Anatomia de um amor imortal escrita por Eduardo Marais
Na manhã seguinte, Kane pede a presença de seus três protegidos. Queria conversar com eles em sua sala e o assunto parecia ser sério.
— Fomos interrompidos na outra noite e não pude compartilhar o que os peritos descobriram. Nossa investigação sobre a velhinha que agrediu Vlad e sobre o roubo do laboratório, teve de ser arquivada por total falta de informações. Mas antes, os peritos analisaram as digitais encontradas nos caixões e não foram identificadas.
Regina, Vladimir e Killian se entreolham.
— Os peritos identificaram que o DNA era de uma mulher e que os fios de cabelos eram bem velhos, mesmo. Inconclusivo, até Vlad enviar uma taça com digitais para confirmar a identidade e a história de sua parenta Reynina Mills...
— Você fez isso? Que cretino!
Rindo e sem dizer nada, Killian demonstra concordar com a cunhada.
— As digitais dela são as mesmas encontradas nos caixões.
Todos os rostos se desbarrancam e como se tivessem ensaiado a reação, arregalam os olhos e abrem a boca. Vladimir começa a tossir.
— C-como é?
— Podemos afirmar cientificamente que a velhinha que invadiu seu jardim, que agrediu e mordeu Vlad...é a mesma elegante senhora que se identificou como Reyninna Florescu. Entrei em contato com a embaixada da Romênia e obtive informações sobre a empresária homônima, cuja ficha criminal é perfeita e nada consta que a desabone em sua conduta.
Vladimir despenca em uma cadeira e tenta recuperar parte de sua sanidade. Regina evoca as lembranças das vezes que havia visto o olhar da mulher, na noite em que Vladimir a havia baleado e dentro daquela casa onde encontrara seu marido desfalecido e ferido.
— E se ela é uma habilidosa, certamente, enuviou minhas lembranças para que eu não a reconhecesse! – comenta Regina.
— O que está havendo aqui? Estamos lidando com mais pessoas como sua mãe e Zelena? – Killian começa a ficar furioso. – Isso é horrível!
— E como a sua namorada Emma! – explode Regina, não aceitando o ataque do cunhado.
— O que?! Emma é como você e sua família?!
— Só um idiota que não via isso, né? – ela se ajoelha diante do marido. – Fique tranquilo,Vlad! Eu vou conversar com Reyninna e descobrir o que ela realmente quer com a nossa família!
— Meu filho...nosso Jonny está desprotegido... – o policial se levanta e caminha para a porta, saindo dali e sem olhar para trás.
Regina o segue, deixando Killian perplexo com a informação. Ele olha para o pai adotivo.
— Então, aquele lance dos fios de cabelos terem quatrocentos anos...quando eu perguntei se estávamos lidando com drogados ou com o sobrenatural...a velocidade dela...a força dela...a descrição que Vlad fez ao falar da transfiguração do rosto dela...
— Estamos lidando com uma bruxa bem velha e precisamos procurar informações de como conseguir mantê-la longe de Vlad e do bebê. Regina saberá defender-se, mas Vlad não.
— Kane, o que nós iremos fazer?
— Temos de descobrir o que esta visitante realmente quer com a família de Regina. A única informação certa é que essa senhora é muito perigosa e está com um objetivo firme em seu coração. Mas qual objetivo?
Noutro canto da cidade...
Regina ajeita o cobertor sobre o corpinho do filho. A cama dele tinha sido trazida por Vladimir ao quarto do casal, para aumentar a vigia sobre o menino. Desde sua saída da Central de polícia, o homem não dissera nada.
— Reynina não fará mal ao nosso filho, Vlad.
Ele levanta os olhos e fita a esposa. Estreita as sobrancelhas e a olha como se nunca tivesse visto antes. Finalmente se expressa:
— Aquela mulher tem a força de muitos homens, Regina. Ela quebrou minhas costelas e depois mordeu meu pescoço. Você viu a velocidade com que ela apareceu no vídeo e ouviu o relato sobre a invasão do laboratório. – ele aponta numa direção aleatória. – Você presenciou a reação de Lenine quando as pétalas de rosa caíram do meu bolso. E você me disse o que ela fez no presídio. Do que precisa mais para entender que a mulher é perigosa e que deve ficar longe de nós? Lembre-se de que sua mãe a repudiou e fez isso por algum motivo!
O encantamento de Regina com a presença misteriosa de Reyninna em sua vida estava impedindo seu julgamento. Não conseguia enxergar maldade nela, principalmente, depois de ouvir o quanto era amada por aquela mulher. O amor existente na alma de Reyninna era o bastante para todos que poderiam fazer parte de sua vida e não poderia ser repudiado.
— Ela está morrendo, Vlad. E descobriu que estou viva, por isso pediu que eu fosse para Romênia, depois nos vigiou, nos fotografou e protegeu-me no presídio. Ela quer apenas amor.
— Ela quer mais coisas! – Vladimir altera o tom de voz. – Eu não quero você perto daquela lunática! Essa mulher é uma criatura do mal, Regina! Esqueceu-se da aparência com que ela se apresentou pela primeira vez? E quando veio oficialmente, ela estava rejuvenescida! As impressões digitais não mentem! Sua parenta não é apenas uma bruxa comum! É algo mais forte e com potencial maléfico!
Segurando os ombros do marido, Regina o tranquiliza. Beija-lhe os cílios e sorri, conseguindo roubar um resquício de sorriso.
— Conversei com minha mãe e iremos visitar Reyninna, mas não estaremos desprotegidas. Vamos abrir o jogo e expor nossos sentimentos. Tudo o que peço é que você tenha paciência, porque eu vou controlar minha parenta.
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