei.

— É que tem a taxa de serviço.

Sim, o serviço do garçom samurai. Apertei os lábios de raiva. Tirei vinte reais da minha bolsa e deixei em cima da mesa, pois não estava afim de discutir com o idiota. Saí o mais rápido possível e pedi um Uber para ir para casa.

Silas (21:31) – Rafa. Seu amigo não é muito o meu tipo. Falei para ele que fui até aí porque Nina estava passando mal. Estou indo para casa. Por favor, me acoberte.

Bruna (21:50) – Oliá, Silxxxx. CLAAARO. Deixz cimigoooo.

Do jeito que ela estava bêbada, provavelmente nem tinha entendido o que eu tinha escrito, mas não fazia mal porque eu não queria ver esse garoto nunca mais. Foi o pior encontro da minha vida. Não sei como Bruna não percebeu que não tínhamos nada em comum.

Ao chegar em casa, Júlia estava assistindo televisão na sala. O jogo já tinha acabado.

— Oi, Silas. O jogo foi péssimo, perdemos.

— Mas que dia terrível — falei.

Fui tomar banho e vesti meu moletom. Uma mensagem chegou em meu celular quando eu já estava prestes a colocar o despertador.

Jana (22:39) – Como está aí?

Silas (22:39) – Já estou em casa de moletom. Foi péssimo. Horrível. Terrível. Um pesadelo.

Jana (22:42) – Que pena que não aproveitou 

Jana (22:42) – O que aconteceu para ser tão ruim assim?

Silas (22:45) – Rafaela acabou de me arrumar o pior encontro da minha vida. E não estou exagerando.

Jana (22:46) – Se quiser vir afogar as mágoas aqui em casa amanhã, está convidado. Faço um risoto de camarão e brigadeiro

Silas (22:54) – Não estou em posição de rejeitar um convite desses. Obrigada ♥

Jana (22:55) - ♥

***

Janaína é uma menina de muitos talentos. O risoto de camarão dela era um dos pratos mais deliciosos que eu havia comido em muito tempo. Parecia de restaurante. Os pais delas eram bem legais e só vieram em casa para almoçar, logo voltaram ao trabalho. Pegamos a panela e fomos até a sala comer brigadeiro de colher enquanto escolhíamos algum filme no Netflix.

— Silas? Já está melhor?

— Estou sim. Melhor e de barriga cheia. Ontem foi traumatizante. Sério.

— Você achou o cara feio?

— Não. Ele era bonito.

Peguei meu celular e mostrei as fotos de Thomas na rede social.

— Feio ele não é mesmo — ela comentou.

— Esse cara ficou flertando com o garçom enquanto estava conversando comigo.

Jana olhou para mim, apertou os lábios e ficou com aquela expressão de compaixão.

— Tem mais. Ele falou que gays têm que se comportar como "homens de verdade" e que existem homossexuais que só são afeminados para chamar atenção. Sabe aquele discurso homofóbico de “tudo bem gostar de homem, desde que não fique desmunhecando”? Basicamente, ele ficou repetindo isso.

— É. Bonitinho, mas ordinário — Tainá caçoou.

— Essa foi a pior coisa. Também tive que ouvi-lo falando das mil qualidades da cerveja de açaí artesanal e de como funk baixava o nível das pessoas. E que moda era “só roupa” — imitei o tom pedante dele. — Acredite.

— Que péssimo. A Rafaela não se tocou que vocês não têm nada em comum?

— Pois é — revirei os olhos. — E o pior é que eu vi nas fotos dela que eles se conhecem há muito tempo. E a Rafa me conhece há tempo suficiente para saber que eu não tenho nada em comum com esse daí. Ela deve achar que meu único pré-requisito é que seja um garoto que goste de garotos.

Janaína olhou para o lado e deu um sorriso meio falso. Notei que ela ficou um pouco desconfortável, estava querendo me dizer algo.

— Sei que você quer falar alguma coisa — avisei.

— Você já sabe o que eu vou falar.

— Pior que sei. Você vai falar que eu tenho que parar de fingir ser uma coisa que eu não sou na frente das meninas. Que eu tenho que parar de fazer piadinhas a cada cinco minutos para ser aceito.

Ela fez que sim com a cabeça, erguendo as sobrancelhas.

— Já estou usando essa personalidade há tanto tempo que não sei se teria coragem de pedir para elas trocarem o álbum da Katy Perry pelo do Tupac quando saímos juntos. Ou pedir para variar um pouco e ir menos no Refúgio.

Enquanto eu falava, Jana só assentia com a cabeça e continuou atacando o brigadeiro. Parei um pouco. Fiquei a encarando com um olhar de julgamento.

— Que foi?

— Você também já sabe o que eu vou falar.

— Ah, não. Nem vem. Já me decidi. Zero chances de eu falar com o Renan. Vai ser inútil.

— Então você não passa de uma hipócrita.

Disse com um tom jocoso para que ela não ficasse com raiva, mas realmente quis dizer aquilo. Ela apertou os olhos para mim, passou a colher no brigadeiro e espalhou em metade da minha bochecha.

— Idiota — reclamei, brincando, enquanto me limpava.

Levantei-me para ir no banheiro me lavar. Olhei para o reflexo no espelho e achei patético. Inspirei fundo e expirei de repente. Eu estava cansado do ensino médio, só queria que acabasse. Lavei meu rosto com o primeiro sabonete que achei na pia. Enxuguei o rosto com a toalha. Olhei para o espelho novamente. Perguntei-me quem era aquele estranho que as pessoas achavam que conheciam. Voltei para a sala.

— Estou cansado, Jana. Estou cansado do colégio.

— De onde veio essa conclusão repentina?

— Ontem foi o máximo que aguentei. Vamos fazer um trato?

— Depende.

— Você fala tudo que está sentindo para o Renan e não farei mais nada que eu não esteja realmente a fim de fazer.

— Nem a pau — ela foi direta. — Além disso, seria injusto. Eu me ferraria muito mais.

Fiz uma expressão de desprezo para Jana.

— Achei que seria mais fácil fazer isso se estivéssemos juntos nessa. Não seria fácil para mim também, você sabia? Eu passei esses últimos quatro anos me apoiando numa imagem que não sou eu de verdade. E foi natural, eu não planejei isso. Juro que não planejei — não esperava, mas meus olhos foram ficando marejados enquanto eu falava tudo aquilo que estava entalado na minha garganta. Falei tão rápido que fiquei ofegante.

— Silas? — Jana ficou preocupada.

— A verdade é que eu não aguento mais. As pessoas mais próximas de mim não sabem quem eu sou. Ou melhor, elas só conhecem uma parte do que eu sou. Muita gente acha que eu sou minha sexualidade ou as minhas roupas. Inclusive você já foi uma dessas pessoas. Eu lembro. Você disse que uma das minhas características marcantes é ser um homossexual bem vestido. Isso é coisa que se diga? — minha voz estava embargada.

— Calma, Silas. Desculpa se isso te incomodou. Era uma imagem errada que eu tinha sua, mas agora isso mudou. Você é muitas coisas além disso. Você é inteligente, engraçado quando não se esforça, companheiro, corajoso. Agora eu sei.

— Pois é. Ninguém sabe, mas minha nota no vestibular foi muito boa. Eu tirei setecentos e noventa. Setecentos e noventa! E eu não queria me gabar, mas ninguém lá na sala me perguntou como eu fui.

Nem acreditei que tive coragem de dizer aquilo. Não sei se estava mais triste ou com raiva. Jana estava com os olhos arregalados, mas foi ficando triste enquanto eu falava.

— Mas você está tão obcecada por essa história que acha que só a sua situação é ruim. Que só você sofre. Novidades, Janaína, existem mais problemas no mundo.

Bufei e peguei minha mochila. Fui até a porta da frente, mas estava sem a chave. Fique procurando as chaves nos lugares próximos, mas não achei. Jana veio correndo até a mim. Passada a minha raiva, eu já sentia remorso por ter sido tão grosso.

— Desculpa. Não sei o que me deu — falei.

Janaína não disse nada, só sorriu e me deu um longo abraço. Então pegou minha mochila e levou de volta para dentro da sala, foi até a cozinha e me trouxe um copo de água. Fui me acalmando aos poucos.

— E hoje, no “tudo que você gostaria de saber sobre Silas Barros”, falaremos um pouco mais sobre o primeiro ataque de pânico que nosso astro teve — ela disse com um tom de voz de locutor de rádio.

— Nossa, como você é engraçada, Janaína. Quase um Jim Carrey — ironizei.

— Não posso evitar — ela riu.

Ficamos um pouco em silêncio e eu fiquei pensativo, olhando para ela olhar para mim com aquele ar de preocupação.

— Acho que a professora Amélia teve um motivo para nos escolher. Se você observar, vai notar que todas as duplas têm pontos extremamente opostos. Tipo a Rafaela e o Flávio, que obviamente são o contrário um do outro. Ou a estressada da Bia e o Felipe, devagar feito tartaruga — comentei.

— Claro. Ela deve ter me achado superficial e preconceituosa quando escrevi aqueles adjetivos sobre você. Mas o Felipe não é uma tartaruga, em? — Jana tinha um ar de amiga protetora.

— Pode ser. Acho que ela nos colocou juntos porque as pessoas pensam que eu sou essa pessoa transparente e espalhafatosa vinte e quatro horas por dia, enquanto você fica no seu canto.

— É. Eu não passo de uma figurante — Jana deu de ombros, como se não tivesse escolha.

— Não fala isso — reclamei. — A verdade é que nenhum de nós dois estamos onde deveríamos estar naquela sala.

— Verdade — ela olhou para baixo e começou a roer uma de suas unhas.

Assistimos o filme do Ace Ventura justamente porque eu a havia chamado de Jim Carrey. Tínhamos assistido o filme antes, mas eu ri novamente de todas as piadas. Já tinha me esquecido do meu ataque de pânico ridículo quando o filme acabou. O brigadeiro logo desapareceu. Começamos a stalkear o perfil do Thomas e descobrimos o perfil do garçom “samurai” que, por acaso, tinha namorado. Eles se mereciam.

Pesquisamos alguns vestidos para Janaína usar no aniversário da Vera, que seria dali a algumas semanas. Descobri que Renan estava organizando uma festa surpresa para ela. Logo entendi porque Jana nem cogitou em fazer o trato comigo, ela já pressentia o que ele diria. Alguém que organiza sozinho uma festa surpresa para outra pessoa deveria estar bem apaixonado. Só que eu ainda não achava saudável ver Jana suprimindo seus sentimentos.

— Você tem que ir maravilhosa para essa festa. Na verdade, você já é maravilhosa, mas você tem que tornar isso óbvio para todos os garotos idiotas do colégio.

— Menos, Sil.

— Nada de “Menos, Sil”. Já aceitei que você vai terminar o colégio com essa história mal resolvida, mas um dia o Renan vai olhar para você e se achar um idiota por não ter te percebido antes.

Mais uma vez, Jana só olhou para baixo. Ela riu de início, mas o sorriso foi desaparecendo. Parecia que tinha sido tomada pelo cansaço.

— Não é fácil para nenhum de nós, Sil.

— Eu sei disso — coloquei a mão em seu ombro.

— Cansei de ser figurante. Trato feito.

Enruguei a testa. Não entendi a princípio, mas depois de uns segundos abri um sorriso imenso quando me toquei. Dei um pulo nela e a abracei.

— Finalmente, parceira!

Caímos para o lado e Jana me empurrou para longe. Ficamos rindo depois disso, mas no fundo estávamos apreensivos com o que tínhamos combinado. Apontei o dedo mindinho para ela.

— Sou uma pessoa de palavra. E promessa de mindinho é inquebrável, em? — argumentei.

Sorrindo e com uma expressão de julgamento, ela ergueu um de seus mindinhos e fechamos o acordo. Dali em diante, pelo menos para mim, não haveria volta.

— Também sou uma pessoa de palavra — Jana continuou.

Com o mindinho enganchado no meu foi quando eu achei minha amiga em seu estado mais bonito. Surpreendentemente, nada combinava com ela tão bem quanto coragem e maturidade, nem o vestido e a maquiagem que Janaína tinha colocado no outro dia.

— Amiga, você é demais. Eu seria hetero por você — claro que só na piada.

— E eu seria gay por você — Jana tentou brincar.

— Você sabe que isso não faz sentido nenhum, não é? — perguntei, enquanto gargalhávamos.

Jana riu e revirou os olhos.

— Mero detalhe — ela continuou.

— Não mesmo — debochei.


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Notas finais do capítulo

I, I follow,
I follow you deep sea baby.

https://www.youtube.com/watch?v=K3JGxj2rvAs



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