O fim começou escrita por Hairyn


Capítulo 1
Acompanhados


Notas iniciais do capítulo

Heey amores! Estou aqui para apresentar minha primeira fanfic. Nada melhor do que começar com a maravilhosa série televisiva, The Walking Dead. Espero que vocês se lambuzem com a história., estou fazendo com muito carinho :D. Caso gostem, não deixem de comentar, ok? Aceito opiniões, isso agrega muito, mesmo. Enfim, comentem, favoritem e se possível, recomendem. Boa leitura a todos, divirtam-se!



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Quando o vento gélido chicoteou nas paredes da antiga hospedaria, adentrando pelas frestas de madeira, Anne Blessan encolheu o corpo, afundando os braços no bolso do casaco surrado. Ao olhar para baixo, assustou-se com os rastros de sangue misturados a lama. Era obvio que alguém passara por ali antes dela, deixando algumas cadeiras caídas e uma garrafa de whisky quebrada.

Outra rajada de vento e um ruído vindo do corredor escuro ecoaram no ouvido da jovem. Receosa, Anne segurou a faca com firmeza pouco acima de seu ombro, mas não foi preciso seguir o som. Dois passos a direita bastaram-lhe para ver que se tratava do ranger de um relógio prestes a despencar.

Ao virar-se, notou dois olhos arregalados lhe observando. Riu para si mesma e estendeu a mão, limpando com a manga de seu casaco a superfície retangular do espelho empoeirado. Deitou a cabeça de um lado para outro, analisando os detalhes da imagem. Estava diferente!

Passando os dedos levemente pelas bochechas, percebeu o quanto havia emagrecido desde que tudo começou. Preocupou-se tanto com os “desmortos” que não pode perceber que ela mesma estava se tornando uma. Seu rosto encovado, ficava ainda mais perceptível com aquelas longas madeixas ensebadas. O cabelo castanho e a pele clara, destacavam os olhos cor de mar.

— Continua linda irmãzinha! – A carranca daquela face tão conhecida, cedeu lugar a um sorriso familiar e reconfortante. Os dois se permitiram sorrir, algo que não faziam a muito tempo.

Quando Thales Blessan passou pela porta, levou a mão a boca com o engulho forte que o fedor lhe causou. Era cheiro de sangue, misturado com mofo e bebidas. As janelas sujas a ponto de não deixarem os raios de sol entrar, provavelmente foram as maiores responsáveis.

— Marica! – Zombou do rosto empalidecido do homem, soltando uma gargalhada – Você está horrível! – Concluiu ela com um sorriso largo e depois de mirar o espelho pela última vez, caminhou em direção ao irmão.

Desde criança Thales possuía aversão a cheiro de sangue. Isso foi confirmado no dia em que teve que dar ponto no braço, depois de bater em um ferro solto do balanço do parquinho, ou, quando Anne decidiu fazer curso de enfermagem e usou o irmão como cobaia. O pobre saia do quarto pálido e no fim, Anne nem mesmo concluiu o curso. Mas agora era diferente, ele já havia passado por muita coisa, coisas que nem mesmo ousaria sonhar em passar algum dia.

Na verdade, ele não era o único. Mesmo as pessoas mais pacatas, com uma vida monótona e conformada, tinham algo a contar agora, o problema é que essas histórias não eram boas. Elas estavam repletas de perdas, medos e maldades.

— Achou alguma coisa? – Questionou o homem com a voz rouca e curiosa e depois de um breve sinal negativo feito com a cabeça, ele continuou. – Aquilo ali é alguma coisa... Aah, com certeza é! – Riu com desdém, apontando para as garrafas de bebidas ao fundo da hospedaria.   

— Nada que tu irá levar, pode apostar. Temos que procurar remédio, água e comida. Aaah não, espera... – E ainda contando nos dedos ironicamente cada um dos itens, continuou. – Abrigo! É, disso nós realmente precisamos! Não quero ficar aqui nessa hospedaria fedida. Aliás, senhor policial que infringe as leis, não quero nem mesmo pensar em subir essas escadas. – Parou o sermão já aos gritos, deixando o olhar se perder em um espaço vazio que só ela mesma poderia encontrar. – Ainda tenho medo delas.

Provavelmente o sermão continuaria, mas o estrondo de um tiro próximo fez com que os dois se calassem. Caminharam a passos largos e silenciosos até uma das janelas do estabelecimento, onde avistaram duas figuras. A primeira figura era um homem alto e barrigudo, titubeando do outro lado da rua, pouco atrás do penúltimo poste. Sua perna certamente estava machucada, ou quem sabe, mordida? Em suas mãos, um revolver prateado. Independentemente de quem ele fosse, certamente sabia para onde estava indo.

Mais atrás, um errante, que era como chamavam aquelas coisas, com seus passos lentos, mandíbula afiada e grunhido constante. Mesmo com a pele prestes a se desfazer, ainda era possível notar os traços femininos em seu rosto mordido. Metade do cabelo já havia sido perdido pelo caminho, assim como pedaços das roupas que deveriam ter ficado presas em objetos pontiagudos. A imagem causaria arrepios, se não houvesse se tornado comum depois de seis longos meses vivendo naquele pandemônio.

Certamente, todas as pessoas vivas ainda poderiam se lembrar de como tudo começou, embora fossem poucas as que continuavam sendo como eram a seis meses atrás. Só tempos depois dos anúncios na televisão, onde as autoridades deixaram claro para a população que o vírus havia se alastrado para todo o mundo e que eles não tinham a cura, é que os civis perceberam o quão abandonado estavam.

As pessoas acabaram se adaptando a essa nova vida. As que não se adaptaram estavam mortas ou morreriam logo, e era por isso que aquele homem com bigode estranho, deveria ser temido. Ele não parecia se importar com a errante em seu encalço e seguia, agora mais rápido, em direção a hospedaria onde os Blessan estavam.

— Vamos! – Disse Thales, puxando a irmã pelo braço para trás do balcão, onde um dia foi lugar de vendas de álcool. – Se abaixe e fique quieta. – Atentou-se para o barulho da porta se abrindo.

— Queridinhas, voltei! – Falou com escárnio o estranho que acabava de sentar depois de pegar uma garrafa de bebida que estava por ali. Não parecia estar com pressa.

— O que faremos? – A voz de Anne estava apreensiva, embora tivesse saído quase que em um sussurro. – Acho que ele já esteve aqui mais cedo, está com a perna machucada e, parece que as bebidas são familiares. O sangue, – deu uma pequena pausa – deve ser da perna dele.

— Vamos esperar. – Respondeu Thales bruscamente.

— E se tiver mais alguém com ele? Já vimos isso antes e sabemos como termina. – O olhar da jovem, continuava assustado, mas algo havia mudado. Eles estavam prestes a transbordar pela segunda vez no dia.

— Não tem ninguém aqui, só ele. Não temos para onde correr e ele está armado. Vamos esperar! – O irmão mais velho deu fim a discussão, estava decidido, mas, era tarde demais.

— Então vocês estão aqui? – O rosto redondo apareceu com o revolver em uma das mãos, apontando para os irmãos. Enquanto isso, bebericava mais um gole na boca da garrafa que estava a ser agarrada pela outra mão.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima *-*



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