Curse escrita por Master


Capítulo 6
Capítulo 5




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Só Merlin sabia o quanto eu precisava de um banho. Eu estava me sentindo suja, mas não somente suja exteriormente e sim internamente. Era bobagem da minha parte acreditar que um banho lavaria todos esses turbilhões de sentimentos que brigavam entre si dentro de mim.

Depois do banho incrível que eu tomara – que acabou por não fazer diferença nenhuma – eu estava pronta para o longo dia que seria hoje. Eu era sempre ocupada as quartas-feiras, logo, não haveria tempo nem se eu quisesse para me encontrar com pessoas como Iryna e Albus.

Embora Iryna seja do meu ano, o que significa que a verei em todas as aulas.

Com isso em mente eu entrei apressada na sala de aula de poções, que era ministrada pelo diretor da Sonserina, Horácio Slughorn. A sala não estava cheia como era de se esperar, afinal, faltavam cerca de seis minutos para o início da aula – mas as poucas pessoas que estavam presentes viraram a cabeça para mim.

Não demorou muito para que cochichassem entre si. Apertando meu livro de poções contra o peito, avancei contra uma mesa mais afastada, mas mal tive tempo de alcança-la, já que fui interceptada por uma garota um pouco mais baixa que eu e com o nariz machucado.

Eu gostei do que vi.

— Por favor, Aurora, deixe-me explicar. – a voz melancólica foi uma música ruim para os meus ouvidos que rangeram.

Encarei seus olhos cor-de-mel e sorri com escárnio.

— Claro, Iryna. – disse com falsa condescendência. – Por favor, me explique como uma pessoa tem a coragem de transar com o namorado da melhor amiga por dois meses e vir dizer que “pode explicar”. – gesticulei as aspas com a mão esquerda.

Seus olhos vacilaram por poucos segundos, mas voltaram a me encarar suplicantes.

— Não tinha sentimento envolvido, eu juro. – ela semicerrou a boca enquanto segurou as minhas vestes. – Era simplesmente sexo, Aurora... Eu jamais quis machucar você.

Eu poderia ter continuado a minha vida sem essa. E outch, doeu pra caramba.

Minha amiga dizendo que acabou com a nossa amizade por puro sexo, seria menos doloroso se ela tivesse inventado uma desculpa dizendo-o que sempre o amou e que não pudera evitar quando ele lhe deu uma chance.

Ri com escárnio enquanto puxei o braço que ela segurava para trás bruscamente.

— Você se lembra do baile de dia dos namorados que ocorreu ano passado? – questionei ouvindo um “uhum” como resposta. – Você fora com Albus. Uma parte de mim até agora tentava me fazer acreditar que vocês dois se apaixonaram perdidamente naquela noite e que a intrusa da relação foi eu. – ela abrira a boca para falar algo, mas eu a cortei. – Mas agora você me fala que era só sexo? – minha voz se elevou tanto que as pessoas atrás não precisavam nem mais fazer esforço para tentar ouvir. – Você trocou nossa amizade de cinco anos por sexo?

— N-não é bem assim.

— Faça um favor a si mesma, Iryna. – disse colocando meu livro na mesa mais próxima. – Não se aproxime de mim novamente, ou da próxima vez eu darei um jeito de quebrar o seu nariz.

Assim que ela recuou um passo, eu subi na cadeira chamando a atenção da sala que agora já estava lotada. Todos me encararam curiosos, embora houvesse uma pitada de diversão na feição de alguns.

— É isso ai pessoal, acabou o show! – Eu gritei para todo mundo. – Espalhem pra quem quiser que sexo vale mais que uma amizade verdadeira e duradoura.

E então eu desci da cadeira sob as palmas de alguns e os cochichos dos outros. Voltei a me sentar no momento que o professor Slughorn entrou dispersando a multidão.

Iryna não tentara fazer nenhum contato visual comigo novamente, e embora me doesse completamente todas as boas lembranças que tinha da nossa amizade, sentia que era melhor assim.

O professor Slughorn limpou a garganta em um bom tom antes de começar a falar. Os alunos começaram a se sentar em seus devidos lugares. Duas garotas da Corvinal se sentaram ao meu lado e me deram sorrisos encorajadores.

— Como todos sabem, o quinto ano é ano dos NOM’s. – Slughorn disse em seu tom calmo. – No primeiro dia de aula de vocês desse ano, foi pedido por vários professores que vocês preenchessem um formulário com as possíveis profissões que vocês gostariam de seguir depois de Hogwarts, como forma de nós diretores de cada casa nos policiar a indicar para cada aluno boas dicas para as matérias em que se precisa de uma boa nota para alcançar tais carreiras.

“Ou seja, para alcançar tal carreira você precisa tirar uma nota ótima no NOM para que possa prestar o NIEM. Como possuímos um número, hãn, exaustivos de alunos, cada diretor de casa contará com alguns ajudantes para hoje.”

— O que tem hoje, professor? – uma aluna da lufa-lufa se arriscou a perguntar.

O professor riu, mas parou ao ver as caras confusas, inclusive a minha.

— Ora, hoje será o dia de aconselhamento de vocês, nós lemos os formulários de vocês e chamaremos aluno por aluno para uma conversa. – ele explicou como se fosse óbvio. – Mas não se preocupem, isso será feito só na última aula do dia.

Oh Merlin, eu estava ferrada.

E definitivamente seria um longo dia.

~~~~

— Achei que esse dia não ia terminar nunca! - Scorpius brandiu enquanto atravessava o quadro da tia ruiva para adentrar o meu quarto.

Eu levantei em um pulo de minha cama no momento em que escutei sua voz. Tinha passado de extremamente entediado para extremamente animado. Eu havia passado todas as aulas em um transe enigmático, pensando em todas as possibilidades de avançar com o meu plano maluco de conseguir informações para solucionar o caso de Aurora, todavia recebi reclamações da maioria dos professores de hoje - Embora a professora Sibila tenha me usado de exemplo dizendo que meu estado avoado era explicado pela lua que entrava em peixes.

Não sei exatamente o que isso significa.

— Graças a Merlin! - exclamei me aproximando do mesmo que já se jogava em meu sofá. - Estava quase indo te procurar, cara.

Ele soltou um muxoxo desanimado.

— Seu primo Hugo estava "falando" comigo. - ele fizera as aspas com as mãos.

Hugo? O que meu primo Hugo teria para falar com Scorpius?

Minha visível cara de confusão fez o mesmo dar de ombros e murmurar um "depois te explico".

— Vamos ao que interessa! - ele disse pulando do sofá visivelmente mais curioso do que animado. - Eu trouxe o que você pediu.

Eu me aproximei dele me sentando no sofá informalmente com as pernas em posição de índio enquanto ele batia na capa de um dos livros estranhos que ele trouxera. Eram vários. Apanhei um dos livros franzindo o cenho e estudei a sua capa. "Estudo das moradias trouxas." - Não me parecera muito útil, então fui lendo os próximos. "Os continentes bruxos e as suas divisões", "A conveniência mágica e feitiços de rastreamento - por Berta Eickins".

Acho que o modo que eu suspirei já indicava que eu teria que passar um bom tempo lendo esses livros, já que o Malfoy apanhara os de mim e os colocara longe.

— Certo. - disse ele entre dentes. - Não sei exatamente o tipo de informação que vamos encontrar nesses livros, mas você sabe que determinadas informações só podemos arrancar de uma pessoa...

Ele parou sua frase na metade, deixando com que eu lesse as entrelinhas. É claro que eu sabia disso, informações de suma importância como as que ele insinuara só havia um modo de conseguir: Perguntando-as diretamente a personagem principal da situação - Aurora.

Senti um arrepio só de pensar em chegar na surdina como quem não quer nada e aborda-la com "Ei Chmmerkovskiy! Lembra quando seus pais foram assassinados na sua frente? Poderia me dar mais informações?"

Eu com toda certeza iria parar na enfermaria aos cuidados de Madame Pomfrey.

Levantei-me indo até a minha cama e apanhei de baixo do colchão um pedaço de pergaminho que aos olhos dos outros pareceria normal. Com a minha varinhas em mãos, disse "Juro solenemente não fazer nada de bom". Rapidamente o pergaminho começara a se transformar em um mapa - fora muito difícil descobrir seu uso depois que furtei-o do escritório do meu pai há sete anos atrás.

Comecei a vasculha-lo com os olhos o nome de Aurora - algo que eu sempre fazia durante às noites de insônia - e meu coração se desesperou ao ler seu nome.

— Achou ela? - perguntou Malfoy curioso.

Eu assenti lentamente e encarei a minha porta.

— Ela está exatamente do lado de fora.

~~~~~

— Oh, você está ocupado. - sua voz saiu suave quando demos de cara um com o outro na entrada e ela viu de soslaio a cabeleira loira de Scorpius. - Não tem problema, eu volto depois.

Meu corpo reagiu antes mesmo de minha mente e eu segurei seu pulso bruscamente impedindo-a de ir. A careta de dor dela me fez baixar os olhos e ver que eu havia segurado seu braço machucado.

— Desculpe. - falei embaraçado soltando seu braço. Encarei Malfoy por cima do ombro como um sinal. - Scorpius já estava de saída.

Como um furacão, Scorpius saiu avassalador pelo buraco do retrato murmurando um tchau apressado para nós dois.

Isso ai Scorpius, muito natural a sua saída.

Nem um pouquinho suspeito.

Estampei meu melhor sorriso inocente na face e a puxei mais delicadamente para dentro do quarto, o quadro da tia ruiva de fechou atrás de nós exatamente quando passamos.

— Que engraçado, você saiu exatamente no momento em que eu ia chamá-lo. - disse ela ponderando sobre as possibilidades do universo de isso acontecer. - Deve ser pela mudança da posição da lua. - concluiu ela satisfeita.

— Não me diga que você acredita nessas bobagens das aulas de adivinhação. - disse incrédulo enquanto rumava para o sofá para apanhar os livros de forma discreta e jogá-los dentro de um baú.

— Quê? - brandiu ela ofendida demais para prestar atenção em meus movimentos suspeitos. - Me surpreende que você não acredite!

— Adivinhações é extremamente vago.

— Adivinhações é uma das melhores matérias! - chilreou ela.

Me diverti mentalmente com a imagem revoltada dela que continuava a listar fatos do porquê adivinhações era quase uma ciência. Os cabelos estavam mais bagunçados, como se o dia tivesse sido corrido demais para que ela pudesse arrumá-los, mas na minha opinião a deixava estranhamente mais selvagem daquele modo. Não usava o uniforme, embora usasse a capa com o brasão da sonserina. Quando ela me flagrou a observando, seus olhos desviaram do meu sem jeito.

Pigarreei para mudar a situação

— Então você voltou para o seu dormitório. - expus a contragosto, achava que a mesma continuaria aqui por mais uns dias.

— Eu encontrei Iryna e meio que discutimos. - ela declarou em um suspiro. - Somos da Sonserina, ela vai achar um modo de se vingar mais pra frente e quando ela perceber que não durmo no meu dormitório vai usar isso contra mim o mais rápido que puder.

O modo simplista como ela disse sobre o papo de vingança me fez rir. Era quase como se ela falasse "Ora é claro, nós da Sonserina fazemos uma amizade já nos preparando para uma possível apunhalada."

— Muito normal. - resmunguei. - Então, não que eu esteja te expulsando ou algo do tipo, o que veio fazer aqui?

A pergunta pareceu a pegar de surpresa. O modo como seus olhos vasculharam as suas vestes e então percebera que seja lá o que estivesse com ela, não estava mais, foi delirante. Ela coçou a parte de trás da cabeça em descrença. Meus olhos brilharam diante da imagem dela confusa e seus murmúrios audíveis sobre irresponsabilidade. Oh Merlin, como?

— Então... Como deve saber, ou não... - ela disse a última parte mais alto. - Eu faço parte do clube de duelos desde o segundo ano.

Sim, eu sabia. Mas apenas fiz um pequeno "hum" com a boca em resposta.

— A professora responsável pelo clube, a professora Green...

— Sei, a louca-verde. - disse o apelido da professora de defesa contra as artes das trevas e Aurora me fuzilou com seus olhos azuis que eu já considerava uma arma.

Ela limpou a garganta.

— A professora Green. - repetiu em tom de censura. - Tem um pequeno e leve interesse em sua pessoa. Aparentemente, ela acha que somos amigos uma vez que eu namorava seu irmão... - o modo sombrio que ela dissera isso só não fora pior que o modo que meu corpo enrijecia cada vez que ela expunha esse fato. - Então ela pediu para lhe entregar uma carta, mas eu não faço ideia de onde eu coloquei ela.

Seus olhos me encararam com a expectativa de que esperasse que eu entendesse onde ela queria chegar com aquele papo.

E quando finalmente entendi, comecei a rir.

— Não, obrigado! - respondi na hora dando as costas pra ela e me sentando no sofá.

Ela veio em meu encalço como um vulcão em erupção.

— Qual é Potter! Acabamos de perder um membro do clube e sem pessoas o suficiente não podemos competir internacionalmente.

Ela parou na minha frente e quando eu repeti que não me juntaria ao clube de duelos, ela se curvou colocando as mãos em meus joelhos e aproximando sua face de maneira intimidadora.

Engoli em seco, tentando jogar meu tronco para trás, mas o sofá realmente não ajudava na situação.

Aurora parecia não perceber que seu gesto "inocente" era demais para mim, ficar cara a cara com ela daquele jeito... Ela realmente era muito desligada ou ela realmente não me via como a possível ameaça que eu era para qualquer garota que aproximasse seus lábios do modo que ela fizera agora.

Continuando a me encarar com o seu melhor olhar de "atrevam-se a negar", eu a empurrei pelos ombros dando o melhor de mim para não fazer justamente ao contrário.

— Eu sou capitão do time de quadribol, eu não posso me juntar a outro clube. - afirmei levantando do sofá a procura de um copo d'agua.

Minha garganta ficou muito seca de repente.

— Só dê ao menos uma passada lá, sexta-feira. - implorou ela abraçando os próprios braços temerosa. - A louca-verde vai me matar se eu não conseguir te arrastar até o clube ao menos para dizer oi.

O modo que sua face se contorceu ao ser pega usando o apelido da professora foi cômico.

— Você vai assistir ao jogo de quadribol amanhã? - questionei após engolir toda a água que eu achara em um jarro.

Ela franziu o cenho confusa.

— Amanhã? A Sonserina não vai jogar amanhã, então por que eu iria... - seus olhos se arregalaram quando pegou a imposição no ar. - Mas é claro que eu vou amanhã assistir ao seu jogo de quadribol, querido James. - disse ela entredentes.

Sorri vitorioso.

— Que legal da sua parte, Chmmerkovskiy. Me faz até querer ir fazer uma visita ao clube de duelos na sexta-feira.


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Notas finais do capítulo

:(