Floresta Negra escrita por Luh Costa


Capítulo 7
7. Emilly - Primeiro dia de aula 2




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Acordei bem a tempo de ver as luzes do pôr do sol passarem do quarto até desaparecerem.

Luma já estava acordada ao meu lado - tínhamos juntado as camas e ela dormiu em baixo junto comigo -, ela estava sentada e olhando fixamente para parede como se assim ela fosse derreter.

— Luh? Você está bem?

— Hum? Oi? - Com a minha voz ela saiu do transe, ela se virou pra mim e sorriu. - ...Acordei pensando em uma coisa...

— No quê? - Questionei ainda meio sonolenta.

— Em...  - Eu esperei achando que ela fosse dizer algo profundo, ou pelo menos inteligente. - ...Pudim. - Nisso eu caí na risada e acabei acordando de vez.

— E por isso tava encarando a parede?

— Não. Peguei viagem mesmo. - Sorriu de novo rindo comigo. - E aí? Pronta pra primeira noite de aula?

— Ah! Super! - Disse desanimada.

— Ah, preguicinha! Pode ir vazando da cama!

— Tá falando de quê? Você também não saiu da cama até agora! - Rebati e ela me mostrou a língua em resposta, mas logo nós duas estávamos de pé, vestidas com nosso novo uniforme e a Luma com a Candy no ombro. - Vai mesmo levá-la?

— Lógico!

— Luh, e se não puder ter animais na escola? - Digo preocupada.

— Eles que se fodam. - Deu de ombros. -  Não fico sem a Candy.

— Ok, mas se tirarem ela da escola a culpa é totalmente sua. 

— Ok.

— E se isso acontecer eu vou cair matando em cima de você por fazer eles tirarem ela de mim. - Ameacei.

— Desde quando ela é sua? - Me questionou pondo as mãos na cintura. Peguei ela de seu ombro e a segurei em meus braços.

— Desde o dia em que a vi em cima de você. - Respondi simplesmente.

— Vish... - Nem a respondi, já fui saindo do quarto em direção ao refeitório, eu estava morrendo de fome e se não comece algo logo eu era capaz de morrer! Ok, estou sendo um pouco dramática, mas continuo com fome. Luma veio logo atrás de mim, sabia que estava no mesmo estado que eu.

O café da manhã foi completamente normal. Até agora nada de sangue nem nada. Sabe... pode ser meio ridículo mas eu esperava talvez um pouco de sangue em alguma coisa, qualquer coisa, mas nada parecido surgiu nem sequer nas minhas vontades. Eu continuava a mesma, os mesmos desejos "humaninhos" de sempre com talvez algumas poucas melhorias.

No dormitório eu senti uma coisa familiar, estava sendo observada. E por me ser tão familiar eu nem sequer tentei ver quem era, já sabia que era Jeonghan, ou pelo menos achava que era. 

Em um certo momento em que conversávamos com Letícia meu olhar simplesmente foi parar sobre o garoto de cabelos cor de rosa do dia anterior, Namjoon. Descobri que era ele quem me observava esse tempo todo e eu senti certa empolgação ao saber disso. Jeonghan também sentiu algo em mim. Tanto que em segundos estava na minha frente atrapalhando a minha visão e nisso eu fiquei realmente irritada com ele. O que ele era? Meu carcereiro? Puff!

— Posso ajudá-las? - De repente Namjoon estava ao meu lado olhando fixamente pra mim, a aproximação dele foi tão repentina que quase me fez engasgar por um momento.

— O-oi?

— Quer ajuda pra chegar até a sala de vocês? Talvez não tenham a visto ainda, a escola é bem grande. - Sabe aquelas senas ridículas de livros e filmes em que o garoto não consegue falar com a garota que gosta porque ele é muito tímido ou um zé ninguém e a garota parece inalcançável, mas então um belo dia ela resolve falar com o garoto e ele não sabe fazer nada além de coisas desajeitadas e gaguejar feito uma anta? Então, esse era o meu estado. Pelo menos por dentro. Eu não deixei isso transparecer, fui esperta o bastante pra pelo menos ficar calada.

— Não, não precisa... - Ouvi vagamente a voz de Luma ao lado da Letícia. - Mas seria bem legal.

— Em que sala vocês estão? - Perguntou ele.

— Na mesma que a sua. - Eu, Luma e Letícia dissemos quase ao mesmo tempo, o que foi meio estranho e engraçado ao mesmo tempo.

— Ótimo. - Disse simplesmente com a expressão vazia, mas me parecia que seus olhos queriam me dizer alguma coisa. Não sei, talvez fosse apenas a minha imaginação mostrando o que eu queria que fosse verdade.

Depois dali ele nos acompanhou até a nossa sala sem dizer uma única palavra sequer, ele esperou até que todos entrassem até que me parou - eu fiquei por último no caminho e nem me dei conta disso, acho que era porque estava distraída... -, pegou o pulso que fora mordido sem nem hesitar como se soubesse exatamente qual era - apesar deu estar com uma blusa de frio que ia além das minhas mãos porque odeio aquela maldita marca -, sorriu de lado sacanamente e logo depois disse com desdém antes de soltar bruscamente meu braço e entrar na sala, me deixando atordoada:

— Hum... Um novato.

— Caramba!... - Luma de repente estava ao meu lado, ou talvez eu é que não a tenha notado se aproximar antes. - O que foi isso?

— Não sei. - Engoli em seco. - Mas se descobrir te digo.

O professor chegou segundos depois não dando muita chance de escolha de lugar onde sentar a todo mundo. Fui parar na primeira carteira ao lado da porta, Luma a uma mesa de mim também na frente, praticamente no meio da sala, Woozi de alguma maneira conseguiu ficar exatamente atrás dela. Letícia e Hoshi estavam no centro da sala lá no fundão - onde eu queria estar -, vi sem querer que Namjoon estava mais pro fundo também, do outro lado da sala mais perto do professor a uma fileira da parede, o antepenúltimo da fila. Ah! E todo o pessoal dele está aqui, acho que o Seventeen também. Pelo visto o meu irmão não separou ninguém. Só não sei se fico triste ou feliz com isso.

 

Nossa primeira aula foi de História com um professor também vampiro, Heechul. - Reconheci  isso pelo cheiro que seu corpo emanava, o que me fez pensar que se eu tivesse parado antes pra pensar perceberia que todos nós temos um cheiro mais específico e reagimos também de forma diferente a vampiros e a humanos. Eu ainda não tinha muita experiência nisso, aliás, nenhuma, mas mesmo assim descobrir o mundo que vivo agora, em todas as suas nuances me parece extremamente divertido e excitante. É diferente ao mesmo tempo que igual. Se bem que talvez essa reação retarda seja apenas porque eu ainda estou em transformação e com o tempo eu provavelmente vou descobrir mais um monte de coisas que ainda nem faço ideia ser capaz.

Vou te falar... Nunca gostei tanto de história em toda a minha vida. Não sei se era o professor, a matéria, os dois misturados ou que porra estava acontecendo, mas quando ele falava captava totalmente a minha atenção e provavelmente de mais alguma garotas. Não tenho nem ideia de quantos anos ele tem, mas ele bem bonito. Durante toda a aula eu senti alguém fuzilando as minhas costas, mas eu não conseguia desgrudar os olhos do professor, só fiquei livre quando bateu o sinal e ele foi embora. Parecia até feitiço! Até pisquei algumas vezes meio confusa.

Logo após ele, entrou a professora de Matemática, ela parecia severa, sei lá, mas no fim da aula Hyuna se mostrou mais fofa - acho que foi sem querer, e não foi muita gente que percebeu. E ela também é uma vampira. Depois que bateu o sinal e mais um professor entrou e eu senti o cheiro de vampiro vindo dele uma certeza absurda de que meu irmão era o único totalmente humano nessa escola me bateu como uma bola de basquete na cabeça. O que me fez pensar e confirmar que, sim, minha família é toda de malucos.

Nessa aula porém nós ficamos mais foi livres, era apenas uma revisão do que nós já havíamos aprendido na Primeira Escola e eu não estava exatamente prestando atenção na aula do professor.

Sabe quando você percebe que esteve errada duas vezes quase que seguidas? Então... Acho que estou com problemas porque quem estava me observando não era o Jeonghan. De novo. Era o Namjoon. Mas dessa vez algo estava ainda mais diferente, era como se aquela ligação que senti quando cheguei à escola estivesse de volta com total força e como da outra vez eu me vi presa em seu olhar. Ele não desviou ou sequer se moveu, apenas devolveu o meu olhar e ficamos naquele ciclo infinito, nisso eu já tinha me mexido e ficado mais estrategicamente confortável, nem vi quando fiz isso e muito menos quando houve mais uma troca de professores e só voltei a mim quando notei que muita gente passou entre nós, quebrando nosso ciclo. E só então percebei e parei pra pensar que já estava na hora do almoço. 

Ops, jantar.

Vi todo mundo saindo da sala - falando nisso nem sei como é o último professor ou professora que entrou aqui -, decidi sair no fim, até porque não tinha como eu sair inteira no meio daquela massa de gente passando pela porta. Antes deu decidir finalmente me levantar vi Luma andando rápido e decidida para fora da sala, ela foi pra um lado e o Woozi pro outro. Não sei como ele aguenta isso...

Só então eu me levantei preguiçosamente para ir e na porta acabei me espremendo junto a outra pessoa que foi passar justamente no mesmo momento que eu, era ele. Ri meio sem graça e ele me deixou passar primeiro.

— Desculpe. - Ele me disse depois que também passou pra fora e ninguém mais estava dentro da sala.

— Ah... não foi nada. - Eu me sentia tão sem palavras... Queria que aquela coisa ridícula parasse mas não era como se houvesse um botão no meu cérebro no qual eu pudesse desligar o "modo retardol" que eu estava naquele momento, esperava que aquilo não durasse o resto do ano. Eu sentia meu cérebro quase que literalmente derreter só de vê-lo.

— Ownt... Shippo! - Levei um susto, era apenas Luma brotando do chão. Eu Namjoon olhamos pra ela no mesmo tempo, ela estava fazendo um coração com as mãos e sorria fofamente a ponto de suas covinhas aparecerem. - Opa!... - Ela disse de repente como se tivesse se dado conta apenas naquele momento do que disse e fez, então ela deu a volta na gente fingindo que nada tinha acontecido e entrou.

Eu ri dela enquanto revirei os olhos e quando olhei na direção dele ele não ria e sim, me encarava, o que me fez corar levemente.

— Mas eu shippo mesmo! - Ouvi-a gritar de dentro da sala. Dessa vez nem mesmo ele segurou o riso.

— Posso saber o que ela shippa? - Mais um susto. Jeonghan estava na nossa frente de braços cruzados. Eu até abri a boca pra responder mas não tinha uma resposta e também, a própria Luma surgiu na porta se pendurando como se não estivesse com os pés no chão pra responder.

— MiJoon Já ouviu falar? - Se fez de boba e deu um sorriso sapeca e após ouvir um alto baque de mesa percebi que, de fato, ela não estava com os pés no chão. Provavelmente estava em cima da mesa. - MiMon também dá. Acho que prefiro MiJoon mesmo.

— E isso seria quem? - Ele claramente sabia, mas aposto que estava a fim de arrumar briga ou pelo menos um discussão com a Luma.

— A Milles e o Namjoon, ora! Você é burro ou o quê? - Ela revirou os olhos e ele ficou vermelho em questão de segundos de pura raiva.

— Ah, sua...!

— Sua?... - Ela estava claramente desafiando ele, demorei meros segundos pra entender porquê. Woozi estava a poucos metros de nós, qualquer coisa ele ia pra cima do Jeonghan, fora que agora ela também é uma vampira, mesmo que não tenha visto o Woozi ela está pouco se fodendo pro tamanho e força do Jeonghan e ela já está mesmo louca pra dar pelo menos uns bons tapas nele desde o dia em que fez isso comigo. 

— Argh!

— Ué? Não vai dizer? - Já vi que hoje ela tá toda toda! - Ah! Vendo você acabei de lembrar de uma coisa pra fazer! Tenho que dar os parabéns ao Fael por ter deixado você em outra sala. - Nisso ela já foi pulando da mesa, Namjoon me puxou pra si pra que ela pudesse passar. Acho que não precisava ter me puxado tão forte a ponto de me fazer bater contra ele... Mas não estou reclamando!

— Foi você? - Ele pegou ela pelo braço bruscamente.

— Não. Agora será que dá pra me soltar? Só lembrei de parabenizar mesmo.

— Ei! Tire as mãos dela. - Woozi surgiu de repente atrás de Jeonghan segurando firme o ombro dele totalmente sério.

— Há! Que deprimente... Ela te chuta, e você como um bom cachorrinho mandado que é, vem sempre defendê-la! - Ele se virou pra Woozi e sorriu pra ele sarcasticamente, enquanto isso Luma tirou seu braço do aperto do Jeonghan com apenas uma simples puxada e seguiu caminho pelo corredor afora, só naquele momento notei que eu e Namjoon ficamos em silêncio completo enquanto toda aquela cena se desenvolvia, mas fazer o quê? Eu nem sabia o que dizer!

— Valeu, Woozi, mas não era necessário você se entrometer. Sei me cuidar sozinha. - Ela disse enquanto andava em direção provavelmente à sala do meu irmão. Falando nisso... Jeonghan não está na mesma sala que eu? Não acredito! Acho que a Luma não é a única que quer agradecê-lo... 

Tentei dar um passo na direção dela, só então notei que nem havia me movido depois que Namjoon me puxou em sua direção pra Luma passar, eu estava grudada ao corpo dele e não vou negar, podia até sentir seus músculos. Um dos braços dele estava me segurando por trás num abraço seguro e bem firme.

— Opa... - Ele murmurou só pra mim e me soltou me deixando com uma triste sensação de abandono no instante seguinte, mordendo o lábio, fui atrás da Luma.

...

— O que foi aquilo? Tá cada vez mais parecendo uma baixinha invocada.

— Eu não sou uma baixinha invocada! - Ela protestou cruzando os braços e fazendo bico como uma criança.

— Verdade... É uma baixinha revoltada.

— Ah, Milles, cala a boca!

— Viu... - Ela abriu a boca pronta pra me responder mais uma vez com rispidez, mas a fechou de novo vendo que rebater só provava o meu lado.

— Você é uma chata!

— Own... Também te amo. - Fui abraçá-la de lado, mas ela se esquivou e me mostrou a língua, me fazendo rir.

— Luma? Emilly? O que fazem aqui?

— Oi pra você também! - Rebati.

— Ah... nada... Só viemos agradecer.

— Pelo quê?

— Por ter deixado o Jeonghan em outra sala. - Respondi.

— Ah! Isso. Pensei que você ficaria era brava comigo, e não que fosse me agradecer, maninha. - Franzi o cenho quando ele me chamou de maninha.

— Por quê? - Luma já foi se acomodando na beirada da mesa dele e eu fui atrás. - Pensei que a mãe de vocês tivesse explicado tudo pra você já.

— E explicou. Só que, vai saber, né?... Vocês adolescentes são todos cheios de hormônios e oscilações de humor. Vai que, né? - Revirei os olhos pra ele apesar de saber que ele estava apenas zoando com a minha cara.

— Tá, vou fingir que acredito nisso e que você não é um irmão ciumento.

— Eu? Ciumento? De onde tirou isso, garota?

Num sei... - Ergui as mãos pro auto dando de ombros fazendo Luma rir.

— Nem imagino. - Luma entrou na brincadeira.

— Ah, quer saber? Não quero papo com vocês hoje não. Estou de saco cheio de adolescentes por hoje. Vão, saiam da minha sala. - Ele foi nos empurrando porta afora.

— Como se você não fosse um... - Ouvi Luma resmungar.

— Pra sua informação, eu tenho 24 anos! - Ih... acho que ele ficou ofendido...

— Só se for de idade porque de mentalidade tem menos de 5! - Ela rebateu mal conseguindo conter o sorriso.

— Ah... Vá te catar garota! - Ele fechou a porta com força, ficamos segundos encarando a porta até que caímos na risada.

— Okay... Que tal se nós formos jantar? - Opinei achando que ela não tinha jantado ainda já que voltou tão cedo pra sala.

— Ah, o jantar não é agora. Agora é só um lanche, jantar é só depois que a gente terminar as aulas.

— Ah...

— É pão com manteiga e toddy, não vou comer não, tô de boa.

— Sem fome? De novo? - Sondei.

— Relaxa. Não tem nada a ver com a marca não. Juro. Só estou meio sem fome, acho que eu posso vai, eu comi pra caramba no café da manhã.

— Tá... - Digo desconfiada, vendo minha expressão ela soltou um suspiro.

— Ok! Tá bom! Eu vou comer também, feliz?

— Hum-hum! - Sorri e a puxei direto pro refeitório.

 

Quase duas horas depois eu tive a minha primeira aula de Vampirologia.

— Olá turma, eu sou o Gongchan, professor de Vampirologia, ou Sociologia Vampírica de vocês. - Vampirologia! - Ah... Como alguns são novatos eu vou deixar a aula de hoje mais pra perguntas e respontas, provavelmente vocês devem ter muitas perguntas, principalmente as garotas, correto? - Boa parte das garotas assentiu, assim como eu. - Bom garotos,  sei que vocês já estão comigo a dois anos mas relaxem, vou misturar a matéria antiga com a nova de forma que fique suportável as nossas aulas. - Ele deu um sorriso bem jovial, pra falar a verdade ele nem parecia ser muito mais velho que meu irmão, talvez fosse da mesma idade ou talvez seja uns dois anos mais velho. - Bem... Alguém quer começar com alguma pergunta? - Demorou alguns segundos até que algumas pessoas levantassem a mão. - Você.

— Eu queria saber...

— Espere. Qual é o seu nome?

— Luma. - Luma... Tinha que ser!...

— Luma... Pode continuar.

— Eu queria saber porque as Marcadas não podem ficar longe de quem a marcou sem morrer. - Ué? E eu pensando que ela sabia da coisa toda...

— Ah... Sim, essa é uma pergunta comum. - Vi-o baixar o tom de voz. - Especialmente feita por garotas infelizes pelo parceiro... - Vi Luma comprimir os lábios sem dar uma resposta, na qual ele também não forçou a uma. - Bem... O que acontece é que quando a garota é mordida, ao mesmo tempo, é envenenada pela mordida do futuro parceiro, e esse veneno não é mortal só... é encontrado como um "corpo estranho" para o seu corpo. 

"Esse corpo estranho vive em você tranquilamente e é totalmente inofensivo, a única coisa que ele faz é englobar algumas de suas melhores células, mas nem se preocupem, com passar do tempo ele é dissolvido.  É questão de alguns poucos anos... - Como é que é? Anos? Minha respiração até vacilou. - Acho que entenderão melhor na aula de biologia em si, mas vou continuar falando já que disse que o faria. - Boa parte da sala assentiu novamente em sincronia, será que os professores tem algum tipo de poder que nos faz ficar com a atenção colada totalmente neles? - Quando ele engloba tais células seu corpo pode e fica vulnerável às doenças mais simples, como o mais comum resfriado, e qualquer mal estar pode derrubar essa pessoa, isso se a garota ficar longe do parceiro e se eles já estiverem muito tempo ligados. Mas não é sempre que ela morre. 

— Muito tempo quanto? - Luma continuou sondando o professor.

— Uns... 4, 5 meses. - Ela fez uma careta de dor como se tivesse levado um soco muito forte, por um momento até pensei ouvir os pensamentos dela: "Hum... Tô perdida!"

— E isso muda quando se é uma Transformada? - Perguntei esperançosa tentando achar alguma brecha que pudesse ajudar a salvar a Luma.

— ...Sim. De certa forma, sim. O corpo de um Transformado é muito mais forte e a possibilidade de sobrevivência é muito maior. Aliás!... Já falei por que a garota morre?

— Não. - Eu e Luma dissemos em uníssono e sorrimos uma pra outra.

— É o seguinte: O "corpo estranho" está circulando, correto?...

— Sim. - Nós respondemos.

— O que acontece é que ele é "ativado" e começa a ficar propenso a atacar seus ante-corpos porque é atiçado pelo cérebro. Nossas emoções é quem os mantém sob controle e a maior e mais forte potencia contra ele é a... - Ele fez um momento de suspense. - ...felicidade.

— Felicidade? - Luma o questionou erguendo as sobrancelhas.

— Sim. Amor, felicidade, alegria. Bons sentimentos. - Deu de ombros.

— Está zoando com a minha cara, não é? - Eu teria rido, se não tivesse ouvido seu tom e visto seu semblante tão sério.

— Não.

— Só isso? Simples assim? Isso eu consigo ser sem... - Ela parou e refez a frase, acho que acabou pensando no Woozi. - Isso é muito fácil. Dá pra ser feliz até com comida!

— Ah!!!... Mas é aí que vem a pegadinha! O sentimento ideal você só vai conseguir com ele. É totalmente o que você sente com ele e o que você pode sentir com coisas normais como... chocolate, por exemplo. Ou vão me dizer que não é completamente diferente a forma como vocês se sentem quando estão com seus parceiros, hã? Não é mais... especial? Mais... excitante? - Boa parte da sala assentiu, assim como eu, mas isso foi no automático. Mal me lembro de ter tido realmente algum momento assim. Ok! Admito que senti alguma coisa quando o Jeonghan me beijou, mas, porra, eu não tenho culpa! - Viram! É completamente diferente!

— E como é essa coisa da gente ter... poderes? - Perguntou Letícia toda animadinha.

— Lamento informar pessoal... mas vocês não vão ter superpoderes. - Eu e as meninas soltamos um desanimado "Own....", enquanto que alguns meninos riam. Lógico, pra eles era mais fácil, todos eram vampiros! - Mas! Vocês podem ter algumas afinidades.

— Afinidades? - Legal, agora é a Letícia que vai ficar no pé dele. - Como assim afinidades?

— Ah, isso é bem variável. Depende muito da pessoa, mas já ouvi falar de pessoas com afinidades com animais. - Nisso eu encarei a Luma abertamente, tenho certeza que ela notou, mas ficou quietinha como se não notasse. - Já ouvi falar também sobre pessoas que tem afinidade com o tempo, tipo, se vai chover, fazer sol, essas coisas. Também já ouvi falar sobre pessoas que tem uma afinidade maluca sobre o corpo. Essas são fodas, elas podem até ler pensamentos de acordo com o nível da afinidade, mas não acredito que essa seja uma afinidade tão boa assim... Nunca se sabe o que a pessoa está pensando, vai que ela está... esqueçam!...

— Ah... Fala aí, professor!!! - Jéssica insistiu com um olhar todo malicioso, era óbvio que ela sabia do que ele estava falando ou pelo menos achava que sabia.

— Também já houvi falar em pessoas com afinidade com  o tempo. Passado, presente, futuro. Esse é bem relativo e na maioria é sobre o futuro. - Gongchan prosseguiu ignorando Jéssica descaradamente. - Também tem as pessoas com afinidade de leitura corporal, enfim, são muitas possibilidades, como eu havia dito antes.

Disso a aula prosseguiu com curiosidades; como a de não precisarmos dormir, por exemplo, nosso corpo é tão resistente que nem precisamos dormir, fazemos mais por hábito do que realmente necessidade, principalmente os Transformados mais novos. A aula acabou sem que nem nos déssemos conta, fiquei até meio triste pelo fim e mais ainda ao saber que só teríamos aquela aula novamente dali a 10 dias.

Depois de lá fomos jantar e eu me sentia esgotada. Mentalmente! Logo me corrigi. Eu só queria tomar o meu banho e ir dormir pela eternidade.

Eu estava a caminho, quase entrando no quarto logo atrás da Luma quando senti alguém esbarrar em mim, me virei meio irritada, meio sonolenta, mas a raiva ficou entalada e logo, enterrada, em algum lugar bem fundo dentro de mim.

— Desculpe. - Namjoon murmurou antes de voltar pro seu quarto - que aliás é antes do nosso, o que deixa meio improvável ele ter esbarrado em mim após ter vindo do refeitório porque, pelo o que eu sabia, o nosso era o único caminho pra chegar àquele corredor, mas deixa pra lá.

— Nada... - Respondi meio tarde demais, ela já tinha entrado e eu estava estacada na porta. Suspirei enquanto entrava no quarto e vi a Luma toda jogada com as pernas ainda pra fora da cama, já quase dormindo. - Vai tomar banho, bicho preguiça!

— Hum... - Ela mal se moveu.

— Vai logo! Estou sendo boa em te deixar ir primeiro, agora vai!

— Hum...

— Anda, Luh!

— Huum... - Ela colocou o travesseiro sobre a cabeça.

— Luma você tem 2 minutos pra entrar naquele banheiro antes que eu arranje um balde ou qualquer coisa assim e derrame tudo em cima de você! - Falei irritada.

— ...Hum-um... - Ela tá testando a minha paciência, só pode!

— Luma...

— Hum-um. - Puxou um pouco das pernas pra dentro da cama. Sem a menor paciência eu marchei até ela e puxei-a com força pra fora da cama, estava nem aí se ela ia cair de cara no chão. Não sei se pra minha felicidade ou tristeza, ela finalmente se levantou.

— Ok, ok! Tá bom! Tô indo! Não precisa me tacar no chão!

— Sua sorte foi que não joguei mesmo um balde de água em você!

— Ui... Tá toda irritadinha... - Ela disse com suas coisas na mão enquanto passava por mim em direção ao banheiro.

— Luma, você tá querendo apanhar?

— Não. - Bocejou.

Nem vi direito quando ela entrou no banheiro, me sentei na minha cama e me escorei na escada do beliche. Alguns minutos depois a minha visão estava toda embaçada, eu não aguentava mais encarar a porta daquele bendito banheiro. Foi então que eu acordei de vez com alguém abrindo a porta do quarto fortemente.

— Jeong... Namjoon!? - Me assustei e me levantei ao mesmo tempo, por pouco não bati a cabeça no beliche de cima. - O que faz aqui? - Sem dizer nada ele se aproximou de mim lentamente até que estava a minha frente, eu não sabia o que dizer ou fazer. - Namjoon eu acho que...

— Shh... - Ele pôs o dedo em frente aos meus lábios, então seus dedos começaram a passear pelo meu rosto, ele me pegou pelo queixo e se abaixou até aproximar nossos rostos, foi aproximando... aproximando... quando faltava apenas alguns milímetros então ele sussurrou: - Emilly. - Levei um leve susto por causa da sua voz, me fazendo afastar no exato momento em que os nossos lábios iriam se tocar.

— O quê? - Ele me olhou surpreso e então sorriu de lado tomando meu rosto de novo.

— Emilly! - Me afastei novamente. Aquela não era a voz do Namjoon. - Emilly!!!

— Nam... O quê? - Aquela voz era da...

— EMILLY!!! - Foi então que eu abri os olhos de novo e me vi sendo sacudida com força.

— Luh?

— Caramba, mulher! Entrou em coma, foi?

— O quê?...

— Tava sonhando com quem?

— Eu... Oi? - Eu estava totalmente tonta e confusa. Num minuto estava com Namjoon, no outro, estava deitada de péssimo jeito na cama com a Luma quase em cima de mim me chacoalhando até meus dentes baterem. Espera! Aquilo foi um sonho? - Hum!!!... - Gemi e me encolhi inteira. - Por que você me acordou...?

— Pelo mesmo motivo que você. Agora anda! Vai tomar seu banho.

— Hum... - Luma riu e me puxou pra fora da cama. - Você nem tava dormindo de verdade... - Rebati.

— Anda... Não me faça repetir seu discurso. Não tô nem um pouco a fim de sair por aí atrás de um balde. - Com muito custo eu me arrastei até o banheiro tentando viver o resto do que ainda restava daquele micro sonho que tive tentando voltar, ao pelo menos tentando imaginar o que poderia ter acontecido naquele sonho.

— Droga! - Gemi de novo. - Por quê??? - Eu às vezes odeio minha vida.


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