Cedo, de manhã e eu ainda naquela cama deitada. Ok, faltando exatamente 59 minutos para eu estar em sala, mas ainda estava me curtindo. Curtindo meu sonho, na verdade. Me encolhi na cama ao relembrar por demorados segundos alguns flashes sobre meu sonho um tanto quanto ousado. Mordi meu lábio a fim de afastar tais pensamentos, e resolvi finalmente me levantar.

Fiz minha higienie diaria como de costume e logo desci, percebi um bilhete no balcão.

“Filha, tivemos que fazer uma pequena viagem, ficaremos o final de semana fora. Com amor, mama e papa.”

— Ótimo, seria tão bom se não houvessem akumatizados neste fim de semana. Porém, a vida não é tão simples assim.

— Bom dia Marinette! Tikki apareceu na cozinha, segurando um biscoito com gotas de chocolate

— Bom dia Tikki !

— Seu sono foi conturbado, não? Você se mexeu tanto que achei até que estava acordada.

— Um pouco. Senti minhas bochechas ruborizarem. Tenho certeza que ela me viu ontem, e percebeu como meu corpo reagiu. Que vergonha. – Tikki, sobre o Chat... eu não-

— Tudo bem Marinette. Não precisa falar sobre isso se você não quiser.

Terminei meu café da manhã junto com Tikki e logo me apressei pra correr para a escola. Iria chegar atrasada. Talvez já fosse minha marca registrada. Quem sabe.

Tudo normal, ao final. Tive a famigerada aula de química, e de vez em quando dava uma olhadelas para a minha frente. Encarava aquelas costas e nuca. Eu realmente tinha uma forte atração pela nuca dele, e o queixo também. E os ombros, há alguns dias eu tinha começado a reparar como estavam largos.

Tudo nele era lindo, seu sorriso, o modo como andava e seus olhos. Lindos. Verdes. Me perdia naquele infinito toda vez que – conseguia, apesar da minha gagueira e descontrole perto dele, mas que fique claro que era nervosismo – encarava aqueles olhos. Adrien. Adrien Agreste. Meu ponto fraco. Me peguei suspirando e olhando seu perfil enquanto ele conversava com o Nino. Mas que tipo de tarada eu sou? A noite fico me agarrando com o Chat Noir e durante o dia fico suspirando pelo Agreste. Argh. Enfiei meu rosto pelas mãos.

— Ei, cabeça de vento! Alya empurrou levemente minha cabeça para o lado, me fazendo desequilibrar por desatentamento.

— Hm? Olhei para Alya e percebi um sorriso

— Pare de sonhar acordada e escreva alguma coisa para ele mari.

— E- escrever? Falei um pouco alto demais, e acabei me levantando só com a ideia de ele ler alguma coisa sobre meus sentimentos. Alya me puxou de volta e me fez sentar novamente. Me senti uma estúpida, Adrien olhou para mim e me encolhi. 

— Mari, escreva uma declaração de amor para ele. Os olhos da Alya brilharam e ela desenhou vário corações imaginários no ar.

— De jeito nenhum!

— Por que? Ele nunca vai descobrir se você não contar Mari, vamos, você é capaz!

— Eu sou capaz, eu sou capaz, e sou capaz. Repeti para mim mesma, mas quando recebi outro olhar do loiro, meu corpo me traiu e eu acabei levantando meus braços e rindo alto pra caramba.

Resultado: na frente do Adrien, e a Chloé só tirando sarro da minha cara, como sempre. A aula terminou, eu e Alya estávamos caminhando para a saída e eu resolvi ouvir música no meu celular. Primeiro erro.

Acabei esbarrando no Nathanael e meu celular foi parar no chão, junto com meus livros. E só pra melhorar eu dei um berro de desespero, achando que meu celular ia quebrar. Segundo erro.

Nathanael tentou me ajudar enquanto eu começava a recolher algumas folhas, mas eu recusei a ajuda dele. Terceiro erro.

Alguém pegou meu celular e conferiu se estava quebrado e acabou vendo minha foto de proteção de tela, a foto do Adrien. E quem era? O próprio. Desastre TOTAL.

Adrien estava com os olhos vidrados na tela do meu smartphone, um pouco mais abertos que o normal e os lábios meio separados, sua expressão era de espanto. Ok, nem era tão anormal assim alguém ter a foto dele no celular poxa, já que era um modelo. Mas, senti como se meu lanche pudesse subir pela minha garganta a qualquer momento. Me desesperei e por impulso joguei meus braços pra cima, derrubando novamente as poucas folhas que eu havia recolhido. Com a minha atitude súbita, ele se virou para mim e me olhou bem nos olhos, eu poderia jurar que ele estava meio envergonhado.

— Marinette? Este celular é seu? Ele coçou a nuca e trocou olhares entre o celular e meu rosto, totalmente confuso.

— Ah, sim. É seu... quer dizer, deveria ser meu... não, meu pra você... De você. Argh, desculpa. Me encolhi e estendi a mão para que ele pudesse me devolver. É Marinette, certamente ele te achava agora uma fã louquinha de pedra.

— Sem problemas. Ele deu uma risadinha e me entregou o celular, encarando meu rosto com um as bochechas ruborizadas.

— O- obrigada Adrien... Guardei o celular no bolso e senti um empurrão nas costas, me fazendo quase cair.

— ADRIKINS! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, PERDENDO TEMPO COM ESTA PERDEDORA? Chloé, sempre um amor de pessoa quando o assunto era eu.

— Oi Chloé. Vi seus olhos rolarem enquanto a loira ~metida~ abraçava-o forçadamente.

— Vamos sair daqui Adrien, a Marinette cansa minha beleza. Vamos Sabrina!

E lá se foi, o amor da minha vida, meu crush. Arrastado pela Vadia Loira Bourgeois e sua seguidora bobona. Suspirei e Alya me ajudou a juntar o resto dos meus papéis que se espalharam.

—

Já estava quase em casa quando ouvi alguém chamar pelo meu nome, ao longe.

— Marinette! Essa voz, não me pareceu estranho, será que era de novo o Chatton? Argh. Ele não cansa? Me virei com o dedo indicador levantado, pronta pra dar uma resposta àquele gato inconveniente. Mas não era o Chat Noir. Era o Adrien. Tremi e vi o rosto dele aproximando-se do meu dedo até quase tocar, quer dizer, quase me atropelar.

— A-Adrien?? O- o que … Fiquei sem ar novamente, meu coração podia ser ouvido por ele, tenho certeza.

— Eu... eu vim me desculpar... pela Chloé. Ela fala as coisas sem pensar. E não quero que você ache que eu penso isso de você também, quer dizer. Ela praticamente me arrastou de lá. Ele se encostou numa caixa de correio e me encarou. – Tudo bem? Você parece... Ele chegou mais perto do meu rosto e eu inspirei fundo, tentando achar alguma palavra. Meu estômago revirava-se, agitado por uma ansiedade volumosa. Mas não era como se eu sentisse fome ou dor de barriga, uma dor fria, que subia até meu peito.

— T- tudo bem, Adrien. Sem problemas, eu n- não ligo, quer dizer.. pra isso... não ligo pra ela, só ligo pra você... n- não, quer dizer, pra sua opinião, m- mas não que seja assim eu só... Ele deu uma risada gostosa e coçou a nuca, me senti envergonhada. Novamente eu estava ali, me estragando na frente dele. - Ah... Adrien, sobre mais cedo, a foto no meu celular... é que..

— Hm? Parece que ele demorou alguns segundos processando. - Ah sim, sem problema Mari.

— N- não! É, e- eu não... não é pra você pensar que.. n- nada.. argh... Vamos Marinette, não gagueje pelo menos uma vez na frente dele, por favooor! Suspirei e fechei meus olhos.

— Tudo bem Mari, eu entendo. Sou um modelo. Ele não parecia muito feliz com essa afirmação. Ele pareceu pensar por alguns segundos. - Então Mari, eu e o Nino vamos ao zoológico este sábado, e eu queria saber se voc-

WHAT? Ele está realmente? Me. Chamando. Pra.... Calma, por que ele parou de falar? Observei ele se virando de costas pra mim e ficando tenso. Deslizei meus olhos para aquela direção e vi um akumatizado. Sério? Não podia esperar 2 minutos só até ele terminar de falar? Qual é.

— Tenho que ir. Falamos juntos. Nesse momento eu não pensava mais em nada a não ser no Akuma. – Mais tarde te ligo Mari! Ele gritou, ao correr pra longe.

Entrei em casa correndo e chamei a Tikki, me transformei e fui em busca do Akuma.