Anatomia de um amor imortal escrita por Eduardo Marais


Capítulo 17
Primeira Vitória




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Noutro ponto da cidade, Regina ajeita o microfone minúsculo na lapela do casaco do marido.

— Nós estaremos acompanhando sua conversa com ela. Caso se sinta ameaçado, não grite nem demonstre pavor. Apenas lhe pergunte se ela gostaria de ver a fotografia de Johnathon. Isso será nosso código para que a invasão.

Vladimir tenta sorrir, mas seus músculos faciais não lhe obedecem. Já havia enfrentado muitas situações perigosas e salvado a vida de reféns, mas aquele encontro com a criatura de olhos dourados estava afligindo sua alma. Tinha de confessar que sentia muito medo, raiva e total impotência. Suas forças não tinham sido suficiente para combater os ataques.

— O carro estará na rua próxima à entrada da casa e Kane, Killian e eu ficaremos apostos para sua defesa. – Regina lhe beija os lábios. – Confie em seus amigos.

Quando a porta do casarão de pedra é aberta, Mérida surge e exibe um sorriso amável. Gesticula para que Vladimir entre naquele espaço assombroso, e imediatamente, ela percebe que o homem exalava um delicioso aroma de rosas frescas. Ele havia sido protegido e isso queimaria muito, caso alguém tentasse tocá-lo. Havia se banhado com chá de rosas.

Reyninna não demora surgir para receber o visitante. A alma de Mérida já a avisa sobre a proteção sobre o corpo do homem, nas roupas e na pele.

— Fico feliz que tenha superado suas emoções ruins surgidas pelo nosso último encontro. Confesso que sofri muito aos sentir o terror em sua alma. Amar uma pessoa e receber o medo em troca costuma machucar a alma de qualquer ser vivo.

— Você há de convir que não foi elegante de sua parte, exibir-se como realmente é. Senti medo.

— Não quis despertar isso em você, meu amado Conde. – ela gesticula e oferece uma poltrona para que ele se sentasse. O móvel se parecia com um trono.

Mérida traz uma garrafa de vinho, o abridor e duas taças, depositando tudo sobre uma pequena mesa.

— Você mesmo abrirá o vinho e o servirá, para que fique claro de que não o envenenei, meu amado. – a Condessa sorri amável e quando estava serena se parecia com um ser humano normal. – Quando aceitar conviver comigo, conseguirá perceber que sou confiável.

— Reyninna, eu sou um homem casado e tenho uma família. Minha esposa e eu estamos planejando ter mais um bebê, por isso, não vejo possibilidades de deixá-la, para viver ao seu lado. É sobre isso que precisamos conversar de forma civilizada.

Apanhando uma pequena caixa dentro do bolso de seu longo casaco, Reyninna a entrega para o visitante. O homem apanha e abre a caixa, observando duas lindas alianças com diamantes cravejados. Olha a joia e seus detalhes, mas não demonstra nada em sua expressão.

— Quando fui presa pela morte de meu marido, os soldados me despiram e deixaram-me somente com o vestido íntimo. Tiraram as minhas joias e a valiosa aliança de meu casamento. Mas meus serviçais as guardaram, inclusive a aliança de Vlades, quando ele foi enterrado.

— Sinto muito que tenha passado por isso. – o policial devolve a caixa.

Do lado de fora da casa, os policiais ouviam a conversa usando aparelhos conseguidos por Kane, mas sem autorização para isso. Um acordo feito internamente facilitara a saída do equipamento que deveria ser devolvido antes do amanhecer. Entretidos na escuta para o amigo, os policiais não percebem a aproximação de alguém, que bate levemente no vidro do carro.

— Boa noite, policiais! Por que não participam do nosso jantar?

Kane abre o vidro e encara o jovem elegante, magro e alto como um dândi inglês.

— O que deseja, meu jovem?

Os traços do jovem eram conhecidos e imediatamente os policiais evocam suas memórias e identificam Lenine rejuvenescido diante deles. Antes que pudessem reagir, sentem o furgão ser levantado e empurrado, começando a rolar em torno de si mesmo, capotando várias vezes.

Depois de virar o veículo, Lenine dispara em carreira para dentro do casarão de sua Condessa. Dentro da casa, Lenine se aproxima apressadamente do local onde Reynina conversava com Vladimir, visivelmente incomodado. Recebe aquele par de olhos furiosos em cor de avelã, sobre seu rosto e percebe que o policial não o reconhecera de imediato.

“Ouvi os policiais dentro do furgão, espionando a sua conversa. Virei o veículo e os atrapalhei para que tenhamos tempo de levar nosso Conde para longe daqui. A hora é agora!” A alma dele fala para a alma de Reynina.

Sim, era hora. Reyninna se levanta e alarga um sorriso perverso.

Rápido e atento, Vladimir se levanta também, olha para o jovem desconhecido e depois para Mérida, que caminha na direção dele. Seus instintos gritam e seu corpo já se prepara para defender-se.

— Você gostaria que visse a fotografia de...

— Juntos seremos fortes. Tirem as roupas dele, mesmo que queime nossas peles! – grita Reyninna.

Ah, não! Usando as informações de seus treinamentos, o policial ataca a Mérida, a pessoa que julga ser mais frágil, porém seu julgamento é feito de maneira errada. Três pares de mãos com força sobre-humana e com rapidez acima do que a normal rasgam os tecidos que protegiam o corpo do homem. Ele grita, rosna, luta, mas não consegue impedir que sua exposição feita em pouco tempo. Despido, ele procura um ponto de fuga, quando sente as mãos molhadas e quentes deslizarem velozmente sobre sua pele. Estava sendo sujo pelo sangue que saía das mãos que o agrediam. Eles estavam quebrando a proteção que tinha sido posta sobre sua pele.

Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, Vladimir é mais uma vez atacado por Reyninna, que crava suas presas pontiagudas no pescoço dele. Imobilizado, ainda consegue segurar os cabelos da mulher, mas sua visão vai apagando-se sem ter como evitar.

Ela o derruba no chão frio e o observa por alguns segundos, admirando os contornos do seu soldado amado. Sorri, feliz pela conquista esperada por tantas luas e sóis.

— Mérida e eu iremos para o outro ninho. Nosso Conde permanecerá aqui protegido até o próximo crepúsculo. Fique aqui e trate de atrasar os nossos inimigos! Depois leve o Conde para onde estaremos.

Lenina se inclina em reverência a sua Condessa e criatura. Estava orgulhoso de sua criança da noite e protegida, alegrando-se pela volta do valoroso Conde Vlades. Depois de tanta espera, eles haviam conseguido resgatar o último membro desgarrado para a família Tepescu.


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