Extraterrestre escrita por SobPoesia


Capítulo 15
Respostas.




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Caleb virou o grande livro para si, voltou algumas muitas páginas até chegar ao 1º capítulo, então, limpou a garganta e começou a ler:

" No ano de 2.800 há dois grandes eventos a serem analisados.

Embora muitos estudiosos escolham ignorar a correlação dos tais, julgo de extrema importância para entender o que aconteceu com a Terra aceitar os 200 anos de ignorância as claras atrocidades que ocorreram abaixo dos nossos narizes.

Para isso, uma breve contextualização é necessária: Aquele fora o ano em que a ONU declarou que o planeta havia entrado em colapso. As centenas de anos negligenciando a natureza em prol do capital, finalmente trouxeram seus resultados. Se vivia em uma absurda escassez de recursos naturais – como água e árvores –, o que acarretava em uma condição de vida tão degradante que chegava a se assemelhar com os desastres bíblicos. Doenças, guerras e desespero contagiavam e aniquilavam até os mais ricos [...].

A salvação veio por meio do primeiro grande evento: a empresa Coll–En I. Sendo a junção de 5 multinacionais e controlada pela família Sanglard, ela visava a reconstrução sustentável do planeta azul.

Após 50 anos, e com um extensivo acumulo de capital, o objetivo fora atingido. Então, ainda com um considerável domínio monetário a sua disposição, a Coll–En I propôs contrariar a natureza novamente, tendo como meta: 'evoluir a espécie humana de forma controlada e laboratorial, obtendo resultados personalizados e satisfatórios. '

No final do ano seguinte, foi noticiado o segundo grande evento: os desaparecimentos na África Subsaariana. Dentro de um ano, foram documentados cerca de 500 mil homens negros entre 20 e 40 anos desaparecidos em diversos países do continente. O que foi completamente ignorado em escala mundial.

Se todos já tínhamos uma dívida histórica com a África, a situação foi apenas atenuada [...].

Enquanto grande parte da população escolhia ignorar a verdade escancarada, havia um grupo organizado – do qual eu fazia parte – que luta para que o fim dos experimentos com seres humanos fosse possível [...].

Desacreditados por muito tempo, resolvemos que a solução seria agrupar provas concretas do que ocorria dentro da Coll–En I. Para isso, conseguimos a ajuda de um homem de dentro, do qual, por razões obvias, não pode ser identificado.

Ao entrarmos, presenciamos uma fachada maravilhosa, com uma empresa tecnológica e voltada para a formação de hipóteses e testes simulados. Porém, quando se entrava alguns níveis mais a fundo, a verdade era chocante.

Seres humanos amontoados em viveiros que simulavam estábulos, se alimentando de rações, nus, em um ambiente altamente limpo e frio. A visão era perturbadora, amedrontadora e, as histórias daqueles que ainda conseguiam falar, eram piores.

Tratamentos com eletrochoque, famílias perdidas, implantes esquisitos, amigos sendo torturados, ácidos, loucura, vacinas, remédios... Simplesmente tortura.

Conhecemos então, um grande homem, que passou a ser a chave para esta teoria. O retiramos dali e o salvamos. Seu nome é Troy Mallet".

Caleb colocou o livro ao chão e olhou para mim.

—O que isso quer dizer? Eu sou algum tipo de descendente desse cara? – fechei o cenho.

—Sky, vocês tem o mesmo sobrenome. Você é uma descendente direta dele! E, pelo ano do livro, uma não muito distante, estamos falando de duas ou três gerações. – ele segurou minha mão.

—Então porque eu tenho isso e a minha mãe não?

—Você tem duas coisas que ela não tem, Sky. Você tem seu par e se parece mais com Troy.

—Eu me pareço com ele?

—Você é negra. Porque acha que a sua família luta tanto para manter isso fora dos genes? Você tem isso, ganhou de brinde, tudo que faltava era seu par. – os olhos do meu irmão pairaram em América.

—Eu sou o par? – ela arregalou os olhos.

—Ela não é negra. – bufei.

—Mas, com ela, o que ocorreu foi algo diferente. O seu gene mutante, Sky, é hereditário, ele só precisava ser ativado pela melanina e o par. Já o gene de América foi mutado por exposição. Quando a empresa sofreu a explosão, resíduos nucleares ficaram na Terra, onde a ruiva nasceu, cresceu, se alimentou e tantas outras coisas.

—Mutação? – América ergueu uma sobrancelha.

—É biologia. A evolução vem através da mutação genética. Um pedacinho do seu DNA se altera e pronto: evolução. – respondi.

—Tudo bem, eu só ainda não consegui entender porque eu sou o par da Sky. – ela continuou.

—Já isso, é física. Os opostos se atraem. América é terrena e Sky é extraterrestre. – Caleb assentiu.

—Todos somos, Caleb! – não concordei.

—Não! Todos os seres humanos presentes na nave hoje, nasceram na Terra, exceto você.

—O hospital da maternidade é na Terra! E a droga da minha mãe me teve no banheiro do seu quarto... – completei seu pensamento, furiosa.

—Mas... O que nós realmente fazemos? – América inclinou a cabeça para a direita.

—Vocês conversam por uma espécie de telepatia. Nós, os seres humanos ordinários, nos comunicamos por linguagem corporal, escrita e fala; já vocês conseguem projetar imagens uma para a outra, através da conexão corporal. O livro fala sobre tudo isso... Troy não precisava da conexão, ele projetava imagens nas mentes de qualquer um que quisesse. Leiam...

Era muita coisa para se absorver em somente uma noite. Minha cabeça doía, na mesma intensidade que o meu desespero ardia em meu peito.

Responder aquelas perguntas apenas significava levantar mais outras.


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