Lágrimas de sol. escrita por Satoji


Capítulo 1
Capítulo único - Meditando sobre mim.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia galerinha, acabei por escrever essa One enquanto refletia sobre algumas coisas. A morte é algo que vem de repente né? Várias coisas em nossas vidas podemos controlar, menos o dia que nascemos e quando iremos morrer, com exceções é claro de quando ficamos doentes, o que acaba levando a morte em alguns casos.

Bem sem mais delongas, boa leitura :D



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Capítulo 1 - Meditando sobre mim.

 

 

Foi então que descobri que estava morrendo, o que eu havia feito de bom em minha vida? Tudo que fiz foi por mim mesma, nunca fiz nada por ninguém. Minha única vontade no momento era me jogar daquele penhasco a minha frente. 

A brisa batia em meus cabelos, eu fechei meus olhos, senti o vento bater sobre meu rosto secando minhas lágrimas, dessa maneira eu sentia que dentro de mim ainda existia alguma coisa. Vivi intensamente, isso eu tinha certeza, nunca passei vontade, o que sentia vontade eu fazia, independente da consequência. Dinheiro nunca me foi problema, eu tinha toneladas dele, se eu quisesse ajudar mais de 1.000 de asilos e orfanados eu poderia.  

Escutei crianças gritando no parquinho ao lado, me senti inútil, não conseguia dar a luz a crianças, se bem que nunca senti vontade de ser mãe, nesse mundo imundo onde vivemos, colocar mais uma vida seria um pecado.  

Lembrei-me das palavras daquele rapaz "Se quiser viver comigo, lhe darei de tudo" sorri ao me lembrar. "Me dará de tudo?" Por favor... Eu tenho mais dinheiro do que sua familia inteira conseguiria em qualquer reencarnação.  

Eu desdenhei os pobres, eu maltratei meus pais quando ficaram velhos, quando morreram eu não fui ao enterro, eu só me importava comigo. Eu não me importava com ninguém, somente a minha vida , o meu mundo, os meus caprichos eram importantes e agora? Agora eu estava morrendo, a terra iria de comer minha carne, nada sobraria.  

—O que você fez de bom em sua vida Kikyou? - Perguntei a mim mesma e sorri – Nada, nenhuma vez.- Me virei e comecei a caminhar em direção ao meu apartamento. Eu sentia fortes dores de cabeça por conta do câncer que se instalará em meu cérebro. De que adiantava agora todo esse dinheiro? Nada poderia me curar. 

Meu apartamento era enorme, ficava na cobertura de um prédio de alto padrão no centro de Tókio, eu me sentia poderosa, era dona da maior loja de cosméticos de todo o Japão e agora... Estava prestes a morrer e quem herdaria minha herança? Ninguém, não tinha filhos, não tinha esposo, não tinha família... Provavelmente o governo herdaria minha empresa e a leiloaria por algum preço que os ajudasse em sua economia... Eu era tão inútil.  

Atravessei a rua movimentada, vários rostos sorriam para mim, eu era conhecida, mas de que adiantava ser conhecida se eu morreria em breve? De que adiantou tanta fama? Tanto orgulho Kikyou? Se nada disso a ajudará agora? 

Senti as lágrimas se formarem novamente em meus olhos, não poderia chorar em publico, não hoje, não amanha, nunca choraria na frente de alguém, comecei a correr desesperada, eu precisava chegar a meu apartamento e me jogar na cama, tomar remédios e dormir, dormir porque era a única coisa que eu fazia sem prejudicar ninguém.  

Foi então que eu bati em alguma coisa, me senti atordoada, o baque foi muito forte, senti meus joelhos penderem, eu certamente iria ao chão mas, algo me segurou. 

—Você se sente bem? - Um rapaz alto, seus olhos ambares vieram em direção aos meus olhos castanhos escuros, eu estava ali, fraca, cansada, nos braços de um homem que nem conhecia... Onde foi parar a Kikyou forte que não precisava de homens a sua volta? 

—Estou... - Falei fraca, as palavras quase não saiam – Desculpe – Eu falei a palavra proibida, em outros tempos nunca pediria desculpas, Kikyou nunca pede desculpas.  

—Quer ajuda? - Ele aparentava ter por volta de seus 35 anos, era jovem e bonito, seus cabelos eram prateados e longos, vestia um terno grafite com riscas de giz, deveria ser algum executivo que passava por ali, já que eu morava no centro e várias empresas grandes se instalavam por ali, assim como a minha.  

—Não terei necessidade de sua ajuda – Respondi - Só estou indo a meu apartamento, peço desculpas novamente. - Comecei a caminhar deixando o rapaz para trás. Foi então que ele segurou um de meus braços e me fez me virar em sua direção. 

—Não precisa ser tão orgulhosa – Me repreendeu – Onde mora? Irei lhe acompanhar.  

—Eu não costumo falar com estranhos senhor – Comecei – Mas se insiste tanto – Comecei a caminhar deixar o rapaz me seguir, o que eu estava fazendo? Será que meu tumor estava afetando tanto assim meu cérebro que, eu não conseguia mais raciocinar direito? Deixar um homem me seguir seria como assinar meu atestado de óbito... Se bem que, eu morreria de qualquer jeito. - Kikyou.  

—O que? - Me perguntou assustado, agora ele caminhava ao meu lado, levava uma pasta preta em suas mãos, deveria conter documentos importantes presumi. 

—Meu nome. - Respondi seca, caminhávamos em direção ao prédio, estávamos a pouco minutos, menos de dois eu diria. 

—Ah... Me chamo Inuyasha – Ele completou – A senhorita está bem? Posso carregá-la se precisar. - Tentava ser gentil. 

—Não terá necessidade, pronto – Falei ao chegarmos em frente ao prédio - Eu moro aqui. 

—Vejo que suas condições financeiras são das melhores – Ele comentou olhando para o tamanho do prédio a nossa frente. 

—Quer tomar um café? Eu moro sozinha, geralmente não convido estranhos mas... Bem, deixe para lá, você não entenderia – Sorri. 

—Aceito seu café Kikyou – Ele me respondeu. - Enquanto caminhamos poderia me contar porque corria desesperada pela calçada e trombou em meu corpo. 

— Sinto muito – Entrei no prédio e fui em direção ao elevador, Inuyasha me seguiu, cumprimentei o portei e ele fez  o mesmo – Eu estava com um pouco de dor de cabeça, precisava tomar um de meus remédios, então tentei chegar o mais rápido possível em casa. - Entrei no elevador e Inuyasha fez o mesmo. 

—Enxaqueca? - Me perguntou em um tom preocupado. 

—Não... É algo pior, mas não vem ao caso agora não é? - Sorri novamente enquanto apertava o botão da cobertura. - Existem coisas na vida de uma pessoa que, vem porque ela merece. 

—O que seria pior que uma enxaqueca para uma dor de cabeça tão forte em uma senhorita como você? - Ele parecia brincar com a situação, soltei uma risada abafada. 

—Talvez um tumor, quem sabe – Vi que a expressão do rapaz mudou. 

—Desculpe, eu não sabia – Tentou se desculpar – Tem cura?  

—Infelizmente não, irei morrer logo... Então, decidi que dedicaria meus ultimos dias para ver o quão inutil fui. - Ao chegar ao andar o elevador se abriu, sai do mesmo com Inuyasha em minha cola, ele parecia desconcertado, "Raios Kikyou, um rapaz tão bonito e você já o assustou com essa história de tumor... Se tinha alguma chance de transa essa noite ela foi perdida ali no elevador" 

Abri a porta do apartamento e entrei, Inuyasha entrou logo atrás, ele parecia observar tudo. Eu me direcionei a cozinha, prendi meus longos cabelos negros em um rabo de cavalo alto, eu estava vestindo um vestido curto azul, com alças grossas, eu sentia muito calor, então quanto mais fresca a roupa melhor.  

—E o que fazia perdido pelo centro, caro Inuyasha?- Perguntei enchendo um bule com agua para esquentar no fogão, por mais rica que eu fosse eu gostava de fazer minhas coisas eu mesma.  

Inuyasha se sentava no sofá, deixou sua pasta na mesa de centro e começou a pronunciar as palavras que seriam respostas a minha pergunta. 

—Eu estava indo em direção a Cosmetic Angel's K, tenho uma proposto a fazer a proprietária. Possuo uma enorme rede de cosméticos, claro, que não tão grande quando a Angel's K – Ele sorriu e eu na cozinha sorri ao ouvir o elogio a minha empresa. - Eu soube que ela havia feito uma oferta de venda de sua empresa e eu estaria interessado em comprá-la.  

—Hoje é seu dia de sorte caro Inuyasha – Comentei deixando o bule no fogão e indo até o armário pegar meu coador de café. 

—Posso saber porque? - Ele me perguntou confuso. 

—Porque, eu sou a proprietária da Cosmetic Angel's K... - Respondi, percebi que ele se assustou e levantou imediatamente do sofá, vindo em direção a cozinha – E sim, estou vendendo minha empresa, já que não tenho muitos meses de vida, não terei para quem deixar a empresa, logo, deixar o governo se apossar de tudo seria um grande desperdício, concorda? 

—Eu não sabia que estava com problemas de saúde - Comentou – Acho que ninguém sabe na verdade, não é mesmo?  

—Sim, somente meu médico e eu sabemos de minha situação... E estou te contando porque gostei de você... - Sorri colocando o pó de café no coador. - O destino é engraçado... Pois bem, você tinha hora marcada? Minha secretária não me avisou sobre o senhor. 

—Na verdade não consegui falar com sua secretária e nem com a senhorita... Eu tentei de várias formas mas não obtive sucesso.  

—E iria dar viagem perdida – Completei – Pois, eu estaria atirada na cama agora me entupindo de calmantes e remédios para o câncer, tentando aliviar a angustia que se forma no meu peito a cada vez que eu respiro – Balancei a cabeça, comecei a sentir tontura, vi tudo ficar escuro, e escutei de longe Inuyasha me chamar. Então tudo ficou preto e eu não consegui ouvir mais nada ao meu redor. 

▬ 

Acordei confusa, estava em minha cama e Inuyasha estava sentando na poltrona ao meu lado dormindo, quanto tempo eu havia ficado desacordada desta vez? Eu me perguntava, levantei-me sem fazer barulho para não acordar meu visitante.  

Inuyasha dormia profundamente, ele havia tirado o paletó e a gravata, ele possuía somente a camisa de linho branco e sua calça, ele era lindo de morrer, se não estivesse a beira da morte diria que até ariscaria fazer algo com o rapaz, mas agora, com ele sabendo de sua situação, achava muito difícil que algo aconteceria. 

Caminhei até a sala e pude ver que agora eram exatamente 04h30min da manhã, coloquei minha mão sobre o rosto, havia desmaiado por umas 12horas no mínimo, caminhei até meu banheiro e fechei a porta, tomaria um banho demorado, precisava tirar o suor do corpo.  

Tirei minha roupa devagar enquanto ficava imaginando o que Inuyasha estaria pensando de tudo isso, e o quanto isso foi estranho, num minuto estava correndo em outro estava com um homem em seu apartamento. Onde estava a Kikyou que não precisava da ajuda de ninguém? Que não gostava que as pessoas soubesse de sua vida? Provavelmente morrerá na sala do medico que lhe deu a noticia de seu cancer.  

Abri o chuveiro e me enfiei embaixo, senti a ducha quente molhar meus cabelos, senti também as lágrimas se formarem, eu perderia meus cabelos longos e negros, perderia o brilho tão invejado de minha pele, perderia a vida, perderia tudo.  

Ouvi leves batidas na porta e então deduzi que seria Inuyasha, desliguei o chuveiro e perguntei. 

—Inuyasha? - Eu ainda me encontrava dentro do box do banheiro. 

—Se sente melhor? - Ele me perguntou do lado de fora do banheiro. 

—Sim, só estou tomando um banho rápido, se quiser comer algo fique a vontade. - Respondi levando minha mão novamente ao registro do chuveiro para o ligar novamente. 

—Tudo bem. Eu vou fazer algo para tomar café se não se importar. 

—Pode ficar tranquilo, se sinta em casa. - Respondi abrindo o chuveiro novamente e me molhando, me ensaboei o mais rápido que pude, já que meu visitante acabará por acordar, me senti culpada por prender o rapaz em minha casa daquela maneira, ao terminar meu banho, peguei um roupão limpo dentro do armário de toalhas, o vesti e sai.  

Meu cabelo ainda estava molhado, então voltei ao banheiro e peguei uma toalha para o secar, sai de dentro do banheiro tentando secar meu longo cabelo, eu evitava usar secadores, não havia tido uma experiência muito boa na infância com eles, uma vez que prendi metade do meu cabelo na ventoinha do mesmo. Sorri ao lembrar desse fato, ao chegar na cozinha pude ver Inuyasha em frente ao fogão cozinhando algo, percebi que ele não notará minha presença. Me encostei na porta e continuei observando, seus braços eram fortes e marcavam a camisa, pelo cheiro ele deveria estar fritando ovos, sorri, eu geralmente tomava uma xicara de café preto de manha e saia para trabalhar, fiquei imaginando se nós tivéssemos nos encontrado em outra circunstancia, de outra maneira, se eu teria a mesma visão que estava tendo agora. 

—Do jeito que me olha vai acabar me secando – Me repreendeu sorrindo - Já que você disse para que eu ficasse a vontade, decidir fazer alguns ovos mexidos, só que... - Ele parou no meio da frase. 

—Só que? - Perguntei sem entender.  

—Depois que comecei a fazer, me perguntei se você poderia comer algo gorduroso assim. - Ele parecia preocupado com as condições que eu me encontrava. 

—Ah... Eu como sem problemas, uma vez comendo algo diferente não irá me matar, o tumor já faz isso, e outra, se eu não pudesse comer isso não teria em casa concorda? - Perguntei. 

—Você deveria parar com isso – Parecia sério agora, franzindo o cenho. 

—O que? - Perguntei confusa, cruzei meus braços, ainda segurava a toalha e meu cabelo ainda estava molhado.  

—Falar dessa maneira sobre sua doença... Por mais que seja verdade é triste ver uma pessoa nessa situação que você se encontra falar como se fosse lixo. - Me repreendeu novamente mas, agora era de uma maneira diferente. Sorri, ele não me conhecia, não tinha o direito de falar como eu devo me portar ou como devo falar de mim mesma. 

—Inuyasha... Você não me conhece, não sabe metade das coisas que já fiz nessa vida, eu mereço cada palavra que pronuncio como ofensa. - Vi que ele se assustou, com o que eu dizia, ele então pegou a frigideira e levou até a mesa, colocando os ovos nos pratos, haviam dois, um para mim e um para ele, já havia passado o café, o cheiro não me enganava, então ele sorriu e disse. 

—Mesmo não te conhecendo posso sentir que se arrepende – Me assustei, como ele sabia? - Suas palavras saem com pesar. Você se arrepende de cada ato. Isso é bom -  Sorriu – Mostra que amadureceu.  

—Ou não... - Coloquei a toalha atrás da cadeira em que eu iria me sentar, logo em seguida me sentei na mesma, olhei para os ovos no prato e para a xicara colocada para mim, senti meus olhos enxerem de lagrimas novamente. Nunca ninguém além de minha mãe havia colocado algo na mesa para que eu comesse daquela maneira. Eu via carinho e compaixão em tudo.  

—Se sente bem?- Ele colocou as mãos em meus ombros, levei meu olhar ao dele e senti as lágrimas caírem – Kikyou? - Ficou de joelhos em minha frente e me abraçou, eu senti o cabelos dos braços de Inuyasha em volta do meu corpo, o que era aquilo? Eu não precisava de compaixão... Droga Kikyou, você vai morrer e justo agora um cara desses aparece? Tão inútil, até em relacionamentos amorosos. Retribui o abraço e chorei, chorei como nunca havia chorado em minha vida. Inuyasha me apertou mais no abraço e disse baixinho – Eu vou cuidar de você - Acariciava meus cabelos molhados - Não vou te deixar sozinha – Me apertou forte, senti os músculos de Inuyasha contra meu corpo - Não se sinto só, por favor. 

▬ 

O que aconteceu conosco foi estranho, após aquele dia Inuyasha me visitava todas as tardes, eu acabei vendendo a empresa a ele, já que não tinha herdeiros queria que a empresa ficasse com alguém que realmente entendesse do ramo de cosméticos e pudesse levar a empresa mais longe do que ela já estava. 

Inuyasha e eu não éramos namorados nem tínhamos alguma relação, somente tinha a companhia do rapaz todas as tardes, por mais que eu estivesse me apaixonando por Inuyasha não poderíamos seguir em frente, logo eu morreria, e não queria que ele chorasse em meu tumulo por um amor que nunca daria certo. 

Eu estava lendo um de meus livros quando Inuyasha chegou, ele abriu a porta me assustando, eu sempre me esquecia que ele possuia cópia das minhas chaves.  

—Te assustei novamente? Peço desculpas – Deixou sua maleta sobre o sofá e se sentou ao meu lado no que eu estava sentada. 

—Tudo bem... Acho que nunca irei me acostumar – Sorri – COmo foi o trabalho? - Perguntei. 

—Sua empresa é maravilhosa tanto quanto imaginei, os profissionais e empregados, todos eles são gentis e agradáveis. Perguntam muito sobre você sabia? Deveria visitar a empresa qualquer dia desses.  

—É... Acho que não fui tão megera quanto achei que fosse – Sorri – Sempre tratei bem meus empregados, já que eles são o que faz a empresa crescer. - Completei fechando meu livro. - O que pretende fazer hoje? 

—Espera... Hoje você teve consulta não teve? - Ele me perguntou – O que o médico disse? Está melhorando? - Acariciava meus cabelos, Inuyasha tinha a ilusão de que eu poderia melhorar em algum momento. O que eu sabia que era impossivel.  

—Eu não fui... - Voltei a abrir o livro e ler a página que eu havia parado, consegui ver os dedos de Inuyasha passarem pela capa, ele delicadamente tirou o livro de minhas mãos, eu não o encarei , logo ele levou sua mão ao meu queixo e virou meu rosto para encontrar o seu, pude ver que estava sério. Foi então que aconteceu, Inuyasha trouxe seu rosto para perto do meu, e eu pude sentir sua respiração, senti seus lábios tocarem os meus, fechei meus olhos devagar e senti o calor do corpo dele invadir o meu. 

Quando eu já não conseguia respirar empurrei um pouco o corpo dele, nos separamos, eu não conseguia o encarar, senti meus olhos marejarem, eu não queria me envolver, eu iria morrer, iria ser doloroso para nós dois, então comecei a chorar novamente. 

—Eu... Eu vou morrer Inuyasha – Eu chorava de maneira desesperada - Não posso me entregar a você, quando eu morrer você vai sofrer – Me fez deitar a cabeça em seu peito, eu pude ouvir seu coração bater rápido, ele fazia carinho em seus cabelos, e então pude ouvir as palavras que sairam de sua boca. 

—Não me importo – Levantei meu rosto e encarei o seu – Eu me apaixonei por você desse jeito, a Kikyou que eu conheci é orgulhosa e segura de si – Fazia carinho em meu rosto com sua mão forte, meu rosto corava, eu sentia meu coração se acelerando – Uma doença não vai fazer com que eu desista de você.  

—Inuyasha... - Comecei, mas ele me cortou em meio a frase. 

—Porém, você precisa ir ao médico Kikyou – Bateu com a palma da mão em minha testa devagar, fechei meus olhos e encarei meu colo. - Independente da situação da sua doença não pode abandonar o tratamento... Venha – Me pegou no colo, fazendo com que eu me assustasse. 

—O que é isso? - Perguntei aflita, porque ele estava fazendo aquilo? - Me coloca no chão. 

—Iremos aos médico. - Começou a caminhar comigo em seu colo até  a porta, fazendo com que eu sentisse mais vergonha do que eu já estava sentindo. 

▬ 

Então dois meses se passaram, Inuyasha se mudou para meu apartamento, meu estado só piorou, agora eu vivia de cama, meus movimentos eram poucos, mal conseguia me levantar. Inuyasha me dava banho, me alimentava, ele passava mais tempo em casa do que na empresa, e era isso que eu não queria, ele parou de viver sua vida por mim, mas não importava o que falasse, ele contestava, ele fazia com que eu me sentisse bem, queria me fazer sentir amada.  

Eu nunca em minha vida toda senti as sensações que estava sentindo com Inuyasha, cada dia que se passava uma coisa diferente acontecia. O meu único problema eram os medicamentos e as reações que eles me causavam, eu vomitava muito, passava muito mal, eu me sentia um peso morto, mas Inuyasha fazia de tudo para que eu ficasse alegre, sorrisse, sentisse que estava tudo bem. 

Me sentei na cama, com dificuldade, vi que Inuyasha já estava de pé, ele deveria estar na cozinha preparando algo para comer, respirei fundo e olhei meus braços. Estava magra, estava amarela, eu não era mais a mesma bela e orgulhosa Kikyou que todos conheciam, agora eu estava doente de mais para ser aquela Kikyou. 

Tirei as cobertas e observei minhas pernas, também finas e magras, eu estava horrivel, tentei me levantar e caminhar até o espelho do quarto. Fui devagar me apoiando nos moveis que ali estavam, eu precisava provar a mim mesma que ainda conseguia fazer algo sozinha. Consegui chegar ao espelho, vi meus cabelos que antes eram cheios, agora ralos e poucos, os medicamentos que eu tomava eram fortes, o que fazia com que eles caissem, eu sentia que iria morrer logo. Sorri ao ver Inuyasha entrar no quarto.  

—Kikyou... - Falou baixinho, deixando a bandeija com os medicamentos em cima da estante ao seu lado, caminhou até mim e me abraçou por trás, logo em seguida depositou um beijo em minha testa. - O que faz aqui em frente ao espelho? - Ele me perguntou com aquele belo sorriso em seus lábios. 

—Tentando entender como consegue me amar – Eu sorri de maneira fraca – Estou tão feia Inuyasha, não sou mais a mulher por quem se apaixonou... Não sente pena disso tudo? Das minhas condições? Eu vou morrer a qualquer minuto, você pode estar comigo agora e amanha, quando acordar, eu estarei em outro mundo, pagando por tudo que fiz até agora.  

—Não seja boba – Observei seu rosto pelo espelho – Você continua linda – Beijou meu rosto e eu sorri- A mulher mais linda do mundo, eu já te disse, eu acredito que você vai se curar, eu ainda terei filhos com você, teremos três - Eu gargalhei, Inuyasha também. 

—E quais serão os nomes? - Perguntei entrando na brincadeira, sabendo que aquilo nunca aconteceria.  

—Serão duas meninas e um menino – Respondeu convicto – Inutaisho em homenagem a meu pai, Shizuko e Midori. - Ele sorria de maneira doce. 

—Você e seus planos – Eu continuava com a brincadeira de Inuyasha. 

—E tem mais, nós vamos comprar uma casa no campo, ela será grande. Teremos dois cachorros e as crianças irão brincar com eles – Eu ficava observando o rosto de Inuyasha enquanto ele falava aquelas coisas, realmente ele sentia alegria em proferir aquelas palavras. Parecia que ele realmente acreditava em tudo aquilo – E nós dois vamos observar da porta, e ver o quão maravilhosos e lindos nossos filhos são. 

—Inuyasha... Eu não posso ser mãe. - Eu quebrei a magia que Inuyasha fazia em sua mente – Sou estéreo. Não consigo, eu já tentei... Tentei ter filhos antes de nos conhecermos, paguei os melhores medicos, eu tentei de verdade mas... Dessa fabrica não sai nada... O meu destino era acabar sozinha em cima desta cama.  

—Ah pare de asneiras – Ele me virou para si ainda sorrindo – Eu já disse, você vai se curar, e nós teremos filhos, podemos adotar se não conseguirmos ter os nossos próprios filhos. Isso é o de menos Kikyou, eu quero e vou me casar com você e construir uma família. Nós seremos um só - Ele acariciava meu rosto, o que me fez chorar de emoção... O que aquele homem via em mim? Eu não faço ideia mas, eu tentaria lutar para me curar, só para ver aquele sorriso o resto dos dias da minha vida. 

▬ 

Mais alguns meses se passaram e eu piorei mais e mais até que Inuyasha teve que me internar, fiquei na UTI por mais alguns longos meses, não sei ao certo, porém, algo estranho acontecia com meu cérebro e os médicos não entendiam.  

Desde minha ultima conversa com Inuyasha, que foi exatamente a conversa sobre termos filhos, eu fiquei pior e no outro dia não despertei mais, o que deixou Inuyasha desesperado. O meu tumor, agora, estava regredindo, por incrível que pareça eu estava melhorando. Porém, eu continuava desacordada, eu não conseguia acordar. Passei um ano desacordada, dessa maneira o tumor desapareceu milagrosamente, os médico não sabiam e até hoje não sabem me explicar como um tumor daquele tamanho, que estava quase tomando todo meu cérebro conseguiu regredir daquela maneira.  

Quando acordei, Inuyasha estava lá, sentado em seu poltrona me observando, porém, estava me observando enquanto dormia, igual a primeira vez que acordei e o vi em minha casa dormindo em minha poltrona, com sua camisa branca de linho e sua calça social gravite risca de giz. Sorri e o chamei baixinho. 

—Inu... - Chamei uma vez – Inuyasha... - Chamei de novo e então, ele me olhou espantado, eu havia acordado realmente? Não estava morta?  

—Kikyou – Ele sorriu e correu em minha direção, beijou minha testa e acariciou meus cabelos - Você voltou pra mim, voltou... - Inuyasha chorava, eu sentia suas lágrimas escorrerem sobre meus cabelos. 

—Eu já morri ? - Perguntei sem entender onde estava. 

—Não boba! - Ele me repreendeu – Você está viva e muito bem viva ok? Não me faça passar por um susto desses novamente garota – Sorria de maneira larga – Vou chamar a enfermeira, não durma ok? Você já dormiu de mais, precisamos conversar sobre vários assuntos. - Se levantou e correu para fora do quarto. 

—Boba... Me chamou de boba... - Eu tentava entender o que acontecia, meu cérebro começou a reconhecer que eu estava no hospital, comecei a ligar os fatos, olhei meus braços e vi que aparentava estar mais forte e mais corada, senti algo estranho entre minhas pernas e então puxei o lençol. Pude ver que estava com a roupa do hospital e uma sonda urinária passava entra minhas pernas entrando em meu canal, minha mente ainda estava processando as informações, foi então que Inuyasha voltou com o médico e a enfermeira. - Porque a sonda? Eu não pedi que não colocassem isso? - Perguntei sem entender o que acontecia. 

—Calma, uma informação de cada vez Kikyou – A enfermeira me cobria novamente com o lençol e me deitava sobre a cama. Inuyasha se sentou em uma cadeira ao meu lado e pegou em minha mão, era evidente que eu estava confusa. 

—Você ficou em coma senhorita – O Medico começou - Ficou um ano em coma. 

—O QUE? - Gritei surpresa, era mais do que eu iria viver. - COMO?  

—Não sabemos, seu tumor regrediu ao estágio zero e acabou por sumir por completo, você não tem mais nada Kikyou, vamos fazer alguns exames e você poderá ir pra casa amanha se estiver tudo ok.  

E então eu comecei a chorar novamente, mas agora, era de felicidade, eu poderia viver tudo o que Inuyasha queria que eu vivesse junto a ele, era isso que me importava agora, fazer Inuyasha tão feliz quanto ele me fez. 

▬ 

Mais alguns anos se passaram e realmente, eu não conseguia ter filhos, eu e Inuyasha decidimos adotar, foi então, que eu adotei meus três tesouros, compramos a casa no campo como Inuyasha queria, até tinhamos os cachorros, estava tudo perfeito como desejava. Realmente, Inuyasha foi a minha cura, ele sempre acreditou que eu ficaria bem, que tudo se resolveria em nossas vidas e foi o que aconteceu. Ele teve fé, coisa que eu nunca havia tido até aquele dia em que ele me despertou, fez eu ver que se eu não lutasse por mim ninguém lutaria. Fez com que eu enxergasse que, se eu quisesse me redimir de tudo que eu havia feito deveria por um basta na pena e dó que sentia de mim mesma e erguer minha cabeça, Inuyasha foi tudo o que precisei na minha vida esses anos todos, e ele apareceu no ultimo minuto, me resgatou do poço onde eu estava prestes a cair e me fez me levantar e senti que estava viva. 

—Mamãe - Inutaisho puxava meu vestido, no momento eu fazia um bolo de cenoura para eles – A Shizuku roubou minha bola, mamãe ! - Eu sorri e me abaixei ficando de sua altura, Inutaisho tinha acabado de completar 6 anos, Shizuku e Midori possuiam 4 e 3 anos, eles ainda não entendiam o termo dividir, ainda mais Shizuku e Midori – Calma, ela irá devolver, ela só quer brincar com você meu pequeno – Peguei Inutaisho no colo, ele me abraçou e então Inuyasha entrou pela porta da cozinha trazendo Shizuku e Midori em seu colo, ele sorria enquanto brincava com as meninas, e eu? Eu estava feliz, pois sentia que finalmente havia alcançado a felicidade que um dia talvez, se não tivesse encontrado Inuyasha, nunca iria esperimentar.  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :) quem sabe eu não escreva mais ones ? PAOSKASPOASKSPOA
Beijos e até a próxima ;*



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