Spencer e Alex escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 1
Capítulo 1




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Spencer Hastings

É madrugada e dirijo feito louca pela cidade. Preciso me afastar dos meus pais em processo de divórcio e da minha irmã mimada e chorona. Tenho de ir ao único lugar onde me sinto segura: o Rosewood Country Club. Não me pergunte por quê, mas me sinto confortável lá, com a quadra de tênis, onde posso ganhar de qualquer um à vontade.

Deixo o carro no estacionamento e procuro uma forma de entrar. Vejo uma luz acesa, deve ser da cozinha ou lavanderia. A janela está entreaberta e não é muito alta. Pulo-a facilmente e estou na cozinha. O acesso à quadra de tênis ou à suíte que meu pai aluga deve ser fácil. Dou alguns passos, mas paro abruptamente, com medo de alguém ter ouvido-me.

—Olá – chama alguém, a voz masculina falhando de medo. - Quem é você?

—Spencer Hastings - digo para o garoto. Agora estou tão assustada quanto ele. - Preciso chegar à suíte 497, por favor.

Desculpe, srta. Hastings, mas não estou entendendo. A srta. é sócia do clube?

—Sou, pode verificar no sistema. Olha, sei que a maioria dos sócios não pede um quarto às duas da manhã e nem entra pela janela da cozinha, mas é uma emergência. Por favor, me ajude, eu te imploro.

Alex Santiago

Eu achava que seria só mais um plantão extra normal no Rosewood Country Club. Geralmente eu não trabalho a essa hora, mas o clube precisava de funcionários e eu de dinheiro, então cá estou eu. Mas toda a banalidade da noite acaba quando ouço um barulho estranho, passos ecoando.

—Olá – chamo, tremendo. - Quem é você?

—Spencer Hastings – a garota se apresentou. É muito bonita. - Preciso chegar a suíte 497, por favor.

Eu reconheço seu rosto. Para a maioria dos outros funcionários, ela é apenas mais uma sócia metida, mas para mim… eu não sei explicar, mas era como uma paixão platônica. Eu sei que ela jamais olharia para mim, ou me perceberia enquanto joga tênis com o pai, ou toma Sol com a mãe, ou até faz cooper com a irmã.

Por mais que eu saiba muito mais do que deveria sobre ela, preciso fingir que essa não é a situação.

Desculpe, srta. Hastings, mas não estou entendendo. A srta. é sócia do clube?

—Sou, pode verificar no sistema – ela soa desesperada. - Olha, sei que a maioria dos sócios não pede um quarto às duas da manhã e nem entra pela janela da cozinha, mas é uma emergência. Por favor, me ajude, eu te imploro.

Dou um pequenino sorriso.

Venha comigo.

Entrego-lhe um uniforme de cozinha e a faço seguir-me até o quarto 497. Digo-lhe para tomar um banho enquanto pego roupas na lavanderia.

Spencer Hastings

Entro no banheiro e tomo uma ducha bem demorada. Encontro na cama uma camisola dobrada. É verde-oliva e fica muito boa em mim.

—Bonita – ele elogia. - Boa noite.

—Boa noite… - ele faz menção de fechar a porta. - Espera, você não me disse seu nome.

—Alex Santiago, às ordens, srta. Hastings.

Deixo-o ir embora, e tenho um sorriso no rosto. Tranco a porta e acendo o abajur. Sento na cama de casal com vários cobertores e travesseiros, e tento relaxar, deitando e esticando as pernas, mas o sono não vem. Decido me arriscar dando mais uma voltinha pelo clube.

Volto à cozinha, e encontro Alex lavando a louça, que parece estar acumulada há dias. Se minha mãe visse isso, teria um ataque cardíaco e se desassociaria daqui na hora.muitos pratos a serem ensaboados, provavelmente, ele não recusará ajuda.

—Hey – chamo sua atenção. - Quer uma mãozinha?

—Isso vai contra as regras do clube. Os sócios vêm aqui para relaxar e não para trabalhar com os funcionários.

—Sim, mas nas regras também está descrito que os sócios devem reservar suítes com antecedência e não chegar aqui de madrugada e implorar ao primeiro funcionário que passar para deixá-los ocupar os quartos – observo. - E se não quiser que eu reporte isso à gerência, causando sua demissão, é melhor me deixar ajudar.

—Danadinha… -ele riu, me ajudando a colocar um avental – não conseguiu dormir?

—Não. Acho que minha cabeça está cheia demais para isso.

—Se quiser dividir algumas das coisas comigo… sou todo ouvidos.

Suspiro. Sim, eu quero ter alguém para conversar sobre aquelas coisas, alguém que não esteja dentro da trama de segredos em que eu estou, alguém que não esteja sob o controle de A, mas então, minha mente começa a criar algumas paranoias, muitas das quais me levam a pensar se Alex não era A. Para com isso, Spencer, Alex não é A, me repreendo. Preparo o que dizer, mas travo. Alex me encara, sua expressão diz: Estou esperando.

—Tudo bem. Eu e minhas amigas estamos com um problema, sobre alguém que sabe coisas sobre nós que não deveria saber, entende?

—Entendo… e essas coisas são tão íntimas que nem pensaram em procurar a polícia? Ou não podem procurar? - fico calada. - Não podem. Estou certo? - assinto. - Não há muito que eu possa fazer, se esse é o caso, só posso te dar um pequeno alívio que talvez se torne outro segredo.

—Do que você está falando?

—Você, Spencer Hastings, se importa se soubessem que você beijou um funcionário do Rosewood Country Club? - a oferta me choca, não consigo formular uma resposta rápido o suficiente. - Eu sabia. Você é como todos os outros. Nunca ficaria com alguém abaixo do seu nível.. Pensei que fosse diferente.

—Baseado em quê você diz que eu sou como os outros? Você não me conhece!

—Você é só mais uma garota mimada que pega o que quer, quando quer de quem quer e nem agradece depois! -ele praticamente cospe as palavras em mim.

—Você é um idiota! - grito. - Você julga as pessoas sem que elas tenham o direto de se defender. E quer saber? EU NÃO LIGO DE TE BEIJAR!

O puxo e colo nossos lábios, sem pensar. Realmente, eu não me importo que as pessoas de Rosewood saibam que eu beijei Alex Santiago, funcionário do Rosewood Country Club, mas por alguma razão, eu me incomodaria muito se A descobrisse. A não vai descobrir, penso. E se descobrir, vai ameaçar dizer isso por sobre os telhados. Eu não me importo.

Alex me abraça. Ele aprofunda o beijo e eu corro a mão por seu cabelo enquanto ele liga o rádio em uma música lenta. Dançamos pela cozinha, meus pés sobre os dele e suas mãos em minha cintura.

—O que isso significa? - eu pergunto, meus dedos brincando na costura do ombro de sua camisa.

—Que estamos dançando? - ele ri, mas emenda: - Eu não sei. Provavelmente, eu não te conheço e você tampouco conhece a mim, mas podemos nos conhecer, se quiser. O clube não abre amanhã e ninguém da gerência virá aqui até terça. Podemos tomar café… o que quiser.

Antes que eu responda, meu celular vibra. Ai meu Deus, que não seja A, que não seja A.

Você não liga de beijar ou sair? Tudo bem. Mas liga se ele se machucar não é?

—A

—O que foi? - ele me pergunta, afastando meu cabelo do rosto, fitando minha cara de preocupação.

—Lembra daquela pessoa que sabe demais? Aquela de quem falei? - ele assente. - De alguma forma, ela descobriu que nos beijamos e ouviu nossa conversa – deixo a ameaça de fora.

—Isso quer dizer que ela está aqui por perto! Podemos apanhá-la! Você tem uma lanterna?

—Alex, isso não é uma boa ideia, ninguém sabe do que essa pessoa é capaz.

—E o que você fará? Deixará que ela te espione e te chantageie pelo resto da vida? Spencer, isso é invasão de privacidade, uma coisa séria. Por mais íntimos que sejam esses segredos, se você não procurar a polícia, essa pessoa nunca vai parar.

Outra mensagem chega.

Não ouça o que ele diz. Você não aguentaria as consequências, e como bem disse, ninguém sabe do que eu sou capaz.

—A.

Tudo indica que A está bem ao nosso lado. Pegamos a chave da cozinha e saímos. Mais uma mensagem.

Não me teste Spencer. A coisa pode ficar feia.

—A

Desculpe, A, mas é tarde demais para nos parar agora.

Inspecionamos a área próxima à cozinha, mas não encontramos nada. Tremo tanto que seguro a mão de Alex para me sentir mais segura, e ele parece sorrir com isso.

Vai ficar tudo bem, Spencer. Seja lá quem for, não está aqui.

Eu sei que não estou segura. A vai me atormentar por algum tempo ainda.


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