Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 12
Capítulo 6 - Memórias Esquecidas (Continuação)


Notas iniciais do capítulo

Será que Rosário consegue convencer Angie a voltar para casa?
Que segredos iremos descobrir?



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— Eu não tenho nada para falar consigo Rosário. Se depender de mim a minha mãe nunca irá saber de nada disto, ela não merece sofrer mais.

— E vais sofrer tu, Gérmen e todos os que estão á vossa volta por erros que nós os quatro cometemos? Sim, porque erramos todos, até a tua mãe.

— A minha mãe? Foram vocês que a traíram, onde é que a minha mãe errou? O único erro foi talvez não ter desistido mais cedo do meu pai.

— Angeles, a tua mãe não é uma inocente nisto, a tua mãe sabia que o teu pai estava disposto a sair daquele casamento. Mas ela decidiu fazer chantagem com o teu pai.

— Não, ela amava-o. Ela faria tudo por ele e por nós…

— Ela aproveitou o facto de o teu pai amar demasiado a tua irmã Maria. Ele estava disposto a deixar tudo e ficar comigo, mas a tua mãe disse-lhe que se o fizesse ficaria sem Maria.

— Não, ela nunca faria isso…ela nunca faria isso…- Angie não podia acreditar que a mãe fizesse algo assim…não a mãe não era assim.

— Mas é a verdade, não te digo que o tenha feito com más intenções, eu acredito que ela o amava e estava disposta a tudo para o manter com ela…que o fez por amor.

— A minha mãe nunca faria isso, ela amava o meu pai…ela nunca o iria pressionar a…não…

— Ela fez sim…e depois nasceste tu, parecias um Anjo. Angeles, nesse dia eu percebi que o tinha perdido para sempre. Se tu soubesses como os olhos dele brilharam quando te viram a primeira vez…

— Ele nunca…ele nunca quis que eu nascesse, eu sei, ele disse-me antes de morrer. Apesar disso era meu pai e eu amava-o, admirava-o…

Angie olha para Rosário, e caiem-lhe as lágrimas descontroladamente, sem querer ela lembra-se da sua infância com os pais, com Maria…ela fora feliz durante os primeiros anos da sua vida não o podia negar, mas ao fim alguns anos, Angie não sabia precisar quantos, havia sempre algo no pai que ela nunca conseguira decifrar: um olhar, um gesto, uma palavra que sempre deixava Angie inquieta. Fora apenas depois da morte de Maria quando o pai entrou naquele abismo, quando ele lhe negava toda e qualquer demonstração de afeto nessa altura ela começou a perceber o porquê de toda aquela frieza para com ela. Miguel sabia da existência de Luzia, embora Rosário pensasse o contrário, ele sabia que esta a tinha dado á irmã Mercedes para esta a criar. Depois de Maria morrer a única preocupação de Miguel era encontrar esta filha, para substituir o buraco que Maria tinha deixado no seu coração, apesar de ter a Angie, o pai vivia obstinado para encontrar Luzia, era como se ela não fosse mais sua filha, ele esquecera-se completamente dela. Assim fez com que esta seguisse pistas não para procurar Violetta mas sim para procurar Luzia. Um dia Angie apercebeu-se desta obsessão e perguntou ao pai quem era esta Luzia e como esta poderia ajudar a encontrar Vilu. Miguel ficou fora de si, acusou-a de não querer ajudar, de apenas pensar nela, inclusive chegou a dizer que ela não era sua filha. Angie sofrera em silêncio, pois nunca contara á mãe o que o pai lhe dizia, apenas Pablo sabia de algumas coisas, este era já nesta altura o grande amigo e confidente de Angie.

— Ele sabia de Luzia, mas como? Como é que ele sabia, eu nunca contei a ninguém? Aliás José só o soube á uns anos.

— Não sei como é que ele sabia, talvez ele a conhecesse bem para saber que nunca abandonaria a sua própria filha.

— Sim é provável…não há aí qualquer coisa…mas e tu, tu sabias?

— Não, eu sabia que era alguém importante para o meu pai, nada mais.

— E nunca a procuraste?

— Sim porque ele queria, e porque de certa forma era a única coisa que ainda o fazia feliz. Só no outro dia depois de ouvir o que ouvi e pensar no que o meu pai me pediu antes de morrer é que juntei as coisas.

— O que é que Miguel te pediu? Tinha alguma coisa a ver com Luzia?

— Sim. Pediu-me para a encontrar, pediu-me que não contasse nada á minha mãe e pediu-me que a amasse como amei Maria.

— E tu nunca mais tentaste procura-la, depois do teu pai ter morrido. Não pensaste no porquê de ele te pedir para a amares como a Maria

— Não, não tinha porquê. Eu queria encontrar Violetta, era isso que eu a minha mãe queríamos desde o dia em que Gérmen nos arrancou da vida dela. E depois…

— E depois o quê? Angie o que aconteceu depois?

Nessa altura Angie não aguentou mais as lágrimas, e continuou a contar o que o pai lhe dissera quando ela o encontrou no chão. Ele nunca quisera continuar com a Angélica, apenas ficara com ela por causa de Maria, que se tivesse sido Homem não teria abandonado Luzia, e não teria abandonada a mulher que amava. Que ela nunca teria nascido se ele tivesse seguido o seu coração, que de certa forma ela era a imagem do que ele tinha abandonado, do que ele renunciara por algo que já nada significava para ele, a única coisa boa que o manteve durante anos era Maria e a sua carreira. Mais tarde quando Violetta nasceu Miguel transpôs esse amor que sentia pela aquela filha que nunca chegara a ver para aquela menina. Angie percebeu naquela altura porque é que o pai sempre fora mais frio com ela do que com Maria…era como se ela não existisse, havia apenas alturas, pequenos momentos em que ela sentia que o pai a amava…porque ela representava a filha que ele abandonara.

— O teu pai…ele amava-te, ninguém que o visse contigo o podia negar.

— Não, o meu pai via-me como aquela que o fez perder a “outra” filha, a vossa filha. Sempre senti que ele me tratava de forma diferente de Maria, mas sempre pensei que era por estar envolvido com a carreira dela.

— Angeles, ele amava-te. Eu conheci bem o teu pai, e o brilho que ele tinha nos olhos quando olhava para ti.

— Não hoje eu sei que não era nada disso, ele nunca me quis…e o que mais me dói, é que apesar de tudo eu não conseguia nem consigo deixar de o amar.

— Miguel podia ter muitos defeitos mas nunca iria renegar a sua filha…não ele não era capaz disso.

— Ele disse-mo, ele disse-mo com todas as letras: “Eu pedi tanto á tua mãe para não te ter. Eu pedi…eu não queria. Não depois do que eu lhe fiz, eu portei-me como um monstro com ela, não devias ter nascido.”

— O que ele fez? Mas o que e que ele fez?

— Não sei...ele nunca me chegou a dizer...mas...estas palavras ficaram gravadas todos estes anos dentro de mim, como uma ferida que não sara…

— Angeles, não cometas os mesmos erros que nós cometemos. Vamos acabar com isto de uma vez por todas, tu achas que a tua mãe não está a sofrer? Posso assegurar-te que está porque está longe de ti e sem saber o porquê.

— Mas vai sofrer ainda mais se souber, como é que eu posso ser feliz se a minha mãe estiver infeliz.

— Eu percebo-te, tu amas a tua mãe é normal depois de tudo o que sofreste, todas as desilusões que tiveste com o teu pai. Mas eu conheço bem o marido que tive, ele não vai desistir; enquanto tiver este trunfo ele não vai desistir. Vais ficar escondida para sempre?

— Não sei…talvez. Mas eu não posso contar nada, eu não consigo…

— Sabes que o José te quer tirar Clara, e não te iludas ele vai consegui-lo, ele tira-te Clara num abrir e fechar de olhos. Por favor pensa bem no que estás a fazer.

— Não percebem eu não consigo…não posso fazer isso á minha mãe.

— Angeles pensa em Angélica, pensa em Luzia.

— Em Luzia…porque é que eu tenho que pensar em alguém que…não conheço…alguém que…

— Angie, Luzia não tem culpa de nada disto, somos todos parte da mesma família, e ela também quer fazer parte dela, ela é tua irmã.

— Ela não é minha…eu só tive uma irmã, uma que foi Maria, e já morreu.

— Por muito que não queiras ou não aceites ela é tua irmã. Angeles, não é justo para ela estar longe da família: dos irmãos, das sobrinhas.

— E é justo para mim decidir se abdico do amor da minha vida ou faço aminha mãe sofrer?

— Não. Não é justo, claro que não. Mas porque é que não dás uma hipótese a ti mesma e a Luzia…

— Não…eu só queria esquecer, tudo isto parece um pesadelo…e eu quero acordar…quero acordar e ter Gérmen ao meu lado…

— Eu até te posso perceber, mas quanto mais negares a realidade mais difícil vai ser tudo isto.

— Porquê? Porque é que tinham que aparecer e arruinar tudo, depois do que eu e Gérmen lutamos contra o que sentimos, nós eramos felizes tínhamos uma família com Clara e Vilu.

— E podem continuar a sê-lo.

— Não…eu não vou conseguir ser feliz ao saber que a minha mãe está a sofrer…

— Eu acho que tu no fundo não estás zangada comigo nem sequer com José, estás zangada com Miguel, por tudo o que te fez sofrer no passado mas principalmente porque te continua a fazer sofrer.

— Não, ele era meu pai, eu amava-o. Apesar de tudo o que ele me fez eu amava-o.

— Angeles? Não percebes tu nunca perdoaste o teu pai, apesar de achares que sim que tudo está no passado.

Nesta altura Angie apercebe-se que Rosário tem alguma razão no que diz, levanta-se e olhando pela janela consegue ver Pablo e Brenda brincando com Clara. Sim, era verdade, ela estava zangada com o pai, por tudo o que ele fez no passado e lhe está a pesar agora nos seus ombros. Angélica está a sofrer porque não sabe o que se passa, porque ela fugiu, porque ela decidiu que não a quer ver sofrer, mas a verdade é que na realidade, naquele momento todos eles estão a sofrer. Mas voltar significava que a mãe iria ficar a saber de tudo, e não seria apenas da traição do pai, ou da existência de Luzia; não Angie teria que lhe contar tudo, o que o pai lhe dizia quando estava alterado de tanta tristeza, mas principalmente o que ele lhe dissera nos últimos minutos de vida.

— Eu preciso de pensar. Sei que tem razão que estão todos a sofrer, está na hora de me livrar deste peso que carrego há anos. Mas preciso de tempo, quero ser eu a falar com a minha mãe.

— Tudo bem, eu compreendo. Posso pedir-te apenas uma coisa? – Angie olha para ela á espera do que ela quer. – Posso levar Clara para estar um pouco com Gérmen e Vilu? Eu prometo que a trago de novo. – Angie vira-se de novo para olhar Clara pela janela e de repente não teve dúvidas sobre o que tinha que fazer.

— Sim, sim acho que será bom para ela também – e virando-se de novo para Rosário - Eu vou só arranjar algumas coisas.

Angie vai até ao quarto e prepara o saco de Clara, ela irá contar tudo sim, mas não está preparada para enfrentar mais ninguém com tudo o que vai dentro de si, ela percebeu isso quando olhou para Clara, por isso tomou a decisão de abdicar também da filha. Ela precisava de perceber o que sentia, o que queria. No fundo ela sabia que Rosário tinha razão em tudo o que dissera: a raiva, a mágoa a dor que sentia não era com José, nem com Rosário nem mesmo com aquela irmã que ela não conhecia - era com o pai. O pai que ela amara mais do que ele próprio alguma vez a amara a ela, o pai que ela sempre admirara, o pai que a magoara tanto mas que ela nunca conseguira deixar de amar, mas que também não conseguira perdoar. Assim naquele instante em que olhara para Clara, percebeu que tinha que se afastar de tudo e de todos, ela precisava de se encontrar a ela própria, ela tinha que se reconciliar com o seu passado. Pegou num papel escreveu umas linhas e colocou-o no saco de Clara, pegou nele e na cadeira auto e entregou-os a Rosário.

— Obrigada Angeles, por me deixares levar Clara.

— Eu nunca quis separa-la de Gérmen, nunca faria isso. Não depois do que eu a minha mãe passamos com o afastamento de Violetta.

— Eu sei que não. Mas agradeço-te na mesma pela confiança que me estás a dar.

— Posso pedir-lhe um favor em troca. Sei que talvez seja pedir muito…

— Não podes pedir.

— Pode entregar esta carta a Gérmen. Eu amo-o e espero que ele o saiba.

— Gérmen sabe-o. E eu sei que ele te ama a ti. Bom, vou andando…mais uma vez obrigado.

Angie ficou assim sozinha, e foi nessa altura que se deu conta: estava completamente só: sem nada, sem ninguém. Abdicara primeiro de Gérmen, para proteger a mãe e agora iria abdicar de Clara para que todos sofressem um pouco menos, mas e a ela quem a iria proteger? Quem é que a faria deixar de sofrer? E de novo a mesma sensação que lhe ocorrera tantas vezes: aquela mágoa, aquela dor, aquele fardo em cima dela que tantas vezes lhe pesara nos ombros.

E depois de algum tempo como que anestesiada, em que nada parecia real mas que ao mesmo tempo parecia ser a verdadeira realidade ouviu Pablo e Brenda entrarem, ele estava visivelmente ansioso, não podia acreditar que Angie tivesse deixado Rosário levar Clara, depois do que ele fizera para tentar que ela voltasse para casa? Ele sabia que a ideia de vir a mãe de Gérmen não tinha sido a melhor, tinha que ter insistido em que viesse Gérmen e não a mãe. Ele tinha a certeza que com Gérmen a conversa tinha sido outra, que eles teriam arranjado uma forma de resolver tudo, Angie não iria conseguir ficar longe de Gérmen, eles amavam-se e bastava ela sentir esse amor para voltar. De certa forma ele tinha-a deixado ficar mal.

— Angie, tu deixaste Clara ir? Diz-me que não…

— Eu deixei Clara ir ver o pai e a irmã. Pablo…Brenda, se não se importam eu quero estar sozinha.

— Estás zangada, e sei que sim. Eu não a queria trazer a ela, eu queria que viesse Gérmen. Eu tinha a certeza que quando tu percebesses que o vosso amor era maior que todos os problemas voltarias para os braços de Gérmen. Mas quando cheguei lá a casa…

— Pablo…eu fiquei um pouco chateada sim não te vou mentir, mas já me passou. Sei que o fizeste a pensar em mim, eu sei disso. Mas por favor neste momento eu preciso de estar sozinha.

— Mas Angie…eu…

— Pablo vamos. Angie se precisares de alguma coisa diz, por favor.

Assim que eles saem, ela começa a arrumar as suas coisas. Desta vez ninguém iria saber para onde ia, precisava deste tempo sozinha sem ninguém a dizer-lhe o que fazer, sem ninguém a ameaçá-la de alguma coisa. Estava livre, livre como uma ave que esvoaça os céus sem limites, sem rumo; mas ao mesmo tempo sentia que estava a abandonar Clara e Vilu. Era como se a tivessem ferido e embora voasse livre, o seu voo era incerto.

A carta que escrevera a Gérmen era apenas o início, antes de tudo, antes de se dar a ela própria esse tempo que precisava para se reencontrar ela iria falar com Gérmen, ele merecia essa conversa e Angie não queria partir sem lhe dar uma explicação; depois teria que ter talvez o diálogo mais difícil da sua vida com Angélica.

Em casa de Gérmen, Violetta que entretanto acordara já sabia que a Avó Rosário estava em Buenos Aires e que tinha ido falar com Angie e iria tentar trazê-la de volta para casa, se bem que este a avisou para não dizer nada á Avó Angélica.

— Papá, mas talvez um pouco de esperança não fizesse mal à Avó Angélica...não sei talvez lhe levantasse um pouco o ânimo.

— Não Vilu, por favor não digas nada. A tua avo está a sofrer o bastante…

— Mas Papá…

— Vilu, não te esqueças que ela não sabe o verdadeiro motivo pelo qual Angie saiu de casa, por isso tudo está demasiado confuso para ela.

— Sim tens razão…mas gostava de lhe dizer alguma coisa para a animar um pouco.

— Eu percebo-te, eu também gostava. Mas por enquanto deixemos as coisas assim se a tua Avó Rosário conseguir alguma coisa, nessa altura veremos o que fazer.

Violetta percebeu o que Gérmen lhe estava a tentar dizer, todos eles estavam a sofrer com esta "atitude" de Angie, mas ao contrário deles Angélica não podia saber os motivos que Angie tinha para ter feito o que fez. Assim Gérmen tinha achado melhor não contar nada, ele não sabia o que se estaria a passar entre Angie e Rosário por isso não valia a pena estar a dar esperanças a Angélica, que fora a sua casa com a promessa de lá ir jantar, talvez por essa altura já tivessem a boa notícia que todos desejavam.

Vilu entretanto teve a visita de Francesca e Camila, que tinham sabido por Leon do que se estava a passar e decidiram ir ter com esta para de alguma forma a animarem ou distraírem. Assim que chegaram Olga informou-as que Violetta estava no quarto, mandou-as subir dizendo que já lhes levava algo bom para comerem, subiram e bateram á porta, assim que entraram conseguiram perceber que Vilu estava nervosa, andava de um lado para o outro e quando as viu esboçou um sorriso e abraçou-se a elas.

— Já sabem de Angie não?

— Leon contou-nos. Esse avô é pai do teu pai? – Perguntou Camila.

— Sim, é o pai do meu pai.

— Ah! Claro está explicado, claro só podia, deve ser genético. – Vilu e Francesca olharam uma para a outra sem perceber o que ela queria dizer, mas de certa forma elas já se tinham habituado á forma meio atrapalhada de Camila pensar e assim Camila continuou – É que só podia, o teu pai também era assim meio…bom tinha um feitio especial.

— Camila estás a ouvir o que estás a dizer? Estás a falar do pai de Violetta…que está aqui a ouvir.

— Ai desculpa amiga, não te quis ofender. Mas sabes que o teu pai, bem tinha um feitio um pouco complicado…mas mudou não foi? Será que o teu avô também não pode mudar? É possível não é?

— Infelizmente acho que não, o meu avô nunca irá mudar. E o pior é que eu sinto tanto a falta de Angie. Estava a precisar de desabafar, de um abraço, de um carinho como só…preciso da Angie.

— Vais ver que tudo se vai resolver, tenho a certeza que Angie vai voltar.

— Não sei, e agora também nem sei o que fazer com toda esta história de ter outra tia, não sei o que sentir em relação a toda esta história.

— Espera tens o quê? Outra tia? Que história é essa?

— Sim…ainda não sabem. – Vilu conta-lhes muito resumidamente do envolvimento do Avô Miguel com a Avó Rosário e da filha que eles tiveram em comum.

— É esquisito...– diz camila. – O teu pai e Angie têm uma irmã que é irmã dos dois.

— Sim…é mais ou menos isso…é confuso mesmo…

— Não espera é mais que esquisito: o teu pai foi casado com as duas irmãs da sua própria irmã, o que faz que esta seja irmã e cunhada dos três irmãos...

— Camila…eu já me perdi com essa tua conversa. Ela é irmã de quem afinal?

— Fran…a tal “tia” é irmã do pai de Vilu, da mãe de Vilu e de Angie que é mulher do pai de Vilu e irmã da mãe de Vilu. O que a faz irmã e cunhada dos três...vês é esquisito e confuso.

— Camila tem razão, eu própria ainda nem percebo bem tudo isto. Imagino como não estará Angie.

— Que tal irmos lá abaixo, Olga já nos deve ter preparado algo delicioso para comer…e eu estou com fome depois de todos estes parentescos esquisitos…e depois podíamos tocar algo para nos animarmos.

— Fran…estás sempre a pensar em comida. A sério cada vez que vens a casa da Vilu tu só pensas em comida.

— O que é que queres. Eu culpo a Olga…sim por fazer estes lanches divinos para nós. – E riram-se as três.

E assim descem, indo primeiro á cozinha onde acabam de ajudar Olga a preparar a comida, Gérmen ao ouvir toda aquela algazarra vai até lá e decide também ele comer alguma coisa, depois do lanche preparado pelos cinco sentam-se as três junto do piano alternando-se para tocar, enquanto Gérmen volta para o escritório.

“Hoy contigo estoy mejor, si todo sale mal

Lo puedo encaminar y estar mejor

Me puedes escuchar y decir no, no, no

Hoy sé lo que debo hacer y nunca más

Regresara el dolor, oh oh oh oh

Si no lo puedo ver, enseñame eh eh eh

Pienso que las cosas suceden

Y es porque, solo está en mi mente

Siento que sola no lo puedo ver hoy

Ahora sé, todo es diferente Veo que,

nada nos detiene Yo lo sé, mi mejor amiga eres tu”

 Tocavam, cantavam e de vez em quando conversavam tentando de alguma forma encontrar uma forma de ajudar Angie e Gérmen a resolverem o problema. Cada uma dava a sua solução para desespero de Vilu, porque cada uma tinha uma ideia pior que a outra. Mas no fundo ela sabia que as amigas a queriam apenas ajudar com toda aquela situação.

— Eu nunca vi o papá assim, está completamente perdido.

— Sim, está com uma cara horrível. – diz Francesca.

— Sim está mesmo mal, repararam eu acho que foi a primeira vez que acertou com os nossos nomes.

— Camila…por favor se não sabes dizer nada agradável mais vale não dizeres nada.

— O que foi! E a verdade: ele nunca sabe os nossos nomes…mas deixemo-nos de tristezas. E tu e Diego como é que estão as coisas?

— Que coisas Francesca? Não me contaste nada…porque é que eu não sei de nada?

— Porque não é nada de mais, a Camila está a exagerar.

— Exagerar, vão viver juntos, juntos…daí ao casamento é um passo.

— Casamento? Francesca, isto é verdade? Vais casar com Diego?

— Vamos morar juntos sim, nós já passamos tanto tempo juntos no Art Rebeld. Não foi nada pensado, ele perguntou-me e eu disse que sim.

— Mas vais casar? Esse é um grande passo, tens a certeza?

— Não, isso já é exagero da cabeça sonhadora de Camila. Por enquanto vamos só viver juntos e ver como correm as coisas.

— Exagero...bom mas acho que devemos comemorar, o que vos parece.

— Claro que tal uma canção. – Diz Violetta.

“No se imaginan de que cosas hablamos

Estando en nuestro sitio especial Conversar

De moda, chicos, música y vocaciones

Sueños que se vuelven Canciones jugando

Secretos entre melodías Con mis amigas siempre imaginar

Un mundo mágico ideal Hablamos de todo siempre falta más

 

Planeta de las chicas, exclusividad

La clave son las risas Código amistad

Planeta de las chicas exclusividad

La clave son las risas Codigo amistad”

E começam as três a cantar, e enquanto cantam Rosário toca á porta de serviço, Olga quase nem quer acreditar no que vê: é Clara, ela trouxe Clara…e se sua chiquitinha está ali, só quer dizer que Angie também vai voltar. Rosário tinha conseguido, e assim que esta coloca a cadeira com Clara no chão Olga abraça-a e agradece-lhe por ter conseguido trazer de novo Angie e a sua Clara de volta a casa.

— Olga…Olga, onde está Gérmen? E quem é que está a cantar? É Vilu?

— No escritório, sim é Vilu e as amigas. A minha chiquitinha voltou, ela está a reconhecer a sua Olguita…e Angie, onde está Angie?

Nisto entra Gérmen que ao passar pela sala olha para Violetta e fica feliz por vê-la a distrair-se um pouco de toda aquela confusão, foi graças a Angie que Violetta pode encontrar a sua vocação, os amigos, a Leon…Angie, como poderiam eles viver sem ela? Como poderia ele viver sem o seu amor? Ele não sabe responder a estas questões, a única coisa que sabe e que sente falta da sua Angie. Quando entra na cozinha e vê Clara nem quer acreditar, a mãe tinha conseguido, trouxe-as de volta, no entanto, ele não via Angie em lado nenhum, e começa a pensar que talvez a mãe não tenha conseguido. Mas então o que estava Clara a fazer com ela? E onde estava Angie? O que é que se tinha passado? A mãe nunca iria tirar Clara de Angie, se Clara estava ali era porque Angie o tinha autorizado…

— Mamã, onde está Angie? E que fazes com Clara?

— Angie ficou a pensar em tudo o que falamos, foi uma conversa interessante e penso mesmo que importante para as duas.

— Interessante? O que foi que lhe disseste? E o que fazes com Clara?

— Pedi-lhe que me deixasse trazer Clara para que tu e Violetta estivessem um pouco com ela, mas prometi que a iria levar depois do jantar.

— Mas ela vai voltar? Não, claro que não ela nunca irá deixar Angélica saber...Mamã ela não vai voltar pois não?

— Não sei, a verdade é que eu não sei. - E ao dizer aquilo sentiu realmente pena de Gérmen, ele estava verdadeiramente a sofrer.

— Ela não vai voltar, eu perdi-a mamã…eu perdi-a. - E sem pensar abraça-se a Rosário como quando era pequeno.

— Gérmen tem calma, ela ficou de pensar em tudo o que falamos, acho que percebeu que todos estávamos a sofrer com esta mentira.

— Ela nunca irá contar nada a Angélica mamã, eu conheço-a. Angélica é a pessoa mais importante para ela.

— É o Senhor tem razão, Angie nunca irá admitir que magoem a mãe. – Afirma Olga, nenhum dos dois se apercebera que esta estava a ouvir a conversa. Assim que percebeu que se estava meter onde não devia pede desculpa e sai com o pretexto de levar o lanche a Vilu e às amigas.

— Gérmen, eu nunca soube e acho que tu não tens a noção do que aquela rapariga sofreu na vida. Aliás acho que nem Angélica sabe o que a filha sofreu e sofre até hoje.

— Sofreu, sofre como assim? O que é que Angie te contou?

— Algumas coisas que me fizeram perceber melhor o porquê de ela defender tanto Angélica.

— Mamã, porque é que dizes que Angie está sofrer ou sofreu explica-te?

— Vamos primeiro dar esta “prenda” linda a Violetta, acho que a vai animar depois de tanta tristeza. Depois falamos no escritório.

E assim Gérmen, pega em Clara que está ao colo da avó, assim que reconhece o pai Clara dá o maior sorriso que alguma vez Gérmen viu; ela sabe onde está, ela sabe que está de volta a casa, Gérmen não sabe como mas tem a certeza que Clara sente que o seu mundo está de novo no rumo certo. Rosário combina com Gérmen que ela entraria primeiro e que depois o chamaria. Assim entra na sala enquanto Vilu, Francesca e Camila cantam, no final aplaude com tanta força quanto consegue.

— Avó! – Vilu corre a dar-lhe um abraço.

— Minha Princesa, estás linda e grande…e cantas como…

— A mamã? – e abraça-se de novo à avó.

— Sim, por momentos parece que estava a ouvir Maria. Dá-me mais um abraço princesa, não sei como pude estar tanto tempo sem te ver.

— Tu é que não apareces, estás sempre a viajar…ou…

— Bem na verdade há muito tempo que vivo em Sevilha com a tua tia…tu já sabes certo? – pergunta a Vilu…

— Sim, eu já sei tudo…- Camila e Francesca resolvem interromper pois Vilu deveria estar sozinha com a família.

— Vilu, nós vamos andando. Amanhã ligamos.

— Sim depois ligamos para saber novidades.

— Ai, desculpem nem vos apresentei. Avó: esta a Francesca e esta a Camila.

— Prazer meninas, mas não se vão embora. Eu preciso de falar com o teu pai…- e virando-se para Camila e Francesca...- porque não ficam para jantar gostava de vos conhecer? E depois podem ajudar Vilu com a prenda que eu lhe trouxe.

— Prenda? Avó eu já não tenho idade para me trazeres prendas…

— A sério, então acho que a vou devolver…

— Não…eu já não tenho idade mas adoro recebê-las, o que é?

— Gérmen podes entrar…

Este entra trazendo Clara ao colo, Vilu fica encantada a sua irmãzita estava de volta, e isso só podia significar que…Angie. Ela iria voltar.

— Clara! Angie…onde está Angie?

— Angeles não veio. Eu fui falar com ela, foi uma conversa muito esclarecedora para as duas, mas temos que lhe dar mais um tempo Vilu. Entretanto eu pedi-lhe que me deixasse trazer Clara para estar convosco.

— Eu pensei…quando vi Clara, pensei que ela… – E se bem que tenta evitar as lágrimas começam a escorrer-lhe pela cara.

— Vilu, a tua avó tem razão. – diz-lhe Camila – Angie precisa de tempo. Nada disto é fácil…quer dizer…

— Sim nós conhecemos bem Angie, ela nunca fará nada para vos fazer sofrer, lembra-te pelo que ela passou só para estar junto de ti. Lembra-te do que ela sofreu quando teve que ir para França.

Vilu olhou para Francesca que lhe deu um abraço, ela tinha razão, aliás como sempre, Angie sempre fez tudo para estar junto dela, e para a proteger: fez-se passar por sua perceptora para a conhecer, para estar junto dela e o pai não a levar de novo.

— Camila e Francesca têm razão. – Diz-lhe Gérmen que se aproxima de Vilu com Clara ao colo. – Vamos dar a Angie todo o tempo que ela precisa, entretanto tomas conta da tua irmã, eu preciso de ir falar com a tua avó.

— Sim, sim…- e pegando em Clara vira-se para as amigas – Vamos…- E assim subiram as quatro: Vilu com Clara ao colo, Camila e Francesca.

No escritório Rosário e Gérmen conversam sobre a visita que esta fez a Angie, como ela ficara surpreendida mas ao mesmo tempo receosa com a sua visita, como fora complicado fazê-la entender que todos estavam a sofrer, como Rosário a tinha feito perceber que no fundo Angeles estava zangada não com José, não com ela e muito menos com Gérmen, ela estava zangada com o pai, com Miguel.

— Como assim com Miguel? Mamã porque dizes isso?

— Porque é a verdade. Miguel apenas ficou com Angélica por causa de Maria, na altura ela ameaçou afastá-la dele, e ele não suportaria isso.

— Angélica fez isso? Nem posso acreditar…

— Uma mulher apaixonada faz tudo para não perder o homem que ama. Angélica estava a proteger a sua família...eu tinha feito o mesmo.

— Mas ainda não percebi porque é que dizes que Angie está zangada com o pai, ela amava-o, admirava-o.

— Não duvido, Angeles sempre foi uma boa menina.

— Então não percebo porque é que dizes que ela está zangada com o pai? – Eu explico-te: Angélica engravidou de Angeles um pouco depois de eu ter Luzia. Na altura pareceu-me que Miguel estava feliz, mas afinal não foi bem assim.

— Como assim Mamã?

— Miguel sentia-se preso a um casamento que já não o preenchia, Angeles contou-me que…que ele a tratava de forma diferente de Maria.

— Como assim? Eu ia lá muitas vezes antes e depois de me casar com Maria, nunca me apercebi de nada. Aliás ele tratava Angie como se fosse a sua menina, ele chamava-a de “Angelito”.

— Eu também me lembro disso, mas pelos vistos não era bem assim. Angeles contou-me algumas coisas, digamos que o Miguel que ela descreveu não era o Miguel que eu conheci.

— Não percebo, Maria queixava-se muita vez que Angie era muito protegida pela mãe mas principalmente pelo pai.

— Pelo que ela me contou Miguel arrependeu-se de ficar com Angélica e de certa forma ela era a lembrança do que tinha perdido.

— Não percebo? Como é que Angie era a lembrança seja do que fosse?

— De Luzia…não sei como mas ele sabia de Luzia.

— Ele sabia de Luzia? Mas como?

— Não sei, o que si é que na altura Miguel apenas ficou com Angélica por causa de Maria, e depois veio Angeles que no fundo é apenas um ano mais nova que Luzia…

— Já percebi, se não fosse Angie, ele tinha deixado Angélica e Maria. Teria lutado para ficar contigo, apesar de poder perder Maria.

— Sim de certa forma, mas depois veio Angeles e ele já não conseguiu deixar Angélica. Por isso ficou, mas culpou Angeles por não poder sair daquele casamento, apesar desta não a ter.

— Mas porque é que Angie nunca me contou nada disso, ela sempre o defendeu quando eu o acusei da morte de Maria.

— Porque era pai dela e ela amava-o. Acho que de todos nós foi a que sofreu mais, e nunca ninguém soube.

— Angie…sempre a pensar na dor dos outros em vez com a dela.

— Confesso-te que a admiro não deve ter sido fácil viver com a certeza que o próprio pai não a desejava.

— Agora percebo o porquê de ela não querer que Angélica fique a saber de tudo.

— Que queres dizer com isso? – Pergunta Rosário, sem entender bem…

— Ela sofreu estes anos todos em silêncio, e agora de repente tudo o que escondeu de Angélica pode vir a ser descoberto.

— Não deve ser fácil, mas Gérmen as mentiras nunca duram para sempre e tudo isto é a prova disso. Eu continuo a achar que o melhor é contar tudo e foi isso que eu disse a Angeles.

— Talvez mamã, mas eu vou respeitar a decisão de Angie, é ela que deve decidir como e quando contar a Angélica.

— Como queiras. Ia-me esquecendo ela deu-me esta carta.

— Uma carta, para mim?

— Sim, e pediu-me que te dissesse que te ama, se bem que nem é preciso eu dizer-te isso, certo?

— Obrigada mamã, e obrigada por teres vindo.

— Não perdoa-me a mim, eu devia ter te tido logo que sim que te vinha ajudar, e também nunca te devia ter pedido para esconder tudo isto. Bem e  agora vou aproveitar a minha neta.

Rosário aproxima-se de Gérmen e dá-lhe um abraço e um beijo na face, apesar de toda aquela máscara de durão ela sabia que o filho estava a sofrer, e não era fácil para uma mãe perceber que o seu filho estava a sofrer e que não podia fazer muito mais do que o que ela fez. Gérmen sorri, e entrega-se também àquele abraço…porque afinal até os homens de vez em quando precisam do mimo da sua mãe. Rosário sai para ir ter com as suas netas e Gérmen senta-se pronto para ler a carta de Angie.

Ele está visivelmente nervoso, talvez ela tivesse reconsiderado e o quisesse ver, sim só podia ser isso…mas será que ela decidira desistir de tudo…pega na carta e abra-a…

“Gérmen,

Precisamos de falar, vem ter comigo ao Estúdio assim que leres esta carta. Não digas onde vens, precisamos de falar os dois sozinhos.

Amo-te

Da Tua Angie”


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Notas finais do capítulo

Que será que Angie quer dizer a Gérmen?
Será que se iram entender?
Ou será que José se ira meter no meio dos dois de novo?

NOTA - A partir daqui ainda não tenho mais nada pronto por isso vou demorar um pouco mais a colocar...tenham paciência...a história ainda agora vai no início...



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