Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 27
Capítulo 13 - A Fuga


Notas iniciais do capítulo

Capitulo Editado...



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Entretanto em Sevilha, Germen tentava encontrar uma forma de dizer a Vilu tudo o que se passava, mas sem a colocar de novo em risco. Germen sabia que não podia esconder por muito tempo...ela iria querer saber o porquê de Angie não voltar da Argentina. Teria que lhe contar que José tinha ficado com a guarda dela e de Clara e que por essa razão Angie não podia ir ter com eles para as proteger; que Angélica estava agora do lado do Avô, e que juntos tinham conseguido convencer o tribunal.


Já falara com o Professor Castro e com o Dr. Herrera, e ambos eram da mesma opinião, achavam uma má ideia contar alguma coisa a Violetta. Nenhum dos dois sabia como esta iria reagir e podia ter uma recaída. Depois desta conversa entre os três, Germen decidiu contar tudo, sabia que podia perder de novo Vilu, mas,  prometera a Angie na primeira noite no Porto que nunca mais haveria mentiras ou segredos. Mas Rosario e também Mercedes estavam contra essa ideia e tentaram de todas as formas desuadir Germen a fazê-lo, os ânimos nessa altura começaram a exaltar-se e foi Luís que com alguma calma conseguiu fazer com que todos concordassem em fazer uma reunião com os médicos de Violetta, e assim naquela manhã estavam reunidos no consultorio de Luís.


Todos falavam e ninguém se ouvia, Germen apenas ouvia olhando pela janela...pensava em Angie, esta sabia o que fazer ou pelo menos saberia como contar a Vilu. Como lhe fazia falta, precisava dela: do seu sorriso, daqueles olhos verdes que o acalmavam e que ao mesmo tempo o excitavam...de repente ouve alguém a falar mais alto...


— Chega...um de cada vez senão ninguém se entende. Todos temos uma opinião sobre se contamos ou não à Violetta...


— Ela não pode saber...não pode. Germen por favor não podes estar a pensar nisso não podes...- implorava Rosário


— Bem, acrescento também outra questao: se decidirmos contar o que vamos ou devemos contar...- diz Luís.


— Como assim o que contamos? Estás a sugerir o quê exactamente? - pergunta Luzia olhando para o marido surpresa.


— Que podemos apenas contar que a Angie não pode voltar porque...sei lá inventa-se qualquer coisa.


— Mais mentiras...- diz Leon com uma voz sarcástica...- Acham mesmo que a Vilu vai acreditar em qualquer mentira que lhe contem? Que Angie iria ficar longe dela ou de Clara...nunca irá acreditar...


— Temos que pensar na Violetta e fazer o que menos a faça sofrer...- começa Luís sendo interrompido de novo por Leon.


— Ainda não entenderam...vai sofrer seja como for: contando-lhe ou não. A Vilu odeia que lhe mintam, se descobre que lhe estão a mentir...garanto vai ser pior...- Leon quase explode de raiva, sabe o que pode acontecer se lhe contarem, mas mentir não é a melhor solução.


— Mas será que podemos ou mesmo devemos arriscar. O Professor Castro e o Dr. Herrera disseram que ela podia entrar de novo em coma...acho que não devemos arriscar...- Rosário já com lágrimas nos olhos, olha para Gérmen que continua à janela completamente desconectado do que se estava a passar ali...


— Mãe, tem calma...- disse Luzia aproximando-se dela e abraçando-a...- o Professor e o Rodrigo apenas nos alertaram para essa possibilidade, não quer dizer que aconteça...


— Mas pode acontecer...há uma grande probabilidade de que possa acontecer...- diz Luís olhando para Luzia, mais do que todos os outros ela sabia que havia uma grande hipótese de Vilu voltar a ter algum ataque e...- não podemos ignorar essa possibilidade...


— E não estamos...por isso estamos aqui todos para decidir o que fazer...ou melhor para ajudar o Germen a decidir...- responde Luzia


— Não...- e olhando agora para Germen...- Filho tu não podes contar nada, não vou aguentar perdê-la de novo. Não agora que posso estar com ela...não me podes fazer isto...- Germen olhou por momentos para a mãe, mas logo se voltou de novo para a janela. Tudo aquilo era uma perda de tempo...ele era o pai e a última palavra era dele.


— Com todo o respeito D. Rosário acha mesmo que a Vilu não vai perguntar pela Angie? Pela Ludmila, que para além de ser como uma irmã, deixou cá o Frederico? É lógico que vai perceber que algo se passa...


— Leon...percebo o que queres dizer, e é claro que se decidirmos não contar temos que inventar alguma coisa que lhe soe a verdade...- diz Luís...


— A verdade é só uma...e ela merece a verdade.- interrompe de novo Leon...e olhando agora para Germen...- não acham que já lhe mentiram o suficiente por uma vida inteira? - E neste momento Rosário começa numa acesa discussão com Leon, e Luzia com Luís...cada um defendendo a sua opinião: contar ou não contar. Germen vira-se nessa altura e decide que bastava de toda aquela ridícula discussão, era ele que iria decidir...ele era o pai.


— Basta! Eu percebo que todos estão preocupados com o que vai acontecer e como a Vilu vai receber a notícia...mas a decisão é minha e não vossa.


— Gérmen, por favor...- pede Rosário já em lágrimas, quase que suplicando com o olhar para que ele não o faça.


— Ainda não sei o que vou fazer... - olhando directamente para a mãe...- todos sofremos com o que aconteceu e ninguém quer voltar a sofrer. Professor, Rodrigo quero a verdade: qual a verdadeira possibilidade de a Vilu voltar a entrar em coma?


— Bom a verdade e que há uma pequena possibilidade, contudo, não conseguimos dizer com toda a certeza...


— Então pode não vir a acontecer...


— Sr. Castillo, tudo depende dela. De como o corpo dela quer a parte física, quer a parte mental processe as noticias...- diz o Professor...- infelizmente nao lhe podemos dar uma resposta concreta.


— Tudo bem, já percebi. - Germen encaminha-se para a porta, e de repente sente alguem agarrar- se a ele.


— Germen. Pensa bem no que vais fazer, por favor.


— Mama, preciso de estar sozinho e pensar...mas tens que perceber que nao vou mentir à Violetta, posso omitir algumas coisas para a proteger mas nao lhe vou mentir.
— Entao vais lhe contar...


— Vou contar-lhe alguma coisa...so tenho que decidir o que é que lhe vou contar e o que é que lhe vou esconder. Ou se vou esconder alguma coisa...o Leon numa coisa tem razão já menti a Vilu por uma vida inteira.


No quarto da Violetta, Tati tentava anima-la mas apesar de todos os seus esforços parecia que nada lhe levantava o ânimo. Frederico que estava com elas sabia bem o porquê de todo aquele desânimo, pois apesar de todos tentarem disfarçar que tudo estava bem e que Angie e Ludmila iriam voltar, Vilu sabia que alguma coisa se passava...algo lhe dizia no seu íntimo que todos lhe estavam a esconder alguma coisa sobre Angie, o que a deixava desanimada, frustrada e até algo furiosa...


— Vilu...estás bem? Porque é  que estás com essa cara? Ainda nem me perguntaste sobre o meu namorado...


— Ohhh...mas desde quando e que tu tens namorado Tati? - perguntou Frederico algo espantado...- não achas que és muito nova?


— Nao. Já tenho quase 9 anos.- Tatiana diz aquilo como se tivesse 18 anos o que faz Frederico e Violetta dar uma pequena gargalhada.


— Quase...não são 9 anos. E acho que ainda és muito nova para teres namorado. - Diz-lhe Frederico.


— Não, não sou...Violetta...Violetta...- mas Vilu estava no seu mundo...- Violettaaaaaaaa....
— Desculpa Tati, estava a pensar noutra coisa...e...


— Pois nós percebemos...mas voltando ao ponto...- Violetta  não consegue evitar um sorriso pois Tati por vezes tinha conversas que parecia ser muito mais velha do que era...- Achas que sou muito nova para ter um namorado? E que o Frederico diz que sim, mas...


— Bem Tati...a verdade é que...bom, namorar é uma coisa muito séria...


— Eu sei...então também achas que sou muito nova?


— Ainda bem que sabes. Tu gostas desse menino? - Tati diz que sim com a cabeça...- E ele gosta de ti?


— Sim...quer dizer...acho que sim...


— Sabes vou te contar um segredo: sabes os rapazes são um pouco mais lentos nesta coisa do amor...


— Eih! Eu estou aqui...e nós não somos lentos, somos cuidadosos...


— Não lhe ligues, este demorou séculos para perceber que não conseguia viver sem a Ludmila...
— Vilu então o que é  que faço? - pergunta Tatiana.


— Que tal se por agora fosses só uma amiga...uma amiga especial, aquela que o ajuda quando ele precisa, aquela que o faz rir quando ele está triste, que o abraça quando ele precisar...


— Achas que não se vai esquecer de mim? Achas que quando formos mais velhos vai ser meu namorado?


— Tenho a certeza...como é que alguém não iria querer ser namorado de uma menina como tu.


— Vês Frederico...- diz Tati com uma cara de quem tinha ganho uma guerra...- a Vilu acha que tenho idade para ter um namorado, vocês rapazes é  que são mais lentos. - E com isto quer Violetta quer Frederico começaram a rir a gargalhada, era impressionante a capacidade que Tati tinha de argumentar e levar a sua avante. Mas apesar de toda esta animação, Vilu começou de novo a pensar no que todos lhe estavam a esconder, Frederico percebeu que ela estava no seu mundo de novo.


— Vilu. Conheço-te, o que é que se passa?


— Doi-te alguma coisa Vilu? - perguntou Tati já algo preocupada...


— Não Tati...está descansada, não me doi nada. Estou só um pouco triste por não ter a Angie e a Ludmila aqui comigo...tenho saudades, muitas saudades.


— Tati...tive uma ideia...- e fazendo -lhe um sinal chamou-a e ao ouvido disse-lhe algo que fez a menina sorrir e sair do quarto.


— O que é que lhe diseste?- pergunta Violetta com um ar desconfiado.


— Segredo...mas enquanto vai e vem podemos conversar os dois...


— Sabes o que se passa não sabes? Tens que saber, a Ludmila não iria deixar de te falar...


— Vilu, sei o que sabes...para além disso, eu e a Ludmila zangamo-nos, ou melhor, eu zanguei-me...não falo com ela desde esse dia.


Frederico não sabia o que dizer, não estava a mentir, não propriamente, estava talvez a omitir algumas coisas mas não podia dizer-lhe mais nada. Os médicos, Germen, a avó, os tios e até Leon estavam precisamente naquele momento a decidir se lhe contavam tudo o que estava a passar ou se lhe contavam apenas algumas coisas. Não lhe cabia a ele dizer alguma coisa, se bem que também lhe custava toda aquela situação, estar longe de quem amava...nem se quer poder falar com Ludmila. Mas por Clara e por Vilu estavam dispostos a viverem desta forma. Finalmente Tati apareceu com o que Frederico lhe tinha pedido para ir buscar: um chocolate.


— Então foi isto que foste buscar? Como é que sabias que adoro chocolate?


— Foi um passarinho que por acaso que me contou...- e ri-se...


— E esse passarinho por acaso chama-se Germen? - Tati faz que não com a cabeça...- Hummm Leon? - e Tati ri-se...- Já sei, Frederico? - e riem-se os três em plenos pulmões até que começam os três a comer o chocolate.

Germen estava no jardim do hospital a pensar no que iria fazer, sabia que ao contar tudo a Violetta ela podia ter uma outra crise e voltar a entrar em coma. Mas por outro lado tinha a certeza que ela não iria descansar enquanto não soubesse o que se passava e quando é que Angie voltava...e isso era talvez o que mais a ia fazer sofrer. Rosário não aguentou estar à espera do que Germen iria fazer, ele não podia dizer nada. Levantou-se decidida a ir falar com o filho a sós, podia tentar convencê-lo a não dizer nada. Apesar de todos lhe dizerem que esta era uma decisão dele, e só dele, Rosário não desistiu da ideia e saiu à procura dele. Após algum tempo à procura de Germen encontrou-o junto a um pequeno jardim com rosas vermelhas.


— As preferidas de Maria...- e abraçou o filho...
— Mamã...que estás aqui a fazer? Por favor mamã...não aguento mais discussões...


— Germen, só te peço que me ouças por favor...depois não te digo mais nada e deixo que sejas tu a decidir.


— Mamã...- olhando para Rosário já com lágrimas nos olhos Germen não pôde negar-lhe o seu pedido...- tudo bem diz.


— Germen, como achas que a Vilu vai reagir ao saber que José venceu a guarda dela e da Clara em tribunal, que Angie não pode voltar porque ele pode ficar a saber onde vocês estão, que vão viver escondidos e separados.


— Sei que vai ser difícil mas...


— Mas...Germen, ela vai voltar a viver aprisionada. A andar de país em país, achas mesmo que...


— Mamã...sei que vai ser difícil mas se eu não contar nada ela vai fazer perguntas até ter todas as respostas.


— Entao não lhe dês as respostas certas...


— Mamã, não vou mentir a mais ninguém...nunca mais. E a Vilu...vai perceber que lhe estou a esconder alguma coisa.


— Germen...por favor...


— Mamã, já te ouvi e percebo que estejas preocupada e também estou...mas mentir à Vilu não vou. A única coisa que tenho que decidir é o que conto e o que vou omitir. - Rosário abraçou-se a ele, deu-lhe um beijo e foi-se embora. Percebeu que nada que lhe fosse dizer o iria fazer mudar de ideias, assim deixou-o para que tomasse a decisão final.

Angie e Ludmila chegam finalmente, a Rosário, a cidade onde Angie nascera e vivera os primeiros anos da sua vida. Estavam junto a um prédio numa rua algo movimentada. Ludmila percebe que deviam estar no centro da cidade já que a praia não era muito longe, contudo continuava sem saber de quem era a casa para onde iam.

— Angie não é que tenhas que me contar tudo...mas vamos morar neste prédio? Em casa de quem?

— Sim vamos morar aqui. Vamos traz as tuas malas...
Ludmila pega nas suas malas e segue Angie, ao entrarem no prédio cumprimentam o segurança e Angie mostra-lhe um papel...o homem levanta-se vai a um pequeno gabinete e traz nas mãos umas chaves.

— Nunca pensei conhecer a Senhora, há tanto tempo que o apartamento está vazio, vai fazer...

— Um ano...eu sei...foi realmente muito tempo...

— Mas finalmente vai ser ocupado...e pela proprietária de verdade...ai desculpe, ja falei demais...desculpe a minha mulher está farta de me dizer para fechar esta boca...

— Nao há problema...e tem razão de certa forma tudo voltou ao lugar...

— A Dona Milagros tem mantido tudo arrumado, vem cà uma senhora de 15 em 15 dias limpar tudo, por isso deve estar tudo impecável.

— Obrigado...sabe me dizer se ela ainda mora neste prédio, ou se por acaso se mudou?

— A Dona Milagros sair daqui...nunca ela é a alma desde prédio. Todos a adoram. É uma senhora com um coração enorme, sempre a ajudar os vizinhos é daquela pessoas que já não existem...olhe eu nem tenho palavras para a descrever. Bom chegámos...então Bem vindas.

— Obrigado. Em relação à Dona Milagros sabe-me dizer em que andar mora...gostava de lhe agradecer por ter tratado da casa durante anos.

— Ah...não tem que enganar, mora no último andar...aliás é todo dela. Mora com a família toda...

— E sabe se está em casa neste momento?

— Sim, ela não sai muito não gosta de deixar o Dr. Nicolas e o Dr. Sebastian sozinhos com a Rosa durante muito tempo. Gosta de ser ela a tratar dos dois.

— O Doutor Nicolas! - o avô Nico, ainda estava vivo. Desde que se mudara para Buenos Aires que Angie não tinha qualquer contacto com a família da mãe, exceto naquele dia...no dia em que vira a Tia Milagros de novo...no dia do enterro de Maria.

— O Doutor Nicolas, o pai da Dona Milagros, sempre foi um bom homem tal como a filha. Infelizmente quando a Dona Rosa faleceu...olhe parece que perdeu a razão de viver.

— E a esposa morreu há muito tempo, ou foi algo recente?

— Não, ela faleceu há anos, um pouco depois da neta. Foi uma tragédia ela era uma cantora famosa Maria Saramego. A menina é muito nova não se deve lembrar. Ficaram todos em choque, dizem que a Dona Rosa morreu de desgosto pela morte da neta, e pelo afastamento da outra filha e da outra neta.

— Imagino...bem vou lá amanhã então. Boa Tarde e de novo obrigado.

Assim que Angie se despede do porteiro fecha a porta e olha para a sua casa, tinha tantas recordações daquele lugar...a casa da sua infância onde viveu os seus três primeiros anos de vida até terem que ir para Buenos Aires por causa dos estudos de Maria. Ela olha para Ludmila e abraça-a.

— Bem-Vinda à nossa nova casa...sei que não é nenhuma mansão mas é nossa...e é onde vamos viver...pelo menos por agora.

— Angie, de quem é esta casa? Alugaste-a...

— Esta casa é minha. Foi onde nasci e cresci...antes de irmos para Buenos Aires. Quando a Vilu nasceu a minha irmã deu-ma de presente, sabia que eu adorava voltar para aqui...comprou-a sem nunca os meus pais saberem e fez-me prometer nunca contar a ninguém...seria um refúgio para onde poderia fugir.

— Mas tem estado fechada...estes anos todos? Nunca voltaste para cà?

— A verdade é que fui fazendo a minha vida em Buenos Aires e depois encontrar a Vilu era a minha prioridade...então resolvi ir alugando a casa...e assim aos poucos também fui fazendo um pe de meia. Foi com esse dinheiro que vivi durante os primeiros meses em Paris.

— E essa tal de Dona Milagros, sabes quem é?  Estavas a fazer tantas perguntas ao pobre do porteiro...

— Sim eu sei quem é. Já não a vejo há 15 anos, desde o dia do enterro da Maria. A "Dona Milagros" é minha tia...é irmã da minha mãe.

— Angie...viemos para a toca do lobo, tens noção que vai contar à tua mãe onde estamos...

— Ei, calma. Ela não vai contar nada, primeiro porque eu vou falar com ela e contar-lhe tudo,  e depois a minha mae não fala com a minha tia, ou mesmo com os meus avós desde que saimos de Rosário. Zangaram-se nem sei porquê.

—Tens a certeza que não vai dar contar nada, depois de tanto esforço para desaparecermos. E o resto da família, o tal do Doutor Nicolas?

— Está descansada a Tia Milagros não vai dizer nada, nem o resto da família que provavelmente deve ser o meu tio e a minha prima. E o Doutor Nicolas é o meu avô, e tenho a certeza que vai ser o primeiro a defender-me.

— Como é que sabes? Como é que podes ter a certeza...

— Ludmila tem calma, e agora que tal se descansássemos um pouco. Amanhã logo vamos lá e vais ver que tudo vai correr bem.

Assim foram ambas descansar, havia três quartos decidiram deixar o maior para os gémeos já que eram dois e precisavam de mais espaço, Angie acabou por ficar no quarto que fora dela e Ludmila ficou no que fora de Maria. Depois de algumas horas de sono, Angie acordou com o som do telemóvel a tocar, quando viu quem era deu um "salto" e atendeu...

"- Germen? Aconteceu alguma coisa, foi a Vilu? A Clara?"

"- Não, não está tranquila...está tudo bem..."

"- Sabes que não devias ligar-me? O teu...ele pode..."

"- Eu sei, mas queria saber se estás bem. Se..."

"- Sim está tudo bem, já cá estamos. E a Vilu? Já lhe contaste sobre tu sabes?

"- Está a recuperar, e não ainda não lhe contei...sobre isso ainda não lhe contei nada. Aliás ainda não contei a ninguém...

"- Gostava tanto de ser eu a contar-lhe...que ela...

"- Ela vai ficar feliz eu tenho a certeza...mas era sobre ela que queria falar-te...sobre o que lhe contar ou sobre o que omitir sobre o meu pai..."

"- Omitir? Germen, nós prometemos que nunca mais iriamos esconder nada uns dos outros..."

"- Eu sei...eu sei que tenho que lhe contar, até porque a Vilu já percebeu que se passa alguma coisa...mas..."

"- Mas o quê? O que é que se passa Germen?"

"- Bem é que o Rodrigo e o Professor dizem que...que ela pode reagir mal e ter outra crise...e...

"- Já percebi. Amor, eu sei que é um risco mas nós os três prometemos que nunca mais iriamos mentir..."

"- Mas não iria ser mentir...seria apenas omitir. Angie eu não quero mentir...e não vou mentir mas achas que é necessário contar-lhe tudo? Não podemos omitir algumas coisas?"

"- Germen...sabes que está tudo relacionado umas coisas com as outras...não vais conseguir dizer umas e esconder outras."

"- Sim tens razão...que tal se depois eu te ligar, podemos dar-lhe a novidade os dois juntos..."

"- Sim, é uma oprima ideia..."

Falaram durante mais algum tempo, de como Germen deveria contar a Violetta sobre tudo o queixar passava, de como tinham saudades um do outro, de Clara e de como reagiria ao nascimento do bebé, Angie ainda não contará que seriam dois, diria aos dois quando contassem a Vilu...por fim desligaram a chamada. Toda aquela situação era horrível, mas apesar de tudo eles amavam-se e ambos sabiam, que o amor supera tudo. Angie resolve levantar-se e tomar um duche, não consegue evitar relembrar todos os momentos felizes que passou com Germen: no primeiro beijo trocado, nos beijos que não deram, na viagem a Sevilha e os momentos felizes que passaram os dois com Vilu em família, na proposta de casamento de Germen no final do Show (que fora tão imprevisível como romântica), no nascimento de Clara...e nestes bebes que ela tinha agora no seu ventre que eram mais dois frutos do seu amor por Germen. Depois do longo banho resolve ir até a sala, onde encontra Ludmila tentando dar um toque femenino à casa.

— Ludmila...o que é que fizeste....está...

— Não gostaste? Desculpa eu sei que a casa é tua...posso tirar tudo voltar a colocar tudo como estava...

— Não, está lindo. Obrigado, mas por acaso tu descansaste alguma coisa?

— Sim um pouco, mas a grávida aqui não sou eu...- disse Ludmila olhando com um sorriso para Angie...- não conseguia estar mais na cama então decidi transformar esta casa na NOSSA casa.

— Obrigado, não sei o que faria se não estivesses comigo...- e abraça-a

— E se fossemos fazer o jantar...esses bebes devem estar cheios de fome...

— Boa ideia. Até porque a mãe também está cheia de fome.

— Angie...so há um problema...nós não temos nada para comer.

— Humm...e que tal...uma PIZZA?

— Uma optima ideia...vou ligar...tens o número? - pergunta Ludmila.

— Não, mas podemos perguntar ao porteiro, ele deve saber.

— Ok...eu vou, ficas bem? - Angie diz-lhe que sim e Ludmila vai até à entrada do prédio onde esta o homem que as acompanhou até à sua nova casa.

Esta fica a saber que este não só tem o número de uma Pizzaria como também tem o telefone de uma série de outras lojas desde Mercearias, Restaurantes, Correios, Farmácias, Postos de Saúde, Hospitais, parecia uma autêntica lista de telefones. Ele fez a ligação e Ludmila fez o pedido, o Senhor Óscar ofereceu-se então para lhe levar a pizza assim que chegasse, Ludmila aceitou deixou-lhe o dinheiro e subiu. Passado uns 30 minutos, lá estava o Senhor Óscar com a Pizza e o troco. Ludmila e Angie agradeceram-lhe e foram jantar.

Em Buenos Aires, Pablo e Brenda estavam a preparar o jantar quando batem à porta, é Brenda que vai abrir já que ele estava a acabar de colocar a comida no forno.

— Boa Noite, Agente Baptista. O senhor Pablo Gallindo por favor.

— Polícia...mas o que é que se passou? O que querem do meu marido?

— Temos uma ordem do juiz. O seu marido está? - o polícia parecia estar com algum receio de falar com Brenda uma vez que viu que esta estava grávida. Ele tinha que cumprir a ordem, mas não seria responsável por algum problema que pudesse acontecer à mulher grávida que estava à sua frente. Por isso disse apenas o essencial para que ela pudesse ir chamar o marido.

— Sim ele está. Só um segundo, eu vou chamá-lo.- Brenda dirige-se até à cozinha, sem saber muito bem o que pensar. - Pablo...está...está a...

— O que é que se passa? É o bebé? O que é que estás a sentir?- ele nem a deixara acabar de falar e começou a imaginar mil e uma coisas que pudessem estar a acontecer com ela ou com o bebé.

— Pablo...eu estou bem. A polícia está à porta eles querem falar contigo. Têm uma ordem qualquer...

— A polícia! Mas o que é que...claro o José, ele deve ter ido à  polícia tal como a Angie disse que ele iria...

— Achas...e se eles descobrem alguma coisa delas cá em casa?

— Não te preocupes, não é crime nenhum recebermos os nossos amigos em nossa casa. E depois nós não sabemos para onde elas foram...tem calma.

Brenda não estava assim tão segura como Pablo, era óbvio que José sabia que Angie tinha ficado lá em casa, porque Angélica tinha ido lá a casa à sua procura e percebera claramente que esta estava hospedada em casa deles. Mas Pablo estava tranquilo, sim ele hospedara a sua amiga em sua casa, contudo ninguém o podia incriminar por isso. Angie era sua amiga desde sempre e a casa era sua...a polícia não tinha nada contra ele.

— Boa Noite. Sou o Pablo Gallindo, soube que tinham uma ordem do juiz. Em que posso ajudar?

— É uma ordem de captura? - Pablo abraçou Brenda, que ao ouvir aquilo lhe apertou a mão com tanta força que ele percebeu o medo que ela estava a sentir. - Contra quem?

— Uma ordem de captura em nome de Angeles Saramego Castillo. Soubemos por uma fonte segura que ela estaria aqui.

— Posso perguntar o porquê da ordem de captura? - pergunta Pablo incrédulo com toda está situação.

— Isso só o diremos à Senhora Castillo.  Agora podia chamá-la para que possamos acabar com toda esta situação?

— Eu até podia...se ela cá estivesse. Mas ela não está...

— Isso é mentira. Eu sei que ela está aqui...- dispara José vindo por de trás da polícia...- A Angélica falou com ela nesta casa...

— Logo vi que tinha que ser obra sua, você não desiste de adormentar a vida dela.- e virando-se para o polícia que continuava com a ordem na mão...- Ela não está, mas se quiserem estejam à vontade para revistar a casa.

— Então a Senhora Castillo esteve aqui?

— Sim...ela é minha amiga e esteve cá. Acho que não é nenhum crime receber os amigos na minha casa?

— Não...se não se importa temos que ter a certeza que ela não está cá...

Assim que diz isto o oficial que tem a ordem entrega-a a Pablo e manda os outros homens entrarem afim de revistarem a casa. E pela primeira vez eles ficam a saber o porquê de estarem a procura de Angie.


"Ordem de Captura Número - 356 JCASvsAC 942
Nome do Réu - Angeles Saramego Castillo
Nome do Executante - José Castillo e Angélica Saramego
Acusação - Subversão de Menores
Está a Senhora Angeles Saramego Castillo intimada para comparecer na estação de delagacia próxima da área da sua residência de forma a esclarecer e defender-se das acusações do Senhor José Castillo e da Senhora Angélica Saramego de: subversão de menores e abstração de uma ordem judicial."

Pablo nem consegue ler mais, está atónito, perplexo, irritado...uma mistura de sentimentos. Que José fizesse algo como isto ele até podia estar à espera, era óbvio. Mas Angélica! Virar-se desta forma contra a própria filha era algo surreal, e ele não conseguia compreender. José resolve também ele entrar para procurar Angie, contudo Pablo não iria admitir que "aquele homem" colocasse um pé em sua casa.

— Onde pensa que vai? Eu deixei os oficiais entrar na minha casa, mas não me lembro de o autorizar a colocar um pé que seja cá dentro.

— Eu vou à procura daquela...daquela...e nem pense que me vai impedir. Porque eu sei que ela está aqui...Angeles. Angie.  Eu sei que estás aqui.

— O senhor não entra na minha casa...ninguém me vai obrigar a deixá-lo entrar...nem a polícia...nem mesmo o Papa.

— Acalmem-se os dois por favor.  Senhor Castillo queira esperar lá fora, deixe-nos trabalhar.  Se a Senhora cá estiver nós vamos encontrá-la.

José não teve outro remedio senão esperar lá fora, Brenda olhava para Pablo, para José e para os polícias que vasculhavam a casa e apertava a mão de Pablo tentando acalmar-se. Ao fim de um tempo um dos polícias diz algo ao oficial que se encaminha até José...

— Tu sabes onde ela está...eu tenho a certeza. E vais dizer-me...ou eu...

— O senhor está a ameaçar-me?Os Senhores estão aqui e são testemunhas que o senhor me está a ameaçar.

— Ela esteve aqui...a Angélica falou com ela nesta casa...

— Ouça, eu não tenho que lhe dar justificações,  a casa é minha e eu recebo quem eu quiser.

— Senhor Galindo, é certo que tem todo o direito de receber quem quer que seja...mas neste momento se estiver a encobrir a Senhora Castillo poderá também ser acusado de...

— Eu já disse tudo o que sei. Ela esteve cá sim, somos amigos desde pequenos, e pode perguntar à Angélica ela pode confirmar. Será que é algum crime receber uma amiga na minha casa?

— Não, claro que não. Mas se a Senhora Saramego falou com a filha nesta casa?

— Elas encontraram-se cá em casa sim. A Angie veio ter com a minha esposa elas tinham combinado ir às compras, e aconteceu elas encontrarem-se cá em casa e discutiram por causa desse Senhor...

— E sabe para onde foi a Senhora Castillo? Sabe a morada onde ela está a viver ou se está num hotel?

— Eu não sei, cálculo que esteja num hotel uma vez que esse senhor está a viver na casa onde ela vivia com o marido e a Angélica está a viver na casa que era dela. Mas não faço ideia em que hotel...e juro que isto é a verdade.

— Bom...por hoje vamos embora, peço desculpa pelo incómodo. Mas estaremos em contacto.  Boa Noite.

— Boa Noite...- e quando ia a fechar a porta...

— Podes dizer-lhe que eu a vou encontrar. A ela, ao Germen e às minhas netas, nem que seja a última coisa que eu faça na vida. - e com estas palavras virou-se e foi-se embora.

— Pablo ele não vai descansar enquanto não a encontrar...ele é doido e perigoso...

— Eu sei...mas a Angie está bem...eu sei que ela está bem.

Pablo fica a pensar em tudo o que se passou, percebe porquê é que Angie não lhe quis contar para onde iria: para o proteger. José não iria parar de os procurar,  e se os encontra? Não, não tem ideia onde está Angie, nem sabe onde está Germen e não há chance de saber, ou há?

 


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