Anatomia de um amor imortal escrita por Eduardo Marais


Capítulo 19
É hora da luta




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— Ela nos mostrou que não está de brincadeira. – comenta Killian servindo bebida quente para todos que estavam na sala da casa de Kane. – Dois ataques numa noite só apenas serviram para mostrar a gana que alimenta a alma da Condessa. Ela decidiu que queria invadir a vida de nossa família e conseguiu. Creio que ela virá buscar Regina e Jonny.

 Emma olha Regina calada e espera alguma reação da mulher. Mas ela parecia estar anestesiada.

Kane retorna para a sala, depois de ter permanecido algum momento em um conversa telefônica.

— Iremos usar as nossas armas humanas. Conversei com a Secretaria de Segurança e ela nos autorizou a enviar fotografias de Reyninna aos aeroportos, estações rodoviárias e ferroviárias, estradas de rodagem, hangares e viralizar na rede social. Também expediu um mandato de prisão preventiva para a possível raptora de uma policial.

— Fotografia de Reynina? E poderia me dizer onde iremos conseguir? Entraremos em contato com a embaixada e pediremos a fotografia de uma empresária para divulgarmos em cartazes de procura-se? – pergunta Killian indignado.

Kane espera o filho parar de falar e aponta para Regina. Todos que estavam ali voltam seus olhos para a morena pensativa.

— Você pretende falsificar uma imagem??

— Temos uma Reyninna bem aqui. Vamos ser rasteiros, também! Usaremos a semelhança de Regina com ela!

Ela ouve seu nome e levanta os olhos. Espreme os lábios e sai do sofá.

— Vamos começar a transformação. Tenho algo importante para fazer depois disso.

Pouco depois do meio dia, todas as Centrais de Polícia do Estado já estavam de posse da fotografia da empresária romena. Descrita como suspeita de ser a mentora da perseguição da família de Regina, do ataque físico ao policial Vladimir, invasão da casa e um posterior rapto no hospital. Os noticiários já divulgavam o rosto da empresária, dos seus serviçais e de Vladimir, pedindo informações para que o policial pudesse ser encontrado ainda com vida.

Os informantes de Kane, nos guetos e nas docas também haviam recebido um incentivo para obterem novidades sobre o caso de rapto do policial. Para estimular a procura, Kane oferece recompensa a quem fornecer informações verídicas que apontassem para o cativeiro de Vladimir.

E a busca continua...

No interior do último subsolo do mosteiro, Reyninna leva sua atenção para a entrada de Mérida e do Diretor do local. O homenzinho se mostra temeroso e respeitoso com a presença da visitante.

— Está querendo mais dinheiro, coisinha fosca?

— N-não é isso, senhora...é que todos os noticiários e as redes sociais estão divulgando sua fotografia. A se-senhora está sendo acusada de mentora de um rapto de um policial...

Reynina apenas levanta uma das sobrancelhas e olha o homem com desdém.

— E daí? O senhor está incomodado com a nossa presença em seu mosteiro, Diretor? – ela sorri maldosamente. Levanta-se e caminha até o homem. – Está sentindo-se mal com a nossa influência maléfica sobre seus jovens estudantes? Acredita que poderei abusá-los em um grau maior do que o seu abuso sobre eles?

Mérida emite uma risada assustadora.

— O senhor acredita que conseguiríamos ficar todos esses meses aqui dentro, se este lugar fosse sagrado? Até as paredes iriam queimar nossa pele, se este covil promíscuo fosse um espaço puro e respeitoso! Eu não consegui tocar o meu Conde, quando ele estava sobre a mesa da casa dele! Sabe por que? Porque era um lugar sagrado! – Reyninna empurra o peito do homem e ele cambaleia. – Vamos ficar aqui embaixo o tempo que for preciso, até que consigamos partir para o meu país.

Aproximando-se do homem, Mérida toca o ombro do religioso.

— Não tente trair a minha Condessa ou eu vou trazer você para ser nosso servo. Aposto que sua existência não será limpa e consciente como a nossa. Transformarei você em meio à lama e  sujeira de algum lugar fétido, para que seja uma criatura insana.

— N-não p-pretendo trair nosso acordo, Condessa. Vou pensar em um modo de ajudá-la a sair do país sem ser encontrada pelos policiais. – o homenzinho reverencia a criatura de olhos dourados e retira-se atemorizado.

Quando as duas estão sozinhas no subsolo, um gemido sonolento e abafado atrai sua atenção e sua paixão. Era Vladimir que estava deitado sobre uma cama e começava a despertar de sua sedação.

— Água...p-por favor...água...

Amorosa e cuidadosa como toda esposa recém casada, Reyninna acomoda o homem sentado na cama e apoiado em seu peito, para que pudesse saciar sua sede.

— Beba com calma, meu amado.

— Mi...minha gar...ganta dói...

— Estará bem em alguns dias, meu amado.

Vladimir se desvencilha das mãos frias da Condessa e senta-se sozinho sobre a cama. Olha por cima do ombro e mostra-se desdenhoso em seu olhar para a mulher sorridente. Havia muito, mas muito desprezo por ela.

— Conseguiu seu intuito? – ele massageia a garganta. – Agora, como irá levar-me do país sem que sejamos percebidos? Vai me esconder dentro de um caixão?

A Condessa sorri constrangida. Abaixa os olhos e brinca com os desenhos do lençol. Depois, levanta os olhos sem levantar a cabeça e assume a expressão de uma loba pronta para o ataque.

— Em breve estaremos em nossas terras romenas, em nosso castelo e em nosso lar. Quando estivermos lá, você conseguirá recordar de tudo o que está adormecido em sua alma. Saberá quem eu sou e o que viveu comigo, o amor que sentimos e não será injusto. Depois, buscaremos nosso menino e nossa Regina.

Negando com um movimento de cabeça, Vladimir emite alguns muxoxos.

— Eu vou fugir em todas as possibilidades que surgirem diante de mim. Em todas as chances que se iluminarem em meus olhos, eu fugirei. Mesmo que me capture mil vezes, eu fugirei outras mil.

Levantando-se da cama, a Condessa caminha suavemente até a porta, mas para quando ouve a voz de Vladimir chamar pelo seu nome. Sorri e olha-o por cima do ombro.

— Você tem uma opção para que tudo acabe bem: minha liberdade ou a fúria dos meus entes sobre você e seus dias.

— Senhor meu marido, eu bebi de você por duas vezes. Mais uma única vez e você virá para o meu mundo. Fuja mil vezes e eu o capturarei mil vezes, mas na milésima primeira, você será como eu.

— Torne-me como você e somente terá paz, quando o sol se esfriar. – ele rosna antes de ser deixado sozinho naquele porão.

Num ponto das docas, Kane e seus homens mais próximos chegam atendendo a uma notícia de um de seus informantes.

— Fiquei sabendo que em dois dias chegará um contêiner vindo da Romênia. – diz uma mulher.

— O que mais sabe? – pergunta Killian, depois de beijar o rosto da mulher.

— Uns rapazes me disseram que receberam a encomenda há alguns dias. O contêiner trazendo terra da Romênia chegará ao portão 42 às onze horas da noite e não passará pela fiscalização. Será descarregado e levado de caminhonete até um mosteiro da cidade.

— Mosteiro? – Killian pergunta e encara o pai.

— O único mosteiro da cidade é aquele dos Chapeleiros, na zona sul... – Kane comenta.

— Não mais. – responde a informante. – Agora há o colégio católico no centro, atrás da igreja das pedras. Aquele em que os internos foram feitos reféns recentemente.

— Foi o mosteiro onde Vlad foi atacado quando esteve lá com Regina e Wu! – Killian se lembra. – Reyninna estaria escondida em um lugar sagrado? Como? É obvio! Ela entrou lá naquela vez porque o lugar não deve ser tão sagrado assim! Há coisas feias lá, então!

A mulher se despede dos policiais e retorna para seu carro, sendo engolida pela escuridão.

— Eles precisam de terra do país natal, para recuperar sua força. Vamos fazer uma campana e apanhar quem vir buscar a encomenda. – Kane olha para os lados. – Vamos sair agora para não deixarmos nossos cheiros aqui.

— Mas e a campana?

— Pedirei aos meus informantes mais fieis para fazerem isso. Quando o contêiner for descarregado, viremos ao ataque.

Noutro ponto da cidade, Regina é recebida por uma velha conhecida de Kane. Dandara era o nome da mulher de aspecto assustador, com bolinhas de silicone na testa para imitar chifres.

— Entre, minha querida. É um prazer revê-la e gostaria que fosse em outras circunstâncias.

Regina não sorri. Estava esperando um momento para explodir sua raiva e sentimento de impotência. Queria esmurrar algo ou alguém.

— Mantenha essa raiva em sua alma e conseguirá pôr tudo a perder.

— Ela me roubou Vlad! Ela o quer levá-lo de mim!

— E vai conseguir, caso continue agindo como se fosse uma mocinha qualquer. – Dandara  tranca o rosto e torna-se ainda mais assustadora. – Precisa ser fria e não emotiva, porque criaturas como essa Condessa não sabem o que é isso.

Inspirando profundamente, Regina se mantém altiva.

— Não se orgulhe em ser descendente daquela coisa. Orgulhe-se em ser filha de Cora Mills e irmã de Zelena. O seu clã é esse! Sente-se, agora!

Obedecendo, Regina se acomoda em uma cadeira indicada pela anfitriã.

— Não podemos demorar nisso, porque a criatura pode querer beber de Vlad mais uma vez. E caso isso aconteça, ele não escapará de tornar-se algo como ela.

— Está bem informada, hein?

Dandara sorri desdenhosa. Exibe o celular pendurado no pescoço e pisca um olho.

— Costumo me comunicar com Kane e Killian. Você não? – ela se senta diante de Regina. – Não percamos tempo com baboseiras. Vamos despertar suas habilidades, minha querida.

Era manhã, quando Regina abre os olhos e observa o teto enfeitado com desenhos pintados em formas geométricas. Senta-se na cama e reconhece o quarto de repouso da casa de Dandara. Sente o desejo de olhar suas mãos, encontrando-as mais rosadas do que o normal e percebe que estavam quentes e formigavam.

— Não terá tempo a perder, minha querida. Tudo o que estava adormecido em sua alma, foi despertado para que use como arma. Vá e traga o nosso Vlad de volta! – Dandara entrega uma caixa retangular para Regina, que a segura com ambas as mãos. – Poderá usar isso, caso creia que será necessário. Eu acredito que será necessário em algum momento, mas cuidado para que não a usem em você, porque não há chance alguma de salvação para o corpo que for tocado por isso.


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