Sangue Divino escrita por Marcos Orso


Capítulo 3
Capítulo 2: O Início do início




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Depois de passar-se muito tempo, passar apenas a meu ver, pois ainda não existia tempo, pensei em uma forma de alterar aquele fatídico e monótono nada. Queria fortemente moldá-lo para que, assim como eu pude existir, outros mais pudessem também.

          Com uma parte do meu ser, pude, a partir da minha vontade, dividir-me, arrancando-o com tamanha força que só não houve um estrondo de magnitudes cosmos apenas porque o som precisa de matéria para se propagar, como não havia, não seria o caso. Tamanha foi a força do rompimento do meu corpo que originou o espaço e o tempo, um feliz acaso. Deste pedaço de mim veio a existir uma linda divindade mais complexa que eu, minha filha-irmã, Gaia, a personificação da Terra, o planeta, e desde aquele momento eu já sabia que ela seria responsável por mudar o futuro de tudo que havia por vir.

          Gaia era de uma beleza inacreditável, meu desejo de moldar algo se tornou uma das mais belas divindades que viriam a existir, ela herdou toda a minha vontade de modificar, de dividir, sendo a mais fértil de todas as deusas que passariam pelo cosmos.

          Apesar de recente, fiquei maravilhado com o que eu poderia fazer dividindo-me para dar origem ao novo. Sem pensar por um segundo sequer, quis repetir aquele maravilhoso feito, e assim fiz: com mais partes minhas arrancadas fui dando origem um a um a mais divindades, todas personificando um conceito abstrato do cosmos: primeiro, após Gaia, veio o Tártaro, a personificação do que seu próprio nome se refere, ao abismo das almas fúnebres e macabras, o submundo.

          Tártaro, com seu semblante sempre soturno, podia representar e ter herdado o lado sinistro que eu ainda desconhecia de mim, felizmente, ele não seria uma deidade das trevas, porém, muito relacionado a ela.

          Na sequência veio Eros, o meu total oposto, o deus primordial da união, da junção dos elementos da natureza, que podia atuar sobre eles de tal maneira a provocar o verdadeiro caos no universo. Contudo, Eros não usaria seus poderes para causar a desordem do mundo, mas sim para unir os seres para dar origem a descendentes. Ele seria um regulador da desordem, coordenando a união dos elementos para que, ao invés de tornar o universo o puro e perpétuo caos, impedir que tal acontecesse.

          Na minha ultima cisão, porém, houve algo inesperado: minha última parte divida separou-se e deu origem a dois deuses gêmeos que personificavam coisas inseparáveis: Nix e Érebo.

          Nix, a personificação da noite, veio a ser uma deusa primordial tão fértil que ficava atrás de Gaia, somente. Diferentemente de Gaia, Nix daria a luz a divindades mais obscuras que poderiam nascer, algumas que subjugariam a própria realidade, todos os deuses e mortais que ainda não existiam estariam a mercê de sua vontade...

          Érebo, a contra parte de Nix, era maléfico, medonho, e viria a causar muitos problemas no futuro. Ele era a personificação da escuridão, tanto que uma das partes do submundo foi nomeada em sua homenagem. Ele era a personificação do breu, das trevas, o vácuo do espaço além dos domínios de Nix.

          Depois de findadas todas as minhas cisões, pude perceber algo incomodo, eu não conseguia interagir com nenhum de meus filhos, na verdade, mais adiante eu descobriria que não podia interferir em nada, eu era parte da inexistência, ainda, subjulgado e obrigado a permanecer como um espectador.

          Neste universo recém-formado, meus filhos, os deuses primordiais, sobre a supremacia de Gaia, minha primogênita, governavam a existência do cosmos, eram majestosos, cada qual em seus domínios e com suas particularidades: Gaia, a grande mãe, em sua beleza e fertilidade infindáveis como o centro, Tártaro, o colossal e imponente pai de todos os monstros situado nos confins de Gaia, Eros, o tentador, o desejo, a força que une os elementos, Nix, a soturna guardiã da escuridão que pairava sobre sua irmã que, até o momento, permanecia perpétua e imutável, e Érebo, o macabro, distante de muitos, não apenas da noite.

          Por muito tempo, enquanto os pequenos e jovens deuses amadureciam, o universo continuou estático e fixo, apenas com as primeiras formas e forças da natureza existindo: a Terra, a submundo, o amor, a noite e a escuridão.

            Estes meus filhos seriam a primeira geração de deuses primordiais, daí em diante, o futuro estaria nas mãos deles...


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