Extraterrestre escrita por SobPoesia


Capítulo 20
Super-Heroína.




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Cruzei as minhas pernas.

Senti que aquele seria um momento decisivo para toda a nossa vida futura.

Até os dias de hoje, queria ter errado naquela previsão.

Mas eu não poderia ter errado, mesmo que quisesse. Naquela época, não sabia das extensões dos meus poderes. Hoje, com todo o meu conhecimento, ainda não sei.

América encheu o peito e suspirou, então, começou o que seria o único monologo que eu não queria ouvir. Ela me provou errada, provou todos nós errados.

"A Terra está em colapso há muito tempo, sem que esse caos tenha um final. O que você vê quando sonha, as suas visões dolorosas, Sky, são a nossa realidade diária.

Não há como você me dizer o contrário, porque foi o que eu vivi.

Toda aquela bobagem escrita naquele livro é mentira. Me fez arrepiar de desgosto. Vai contra tudo que me contaram durante toda a minha vida.

Cresci ouvindo as histórias sobre como a empresa Coll–En I extorquiu governos e pessoas mais ricas por anos, sem nunca conseguir concertar nada. Haviam boatos de que nada estava sendo realmente feito. Por fim, depois de uma apuração e julgamento, a empresa foi intimada a investir todos os seus fundos em algo que realmente ajudasse a população.

Foi então que surgiu esta monstruosidade absurda que vocês chamam de casa. A nave.

As passagens foram vendidas a um preço absurdo, fazendo com que pessoas vendessem órgãos, casas e sua dignidade por um lugar aqui. Mas não foi suficiente para povoar este lugar com mais de algumas centenas de pessoas, o que resultou em bilhões sendo deixadas a própria sorte em um limbo tóxico que nos deu a vida.

Mas vocês não estavam lá.

Existe uma lenda, uma estória muito grande com apenas um final: 'Nós tentamos matar a Terra e ela queria vingança'.

Tudo na minha casa é mortal, desde o ar ao chão que se pisa. Árvores são assassinas, mutações comuns, animais são todos mortais e nada nem ninguém está a salvo.

Em 150 anos, passamos de 7 bilhões de pessoas para 30 vilas, com no máximo 100 pessoas em casa. Nós aprendemos onde pisar, o que comer, como nos esconder e vivíamos em uma civilização nômade, sempre disposta a se adaptar ao novo ambiente.

Tudo estava em uma aparente harmonia, desde as tribos aos mares.

Todas as pessoas e a Terra estavam conectadas. Nos conhecíamos e nos entendíamos, assim sobrevivemos e nos reerguemos. Então quando o desejo de vocês, homens do céu, de destruir tudo atacou novamente, sabíamos que corríamos perigo.

Para vocês foi intrigante como a Terra havia engolido a poluição e se transformado em algo selvagem e indomável, assim como nós havíamos. Não estavam satisfeitos com a sua grande nave de recursos infinitos quando, bem embaixo dos seus narizes, havia algo misterioso e lindo acontecendo.

Vocês nos assistiram fazer coisas incríveis e resolveram que era a hora de atacar.

Chegaram ao meu planeta com roupas especiais para não morrer. Destruíram os nossos santuários, nossas casas e a nossa vida, com experimentos horríveis e chacinas sem motivo. Em dias, acabaram com tudo que levou anos para se reconstruir.

Todas as pessoas que não tinham habilidades especiais foram raptadas. Passavam poucas semanas na nave e eram os mesmos robôs que as crianças são educadas a ser.

Pegaram as nossas terras e fizeram extensas construções que nós não entendíamos. Uma delas é a maternidade, porque vocês acham que os nossos poderes vem da hora do nosso nascimento na Terra.

Tudo que era esperança e vida se tornou morte.

As vilas começaram a guerrilhar entre si, impulsionadas pela ganancia que vocês trouxeram com suas moedas brilhantes. Queimadas nas madrugadas, roubos, assassinatos.

Vivemos em caos por tempo demais. Então nos juntamos para tomar as rédeas da situação.

Sabíamos que de tempos em tempos, eram enviadas trupes para as partes mais densas da floresta em busca de terráqueos e de suprimentos. Descobrimos que tipo de lavagem cerebral era feita em cada indivíduo escolhido para ir a nave e o destino de quem resistia.

Criamos um plano simples: uma criança psíquica ia se infiltrar na nave e a destruí–la. Crianças porque eram as únicas que se reintegravam nas naves e psíquicas para sobreviver a lavagem cerebral.

E é por isso que eu estou aqui.

Eu não vim aqui para despertar seus poderes ou me apaixonar. Eu tenho uma missão e vou cumpri–la. Estou aqui para acabar com as chacinas no meu mundo e, se não houver cooperação, fazer a minha chacina.

Mas eu falhei. "

—Porque falhou? – Com os lábios comprimidos, Caleb colocou as mãos nos ombros de uma América em prantos.

—Vocês não tem a menor ideia do que acontece lá embaixo, não há como negociar. Eu só tenho uma alternativa, mas nada me mataria mais do que machucar Sky. Não há saída.

Respirei fundo.

E não demorou muito tempo para que eu tomasse a única decisão sensata de toda a minha vida.

—Eu quero provas de tudo que acabou de dizer. Se você conseguir isso, vou te ajudar, nem que custe a minha vida. – Suspirei.

Não sabia se era o meu tom sério ou a minha apatia as lágrimas de América, mas Caleb se assustou com aquela frase:

—De onde surgiu isso? – Ele segurou minha mão.

—Você disse que somos super-heroínas, não é? Eu vou fazer o que é certo, então, mesmo que isso significa ir contra tudo que aprendi a acreditar, ir contra o meu povo. É isso que super–heroínas fazem.


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