Oliver

Quando acordei estava decidido, iria me declarar pra Felicity, mas não de um jeito comum, não, ela merecia mais, porém eu não sabia o que fazer, precisava de ajuda. Nyssa, ela era mulher, então ela saberia o que fazer né?

Fui correndo pra cozinha e a encontrei lá junto com John. Ela ia me dar bom dia, mas eu fui mais rápido.

—Nyssa quero me declarar pra Felicity, mas não sei o que fazer, preciso de ajuda, o que seria romântico o suficiente?

Ela me olhou espantada e John deu um sorrisinho de canto.

—Nossa, que mudança Oliver, até um tempo atrás você nunca se importaria com isso.

—Até um tempo atrás eu não conhecia Felicity Smoak.

—Bom Oliver, não sei, algo romântico, porém fora do comum? Que tal uma serenata?

—Pelo amor de Deus, você tá louca mulher? Quer espantar a garota? Você já escutou esse menino cantando no chuveiro? É a pior coisa que eu já ouvi na vida.

Olhei feio pra John, mesmo que ele não pudesse ver, eu não cantava tão mal assim, cantava?

—Ok nada de serenata, mas o que eu faço então?

—Que tal uma carta?

John sugeriu e Nyssa pareceu aprovar a ideia.

—O que eu colocaria nessa carta? Quer dizer, eu nem sei por onde começar.

—Comece pelo começo horas, Oliver eu te conheço desde pequenininho e pude ver a mudança que essa garota causou em você, mostre os seus sentimentos, conte pra ela como você se sente, só seja você mesmo.

—Ok, ser eu mesmo, então tá, eu vou lá pro quarto escrever essa carta e não quero que ninguém me incomode, só vou sair de lá quando eu tiver terminado.

Os dois sorriram e quando eu já estava na porta da cozinha John me chamou.

       -Oliver!

—Sim?

—Não tente ser inteligente, contente-se em falar a verdade.

—Tá bom.

Subi pro meu quarto e peguei um maço de papeis de carta que eu tinha, eram da minha mãe, então decidi começar. Eu queria poder dizer que estava tudo indo bem, mas estava tudo uma merda. O que eu escrevia hora soava piegas, hora soava como uma cantada barata.

Perdi as contas de quantas folhas eu amassei e joguei na lata de lixo, estava tão cansado que acho que acabei pegando no sono.

No meu sonho, eu estava em um lugar escuro, parecia uma sala de cinema daquelas antigas, com um projetor gigantesco e toda aquela atmosfera de anos 80.

Eu estava admirando aquele lugar, quando de repente me deparei com Sara.

—Oi, playboy, ou deveria dizer, ex playboy?

—Sara, como?

—Não pergunte como, você só precisa saber que eu vim te ajudar.

—Me ajudar? Como?

—Espere e verá, apesar de ser contra as regras, você está merecendo. Sente-se e aproveite o filme.

Dito isso ela simplesmente sumiu no ar, o projetor foi ligado e eu me sentei, de repente o telão começou a mostrar imagens minhas e de Felicity, todos os nossos momentos juntos, todas as vezes em que eu senti o meu coração disparar, até que o filme foi pausado naquela cena do bar, então eu entendi, era isso que me bloqueava, eu não sabia quando eu havia deixado de ser o playboy e tinha me apaixonado por ela, eu lutei contra isso, então eu não sabia descrever o que era verdade ou não. Foi naquele dia, quando ela se atrapalhou toda e me falou das rosas brancas, naquele dia eu me apaixonei por Felicity Smoak.

Acordei de sobressalto com a cara toda amassada, eu havia dormido em cima das folhas e em outra situação, eu estaria atordoado, mas agora eu parecia ligado no 220. Agora eu sabia exatamente o que escrever pra Felicity.

Querida Felicity, eu decidi escrever uma carta à mão, do jeito antigo sabe...

Dei-me por satisfeito uma hora depois, era uma carta e tanto, lá estavam todos os meus sentimentos, todo o meu amor por ela. Quando olhei pro relógio, levei um susto, eu havia passado o dia inteiro dentro do quarto. Saí apressado com a lata cheia de tentativas frustradas e me dirigi à cozinha, chegando lá cumprimentei a todos e fui direto pra área do fundo para poder colocar fogo em tudo aquilo, não podia correr o risco de Felicity ler alguma daquelas porcarias e descobrir tudo antes da hora. Quando me virei, vi que ela me encarava curiosa e John e Nyssa se seguravam pra não cair na risada.

Eu me sentei e jantei com todos, logo começamos a conversar e o assunto dos papeis queimados parecia ter sido esquecido, assim que terminamos o jantar, decidimos ver um filme e Felicity se aconchegou perto de mim tornando tudo mais interessante. Quando todos finalmente foram dormir, nós dois decidimos subir para o terraço.

—Alô, terra pra Jonas, você não tá me ouvindo né?

—Desculpa Felicity, eu estava totalmente distraído.

 -Tudo bem.

—Mas do que você estava falando? Prometo prestar atenção.

—Tá, eu estava falando da minha viagem dos sonhos, Grécia. Eu juntei dinheiro a minha vida inteira pra poder ir e agora estou tão perto, eu queria te contar sabe, mas não sabia como abordar o assunto, meu voo está marcado pra daqui alguns dias, eu vou passar três semanas lá.

Como assim? Ela não podia ir, como eu iria me declarar? Calma, Oliver sem desespero, você vai ter que adiantar os seus planos.

—Nossa, tão cedo assim? Mas fico feliz por você.

—Jonas, não quero que pareça que eu estou desprezando tudo o que fez por mim, é só que, é o sonho de uma vida inteira,

—Ei calma, eu entendo, você lutou por isso e merece ver seu sonho realizado.

Ela sorriu pra mim e eu a olhei decidido, era agora ou nunca.

—Felicity, meu pai tem uma cabana no lago, não muito longe daqui, gostaria de ir comigo pra amanhã e ficar lá até o dia da sua viagem?

—Eu adoraria, se tiver wifi vou ficar mais feliz ainda.

 -Fique tranquila, senhorita Smoak, nós temos wifi.

 -Então está tudo maravilhoso.

—Sim, saímos amanhã as nove ok?

—Claro, preciso arrumar minhas coisas então. Boa noite Jonas!

Dito isso, ela começou a sair apressada e fiquei feliz, ela realmente parecia animada com a viagem.

—Felicity!

—Sim?

—Você é notável.

Ela sorriu pra mim e caminhou em minha direção, se colocou na ponta dos pés e me deu um beijo no rosto.

—Você é especial, sabia?

Ficamos lá, nos olhando por um bom tempo até que ela levantou e saiu em direção ao quarto, fiquei lá por mais alguns minutos sorrindo como um idiota. Sim, era amanhã.

Amanhã eu iria me declarar.

Felicity

Assim que os papéis estavam queimados, Jonas se sentou conosco e começamos a conversar, por um momento eu quase me esqueci daqueles papeis, mas não por muito tempo, mesmo enquanto estávamos vendo o filme. Aquilo não saía da minha cabeça.

Quando o filme acabou, Jonas e eu fomos pro terraço e começamos a conversar e eu acabei contando pra ele sobre a minha viagem pra Grécia. Eu estava procurando o momento certo pra contar já que eu não queria ir embora, não queria me separar dele, mas essa viagem era o sonho de toda a minha vida, eu não podia desistir agora que eu estava tão perto.

Ele me entendeu e me apoiou, logo em seguida me convidou pra ir pra uma casa no lago e eu prontamente aceitei, Jonas pareceu realmente feliz, mas eu podia quase ver as engrenagens trabalhando na cabeça dele. Em que ele tanto pensava?

Quando eu tinha me virado em direção ao meu quarto pra poder ir arrumar as minhas coisas, escutei uma frase que me deixou de pernas bambas.

“Você é notável.”

Não aguentei, me virei e quase corri em direção a ele, dei-lhe um beijo no rosto e disse que ele era especial, ficamos nos olhando por um bom tempo e parecia que só existíamos nós dois no mundo, quando acordei do meu transe corri pro meu quarto pra arrumar as minhas coisas.

Arrumei todas as minhas malas, afinal saindo da cabana, eu iria direto pro aeroporto. Depois de tudo pronto, eu me deitei e minha cabeça viajou até Oliver, onde ele estaria? Acabei como sempre o comparando ao Jonas e sorri, tão diferentes por fora e tão iguais por dentro, o Jonas demonstrava ter todas as maravilhosas características que eu acreditava que o Queen também possuía.

Com esse pensamento adormeci.

Em meu sonho não conseguia ver nada, eu só conseguia ouvir uma voz, mas ela estava embaralhada, eu não entedia o que ela queria dizer. Com o passar do tempo, a voz foi se tornando mais clara, eu logo reconheci como sendo a voz de Sara e achei que ela falaria alguma piadinha negra ou soltaria um enigma pra mim, mas ao invés disso, de sua voz só saiu uma palavra.

Prepare-se.