"Espero que o Virgem goste de sua festa surpresa, depois deu ter passado cerca de quatro horas apenas para escolher as benditas flores da mesa. Azuis ou amarelas? Talvez vermelhas, rosas vermelhas? Com espinhos ou sem?... Fora dificultoso, não entendo ainda o porquê de ter que ser eu quem escolhe a decoração, e também as roupas que cada um deles irá usar. Ah, e é claro, as músicas, e também todo o resto da festa com exceção da comida, Câncer ficou encarregado desta parte, sanduichinhos para os meninos, sobremesas de frutas, uma grande e vermelha lagosta (o prato favorito do Virgem, ele é uma dama de classe, não merece menos) e quase dois quilos das mais variadas comidas (que haviam no armário, despensa, e geladeira) para nosso querido Touro, talvez eu estivesse encarregado de quase tudo porque havia sido minha ideia. Estava quase pronto meu semi baile de gala, como Virgem gosta, organizado como sempre".  

Os pensamentos de Libra foram interrompidos ao baterem a porta de seu quarto. Abaixou cuidadosamente a gola rebelde de seu terno, ajustou o chapéu de forma que as balanças não pesassem mais em um lado que do outro. 

 -Estou indo, quem é? -antes de abrir a porta prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, nem um fio de cabelo loiro em seu rosto.  

—É o Peixes, está quase tudo pronto Libra, só vim te pedir algo –a voz quase era a mais calma da casa, suave. Foi até a porta, em seu terno especial de comemorações, quase nunca o usava, um terno preto liso, uma camisa de cor azul claro que facilmente poderia ser dito que era da cor de seus olhos, e uma gravata da cor do terno, igualmente lisa. Ao abrir a porta estava o amigo de cabelo cor verde água, normalmente, o adorável Peixes estava com um sorriso bobo no rosto, mas naquele momento parecia franzir as sobrancelhas de nervoso. Com um terninho também preto, porém a camisa em um roxo pastel e uma gravata borboleta preta lisa.  

—Está tudo bem? Parece certamente preocupado, Peixes.  

—É que... Pediram um terno emprestado para você, branco. E tem dois problemas, o primeiro é o tamanho. Quem te pediu não tem sua altura –Libra percebeu no arquear de sobrancelhas de Peixes que o primeiro problema não era o maior, o que havia por vir era pior. 

 -Bem, e o segundo problema? 

 -O segundo problema? Ahn, quer mesmo saber? Eu posso resolver ele.  

—Peixes, me deixe ajudar. Qual o problema? O pequeno peixinho puxou a respiração e soprou, espremendo os lábios. 

 -Bem, quem pediu o terno foi o Aquário! Pronto, eu disse. Desculpa mesmo, Libra. Ele me pediu para vir aqui porque...  

O loiro ficou momentaneamente cabisbaixo, e voltou a olhar para o amigo de mini rabo de cavalo.  

—Porque ele me odeia, talvez? Deixe isso para lá. Eu já não havia separado um terno para o Aquário?  

—Sim, mas separou um terno preto, separou um terno preto para todo mundo! -Libra ficou confuso. Peixes pôs as mãos na cabeça e uniu os cotovelos, tentando expressar que o problema estava ali- O Aquário não quer ser todo mundo! Ele pediu um terno branco para mim, mas eu não tenho um.  

Tirou o chapéu e o pousou na cama, bufava levemente pensando no que fazer. Faltava menos de três horas para o Virgem voltar de suas compras, Libra assegurou que ele iria demorar, pois havia mandando de companhia o Touro e Leão. Touro passava horas escolhendo sessão por sessão de alimentos, alimento por alimento, e discutindo com o Virgem sobre comprar o mercado para poder ter tudo para eles, e sempre que precisasse, era apenas necessário que mandassem o Sagitário ir buscar. E enquanto o Leão ficava na sessão de produtos de cabelo, lendo os rótulos dos shampoos, condicionadores e cremes, não passaria nada que não soubesse em seu maravilhoso cabelo. Ambos deixavam Virgem preso cerca de milênios no supermercado. 

 -O Aquá vai ter que vir aqui para medi-lo, isso vai ser uma tortura -a voz de Libra estava mais baixa que o comum, sempre ficava chateado ao tratar desse assunto, não entendia o motivo de ser alvo de ódio de Aquário, sendo que quando se conheceram não era exatamente assim- Sabe, ele poderia simplesmente por uma roupa aleatória para ser diferente. Olha Peixes, ele irá brigar com você, mas pode chama-lo?  

O pequeno assentiu com a cabeça e foi em direção a sala de estar. Para não surtar por antecipação, Libra fechou a porta e tentou limpar a mente, foi em busca do terno branco, e por sorte, ou azar, por sua tremenda indecisão, haviam três ternos. Tirou-os do cabide e os colocou na cama delicadamente para não amarrotar, e os olhou para ver qual seria mais fácil, e mais rápido, de ajustar no Aquário. Quase não teve tempo de pensar quando de forma desanimada batem em sua porta. "Só pode ser ele, estou nervoso. Ele sempre fica bravo comigo, nunca aceita meus convites, nem para o chá, nem para nada", ele pensou, quase conformado que não sairia nada de bom daquela tarde. Abriu a porta e olhou para baixo, o visitante era quase vinte centímetros mais baixo do que ele, e estava vermelho, nervoso. 

 -Isso pode acabar rápido? Por favor? -Falava entredentes, quase soprando.  

—Sim, só me responda. Por que não pegou qualquer roupa? Não era para ser diferente? 

 -Isso seria o óbvio, todo mundo esperaria isso de mim, ou seja... O autentico seria fazer o que não esperavam. E também, o Sagi me pagou. Você sabe, ele quer que tudo fique perfeito pro Virgem. Libra estava desentendido.  

—Como assim?  

—Sério? O Sagitário gosta muito do Virgem e você nunca reparou? Até o William reparou e você não? Libra odiava brigas, e de discutir, e sabia que se retrucasse se sentiria mal, então apenas pegou os ternos e pediu para o Aquário provar. 

—Aquário, posso por uma música?  

—Põe -falou de forma seca.  

Pegou seu celular e colocou a primeira música que viu, Holland, 1945 do Neutral Milk Hotel. A música pouco havia sido tocada quando Aquário já demonstrava-se incomodado, mas tentou disfarçar enquanto experimentava os ternos, ambos os três estavam largos. Um deles era branco, mas havia listras finíssimas verticais, este ficou mais ajustado, mesmo ainda muito largo. Libra abriu sua gaveta e pegou uma caixa com agulhas, linhas e fitas de medição, e quase esquecendo quem estava medindo, Libra passou a fita envolta da cintura de Aquário, fazendo-o recuar para trás com o ato. 

 -Ei, não vou te amarrar, apenas medir. Pode, por gentileza, não se mexer? Não torne isso mais... Difícil.  

—Difícil? Para você é difícil?  

Não queria discutir, mas arrastava aquela conversa por anos, queria saber o que acontecia. 

          -Não quero brigar, vou manter meu respeito, mas você me trata estranho! Sempre correndo, sempre fugindo, só porque eu gosto das mesmas coisas que você? Só porque meu gosto é igual ao seu?  

—Não é o seu gosto que é igual ao meu... É o meu que é igual ao seu, você era mais autêntico, tinha ideias boas primeiro, ia nos mesmo lugares que eu! E você sempre pensava em coisas diferentes. Eles te escutam mais quando você fala, e normalmente seria algo que eu poderia dizer. 

 -Mas você sempre discorda do que eu falo.  

—Pois é!  

Por um segundo pararam de falar, ao repararem que quase gritavam, ficaram quietos até que Libra retomou a conversa.  

—Eu me lembro do dia que te conheci, seus cabelos eram curtos comparados a hoje, você era quieto, nada comparado ao agora, e ficava lendo suas revistinhas de super-heróis desconhecidos, fui o primeiro a falar com você. Disse algo como "Eu adoro essas historinhas", mas eu nunca tinha lido, eu sabia sobre o que era apenas, e eu torcia para você não me perguntar nada. A única coisa que eu esperava era que me convidasse pra sentar com você.  

Aquário ficou quieto por algum tempo, olhava para cima e para os lados, nervoso, parecia que não queria se lembrar de nada daquilo, mas era impossível. 

 -Lembro desse tempo, você que me apresentava para as coisas indies e diferentes, teorias de aliens, filmes B, jogos que todo mundo odiava, mas que a gente gostava muito de jogar. Aprendi a falar mais, e boa parte das coisas que gosto são por sua culpa. E odeio admitir isso, era uma ótima época. Libra soltou o cabelo e sentou na cama, queria saber mais, porém estava nervoso, lembrava-se de tudo e sentia falta.  

—Acabou porque eu era mais maluco e diferente que você? -Libra era sensível, as palavras quase derramavam como lágrimas. Sentia que era sua culpa.  

—Não, essa é a desculpa que eu uso para acreditar que não podemos mais ser amigos, a culpa é minha porque eu comecei a... Comecei a me apegar a você, de verdade. Aquário sentou-se na cama, pensativo, não era sensível como Libra, mas ainda sim, não poderia mentir dizendo que não sentia falta daquilo. Não conversavam a anos, estava difícil fingir que o odiava, mas também era teimoso, o pedido de desculpas estava entalado em sua garganta a tanto tempo que pegava poeira. Não sabia como demonstrar que estava arrependido, naquele momento, ele queria ser o Peixes ou Câncer, mas não era, era o Aquário. 

 -Essa música, Holland,1945, acho que foi a última coisa que deixei para você depois de me afastar, não foi? 

 -Foi –Libra agora segurava as lágrimas.  

—Aumenta ela, é a nossa favorita... - aquelas palavras fizeram o coração do loiro derreter por completo, e as lágrimas contidas agora já não estavam mais presas, soluçava de tanto chorar. Até que "sutilmente" Aquário pousa a cabeça no ombro de Libra, deitando como se procurasse certa proteção- Senti sua falta, devo admitir. Você é tipo o Godzilla do meu Tokyo...  

—Godzilla não destruiu Tokyo? -disse Libra rindo. 

 -Não! O que essa Hollywood fez com a sua cabeça? O Godzilla só estava demonstrando carinho por meio de lutinha com Tokyo, era apenas carinho. Mas se quer que eu mude para algo mais meigo, você é tipo o Serpentário do meu Escorpião. 

 -Espera, mas o Scorp não odeia o Serp?  

—Como você é inocente Jovem Padawan, ainda tem muito o que aprender -Aquário disse levantando a cabeça do ombro do loiro.  

—Sim mestre! E que a força esteja com você.  

Ambos começaram a rir, e iam se curvando por causa das risadas, até reparem que seus rostos estavam muito perto, e se separaram rapidamente, coraram por igual, entretanto nem a imagem nem a ideia saíram de suas mentes, se entreolharam por segundos até voltarem a se aproximar, dessa vez, intencionalmente. Lentos, mas nada calmos, a cada palmo a menos de distância seus rostos ficavam mais vermelhos, até sentirem a respiração um do outro, não sabiam quem daria o passo para frente, mas estavam colados. Foi então que Aquário tomou a atitude, foi a frente, pondo as mãos atrás do pescoço de Libra o puxando para frente, seus lábios se tocaram, ficaram ali, nos encaixes e acertos de suas bocas. Ambos de olhos fechados apreciavam tudo naquele momento, Aquário ia beijando o pescoço de Libra, e voltavam os rostos juntos, as respirações quentes faziam lembrar que eram duas pessoas ali. Libra voava nos beijos quando seu senso de organização apitou: A festa do Virgem, e o terno branco ainda não ajustado. Afastou um pouco do rosto.  

—Aquário! O terno! A festa!  

—Ai! Verdade... Temos que parar mesmo? -com olhos que imploravam por mais, o pequeno de cabelos castanhos queria continuar. -Deixe eu terminar de arrumar o terno e veremos o que vamos fazer depois, prometo. 

 -Tudo bem Han Solo, a Princesa Leia estará esperando...  

"O Touro acabou de ligar avisando que estão chegando, deixei seus ternos escondidos num cabide atrás da árvore do quintal, Virgem entraria primeiro sozinho..." Libra pensava ansioso enquanto todos achavam um lugar para se esconder na sala a espera da grande chegada de Virgem. Peixes pediu para que Escorpião e Serpentário cooperassem e se escondessem para a surpresa, e alguns tiveram dificuldades para achar um lugar. 

 -Pessoal, eu não sei o que fazer...Não brinco disso normalmente -Capricórnio era alto, e os chifres não ajudavam, estava olhando em todos os lugares sem saber o que fazer. 

 Câncer rapidamente correu até a cozinha e começou a procura algo, apenas achou uma panela, duas escumadeiras e um pano de prato. "A panela servirá", ele pensou correndo de volta para a sala e pondo sobre a cabeça de Capri, ainda deixando a boca amostra. 

 -Você se abaixa atrás do sofá, pelo menos seus chifres não aparecem, Capri –Câncer disse sorrindo.  

O cabelo de Aquário estava semi-preso pelo fone, havia passado para trás com gel a parte da frente e colocado o fone por cima. O terno branco lhe deu um charme incontestável, mas estava um pouco quieto, e quando se compara ao Aquário, até estar um pouco quieto já era muito. Ninguém havia reparado, então era melhor para ele não demonstrar nada, apenas se escondeu como os outro. Apagam-se as luzes. Ligam em som baixo os violinos e esperam.  

—Sério que eles escolhem tudo, eu pago tudo, e somem na hora de carregar as compras? Por que está tudo escuro? Ninguém vem ajudar? -Virgem acendeu as luzes com dificuldade, seus cabelos caiam no rosto e não conseguia arrumar com as mãos ocupadas pelas caixas e sacolas.  

As luzes se acenderam e todos pularam gritando sem ordem "Surpresa". Virgem pasmo colocou as caixas no chão e ficou se perguntando "O que está acontecendo?". 

—Ahn, uma festa? Para mim? E vocês estão de terno? Tudo está arrumado e a casa não pegou fogo? Okay, estou bem surpreso... -Leão e Touro chegam correndo em seus ternos, respiram ofegantes, seus cabelos presos e cansados- Fizeram tudo isso para mim, de verdade? 

Libra tomou a frente, falava por todos. 

—Claro Virgem, você basicamente faz tudo por todo mundo, tudo nessa casa, merece uma recompensa digna, reparamos o quanto anda cansado. Era o mínimo. 

Virgem olhou em volta, viu o ponche, a comida, e como todos, sem exceção, estavam arrumados com ternos e cabelos presos. Normalmente ele não demonstraria ou não se importaria, mas ficou contente com tudo aquilo que haviam preparando, como se todos se importassem. Estava sorrindo, e os olhos verdes brilhavam intensamente, provavelmente, as lágrimas que procuravam espaço. 

—Começem a festa antes que eu deixe ser o Virgem para ser o Câncer... 

—Ei... Não é porque é verdade, que você tem que dizer isso -Câncer disse arrumando Nestor em sua cabeça- Sagi, por favor, coloque uma música mais animada... 

A balada havia começado, alguns optaram por não dançar, como Serpentário, que julgava os que dançavam como se ele mesmo não quisesse estar ali. Capricórnio não sabia dançar, mas Câncer, puxou sua mão e apenas disse: Caprica, ninguém aqui sabe dançar, se rirem de você dançando não irá ser importante, porque rimos uns dos outros todos os dias e isso é o divertido. Dance como quiser, apenas não se importe porque nenhum deles fará algo igual.  

Escorpião acabará de pensar em ir sentar quando Peixes, pelas costas, puxou a gola do terno, e o virou. 

—Senhor Escorpião, você vai mesmo sentar? Não vai dançar comigo? -os olhos de Peixes brilhavam tanto que faziam Escorpião ficar besta. Deu de ombros como se não fizesse diferença dançar ou não, mesmo fazendo, apenas o seguiu e começou a dançar, ele não dançava muito bem, mas quando parava uns segundos, via Peixes dançando e pulando ao ritmo da música, mexendo os braços se divertindo. Escorpião o levantou no colo e o girou, riam. 

Aquário via tudo, ria com a diversão deles, pensava em dançar, mas todos que dançavam estavam em par. Capricórnio e Câncer dançavam desengonçadamente, Touro e Áries estavam perto dos lanches, Leão e Sagitário discutiam que músicas colocar. Alguns estavam sozinhos como Gêmeos, que bebia o ponche e julgava todos a sua volta, e Serpentário, ainda no sofá quase dormindo.  

Mas Libra conversava com Virgem, pareciam conversar sobre a festa, e riam, e logo alguém havia colocado um papel celofane vermelho na luz para um clima romântico. O que poderiam fazer? Não tinham algo mais decente.  

A música ficou lenta, "Que porra é essa?" pensou Aquário, vendo que quase todos aproveitaram o momento para se aproximar, ele mal via a hora de Sagi convidar Virgem para dançar, mas parecia que o DJ estava com medo. Aquário resolveu se aproximar para fazer algo. 

—Sagitário, você não vai perder essa oportunidade, né? O Virgem está ali, é uma música lenta, se você encaixar mais os pontos eles não soltam, só vai cara... Se der errado eu estou aqui, e se der certo... O Virgem estará lá. 

—Você não é um bom motivador, Aqua. 

—O que importa mais? As palavras que eu digo, ou a confiança que tenho em você? -Sagi se sentiu um pouco melhor, Aquário não mentia para fazer os outros se sentirem melhores. 

—Cara, se confia em mim, não posso te decepcionar. Eu vou lá. 

Sagitário respirou fundo, estava com medo, porém queria muito ter a oportunidade e arriscar, convidou Virgem para aquela dança, suas pernas e mãos tremiam, a resposta o apavorava. 

—Vamos, o que eu perderia? 

Aquário vibrava internamente pelo amigo, sem reparar que alguém vinha por trás para cumprimenta-lo. Libra o olhava pensando se deveria conversar com ele na frente de todos, normalmente Aquário se esconderia, mas naquele momento, o que ele faria depois de tudo aquilo? Hesitou algumas vezes, mas conseguiu pousar a mão no ombro de Aquário. 

—Oi, ahn... Não sei se quer que vejam a gente conversando –Libra parecia tímido, segurava o chapéu na mão, o que poderia mostrar que suava um pouco com o nervosismo. 

—Por que Han Solo? Por que eu não iria querer? 

—Leia, você sempre fugia de mim, e todo mundo sabe disso... Será que teria coragem de simplesmente quebrar isso? O orgulho?  

—Eu não me importo com isso, na verdade eu queria que dançasse comigo. Você quebraria esse orgulho numa valsa para depois acharmos nosso Chewbacca? 

Libra riu aceitando a dança. 

—O orgulho já está quebrado, e vamos concordar, um Chewbacca preto e branco não ficaria ótimo? 

—Gêmeos... se convence-lo a ser o Chewe, faço o cosplay de Leia com você, Han. 

As gargalhadas começaram a sair descontroladamente, o que fez todos da sala direcionarem olhares para os dois, espantados, alguns não repararam de momento que quem riam eram os dois arque inimigos, ou ex-arque inimigos. Todos estavam olhando enquanto Aquário e Libra riam juntos. 

—Todos estão olhando, Aqua. 

Aquário olhou em volta e uma ideia brotou em sua mente, encaixou sua mão à de Libra, levando a outra pelas costas do parceiro de dança, pousou a cabeça ao peito do loiro, que sendo mais alto, encaixou sutilmente. Balançavam no ritmo da música leve, aos poucos, ninguém mais olhava, mesmo com dúvidas, não ligavam.  

—Não estão olhando mais –Libra olhou para baixo, reparou que Aquário nem se importava mais com nada, estava calmo com a cabeça pousada em seu peito, Libra começou a passar as mãos entre os cabelos de Aquário, eram grandes e estavam arrumados, macios, Aquário quase dormia ali. 

—Libra. 

—Hum, diga Leia. 

Ele ficou quieto, apenas mexeu a cabeça a afastando do corpo de Libra. 

—Posso? 

Não precisava de muito para entender o que ele faria, Libra assentiu com a cabeça. Aquário foi aproximando-se, como apoio, colocou as mãos no rosto de Libra, e como da última vez, sem pensar, estavam com os rostos colados, respiração quente, não sabiam quem tomaria a frente. Libra tomou a vez, o fôlego de Aquário foi levado como se entrasse na água, os lábios de Libra eram macios e o imantavam, suas línguas haviam se encontrado, e os movimentos os mantinham ali, estava intenso, as mãos de Libra pelo pescoço de Aquário e pelos cabelos, a música passava em suas cabeças como apenas mais uma chave para o encaixe perfeito de suas bocas. Esperaram um pouco, pararam para respirar e se olhar, respiraram e olharam em volta. Eram novamente o centro das atenções. 

—Acho que eles devem pensar que somos loucos –Libra ria vendo os rostos pasmos. 

—Você errou, devem achar que sou louco, mas isso eles sempre acharam. 

—Então enquanto eles nos veem, você não se importa? Não se importa mais? 

—Sabe, as vezes eles dizem que meu coração é de gelo, então vale apena derreter por algumas pessoas. 

—Olaf de Frozen? -Libra havia ficado perdido e confuso, mas riu. 

—Não diga que não é uma frase bonita e que mesmo que vejam... -Aquário foi interrompido. 

—Ah, fique quieto, como você fala! –Libra foi a frente e o beijou novamente, o calando de vez. 

Havia sido um bom dia, ambos sentiam falta um do outro, tanto tempo perdidos, e agora haviam se achado, e deveriam agradecer ao Sagitário, ao Peixes, a vontade do Aquário de ser único, e a um terno branco.