Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 31
Capítulo 15 - E Agora!!!




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Quando acorda, Gérmen olha para a sua primogénita...nunca há uns anos atrás pensara estar a viver o que estava a viver naquele momento. Era pai de duas meninas lindas, e estava à espera de mais dois filhos fruto do seu amor por Angie. Aquela menina-mulher que mudara a sua vida dos pés à cabeça, que virara o seu universo do avesso, que abrira os seus olhos, o seu coração, a sua vida...

Resolve levantar-se com leveza para não acordar Violetta, apesar de estar a recuperar bem, ainda necessitava de descanso. Dirige-se à casa de banho e depois de se arranjar, segue para a janela do quarto...admirando o nascer do sol, pensa em Angie, a sua mulher, o seu amor. Ele nunca pensara que depois de Maria pudesse sentir o que sente por aquela que lhe enchia o coração.

Não, o que sentia por Angie era muito diferente do que sentira alguma vez por Maria, não era uma questão de ser mais ou menos forte, de amar mais ou menos...era simplesmente diferente pois o Gérmen que namorou e casou com Maria não era o mesmo que Angie conheceu e transformou...ele amava Angie por tudo o que ele era quando ela estava com ele, ela o amou apesar do seu mau feitio, do seu azedume, do seu egoísmo...e ele a amou por esta o amar mesmo ele tendo todos aqueles defeitos.

Pensou no que teria acontecido se Maria não tivesse morrido, será que teriam tido mais filhos? Será que ainda estariam juntos? E Angie? Onde será que estaria? Será que teria ficado com Pablo? Clara seria filha de Pablo e não dele...não, ele não podia pensar dessa forma. Maria morrera e Angie era dele, tinha-lhe sido dada talvez por Maria, sim...Angie era dele e Clara e os dois filhos que ela esperava eram o fruto desse amor tão verdadeiro que eles sentiam.

Começou então a pensar, ela tinha tido que estava quase de 8 semanas, isso queria dizer que aqueles bebés tinham sido feitos naquela tarde em que ela soubera da existência de Luzia. Naquele momento, mágico, em que os dois se aperceberam que nada poderia abalar aquele amor, nada os podia separar porque o amor entre os dois era inquebrável...sim podiam estar separados por um oceano azul mas nada os faria deixar de se amar. E começou a relembrar-se daqueles momentos:

Estava desesperado, pois sabia que a iria perder se não fizesse nada, sabia que Angie se iria embora e com esta, Clara. Pois ela nunca deixaria a filha para trás. Então soube naquele momento que tinha que tentar algo, não iria suportar a ideia de a ver partir, não depois de tudo o que sofreram para estarem juntos, ele não poderia permitir que o pai os separasse por um capricho, por uma raiva que não tinha mais sentido. Assim sem pensar nas consequências aproximara-se da mulher que amava e abraçou-a, beijou-a sem se importar com o que ela queria ou no que ela pensaria...a única certeza que tinha é que a amava mais do que tudo e faria o que fosse preciso para que ela não partisse naquele dia.

Falou-lhe bem juntinho da orelha que a amava, pediu-lhe que não o deixasse e que nada os poderia separar, ao mesmo tempo que a ia acariciando o rosto, beijando-lhe a testa, o pescoço e com gestos mais do que com palavras foi-lhe mostrando como a amava...pois muitas vezes um gesto vale mais que mil palavras. Ele percebeu que Angie hesitava, que se debatia com a ideia de se entregar àquele amor que transbordava no quarto...mas o que ela sentia era mais forte e Gérmen sentia essa luta, ele sentia que ela apesar de negar também o queria.

E ao mesmo tempo que esta dizia e pensava que não podia continuar com toda aquela entrega, ele sabia e sentia que também Angie sabia e sentia que não podia estar sem Gérmen, nenhum dos dois conseguia evitar pensar no amor que sentiam, e no que os unia...e no fim de tantas hesitações ele sentiu-a deixar-se levar por tudo aquilo que sentia naquele momento.

Gérmen pensou então em tudo o que passaram, em todos os bons momentos que lhe enchiam o coração. O amor deles era mais forte que tudo, e nem Angie o pôde negar mais naquele momento, e assim acabaram ambos por se deixar levar esquecendo tudo o que lhes causava dor, sofrimento e angústia.

Naquele dia, naquele quarto tudo em que aquelas duas pessoas pensavam era no amor que sentiam um pelo outro, e nada, mas mesmo nada iria alterar o que sentiam, naquela redoma em que se transformara aquele espaço, que era o seu quarto. Pois tudo se resumia àquela palavra, AMOR. Tudo o resto: as mentiras, os segredos, as razões, as certezas, as hesitações, tudo ficara reduzido a nada. Simplesmente porque o AMOR era sem sombra de dúvida o maior e mais poderoso sentimento de todos.

E foi naquele dia que eles criaram algo mais...o fruto daquele amor estava agora a crescer no ventre de Angie, e Gérmen sabia que jamais amaria alguém como amava Angie. Clara era o fruto de um amor que nasceu de um recomeço, mas aqueles dois bebés seriam o fruto de um amor que nasceu na certeza que jamais haverá algo que os separe.

Neste momento entra Leon no quarto, Gérmen está tão compenetrado com os seus pensamentos que nem repara quando este se encaminha para ele...Leon chega-se perto dele e toca-lhe de leve no ombro...

— Bom Dia Gérmen...eu bati e como não tive resposta entrei.

— Leon desculpa, estava aqui...- e apontando para a ele mesmo sorri...- a colocar tudo no devido lugar, estes meses têm sido algo...complexos...

— É muitas coisas aconteceram, mas tenho a certeza que tudo se vai resolver.

— Eu também espero que sim. Ficas com a Vilu, eu vou comer alguma coisa à cafetaria, ontem trouxeram-nos o jantar para os dois, mas duvido que o façam o mesmo com o pequeno-almoço.

— Sim, claro que fico. Ela sempre terá alta hoje? A Tati está em pulgas...

— Sim, acho que sim. O Rodrigo e o Professor Castro falaram nisso ontem, mas ela ainda terá que ficar uns bons dias de molho em casa.

— O que para esta menina vai ser bem difícil. Teremos uma tarefa bastante complicada à nossa frente.

— Eu sei, mas tenho uma arma secreta. E chama-se Tatiana.- e riram-se os dois.

Gérmen esperava sinceramente que Tatiana o ajudasse a manter Vilu distraída e de certa forma descansar. Tinha também Clara como trunfo, e poderia sempre pedir a Vilu que a colocasse a dormir a sesta, sabia que ela não se negaria e com alguma sorte também ela dormiria.

Leon ficou ali junto da sua amada, olhando para ela, pensando que quase a perdera. Ele não sabia o que faria se a tivesse perdido mesmo, a sua vida só era completa com ela, só com ela na sua vida esta fazia sentido. Ficou ali a olhar para Vilu, acariciando a sua face...e subitamente algo lhe passou pela cabeça...sim ele tinha a certeza daquilo que estava a pensar, e não iria demorar muito tempo a agir, sabia que era o certo a fazer. Foi nesse momento que esta abriu os olhos, e os seus olhares se cruzaram.

— Leon! Onde está o meu pai? Estás aí­ há muito tempo?

— Bom dia, sua dorminhoca, estou à relativamente pouco tempo. O teu pai foi tomar o pequeno-almoço e pediu-me que olhasse por ti...

— Ele acha o quê? Que vou fugir! Não posso sair daqui, nunca me iriam deixar. E tu já comeste?

— Sim comi antes de sair de casa...- a enfermeira entra nessa altura com uma bandeja...- E o teu acabou de chegar.

— Bom Dia, aqui tem o seu pequeno-almoço. O Dr. Herrera e o Professor Castro daqui a pouco estão aí­ para falar convosco. O seu pai?

— Ele foi comer deve estar a chegar. É hoje que vou sair daqui? Não querendo ofender, mas quero a minha casa.

— Eu percebo-a...mas não sei de nada, terá que esperar pelos Doutores.- e sorrindo pela ansiedade compreensível de Vilu, retira-se do quarto.

— Vê se te acalmas e comes...logo, logo saberás.- Diz Leon tentando que Vilu se aclame.

— É fácil para ti falar...eu estou aqui neste quarto há quase um mês...estou cansada de olhar para as mesmas paredes...cansada dos médicos, das enfermeiras...

— Vilu, eu sei que queres ir para casa, mas se ainda não foste é para teu bem. Só de pensar que te podia ter perdido...- Leon deixa cair uma lágrima...sem se aperceber...e abraça Vilu.

— Ei! Desculpa, desculpa...eu sei que...que vos fiz sofrer e que não devia falar assim, mas estou...estou assustada, com medo do que possa acontecer...

— Estás a falar do teu avô? E na hipótese de ires com ele por causa de Clara?

— Sim, sabes que eu não a posso deixar ir sozinha. Eu nunca tive ninguém comigo, senti-me sozinha...não vou deixá-la, não posso...- Leon assentiu, ele até conseguia perceber e aceitar, mas daí a sentir-se bem com aquela decisão...estava muito longe disso...- Mas estava a pensar na Angie também, ela está longe de nós e...ela está...ela...

— O que aconteceu com a Angie? Ela está o quê Violetta? Ela está doente, é isso?

— A Angie está grávida Leon, ela descobriu quando chegou a Buenos Aires. E eu estou com medo, ela pode precisar de nós e está sozinha...a passar por tudo isto sozinha...nós temo-nos uns aos outros, mas ela...

— A Angie é forte, muito mais forte do que possas pensar. E depois ela está com a Ludmila...e nunca se está sozinha com essa ao lado.

— Eu sei...mas, eu gostava, eu queria poder acompanhar esta gravidez. Já que com Clara não o fiz por causa dos concertos.

— Vilu, pensa que o importante é o bebé vir com saúde e...

— Bebés...são gêmeos, vou ter mais dois irmãos...

— Gêmeos! O teu pai e a Angie não podiam fazer um de cada vez?

— Isso foi o que eu disse, e nem te digo o que recebi em troca...por isso apenas te aconselho a não o repetires em frente do meu pai,,.

Gérmen estava a tomar o pequeno-almoço, quando uma enfermeira o procurou, informando que o Professor Castro e o Doutor Rodrigo estavam à sua espera no consultório para falar com ele por causa de Violetta. Apesar de saber que devia ser sobre a alta da filha, Gérmen não conseguiu evitar sentir um aperto no coração...era como se algo lhe dissesse que estaria para acontecer alguma coisa de ruim. Saiu assim com a enfermeira que o acompanhou até ao local.

— Bom Dia Gérmen. Desculpa estar a chamar-te assim tão cedo, mas tenho uma operação daqui a uma hora...

— Não há problema já estava acordado, tinha apena ido beber um café. O Leon ficou a Vilu que ainda estava a dormir.

— Bom como te disse ontem, a Violetta está a reagir bem. Não teve mais crises, claro que os níveis de ansiedade têm que ser controlados...por isso pelo menos neste primeiro ano nada de muito stress...

— Sabes que estamos em plena guerra com o meu pai por causa da guarda de Clara e de Vilu...não estar sobre stress, ou não viver com uma certa ansiedade é quase impossível.

— Sim, eu sei de tudo isso, mas vamos tentar controlar a situação. Vamos tentar que ela se distraia, talvez assim ela acabe por não se focar nessa situação.

— Isso quer dizer que ela terá alta hoje?

— Sim. Aqui estão os papeis: a alta propriamente dita, os relatórios médicos, e uma ansiolítico caso seja necessário para aclamar algum pico de maior ansiedade.

— Obrigado...muito obrigado por salvarem a minha filha.

— Não vamos conseguir despedir-nos dela hoje...mas queremos vê-la daqui a um mês, fazer novos exames, para verificar tudo de novo.

— Claro, e espero que passem lá por casa, serão mais que bem-vindos...- despediram-se os três, e Gérmen saiu do consultório com um sorriso de orelha a orelha. Agora teria que ligar para casa, pedir que alguém trouxesse uma roupa para Vilu. Quem atendeu foi Luzia, que estava de saída para o Hospital, e logo se prontificou a ajudar. Lembrou-se também de fazer uma surpresa a todos, então combinaram que ela não diria a ninguém que Violetta retornaria naquele dia para casa. Quando entrou no quarto da filha, esta falava com Leon sobre algo que este não poderia repetir à sua frente...

— O que é que ele não pode repetir à minha frente?- Pergunta Gérmen, que acabava de entrar no quarto.

— Que...eu amo muito a sua filha...

— Sei, vou fingir que acredito, mas só desta vez e só porque tenho novidades que tenho a certeza que vais adorar...- tanto Violetta como Leon ficam a olhar para Gérmen, esperando que ele continue...- Fui falar com o Rodrigo e com o Professor Castro, e vais ter alta ainda hoje...

— Quando? A que horas saímos daqui...? Eles não me vêm ver? E a minha roupa?

— Calma...tenho a certeza que eles vêm cá antes de te dar a alta...

— Na verdade...eu já tenho o papel da alta comigo, por isso é só esperar que a tua tia apareça com a roupa que eu já lhe pedi que trouxesse lá de casa...e vamos embora.

— A sério, já tens tudo? Posso ir para casa hoje? Agora?

— Sim Vilu, assim que recebi a tua alta liguei para casa da Tia Mercedes e pedi que à Luzia, que foi quem me atendeu que trouxesse roupa para saí­res do hospital. Ela vinha para cá...e mais vamos fazer uma surpresa lá em casa...

— Surpresa? Como assim?

— Ninguém vai ficar a saber que sais hoje do hospital, apenas Luzia. Quando chegarmos a casa...

— Não posso ir de pijama? Quer dizer até parece que estou de fato de treino, por favor...eu quero logo sair daqui.

— Vilu! Nem penses que te vou deixar sair assim...- diz Leon olhando para a rapariga que ele amava com cara de quem não acreditava no que ela acabara de dizer...

— Por muito que não goste de dar razão ao Leon...- Vilu olhou-o com um olhar de desagrado, mas Leon que seria o visado com este comentário sorriu...- desta vez ele tem razão. 

— Ok.- disse Vilu, sabendo reconhecer que com dois homens ciumentos junto dela seria facilmente derrotada...ficaram os três a falar como fariam a surpresa à família, quais seriam as reacções de todos...a concordaram os três que Tati e Clara seriam talvez as mais entusiásticas...de formas diferentes.

Passado algumas horas, entra no quarto uma Luzia radiante. Ela vai contando que ninguém em casa sabe que ela irá ter alta naquele dia. Depois pede a Leon e a Gérmen que saíssem que ela ajudaria Violetta a vestir-se já que antes de ir ter com eles tinha ido ver os seus doentes e que estaria com o resto do dia livre.

Assim que Vilu está arranjada, Lúzia chama uma enfermeira que entra com uma cadeira de rodas...o que fez a rapariga olhar para a tia com uma cara de fúria, mas depressa Lúzia lhe explica que é polí­tica do hospital, que todos os doente têm que sair de cadeira de rodas até à porta. E embora Vilu não gostasse da ideia, pois apesar de ainda estar a recuperar ela podia perfeitamente andar pelo seu próprio pé...

Na polícia, José esperava ansioso para falar com o capitão, apesar de terem a ordem do tribunal quer da prisão de Gérmen, quer da sentença em relação à guarda das netas. Este estava ansioso, tinha levado tanto tempo para as descobrir, quase dois meses, e agora saber que estava tão perto e ter que esperar por alguém para as poder ir buscar enfurecia José...

— Vê se te acalmas. Já estás tão perto de as ter...

— É exactamente isso que me está a deixar furioso...estou tão perto mas tão longe. Estou tão perto, mas não as posso ir buscar sem um maldito polí­cia...

— José, eu percebo-te, mas tem cuidado com o que dizes. E pensa apenas que estás muito mais perto de teres o que queres do que estavas há uns meses atrás.

— Tudo bem...mas será que ainda vai demorar muito...- nisto chega um polí­cia, daqueles que se vestem à paisana, indicando-lhes o caminho até ao escritório do chefe.

Ao fim de uns minutos, o que para este parece uma eternidade, saem da esquadra com dois polícias e um oficial de justiça para poder cumprir a sentença que viera do tribunal da Argentina. Nem sempre era fácil, pois a ordem tinha vindo de um paí­s fora da europa, por isso demorara algum tempo antes de conseguirem a ordem que tinham agora que era válida fora do paí­s de origem. Contudo, e porque José sabia que tudo se conseguia com uma pequeno incentivo, conseguira rapidamente o que precisava.

O primeiro lugar onde foram foi naturalmente para o hospital, já que Violetta estava internada e seria normal Gérmen estar junto da filha. Também porque fora assim que a polícia entendeu actuar: primeiro cumpririam a ordem de prisão sobre Gérmen e de seguida a da guarda das meninas.

Quando chegaram, o oficial foi falar com uma das recepcionistas pedindo para falar com o director do hospital, infelizmente para José, teriam que esperar um pouco uma vez que este estava numa cirurgia que poderia demorar...este estava a começar a perder a paciência, e o seu advogado e amigo apercebeu-se disso e retirou-o dali, avisou o oficial que iriam tomar um café pedindo que os avisassem quando o médico pudesse atende-los, e levou José para a cafetaria do hospital.

— José...tens que te acalmar...por favor...

— Acalmar! Acalmar! Estou farto de estar calmo...parece que quanto mais perto estou, mais longe fico...

— José, a tua neta está algures num quarto deste hospital. Estamos na recepção do mesmo com meia dúzia de polí­cias. Se eles tentarem, e ouve bem tentarem fugir nunca conseguiram.

— Tu não conheces o meu filho, ele vai fugir, se ele sonhar que eu estou aqui ele vai fugir.

— José por muito que ele tente não vai conseguir. A Violetta ainda está em recuperação e ele não a vai colocar em perigo, ele ama-a demais para o fazer.

— Talvez tenhas razão, mas eu só estou ansioso para mostrar àquela mulher que ninguém faz frente a José Castillo.

Assim que acabam de beber o café, veem um dos polícias que viera com eles e logo percebem que a cirurgia devia ter acabado. Quando chegam à recepção deparam-se com uma enfermeira a falar com o oficial de justiça, este virando-se para Ramiro diz-lhe que o director do hospital estava à espera, mas que apenas entrariam ele, Ramiro, José e um dos polícias. Seguiram a enfermeira que logo os encaminhou para o consultório do Professor Doutor Xavier Castro.

— Bom Professor Castro. Estamos aqui para...

— Bom Dia. Queiram sentar-se...para um oficial de justiça, um advogado com seu cliente e um polí­cia me terem vindo procurar imagino que eu ou alguém dentro do meu hospital tenha feito asneira.

— Esteja tranquilo, não estamos aqui com nenhuma acção contra o hospital ou contra si. Estamos à procura de um homem, e soubemos que a filha está internada neste hospital.

— Estamos a falar de alguém perigoso? Terei que tomar alguma medida de segurança?

— Não, pensamos que não. O homem em questão apenas não cumpriu uma ordem judicial, e fugiu com as suas filhas...

— Humm! Posso saber o nome do homem, ou pelo menos da filha? Preciso chamar o médico que acompanha o caso, para vermos como devemos actuar e não prejudicar a saúde da filha.

— O nome da filha é Violetta Saramego Castillo, o pai chama-se Gérmen Castillo...

— Posso pedir-vos um minuto, preciso de falar com a minha secretária para ver quem é o médico, se me dão licença...

— Com certeza, contudo será acompanhado por este agente...

— Estão a desconfiar de mim? Acham que vou ajudar alguém a fugir?

— Não interprete mal, mas temos que nos assegurar que não haja alarme e o sujeito não escape.

— Tudo bem, mas que fique registrado que não gostei desse tom de acusação...- e saindo do consultório, olha para a sua secretária e indo para trás da mesa desta...- Preciso que me procure a ficha da paciente com o nome de Violetta Castillo...- e enquanto finge estar a pesquisar escreve num papel..."Diga ao Doutor Rodrigo...que a polícia está cá  à procura do Gérmen e da Violetta..."— Aqui está, quem a está a seguir é o Doutor Rodrigo Herrera, por favor veja se ele está livre e peça que venha ao meu escritório.

Assim que Rodrigo recebe a mensagem, fica alarmado, primeiro porque já tinha alguma simpatia por Gérmen e também por perceber o porquê de ele estar a fugir tentando a todo o custo proteger as filhas, toda aquela situação que eles estavam era completamente fora do normal. Mas principalmente porque a saúde de Violetta ainda não estava completamente a 100% para este tipo de emoções. Percebeu nitidamente  que o Professor queria que avisasse Gérmen do aparecimento surpreendente de José Castillo, assim antes de se dirigir ao consultório do Professor Castro, decidiu ligar a Luzia para que esta pudesse avisar quem estava em Sevilha.

"— Luzia, já estão em casa? Estás com Gérmen?"

"— Olá para ti também...ainda há pouco nos vimos e já estás com saudades da tua paciente preferida. Pois fica sabendo que ela está bem e a receber muitos mimos..."

"— Luzia, ouve eu não tenho muito tempo. O pai do Gérmen está aqui no hospital com a polícia e um oficial"

"— O quê? Rodrigo tens a certeza?"

"— Tenho, eu vou tentar ganhar tempo...mas eles têm que sair dai já.."

"— Eles ainda não chegaram, o Leon queria ir com Vilu a um lugar...nem sei onde..."

"— Tenta telefonar...qualquer coisa...mas se eles não querem ser apanhados têm que fugir o quanto antes..."

"- Eu vou tentar falar com o Gérmen...Rodrigo, obrigado..."

"— Cuidado com o que dizem à Violetta, lembrem-se que ela ainda está a recuperar. E vão para onde forem, ela tem que ser seguida por um médico..."

"— Sim, claro...obrigado."

Assim que desliga, Rodrigo encaminha-se para o consultório do Professor Castro, rezando para que Luzia consiga dar o recado a Gérmen. Ele sabe que se a polí­cia está envolvida o hospital será obrigado a dar informações sobre Violetta, e isso inclui como é lógico a sua morada. Assim que chega ao elevador, ouve uma enfermeira chama-lo, ao que parece um dos seus pacientes acordou, Rodrigo olhando para o teto agradece a quem quer que seja que o ajudou a prolongar o encontro que o esperava. Pediu a uma outra enfermeira que informasse ao Professor Castro que tivera uma pequena emergência mas que dentro de 30 minutos estaria no seu consultório.

— Com licença, Professor Castro. Acabei de ser informada que o Dr. Herrera teve uma pequena emergência, um dos seus doentes acordou. Dentro de 30 minutos ele estará aqui.

— 30 Minutos...estão a tentar ajudar o Gérmen fugir, eu tenho a certeza...

— Por favor o Senhor pode-se acalmar, estamos num hospital e a primeira obrigação de um médico é para com o seu doente. Não lhe admito que duvide dos meus médicos dessa forma.

— Vamos acalmar-nos todos por favor. Peço desculpa pelo meu cliente, ele apenas está nervoso e talvez algo ansioso.- Quando finalmente todos se acalmam, alguém bate à porta do escritório.

— Peço desculpa pelo atraso, mas tive que ir ver um doente que acabou de acordar após o coma.- Diz Rodrigo ao entrar.

— E está tudo bem com o paciente?

— Sim, com a graça de Deus, está a reagir bem pedi ao Doutor Fernandes que o acompanhasse para alguns exames, por isso não vou poder demorar muito. O Professor sabe que eu não gosto de deixar os meus pacientes nestas alturas, gosto de ser eu a verificar todos os resultados em primeira mão...

— Sei, eu sei disso. Bom Senhores este é o Doutor Rodrigo Herrera...

— Boa Tarde. Afinal o que se passa? Algum problema Professor?

— Não...Bem sim...parece que temos um problema de rapto...

— Rapto? Como assim?

— Boa Tarde, sou oficial de justiça e vim cumprir a ordem internacional de prisão contra o Senhor Gérmen Castillo e subsequentemente cumprir a ordem da entrega da guarda de Violetta e Clara Castillo ao avô José Castillo.

— Peço desculpa, mas devo estar cansado demais porque não estou a perceber nada...

— Soubemos que a mais velha das netas do senhor está internada neste hospital, e que o senhor é o médico que a está a assistir.

— Sim, sou o médico de Violetta Castillo...mas tanto quanto sei ela é maior de idade, logo...

— Onde está a minha neta? Eu vim buscá-la...

— Em primeiro lugar o senhor vai ter calma, porque apesar de ter uma ordem na qual diz que a guarda da mesma é sua, ela é minha paciente e tendo em conta a saúde da mesma não acho uma boa ideia todo este tumulto.

— Doutor Herrera, correcto?- diz Ramiro com muita calma, mas com um sorriso perverso...- Está a querer ocultar-nos alguma coisa? Sabe que pode ser indiciado por obstrução da justiça ou mesmo cúmplice?

— Eu não estou a fazer nada disso, apenas estou a zelar pela saúde da minha paciente. E infelizmente ou felizmente, como queiram pensar, ela já não se encontra no hospital.- E virando-se para o Professor Castro...como se isto fosse uma surpresa para este...- Eu dei-lhe alta hoje de manhã, o mais provável é que ela esteja em casa.

— E estivemos este tempo todo à sua espera para nos dizer que ela já saiu quando já podí­amos... 

— Tenta ter calma...- diz Ramiro baixo para José, embora Rodrigo tenha ouvido e estranhado toda aquela proximidade...-Tenho apenas uma pergunta, não deveria a alta estar descrita na ficha da Violetta?

— Sim, de facto deveria...- diz o Professor sem saber agora o que dizer, já que a mesma está realmente descrita na mesma, contudo ele não o disse para ganhar algum tempo...

— A culpa foi minha...- disse Rodrigo olhando para o Professor e depois para o advogado de José...- Eu dei a alta hoje de manhã e quando ia para o meu consultório tratar de actualizar a ficha surgiu uma emergência...o Professor sabe como é...acabamos sempre por tratar da papelada e da burocracia no final do dia muitas vezes por conta da azáfama do hospital...

— Eu vou processar este hospital...estão a fazer-me perder tempo...

— Eu tenho mais pacientes para além da sua neta que requerem a minha atenção.- diz Rodrigo começando a entender Gérmen e Angie em relação a José, ele encontrava-se frente a frente com ele há cerca de 10 segundos e já não podia com o homem

— De facto é normal acontecer ficarmos depois do expediente para tratar de todas as burocracias e actualizar as fichas dos pacientes. Muitas vezes não temos mesmo tempo...só para terem uma ideia muitos médicos, e incluo aqui o Doutor Herrera, não comem durante um dia inteiro devido ao muito trabalho que têm...

— Bom vamos ter alguma calma.- diz o oficial de justiça...- Podemos ver isto tudo pelo lado positivo, Sr. Castillo, a sua neta já está em casa, e isso quer dizer que a sua saúde já está a 100%...

— Bom isso não é exactamente correto...- Dia Rodrigo, olhando agora para o oficial de justiça...- A Violetta, está ainda em recuperação, e qualquer oscilação no seu ní­vel de ansiedade pode ser grave. Ter um derrame cerebral na idade dela não é normal...por isso deve ser vigiada muito de perto.

— Doutor está a querer insinuar alguma coisa?- pergunta Ramiro...

— Não, apenas quis alertar para o facto de que Violetta Castillo estar ainda em recuperação, e alertei para isso, é meu dever como médico.

— Obrigado, Doutor. Teremos estas suas palavras em conta...e uma vez que já não temos mais o que fazer aqui, vamos deixar os Doutores trabalhar. Agradeço a vossa disponibilidade e atenção.

— Boa Tarde, Senhores. A enfermeira Clarisse irá acompanhar-vos até à recepção...

E depois da porta ser aberta pela enfermeira, o oficial, o polí­cia, o Doutor Ramiro e José saem em direcção à recepção deixando Rodrigo e o Professor sozinhos na sala do ultimo.

— Conseguiste avisar o Gérmen?- pergunta o Professor Castro, algo agitado.

— Eu liguei para a Luzia, mas o Gérmen não estava com ela. Parece que foram com Violetta a algum lado antes de irem para casa.

— Espero que a Luzia consiga. Não gostei nada deste homem...e sinceramente não acho uma boa ideia este reencontro.

— Eu também não gostei. Este homem dá-me calafrios, uma sensação ruim...espero sinceramente que não tenhamos a Violetta de novo aqui. Não sei se...

— Não vamos pensar negativamente, vamos pensar que Luzia avisou o Gérmen e que eles conseguiram fugir.

— É vamos sim...

Em casa de Milagros está tudo num aflição, Mercedes tenta em vão acalmar Rosário, que se agarra a Clara, como se a vida da pequena dependesse disso, enquanto Luzia tenta falar com Gérmen que não atende e Frederico tenta falar com Leon, mas nenhum dos dois atende...

— Porque é que o Gérmen não atende. O José daqui a pouco está aqui...- chorava Rosário agarrada a Clara que dormia, sem se aperceber do que se passava ao seu redor.

— Mãe tem calma...Chica vai fazer uma mala para cada um deles, Frederico tu também devias ir fazer a tua. Dá o teu telemóvel ao Luís.- Frederico sobe com chica e combina com esta que enquanto este faz a sua mala e a de Leon, Chica iria fazer a de Gérmen, Vilu e Clara.


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