Too Close escrita por Mandy


Capítulo 3
Leave Me Lonely


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: Ariana Grande - Leave Me Lonely



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POV – Rose Weasley
     Tentei abrir os olhos rapidamente, mas sem sucesso. Não fazia ideia de onde estava, ou sequer lembrava do que havia acontecido noite passada. Me aconcheguei mais no travesseiro ao lado, tentando dormir novamente. Porém, antes que eu pudesse fazer isso, notei algo um tanto estranho.

O travesseiro ao meu lado tinha braços?

Tentei me levantar novamente, levando uma das mãos as têmporas, massageando. Puta merda. Não sei o que havia acontecido na noite passada, mas com certeza não havia sido nada bom. Afinal, eu estava de pijama (pelo menos estava vestida), deitada numa cama ao lado de Scorpius. Observei ele se remexer na cama, abrindo lentamente os olhos e sorrindo pra mim.

— Bom dia, Rosie. Como se sente? – ele perguntou, parecendo preocupado.

— Bem, eu acho. – eu respondi, me levantando da cama. – O que está fazendo aqui, Scorp?

— Não lembra de nada de ontem? – ele perguntou, confuso. Parecia estar surpreso de eu não lembrar de nada, como se eu tivesse feito algo errado. E então pequenos flashes da noite passada vieram a tona. Scorpius. Catarina Brown. E eu... eu havia visto os dois se beijando em algum canto da festa.

— Na verdade, não. Só lembro de você e a Brown... – comecei, com medo de que pudesse chorar ao relembrar a cena repugnante da noite anterior.

— Rosie, sobre isso... eu não gosto da Brown. Ela me traiu, você lembra? Ela me beijou ontem.

— Scorp, você não me deve explicações. – eu comecei, tentando ao máximo me controlar. A verdade é que eu achei fofo ele querer se explicar, como se nós fôssemos namorados e ele estivesse tentando se sair de uma situação que a vadia da Brown o colocou. Mas, isso só seria real em um futuro distante (ou nunca). – Somos amigos, e você... tem o direito de ficar com quem quiser.

Porra, ele pareceu notar que eu estava prestes a chorar. Controle-se, Rose, não chore.

— Rose. – ele continuou. Parecia estar disposto a explicar o que aconteceu na noite passada. Talvez eu quisesse saber porque meu melhor amigo, por quem eu sou apaixonada, estava se agarrando com Catarina Brown em uma festa na Sala Precisa. – Catarina veio até mim ontem. Nem pude imaginar como ela soube dessa festa, afinal foi organizada pela Lily e a Dominique, e elas sabem que vocês duas se detestam.

— James. – respondi de repente, parecendo me lembrar de meu querido primo. – Brown pode muito bem ter seduzido ele pra entrar na festa. E ele, como o bom galinha que é, acabou cedendo a ela.

Eu ainda queria chorar ao lembrar da cena de Catarina e Scorpius se beijando. E ele ainda parecia perceber que eu não estava confortável com a situação. E pareceu querer piorar a situação ao se aproximar aos poucos de mim. Digo, eu e Scorpius éramos melhores amigos, mas o máximo que eu senti próximo de mim foi em um abraço. Ele nunca esteve tão perto... perto demais, como se a qualquer momento fosse...

— Bom dia, pombinhos. – ouvi Dominique acordar na cama ao lado de Lily, sorrindo maliciosamente pra nós. A olhei como se estivesse atrapalhado algo, enquanto Scorpius se afastava bruscamente de mim.

— Oh. Olá, Dominique. – Scorpius disse, parecia ter acordado de algum tipo de transe. – Desculpe ainda estar aqui. Rose estava mal ontem e eu... achei melhor ficar aqui até que ela dormisse, acabei dormindo também.

— Tudo bem. E obrigada por cuidar de Rosie. – a minha prima disse, lançando um olhar significativo pra mim. – Acho melhor você ir, antes que Albus acorde e se pergunte onde está o melhor amigo.

Scorpius se dirigiu até a porta, sem antes dar um singelo beijo na em minha testa e sussurrar algo como “nos vemos mais tarde”. O vi deixar o dormitório, enquanto Dominique, que estava sentada na cama, levantou-se rapidamente.

— Ele dormiu aqui. – concluiu Dominique, como se já não fosse óbvio. – O que aconteceu entre vocês quando ele veio te deixar aqui?

Forcei a mente tentando me lembrar do que havia acontecido noite passada. Lembrei-me de estar bêbada e ter me insinuado para metade da população masculina de Hogwarts. Lembrei-me de Scorpius me puxando para fora da Sala Precisa, me levando até o dormitório. E por último, mas não menos importante, lembro-me de ter tentado beijá-lo. Ótimo, ele deve estar com uma ótima impressão sobre mim.

— Não aconteceu nada, Domi... – eu disse, ainda sentindo a cabeça latejar. Maldito firewhisky. - ...Porque ele não quis.

— O QUÊ? – gritou Dominique, fazendo Lily ao seu lado levantar, assustada. – Ótimo, Lily. Agora a Rosie vai contar a nós duas o que aconteceu.

— Gente. Calma, tá bem? – eu disse. Não estava tão empenhada em contar aquela história, mas sabia que as duas não iriam descansar até saber de tudo. Então, dei conta de explicar tudo de uma vez. – Bom, tudo começou depois que eu vi a Brown beijando o Scorp. Certo, mas então, quando eu deveria ter ido até aqui, me afundar nesse travesseiro e chorar, eu decidi que seria prudente beber. E eu o fiz. Disso vocês já sabem. E então Scorpius me trouxe até aqui...

— E...? – quis saber Lily, que já se mostrava totalmente interessada na história. Fechei os olhos e respirei profundamente. Nunca me arrependi tanto de algo como me arrependia da noite passada.

— Além de ter me insinuado pra quase todos os garotos da festa, quando cheguei aqui com Scorpius, eu decidi que seria prudente dar em cima dele. Eu tentei beijá-lo, mas ele não aceitou, obviamente. Eu gritei, dizendo que ele preferia a Brown a mim porque ela tinha algo que eu não tenho. E Scorpius apenas alegou que eu precisava de um banho. Eu não tinha condições de ir ao banheiro ou tirar minha roupa sozinha, então foi preciso que ele fizesse isso. – Lily me olhou, estática. Se outra pessoa a contasse isso, ela jamais acreditaria. Nem eu acredito ainda. Afinal, sou Rose Weasley, e não importa o quanto eu esteja interessada em Scorpius, eu jamais me atiraria em seus braços como a vadia da Brown. Então, culpem o maldito firewhisky por isso. – Confirmando o que sua expressão quer dizer, Lily, sim, ele precisou me dar um banho e me vestir com este pijama. E então ele deitou ao meu lado e nós dormimos.

Dominique tinha as duas mãos sobre a boca, abafando a gargalhada que ela em breve soltaria. Lily me encarava com um sorriso malicioso nos lábios, coisa que eu nunca imaginei ver, afinal aquilo era do feitio de Domi.

— Acho que encontramos a solução dos seus problemas, Rosie.

Encarei Dominique sem entender bem o que ela quis dizer. Ela trazia uma expressão no mínimo, digamos, séria no rosto. Por um momento pensei que ela poderia dizer algo útil. Porém, quando fiz uma expressão que dizia para minha prima prosseguir com o que dizia, esta continuou.

— Oras, quando quiser se declarar para Scorpius, coloque algumas doses de firewhisky na boca. Pelo o que percebi, faz um grande efeito.

Dominique sentiu o mini impacto do meu travesseiro contra o seu rosto.

— Agora, acho melhor nós arrumarmos. Porque, Rose, você deu um grande show ontem e acho que ninguém dessa escola esquecerá até que apareça outra festa. – Lily completou, e eu me apavorei em pensar no que eu ouviria assim que colocasse meus pés no Salão Principal.

Logo, eu, Lily e Domi andávamos em direção ao Salão Principal. E antes mesmo de entrar ali, eu já ouvia piadinhas de outros garotos.

— E eu achando que você não servia pra nada. Até que você dá pro gasto, Weasley. – ouvi um garoto dizer enquanto passava por mim. Corei violentamente, enquanto Domi e Lily me olhavam, certamente querendo rir da situação constrangedora em que eu me encontrava. Abrimos a porta do Salão Principal, fazendo com que os que estavam ali se virassem para ver quem havia entrado. Alguns garotos, ao me verem indo em direção a mesa da Grifinória, fizeram menção de levantar.

— Rose. – procurei o dono da voz e me deparei com Luke Smith, na mesa da Lufa-Lufa, me encarando maliciosamente. – Bem que você podia fazer um show pra nós novamente. Você foi a sensação da festa ontem.

— Não seja bobo, Smith. – outro garoto, do lado de Luke, disse. – Ela vai fazer outro show, só que em meu dormitório.

O Salão explodiu em risadas. Eu estava prestes a fugir. Porém, antes de tudo, Catarina Brown se levantou da mesa da Corvinal. Ótimo. Lá vinha o gran finale.

— Pra quem me chama de vadia oferecida desde o quarto ano, você até que me superou, Weasley. Suas priminhas devem ter lhe ensinado muito bem. – Brown soltou, quando observei Lily e Dominique irem em direção à garota, dispostas a começar uma discussão ali mesmo. Porém, eu impedi as duas antes que aquilo virasse de fato uma confusão. Olhei para a mesa da Sonserina e vi Albus conversando animadamente com Peter Zabine, mas Scorpius não estava ali. Estranhei ele não estar para o café da manhã, mas eu havia aula de Herbologia com a Sonserina hoje. Com sorte eu o encontraria por lá.

****

Olhei para os lados mais uma vez. Nada. Scorpius quase sempre era minha dupla nas aulas que tínhamos aulas juntas. Porém, com sua ausência, eu tive que dividir dupla com Victoria Scott. Não que ela fosse má companhia, já havíamos feito dupla algumas vezes. Porém, a ausência de Scorpius desde o ocorrido no dormitório me assustava. Talvez ele estivesse realmente arrependido do quase beijo. E confuso sobre eu ter tentado algo com ele na noite anterior.

O resto das aulas passaram sem maiores surpresas. Eu já estava ali no Salão Principal novamente, quando vi Albus se aproximar de mim. Sua expressão era um pouco séria, o que fez eu me assustar, afinal era difícil vê-lo daquela forma. Albus sempre fora o mais brincalhão dos três irmãos.

— Rosie. Scorpius está na sala comunal da Grifinória, disse que vocês precisam conversar. – ele disse. De primeira, fiquei feliz por ter recebido alguma notícia do paradeiro de Scorpius. Por outro, me assustei por ele ter sumido o dia todo e agora querer conversar comigo. Lancei um olhar apreensivo para Lily e Dominique, que incentivaram-me a ir. Mesmo insegura, me levantei, indo o mais rápido que podia à sala comunal. Entrei rapidamente, observando Scorpius sentado em um dos sofás, olhando ao redor do local. Da última vez que ele foi ali, eu estava praticamente em seu colo, completamente bêbada.

— Scorpius? – chamei, fazendo-o se virar para mim. Ele apenas me olhou, sem esboçar uma reação. – Albus disse que estava aqui, e que precisava conversar comigo.

— Bom. Ontem, quando eu trouxe você até aqui, bêbada, você estava completamente fora de si. Sabe, não é a Rosie que eu conheço. – ele disse. Continuei calada, provavelmente querendo saber onde aquela conversa daria. – Você tentou me beijar, e quando eu me recusei, você me perguntou o que Brown tinha e você não. Como se você me perguntasse porque eu escolhi a ela, não você.

Certo. Ele não podia saber demais. Droga. Maldito firewhisky.

— Scorpius, eu...

— Não, Rose. Deixe-me continuar. – ele pediu, e eu me calei, vendo que não tinha muita saída. – Eu sempre soube que você detestava a Brown, provavelmente por ela ser a filha da mulher que sua mãe detesta. Mas não entendi o porque da sua reação. Digo, você nunca foi de beber, Rosie. Porque agiu daquela forma?

Eu não sabia por onde começar. Não poderia dizer à Scorpius que agi daquela forma porque era apaixonada por ele, e consequentemente não suportei vê-lo aos beijos com a Brown.

— Scorpius... – respirei fundo, antes de começar a falar novamente. – Eu... eu não...

— Você...? – ele me incentivou, mas eu não podia dizer nada. Não podia dizer o que ele me pedia. – Vamos, Rosie. Somos amigos desde o primeiro ano, nunca escondemos nada um do outro.

— Mas dessa vez eu preciso esconder. – eu disse, decidida. – Você não entenderia, Scorpius.

— O que eu não entenderia? – ele insistiu. Eu prendi a respiração, sentindo meu coração cada vez descompassado. – Você sabe que podia confiar em mim.

E eu realmente sabia. Mas dessa vez, era diferente. Abaixei a cabeça, tentando evitar olhar em seus olhos, mas vi que ele tentava decifrar o que eu sentia.

— Você confia em mim, não é Rose? – ele continuou, pude ver que ele estava inseguro. – Rose...

— Eu confio, Scorp. Mas não posso dizer isso à você, não posso dizer o que você está me pedindo.

— Porque não, Rose? – ele pediu mais uma vez. Sua insistência estava me deixando nervosa, tanto que não notei quando gritei, movida pelo desespero.

— EU NÃO POSSO! – gritei, fazendo com que Scorpius me olhasse, assustado. – Eu não posso, Scorpius. Me desculpe.

Observei-o me olhar, sua feição demonstrava decepção. Aquilo me doía mais que qualquer coisa. Como eu queria poder responder a pergunta que ele me fazia. Mas não era tão simples.

— Tudo bem, então. – ele soou frio ao dizer essas palavras. – Mas eu achei que nós fôssemos amigos, Rosie.

— Scorpius, eu...

— Depois nos falamos, sim? Preciso pensar. – ele disse, saindo dali rapidamente. Me vi sentada no sofá, chorando compulsivamente. Não sabia que alguns copos de firewhisky pudessem causar tanto estrago assim. Ele havia dito que precisava de um tempo. Cogitei a hipótese de ter sido uma boa decisão. Afinal, se ele fosse ficar e me encher de falsas esperanças, eu preferia que ele me deixasse sozinha.


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