Suspirei. Não sabia o que pensar. Tikki estava dormindo e preferi não acordá-la. Mas e se Noir estivesse falando a verdade? Não. Não vou mais pensar nele, apesar de que nem consegui olhá-lo quando se foi. E se foi tão rápido...

— Argh, que gato idiota. Enfiei o rosto nas minhas cobertas e tentei esquecê-lo. Mas, como?

Tentei pensar em Adrien, e logo meu coração aquietou-se. Fiquei imaginando como seria nosso encontro no dia seguinte. Meu estômago reclamava sempre que eu imaginava algum tipo de contato entre nós, mas certamente isso iria acontecer. Pelo menos, eu esperava.

Demorei algumas horas para conseguir pegar no sono, acordei tarde aquele dia. Haviam algumas mensagens no meu celular. Minha mãe dizendo como ela e papai estavam e perguntando se eu estava bem. Alya me falando sobre o encontro e me exigindo que ligasse para ela quando acordasse, e assim fiz. Lhe contei tudo sobre a noite anterior, lógico que omiti a parte que o Chat invadiu meu quarto.

Quando terminamos nossa conversa, percebi que havia uma mensagem recente no meu celular. Uma mensagem do Adrien.

Meu coração gelou até minha alma. Suspirei fundo e abri a dita cuja.

“Mari, me desculpe mas hoje acordei indisposto. Tive uma conversa não muito boa com alguém importante ontem e... não sei se vou ter cabeça para sair de casa hoje. Podemos marcar de sair outro dia, mas se eu melhorar eu te aviso.”

NÃO! Como isso pôde acontecer? Logo quando eu consegui meu encontro perfeito com o Adrien, que tragédia! Encostei-me na parede e escorreguei até o chão, fechando meus olhos. Me perguntei a manhã toda com quem ele havia conversado na noite anterior que o deixou tão abalado assim.

—

Alya estava me ligando já pela terceira vez, eu não queria atender. Não queria lhe dizer que Adrien desmarcou comigo. Fiquei pensando em algum tipo de desculpa, mas sem sucesso. Me dei por vencida.

— Oi Alya.

— Mari, por que demorou tanto?

— Estou meio mal, na verdade. Muito mal.

— Como assim amiga? Quer conversar? Na verdade eu não queria.

Suspirei fundo.

— Adrien desmarcou o encontro. Me disse que havia tido uma conversa ontem com alguém muito importante e isso deixou ele muito mal. Choraminguei ao terminar.

— O que? Como assim alguém muito importante?

— Não sei Alya, ele não me disse. Pediu desculpas e disse que qualquer outro dia nós podemos sair juntos.

— Ai meu Deus, eu não compreendo. Deve ter acontecido alguma coisa muito séria para ele desmarcar assim em cima da hora.

— Provavelmente foi alguma coisa com o pai dele, não é? Não é a primeira vez que ele deixa de ir aos lugares por causa do Sr. Agreste.

— Ah sim, é verdade. Aff, mas que droga ein. Logo hoje, eu tinha certeza que ia dar certo amiga. Percebi um muxoxo em sua voz.

— Eu quero muito saber, mas vou passar de curiosa, sabe lá o que ele pode pensar de mim. Me encolhi e fechei meus olhos. - Mas queria mesmo saber.

— Depois eu sou uma sondada pelo Nino e te conto, tá? Tenho que ir, vou atualizar umas coisas no blog!

— Tudo bem Alya, até.

— Até, Mari.

Eu estava no chão.

—

Eu tinha que saber o que estava acontecendo. Olhei para Tikki, que lia algum livro qualquer. Eu poderia me tranformar em Ladybug e ir até a casa do Adrien e espiar ele. Balancei minha cabeça e enfiei o rosto entre as mãos. Mas que diabos estava pensando? Me joguei na minha espreguiçadeira e não pude deixar de lembrar do ocorrido na noite anterior.

“Se pensa assim, irei embora.” Suas palavras estavam em minha cabeça, repetidamente.

Peguei meu celular e disquei o número do Agreste. Eu tinha que parar de pensar no Chat. Mas, infelizmente caiu na caixa postal. Resolvi deixar um recado.

— A- ah, oi. É....sou eu, Marinette. E- estava pensando, se quiser.. erm... conversar... Se quiser conversar eu posso te ouvir. E- eu... me desculpe... eu só achei que...

Desliguei e fiquei por longos minutos fitando o teto. Imaginei qual seria reação do Adrien ao ouvir minha mensagem, tinha certeza que ele me acharia inconveniente. Me arrependi profundamente de tal atitude e comecei a morder as pontas dos dedos. Um gelado dominava meu estômago e minha garganta estava em chamas.

—

Não teve encontro, e eu não fui feliz aquele sábado. Alya me ligou e pediu desculpas pelo que tinha acontecido, e até conversamos um pouco até o Nino ir buscá-la. Passei o resto da tarde inteira andando de um lado à outro de meu quarto, e às vezes, Tikki tentava me acalmar ou me distrair mas não adiantou muito. Quando anoiteceu, meus pensamentos estavam revirados e bagunçados. Minha mente estava inundada com o que poderia ter acontecido com o Adrien, e por onde andava o Noir.

Eu detesto admitir mas nessa noite eu estava realmente querendo que ele invadisse meu quarto ou que algum Akumatizado aparecesse, só pra eu poder vê-lo. Mas nada disso aconteceu. Meu celular estava vibrando.

“Obrigado pela intenção Mari, mas não posso pedir sua ajuda para isso. É algo que não posso resolver sozinho também. Não posso forçar, só me resta ser paciente. Queria poder te contar, mas não posso. Me desculpe pelo bolo de hoje.”

Meu peito apertou. Ele não me ligou, só mandou esta mensagem. Me senti muito mal. Queria poder ajudar, e resolver seu problema. Eu era idiota, ele agora estava me achando incompreensiva. Estava estragando tudo outra vez.

Subi para ver o céu. A lua estava meio azulada e haviam poucas nuvens, deixando o céu disponível para as estrelas. Me deitei sobre o chão e fiquei ali respirando devagar, tentando relaxar. Meus pensamentos estavam inundando minha cabeça novamente. Tive a impressão de ouvir algum barulho perto de minha janela. Meu coração acelerou, estava torcendo para que fosse Chat.

Sentei-me e conferi à minha volta. Minhas esperanças foram dilaceradas pela realidade. Nada de gato preto. Eu estava sozinha novamente.