Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 14
Capítulo 7 - E Tudo a Verdade Levou (Continuação)


Notas iniciais do capítulo

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Violetta nem quer acreditar...ela voltou, e naquele momento no meio do túnel sombrio e escuro onde ela estava, Angie fora a luz que tudo iluminou. Atirou-se literalmente para os braços dela, quase atirando as duas ao chão...Angie retribui aquele abraço com todo o amor que sentia por Violetta. Entretanto já Clara estava ao colo de Rosário à espera para também ela ter algum mimo; Angie pega em Clara, que ao se ver nos braços da mãe se desfaz num sorriso, e abraça os dois amores da sua vida: Vilu e Clara. O que ninguém sabe e que ela esconde tão bem quanto consegue é que ela não voltou para ficar...e que aquele será talvez o último abraço que darão durante algum tempo...mas para quê estragar aquele momento naquela altura...Angie sonhava em parar o tempo naquele minuto...naquele momento em que tinha nos seus braços duas das pessoas que mais amava na vida...para ser perfeito faltava Gérmen, sim esse seria o minuto em que parava o tempo se pudesse, o momento em que estivessem os quatro…foi tirada desde “sonho” por uma Violetta que tanto chorava como esboçava um sorriso.

— Angie voltaste...tu voltaste...tu voltaste. Estou tão feliz.

— Vilu...minha pequenina...eu...eu...- Angie não consegue dizer mais nada, mas ela sabe que não tem muito tempo...-...eu não vim para ficar Vilu...eu vim porque preciso de falar contigo. Porque preciso que percebas tudo...e...

— Não Angie, tens que voltar...por favor...

— Vilu...- interrompe Rosário...- porque é que não vão para o teu quarto conversar. Eu fico com Clara se quiseres?

— Não, eu prefiro levá-la...vamos Vilu?

Apesar de estar triste, confusa, completamente perdida no meio de tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo Vilu subiu com Angie e Clara. Quando chegou ao quarto não conseguiu evitar tudo se estava a desmoronar à sua volta e a chorar sentou-se, seguida de Angie que trazia Clara ao colo.

— Angie….eu....não....percebo....está...tudo...a...acontecer...ao...mesmo... tempo...eu...não...- Vilu mal conseguia falar, parecia que de repente um furacão daqueles fortes e que derrubam tudo tivesse passado na sua vida, na sua casa e de um momento para o outro ela ficasse sem nada, sem tecto, sem chão.

— Vilu, desculpa, desculpa a última coisa que eu queria era fazer-te sofrer...mas...ó minha pequenina, desculpa. - E abraça-a como se daquele gesto dependesse a sua felicidade.

— Não desculpa-me a mim Angie, eu sei que tudo isto é complicado para ti e que apenas queres proteger a avó Angélica...a sério eu percebo...

— Eu não posso deixar que ele...que a tua avó saiba de...Vilu eu não posso deixar que isso aconteça porque...porque ela vai ficar a saber de outras coisas que sempre lhe escondi.

— Escondeste? O que é que a avó não sabe Angie?

— Eu...escondi...coisas que me fizeram sofrer muito. O teu avô Miguel não era perfeito, ele também nem sempre fez as coisas bem feitas. Ele adorava a tua mãe e sempre fez tudo por ela. E quando tu nasceste...ó Vilu todo ele era mel junto de ti.

Angie começou então a contar e a descrever uma outra pessoa, alguém que Vilu não reconheceu, alguém diferente daquela que a avó descrevera. Uma pessoa amargurada, revoltada mesmo pelo que não tinha conseguido assumir por medo, por cobardia e que o levou a desprezar e até mesmo por vezes espezinhar a própria filha. Vilu estava sem reacção, não era aquela a imagem que tinha do avô, e percebia agora o porquê de Angie querer esconder tudo, mais ainda a necessidade de esconder. Agora tudo fazia mais sentido, não era só o caso do avô Miguel com avó Rosário, não era só a existência da "Tia" Luzia...era muito mais que isso, era uma vida inteira de maus tratos que Angie sofrerá calada.

— Angie, eu nem sei o que te diga. Nunca pensei que...e eu percebo que tenhas que esconder tudo...mas...eu preciso de ti, e Clara precisa de ti...e o papá…nós precisamos de ti aqui connosco...

— Eu vou estar sempre contigo, podes sempre ligar-me se quiseres...

— Não...eu sei que vou parecer uma menina mimada mas...eu quero-te aqui...por favor Angie tem que haver alguma coisa que possamos fazer...

— Vilu, tu conheces o teu avô José melhor que eu...sabes que ele não vai desistir.

— Eu...perdi tudo...perdi-te a ti e perdi o Leon...perdi tudo porque o avô vive neste ódio sem razão.

— Primeiro, tu nunca me hás-te perder...mesmo estando longe vou sempre estar perto.

— Não Angie…eu quero-te ao pé de mim…por favor, eu perdi o Leon…não te posso perder a ti.

— Já te disse que nunca me vais perder, eu serei sempre a tua tia preferida…- e tenta sorrir e tirar um sorriso de Vilu…- E que conversa é essa de perderes Leon?

— Ele ficou a saber que o avô nos quer levar para Espanha...e quando ele me perguntou se eu estava a pensar ir...eu não consegui dizer que não. Porque a verdade é que...

— Ninguém vos vai levar...primeiro porque o teu pai e eu não vamos deixar e depois mesmo que o teu avô te quisesse levar não iria conseguir...tu és...

— Sim, eu sei sou maior e ele não me pode obrigar, mas eu...eu teria que ir, se ele levar Clara eu não a vou deixar sozinha...não consigo pensar nela sozinha com o avô. Mas o Leon nem me deixou falar, ele saiu sem me deixar explicar o porquê...

— Vilu...- e sem se aperceber as lágrimas começam a correr-lhe pela cara, naquele gesto de Vilu ela lembrou-se de Maria. A sua irmã que sempre a defendia de tudo...e percebeu que Clara iria ter em Vilu a mesma proteção que ela tinha tido sempre de Maria, que nunca a iria deixar sozinha, iria ser irmã, amiga, confidente, conselheira, protectora...tudo o que Maria fora para ela...- Desculpa, fizeste-me lembrar a tua mãe...e em relação a Leon, ele vai acabar por perceber que tu apenas queres proteger a tua irmã...eu tenho a certeza.

— Não, tu não o viste Angie...ele ficou mesmo chateado...e eu até o consigo perceber mas...ele também tem que me perceber...

— Vilu...promete-me uma coisa, aconteça o que acontecer eu não quero que te sacrifiques pela tua irmã. Até porque isso é algo que tem que ser resolvido pelo teu pai, por mim e pelo teu avô.

— Mas Angie...e se o avô...- mas Angie não desiste e olha para ela com uma cara tão decidida que Vilu não tem outra hipótese...- Eu prometo...que não me sacrifico...mas vou sempre protegê-la.

— Bom e agora tenho que ir, mas antes promete-me mais uma coisa: vais tomar conta do teu pai e da tua irmã, sim?

— Sim claro...mas não vais levar Clara? Pensei que...

— Eu preciso de estar só, preciso de pensar como contar tudo à tua avó. Para além disso se Clara ficar, pode ser que o teu avô desista…

— Estás a sacrificar-te de novo...pela Clara e por mim...para o avô não nos levar. Angie!

— Nós mães fazemos o que seja pelos filhos. E se ao abdicar de estar com Clara fizer que "ele" acalme...então fá-lo-ei, mesmo que isso me parta o coração...- e as lágrimas começam a cair...- e depois a Clara fica com uma super-irmã que a vai defender e proteger.

— Eu prometo-te que vou cuidar dela, defende-la, protege-la...vou falar de ti, em como nos amas, em como és a melhor mãe do mundo, em como...- mas não consegue acabar de falar porque as lágrimas teimam em começar a cair...e depois de olhar para Clara que brincava em cima da sua cama...levanta o olhar para Angie... - Porque é que tem que ser tudo assim, tão difícil...tão complicado...porque é que...- e abraça-se a Angie.

— Não sei Vilu, não sei...mas eu prometo-te que vamos estar todos juntos em breve...prometo-te...eu prometo-te.

E assim se deixam estar abraçadas durante algum tempo, olhando para Clara que continuava a brincar, alheia ao que se passava ao seu redor, por um momento Vilu desejou ser como ela: uma bebé que não tinha qualquer noção do que se ia passar, que não percebia o que estava prestes a acontecer. Mas será que ela não iria sofrer na mesma? Seria talvez a pergunta a que naquele momento Vilu desejava não ter uma resposta...Clara era tão pequena não era justo, iria ficar sem Angie, sem a mãe...e de certa forma Vilu também iria ficar sem a sua "mãe"...porque é que tinham que sofrer assim. Por fim depois do que parecera apenas um segundo Angie separou-se daquele abraço com lágrimas na face mas tentando esboçar um sorriso.

— Está na hora...lembra-te sempre que mesmo longe vou estar sempre por perto...sim?- E sem esperar por uma resposta pegou em Clara, deu mais um beijo e um abraço a Vilu e saiu deixando-a sozinha. Quando ia a descer as escadas ouviu o que lhe parecia mais uma discussão, conseguiu destingir bem aquela voz de novo...era como se estivesse a ouvir o pai: frio, rude, que ao falar parecia desprovido de qualquer sentimento fosse bom ou mau.

— Eu não acredito...tu chamaste a tua mãe? Estás à espera de quê, que a tua mãe me convença...

— Eu nunca consegui convencer-te de nada José...se isso fosse verdade nunca terias continuado obcecado por Angélica, por um amor que nunca foi teu.

— E tu tens muita moral para falar...tu que me traíste com ele...

— Porque tu nunca me amaste, tu nunca fizeste um esforço por me amar, por fazer o nosso casamento resultar...

— Tu tens a coragem de me dizer isso a frente do teu filho...

— Como se o teu filho nunca tivesse assistido a estas discussões…pelo menos assume perante Gérmen, que nunca me amaste, que o nosso casamento sempre foi uma farsa…

— Tu achas que eu vou discutir essas…questões à frente do meu filho…destas miúdas...- e de repente dá-se conta que Francesca e Camila estão a assistir a tudo aquela confusão...- o que é que estas miúdas ainda estão a fazer aqui...

— Elas são amigas de Violetta...e...- quer Francesca quer Camila estava paradas junto do piano com o ar mais assustado e amedrontado de sempre,

— Amigas? Desde quando é que Violetta tem amigas?

— Desde que finalmente conseguiu ter uma vida para viver... - Responde Angie que acabara de descer as escadas com Clara...- Francesca, Camila subam, acho que Vilu está a precisar de duas amigas agora...- mas quer uma quer outra ficam algo indecisas em fazer o que Angie lhes diz e olham ora para ela, ora para José, ora para Gérmen esperando para saber o que fazer.

— Podem ir...a sério. Vão ter com Violetta, está tudo bem. - Diz-lhes por fim Gérmen.

— Eu sabia...eu sabia...tu tinhas que estar por trás disto tudo...

— Eu não sei do que está a falar, mas sinceramente nem quero saber. - E virando-se para Olga… - Olguinha por favor podes levar a Clara...- mas assim que vai para o colo de Olga, Clara começa a chorar parece que presente já que vai ficar sem Angie, sem a sua mãe.

— Oh não meu amor, a mãe já lá vai sim...anda com a tua Olguinha...

— Obrigada Olga...- e virando-se para José - Do que é que estava a falar? Eu estou por trás de quê?

— De tudo, toda esta confusão que se transformou esta casa. Foste tu que colocastes estas ideias da música na cabeça de Violetta, de namoros, de...

— Chega. Estou cansada das suas acusações, dos seus delírios, das suas ameaças, das suas chantagens...

— Tu...não me falas assim...tu não és ninguém para me falar assim...

— José. Angie tem razão, tu não podes continuar a viver nesse ódio, nesse rancor constante, faz-te mal a ti a todos nós.

— E que moral tens tu para me dizer alguma coisa. Foste o maior erro da minha vida...

— Estás a falar a sério José…mas sabes acho que tens razão eu devo ter sido mesmo o maior erro da tua vida, porque tu não mereces ter nada…

 - Tu não me faças falar Rosário...não me faças falar...

— Fala, até agora foi a única coisa que soubeste fazer…falar mal de tudo mas continua…

— Mamã chega, por favor…isto não nos vai levar a nada.

— Não percebes que fazes sofrer todos os que te amam...ou melhor aos que tu dizes que amas: o teu filho, as tuas netas e mesmo Angélica.

— Eu estou a proteger os que amo, isso sim…- e virando-se para Angie…- E tu, tem muito cuidado com o que dizes porque...

— Chega...basta. Não te vou admitir que digas mais nada papá...chega...

— Não Gérmen deixa o teu pai falar tudo o que tem a falar...queres lavar "roupa suja" aqui à frente do teu filho e da tua nora...

— Está nunca há-se ser minha nora...nunca.

— Continua José, continua afundar-te sozinho, porque é assim que vais acabar sozinho. Um dia vais acordar desse teu mundo cheio de rancor e vais-te dar conta que estás sozinho, completamente sozinho.

— Rosário…estou a avisar-te, tu não vais querer que eu fale…

— Parece que estás a ficar sempre com o mesmo argumento...estás a ficar tão previsível. Sempre que não tens mais nada que dizer ameaças, fazes chantagem...mas sabes que isso comigo não resulta, eu estou vacinada…

— Mamã por favor chega...papá por favor podes ir...estás a criar uma discussão que não nos leva a lado nenhum.

— Eu não vou a lado nenhum...até porque a minha conversa com esta...esta senhorita não acabou...aliás mal começou.

Angie que estivera apenas a assistir à "conversa" entre José e Rosário sem dizer uma palavra mas fixada em Rosário, olhou de repente para José e tremeu, não por medo dele mas porque tinha receio do que ela poderia dizer ou fazer. Angie era geralmente uma pessoa calma e discreta... ultimamente apercebera-se que quando a atacavam ou aos que ela amava virava uma fera. No entanto por respeito a Rosário e a Gérmen tentou acalmar-se antes de se dirigir a José.

— Eu não tenho mais nada para lhe dizer...vou-me embora...Gérmen.

— Vais-te embora mas não levas a minha neta. Clara fica comigo...

Angie fica vermelha de raiva, mas antes de responder suspira, ela sabe que não pode perder a cabeça, um passo em falso e José pode ganhar terreno para ficar com Clara…

— Oiça bem...porque só o vou dizer uma vez...Clara é minha filha, e se eu a deixo é porque sei que ela fica bem com o pai que é o Gérmen.

— Angie, não o faças só porque José te está a...- diz depressa Rosário.

— Rosário eu sei o que está a querer dizer-me, mas não é por medo desde "senhor" que eu deixo Clara, é porque sei que ela fica bem com Gérmen, com Vilu e consigo. Eu preciso de...organizar as ideias...de falar com a minha mãe...- José olha para Angie assustado e esta virando-se para José - Sim a sua chantagem vai acabar.

— Tu não tens coragem de contar a Angélica...não tens...

— Não vai ser fácil...mas eu vou acabar com isto hoje. Estou cansada de sofrer e de ver os que amo sofrer...chega. Hoje você e o meu pai vão deixar de fazer sofrer quem eu amo. Hoje vou enterrar de vez o meu passado. O seu "reinado" vai chegar ao fim...

— Angie...eu...- Gérmen não consegue dizer nada...ele sabe o que Angie vai sofrer por contar tudo a Angélica, e que o faz não por ela, nem por ele...mas fá-lo por Clara e por Vilu.

— Não preciso que digas nada...toma conta delas, e ajuda a Vilu...o Leon discutiu com ela por causa dele...- e aponta para José. - E depois de dizer isto, aproximou-se de Gérmen e beija-o...José estava perplexo com toda esta nova atitude de Angie, afinal ela era mais astuta do que ele pensara, e o que ele planeara afinal podia cair por terra, porque julgara mal a sua adversária.

Entretanto no quarto, Violetta chorava agarrada a Francesca, ela perderá tanta coisa naquele dia: Angie e Leon, os dois tinham-se ido embora apenas por um motivo - o Avô. Ele entrará nas suas vidas sem avisar, e sem pedir autorização mudou-as para pior. Afastara Angie com as suas chantagens e afastara Leon com a sua mania de fazer o que apenas ele acha que está certo. Ela nunca odiara ninguém e não sabia bem o que se sentia quando...quando se odiava...mas começava a pensar que talvez fosse o que ela sentia naquele momento pelo avô.

Francesca e Camila tentavam acalmá-la, dizendo-lhe que Angie nunca iria deixá-la, que o que ela dissera era verdade que apesar de longe estava perto, que ela podia sempre falar-lhe; fazendo-a ver que Leon iria voltar no dia seguinte mais calmo, mais sereno e que lhe iria pedir desculpa e que tudo iria ficar bem.

— Não é a mesma coisa, eu preciso da Angie aqui, e o papá e Clara como é que...e o Leon está magoado, e até o consigo perceber...não o posso censurar por pensar que estou a abandoná-lo...

— Vilu...tu não estás a abandoná-lo, tu estás a proteger a tua irmã e ninguém te pode castigar por isso...nem o Leon.

— Principalmente o Leon...- diz Camila...- Ele sabe o que sofreste...ele sabe como vivias: uma princesa trancada na sua torre.

— Camila...menos drama por favor. Vilu vais ver o que ele precisa é de uma noite bem dormida. Como dizia a minha avó: " A Almofada é sempre uma boa conselheira".

— Não é a almofada Francesa, é a noite: "A noite é sempre uma boa conselheira".

— O quê? Não interessa...ele só precisa de pensar um pouco e vai-se dar conta que errou e amanhã está aí a pedir-te desculpa.

— Quem me dera que tenhas razão Fran...porque neste momento preciso dele, preciso dos seus abraços, de me sentir segura, sem toda esta pressão e estes sentimentos que me estão a sufocar.

— Queres que fiquemos cá, não sei para te distrair um pouco de tudo isto. Podíamos cantar, falar da Ludmila...- diz Camila que tenta em vão fazer Vilu rir um pouco.

— Não, eu agradeço a sério e sei que querem que me anime, mas sinceramente prefiro ficar sozinha...não me levem a mal.

Assim que as amigas saem, Vilu deixa-se ir naquele turbilhão de sentimentos que a estavam a sufocar. Ela sente-se no meio de um furacão que anda com ela à roda, que não tem fim nem saída. E é com esta sensação de desespero que ela acaba por adormecer cansada de lutar, com algo para o qual não sente que tem forças. Quando Francesca e Camila descem já Angie saíra e na sala estavam apenas Gérmen e Rosário. José tinha sido corrido por uma Rosário cansada de tanta discussão, e ao fim de vários gritos, insultos e ofensas ela conseguira colocar um ponto final na mesma, e dessa vez fora ela a ameaçar José que chamaria a polícia acusando-o de violência psicológica, todos sabiam que era um tiro no escuro que sem provas era a palavra dela contra a dele...mas Gérmen cansado de toda a confusão que a sua vida se transformara desde que o pai aparecera, apoia a mãe e prontifica-se a ser testemunha...percebendo que seriam dois contra ele, e que provavelmente também Olga, Ramalho e até Violetta ficariam contra ele decidiu ir-se embora, contudo, prometeu que amanhã estaria lá em casa para tratar da viagem dos cinco para Madrid.

Quando as viu Gérmen perguntou por Vilu, queria saber como ela estava o que Angie lhe dissera, mas principalmente como ela estava. Mas elas também não o podiam ajudar muito, porque a verdade é que Vilu estava demasiado confusa para falar com elas sobre alguma coisa. Rosário ainda lhes perguntou senão queriam ficar, que Vilu talvez precisasse de ter duas amigas por perto, mas Camila disse-lhes que tinha sido ela a pedir para ficar sozinha. Depois de se despedirem, Gérmen que estava com Clara ao colo olhou para ela e as lágrimas começaram a cair. Ele estava a reviver tudo de novo, a dor da perda, da solidão, com a diferença que Angie não morrera, ela fora afastada por José; Rosário aproximou-se dele e abraçou-o, ele olhou para Rosário e deixou-se ir naquele abraço. Tudo o que ele precisava naquele momento era sentir-se apoiado...passado algum tempo pediu-lhe para ficar com Clara, ele precisava de ir ver Vilu.

— Gérmen espera, tenho estado a pensar...e se vocês viessem comigo para Sevilha?

— Mamã...eu não quero ir com o papá para Madrid e tu estás a dizer-me para ir contigo?

— Mas não é a mesma coisa. A minha ideia é tirar-vos daqui, da influência do teu pai, tirar Violetta e Clara desta guerra que não é delas. E depois era uma boa oportunidade para vocês conhecerem Luzia e...

— Talvez tenhas razão, mas eu não posso ir sem pelo menos falar com Angie e dizer-lhe para onde vou com as miúdas, até porque se vou levar Clara para fora do país ela tem que autorizar. E acho que há alguém que deve ir também: o Leon.

— O Leon...mas ele não se chateou com Violetta...eu ouvi-o ele estava furioso com ela. Não sei Gérmen, ele foi muito duro com ela...

— Eu sei mamã...Leon é algo impulsivo...ele lembra-me muito eu quando era novo. A Violetta vai resistir em ir, eu conheço a filha que tenho, mas se lhe dizer que estou disposto a levar Leon.

— Tuto bem, tu é que sabes. Eu vou ligar à tua tia, vou pedir que arranje tudo. Tens ideia de quando vamos?

— Daqui a dois dias talvez...assim que conseguir a autorização da Angie para levar Clara.

— Então vou falar hoje com ela...para que ela nos espere daqui a dois dias, Gérmen...- e Rosário senta-se junto do filho...- vai correr tudo bem...mas lembra-te o teu pai não pode saber.

— Obrigado mamã...por tudo. Eu estava a pensar talvez fosse melhor irmos estes dias para um Hotel...- Rosário assentiu, não era o ideal mas com José...- Bom vou falar como a Violetta. Ela não vai gostar muito...mas pode ser que com a ideia de Leon ir também connosco ela fique mais animada.

Gérmen sabe que Violetta vai contestar a sua decisão, que não vai querer sair de Buenos Aires...mas tem esperança que com a ideia de rever Leon, de estar de novo com ele, de viver no mesmo tecto com ele, seja mais fácil convencê-la. Bateu à porta levemente, mas Violetta não responde...resolve bater de novo com um pouco menos de leveza, mas de novo silêncio; então abre a porta devagar, com tudo o que tem acontecido nos últimos dias ela pode ter simplesmente adormecido, e bem precisa de descansar, mas assim que entra percebe que Vilu está acordada, sentada na cama de costas para a porta...

— Vilu, Vilu, eu bati mas tu não ouviste. Vilu, estás a ouvir-me...- dando a volta e olhando-a de frente percebeu…ela estava a chorar, as lágrimas caiam-lhe sem que tivesse controlo...

— Papá…eu…- mas ela não conseguia dizer nada…

— Vilu não, por favor não fiques assim. Meu amor...- sentando-se junto de Violetas...- Eu prometo-te nós vamos arranjar uma forma de ficarmos todos juntos...não fiques assim...Vilu...- e abraça-a com todo o amor que lhe tem deixando também ele escapar uma ou outra lágrima.

— Estou cansada papá...cansada de sofrer.- Disse-lhe ela com os olhos vermelhos de tanto chorar...- Não quero mais que doa...diz-me que não é sempre assim, que vou ser feliz, que vamos todos ser felizes?

— A vida não é sempre cor-de-rosa Vilu, não posso nem te vou mentir. Vais sofrer muito ainda, mas também vais ser feliz, muito feliz eu tenho a certeza disso.

— Quando papá...sempre que parece que a minha vida está a dar certo aparece alguém e...- e as lágrimas continuam a jorrar de seus olhos...

— Vou-te contar uma coisa que nunca contei a ninguém: quando os teus avós discutiam antes de se separarem eu acabava por ser a bola de Pingue-pongue entre eles, e acabava sempre por ficar triste e chorar muito. Eu gostava muito dos dois eram meus pais, como é que um filho pode escolher entre a mãe e o pai? Nessas alturas a Tia Mercedes vinha ter comigo e dizia-me: "Gérmen, o Amanhã ainda não chegou..." e ria-se olhando para mim...

— "O Amanhã ainda não chegou..."? Mas o que quer isso dizer papá?

— A primeira vez que ela mo disse eu também lhe fiz essa pergunta. Então ela olhou para mim e disse-me: "Porque o amanhã, Gérmen, é sempre melhor que o hoje..." e ria- se de novo…

— Não percebo papá? "O amanhã ainda não chegou...Porque o amanhã é sempre melhor que o hoje..."?

— O que quer dizer, é que o hoje tu não podes mudar já o viveste...mas o Amanhã, o Amanha Vilu, é um novo dia, um novo recomeço onde tudo é possível.

— Adoro-te papá...achas mesmo que no "amanhã" tudo vai voltar a ser como antes...como...

—Vilu...pode não ser no amanhã de amanhã, mas, nós vamos voltar a ser uma família...temos que ter fé que esse amanhã virá.

— Gostava de acreditar nisso que a Tia Mercedes te disse...mas não sei papá sinto que nada vai ser como antes...que o amanhã vai ser sempre igual ao hoje...- e abraça-se de novo ao pai...deixando cair mais algumas lágrimas que teimavam em não parar de cair.

— Mas eu vim aqui para te dizer uma coisa. A tua avó convidou-nos para irmos para Sevilha, durante um tempo e eu disse que sim...e antes de me responderes ouve-me...

E Gérmen explica que tem medo que se não sair de Buenos Aires José consiga o que quer e leve Clara para Madrid, e que de certa forma iram fugir...ninguém pode saber para onde vão...ninguém excepto Angie com a qual Gérmen pretende falar no dia seguinte. Vilu reage como ele estava à espera: não queria sair dali, tinha os seus amigos, o seu trabalho, e Leon apesar de naquele momento estarem afastados...e depois havia Angie e Angélica...

— E se eu te dizer que estou disposto a falar com Leon e a convidá-lo para ir connosco?

— A sério papá...tu vais convidá-lo...eu não acredito...obrigado a sério és o melhor pai do mundo. Mas e Avó Angélica? E Angie?

— Vilu, tu vais sempre poder falar com elas, mas neste momento preciso pensar em Clara...e de certa forma em Angie.

Violetta olhou para o pai, fixou-se por momentos em seus olhos, e apesar de não estar a chorar estavam brilhantes...como quando se está a um passo de rebentar nunca choro sem fim. Ela até conseguia perceber o porquê do pai querer fugir: ele tinha medo, e ela também, que avô conseguisse o que queria e levasse Clara para viver com ele em Madrid. Olhou de novo para o pai...

— Papá, vais mesmo convidar Leon para ir?

—Sim, sei que ele ficou um pouco zangado contigo, por causa do teu avô, e pensei que seria também uma oportunidade para eu o conhecer...

— Sabes uma coisa...és o melhor pai do mundo...eu adoro-te...- e de repente lançou-se para o seu pescoço abraçando-o tão forte que Gérmen teve alguma dificuldade em se equilibrar respeitar.

— Bem, eu sei que me adoras e isso tudo, mas agora começa é a fazer a mala...amanhã bem cedo vamos os quatro para um hotel. Nem Olga nem Ramalho vão saber desta viagem, quando acordarem já não nos vão ver. - Deu um beijo na sua testa e saiu...Vilu ficou a arrumar a mala e de súbito pegou no telemóvel...

—" Vilu - Daqui a dois dias vou estar em Sevilha...com o Leon..."

— "xxxx - A sério, e vais para casa dela? "

— “Vilu – Sim, ainda te lembras onde é?”

— “xxxx – Sei, náo vamos lá ter…Bjos.”

Violetta responde às mensagens, apesar de triste por deixar muita coisa para trás...ela vai com Leon e foi pai que o convidou. Também vai conhecer a outra tia...e os primos, que segundo a avó Rosário a adoram. E agora que enviou aquela mensagem também a vai poder ver e desabafar com ela, vão chorar as duas, rir, tentar juntas arranjar uma solução porque afinal "Juntos somos mais".

Depois de sair de casa de Gérmen, Angie sabia que teria que ir falar com a mãe, mas primeiro tinha que tentar acalmar-se...e digerir tudo o que se tinha passado em casa de Gérmen. Ela sabia que deixar Clara com ele tinha sido o melhor mas ao mesmo tempo estava a partir-lhe o coração, era como se ele estivesse partido em dois...e lhe faltasse a outra metade para ela viver plenamente, para que o seu coração voltasse a bater forte, agora ela apenas sobrevivia...apenas o ouvia a bater longe...tão longe como Clara estava dela. Decidiu passar primeiro por casa de Pablo e de Brenda, precisava de desabafar tudo o que a consumia por dentro e não havia melhor que o seu melhor amigo e a sua nova melhor amiga para a ouvir e aconselhar, bateu à porta...

— Angie... - disse Brenda que a abraçou...- Como estás? O que se passou? Falaste com Gérmen? Saíste sem dizer nada...

— Brendy calma...nem a deixas falar. Entra Angie. Como estás?

— Não sei...acho que...- e não aguentando mais desfaz-se em lágrimas. Estava esgotada por esconder o que sentia...desde que saíra do Estúdio que estava a reprimir tudo aquilo que sentia nunca iria admitir frente a José que estava a sofrer, e quando foi a casa de Gérmen falar com a Vilu teve que se segurar para não as trazer: a Clara e à Vilu...ali junto de Pablo e de Brenda podia deixar-se ir pelo que sentia, pelo que ia no seu mais profundo ser: desilusão, dor, mágoa, raiva...ali ninguém a iria julgar ou censurar...

— Angie...por favor tem calma...queres alguma coisa um chá, um copo de água?

— Não Pablo, obrigado e desculpem por...mas não aguentei mais...eu...

— Está tudo bem, queres falar, queres não sei…depois de saíres do Estúdio nós não conseguimos perceber o que se tinha passado.

— Eu e Gérmen tivemos a conversa que devíamos ter tido desde o princípio...- nessa altura cai-lhe uma ou outra lágrima, que ela depressa limpa...- Eu...nós ainda nos amamos...mas enquanto os nossos pais estiverem no meio não iremos conseguir estar juntos.

— Os vossos pais? - Pergunta Brenda um pouco confusa - Mas o teu pai não morreu? Desculpa...eu...

— Tudo bem. Sim, o meu pai morreu há muitos anos. Mas existe um passado que não está resolvido na minha vida, que vou ter que resolver.

— E, desculpa mas vou ter que te fazer está pergunta, e Clara?

— Clara ficou com Gérmen…

— Tu deixaste Clara com Gérmen, acabaste por fazer o que “ele”…

— Não Pablo, eu deixei-a com o pai, mas não vai ser ir muito tempo. Eu cansei-me de ver todos a sofrer...

— Todos? E tu...porque quem teve que se separar da família foste tu..

— Sim eu estou a sofrer...mas Gérmen também está e a Vilu...ela está de rastos e ainda por cima o Leon discutiu com ela...

— Leon discutiu com ela? - Pergunta algo indignada Brenda que nem quer acreditar…- Depois do que nós lhe dissemos, pensei que ele tivesse percebido que tinha que apoiar Violetta e não colocar mais pressão.

— Leon é um bom miúdo e não o fez por mal está assustado como todos nós.- diz Angie…- Tenho a certeza que depois de se acalmar ele vai acabar por apoiar Vilu no que ela decidir fazer.

— E tu o que vais fazer, para onde vais hoje? - Pergunta Pablo sabendo bem que para Angie seria difícil ter está conversa com a mãe.

— Eu vou falar com a minha mãe, hoje acabo com isto. - Pablo olha para Angie, mas esta sabe bem o que ele está a pensar...- Sei o que estás a pensar, e não sei sequer por onde vou começar a conversa, mas estou cansada Pablo, cansada de sofrer e de ver os outros sofrer...

— Finalmente Angie, finalmente percebeste que esconderes-te, guardares tudo para ti não te afectava só a ti mas a todos os que te amam.

— Obrigada...a sério Pablo…eu preciso de apoio e não…

— Não, não penses que te estou a julgar. A sério estou feliz...porque acima de tudo tu e o Gérmen merecem ser felizes.

— Desculpa, tu tens sido mais que um amigo...tens sido um irmão. Bom e agora vou andando. Amanhã falamos sim?

Angie despede-se de Pablo e de Brenda e segue viagem para a casa de Angélica. Durante o percurso pensa na melhor forma para começar a conversa, mas todas elas lhe parecem as erradas: falar da chantagem de José primeiro, do romance do pai com Rosário, da existência de Luzia ou de tudo aquilo que ela nunca contara sobre a sua relação com o pai. Qualquer que fosse o assunto por onde começasse seria sempre difícil, de repente já estava à porta de casa que um dia fora dela...já não havia volta a dar...tocou...de repente toda a coragem, todas as certezas que estava a fazer o correcto se desvaneceram como as nuvens do céu quando a brisa suave do verão as desintegra...mas já não pode voltar atrás...não ela não podia, ela não iria conseguir...e sai dali antes que...

Angélica abre a porta, mas não vê ninguém. Ela suspira...tinha alguma esperança que fosse Angie, dá um lamento, encolhe os ombros e entra de novo em casa fechando a porta. Angie, escondida no meio de uma árvore deixa cair algumas lágrimas...ela nunca conseguirá magoar a mãe daquela forma. Saiu dali sem saber muito bem para onde ir...quando se deu conta estava...Gérmen, ele lhe fazia falta naquele momento: seu abraço, suas palavras, seu carinho, seu beijo...não, ela não podia, e de repente percebeu que tinha perdido tudo de uma só vez, estava sozinha: não podia ter Gérmen porque não queria magoar a mãe, e contar tudo a Angélica estava fora de questão e por isso ficaria sem Gérmen. E assim saiu dali, derrotada sem saber para onde ir, as lágrimas teimavam em cair ferindo-a por dentro como se cada uma que caísse fosse um golpe no seu coração, parou o carro...e chorou...chorou...chorou...até que sem dar conta adormeceu.


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Notas finais do capítulo

O Próximo capítulo ainda está a ser escrito por isso pode demorar um pouco...

Prometo cenas Germangie no seguinte...



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