Dangerous Woman - 2ª Temporada escrita por Letícia Matias


Capítulo 2
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Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal :) Bem-vindos a mais uma #DangerousWednesday! Espero que todos estejam bem!
Curtam bastante esse segundo capítulo bem intenso ;)



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Logo após Kyle ter saído do quarto, minha mãe, meu pai e Sean entraram. Sean estava sério agora, talvez fosse a presença forte dos meus pais. Minha mãe, um pouco mais alta do que eu, entrou afofando seus cachos loiros e impecáveis, nenhum fio arrepiado para cima ou para os lados. Estava vestindo um vestido preto de manga compridá de lã que ia até seus joelhos e um sapato de salto alto da mesma cor. Ela me olhou inexpressiva ao lado do meu pai, da mesma altura que ela, careca e com seus óculos retangulares com armação cara. Meu pai estava vestido com um suéter cinza de lã, calça jeans azul escura e um sapato preto lustroso.
—Oi. - eu falei primeiro.
—Como está se sentindo? - meu pai perguntou vindo até mim e me dando um beijo no rosto.
—Bem. - minto. - Um pouco confusa. Bom te ver, pai.
—É bom te ver também, apesar das circunstâncias.
Sorrio. Meu pai era um bom homem. Sempre fora bem rígido em questão a minha educação e meus estudos, mas sempre me mimou muito e esteve do meu lado quando brigava com minha mãe.
Olhei para minha mãe que me olhava do pé da cama, mexendo  os dedos nervosamente como um tique nervoso.
—Você está bem, mãe? - pergunto.
Ela suspira exasperada.
—Estou, só não entendo onde foi que eu errei.
Minha boca se escancara.
—Como é?
—Mãe. - Sean diz.
— É verdade! - ela diz e olha para Sean como se lamentasse estar falando tal coisa. - Se você não estivesse andando com... esse tipo de gente, não estaria nessa situação.
—Inacreditável. - murmuro e depois continuo com o tom de voz alto e claro o bastante para ela me ouvir. - Como pode estar me culpando pelo o que aconteceu?
—Abaixe o tom para falar comigo, mocinha. Só estou falando a verdade. Depois que você veio para Nova York, sua vida desandou. Olha o tipo de gente com quem está andando. O que você estava fazendo dormindo em uma casa cheia de delinquentes? Você tem uma casa!
Sinto um calor percorrer pelo meu corpo.
—Isso mesmo, eu tenho uma casa. Eu que pago minhas contas e me sustento agora. Posso dormir onde eu quiser e quando eu quiser. - explodo. - Será que você nunca vai mudar? O que aconteceu foi um acidente e não culpa minha! - estou aos berros e chorando.
—Shh, calma filha, calma! - meu pai segura meus ombros. - Francamente Cecile! - meu pai olha para minha mãe.
Minha mãe balança a cabeça.
—Algumas coisas nunca mudam mesmo. Não interessa a idade que ela tiver, você sempre vai defender ela Arnold, sempre!
—Ele não está me defendendo, ele só está se negando a me acusar de uma fatalidade, sua... - paro de falar quando a porta do quarto se abre e Kyle entra.
Todos se viram para olhar para ele, menos minha mãe que me fita com olhos duros.
—Termine de falar o que você ia falar, Alice. - minha mãe diz.
Sinto todo o meu corpo tremer de raiva. Estou tão nervosa! Balanço a cabeça enquanto as lágrimas saem sem parar dos meus olhos.
—Não tenho nada para falar com você. - digo. - Sai.
A boca dela se escancara e Kyle se coloca ao lado do meu pai que bate no ombro dele de leve.
—Olha só Arnold, olha como ela está falando comigo.
— Mãe, por favor, vamos. - Sean diz sério e segura o braço da minha mãe.
Ela bate em sua mão e diz olhando para mim:
—Espero que se arrependa do que está fazendo comigo e abra seus olhos, Alice. Não te criei para você andar com o tipo de gente que está andando e nem para namorar uma pessoa desse tipo. - ela aponta para Kyle. - É por isso que essas coisas estão acontecendo com você. O que mais tem escondido de nós?
Cubro meu rosto com as mãos trêmulas.
—Ah sim, está trabalhando de garçonete num bar. Sim, foi pra isso que investimos na sua educação, não é mesmo? E o que eu achei no lixo do seu banheiro? Camisinha! Dá pra acreditar nisso Arnold?
Olho para ela e dou uma risada histérica. Realmente não posso acreditar no que estou ouvindo.
—Ah meu Deus! - dou risada entre as lágrimas. - Você fuçou no lixo do meu banheiro! Meu Deus! Agora eu realmente não espero mais nada de você. - balanço a cabeça.
—Não acredito que fez isso, Cecile. - meu pai diz. - Como você entrou no apartamento dela?
—Peguei a chave na bolsa dela. - minha mãe diz. - Você tinha ido almoçar. E não interessa, ela é minha filha, tenho o direito de ver o apartamento dela.
—Não tem não! - grito e sinto as mãos do meu pai segurando meu ombro, tentando me acalmar.
—Sean tira sua mãe daqui. - meu pai diz.
— Eu trabalho de garçonete, sim. E além do mais, danço de lingerie em cima do palco nos finais de semana, mamãe. E sim, o que você achou no meu banheiro foi camisinha porque sua filhinha não é uma freira! - estou aos berros. - Quanta decepção pra você não é mesmo? Sua filha que sempre foi privada de qualquer tipo de diversão, está se divertindo e transando. Coitada de você! Sua filha está se sustentando sozinha e não precisa de você pra absolutamente nada, comprou o apartamento dela com o próprio dinheiro, coitada de você! Que filha horrorosa você tem! Ela é humana! Ela tem necessidades, sentimentos e não é um robô! E a culpa não é dela de ela quase ter morrido num acidente de carro, sua vaca sem coração!
Paro de falar e as lágrimas caem com mais intensidade. Estou com falta de ar, tremendo como nunca.
—Querida, eu volto depois pra conversar com você, tudo bem? Desculpa por você ter que passar por isso. - meu pai sussura no meu ouvido.
Apenas concordo com a cabeça enquanto cubro meu rosto com as mãos.
Ouço o salto da minha mãe batendo no chão com dureza e sinto os braços de Kyle me abraçando.
—Calma boneca, calma. - ele diz suavemente enquanto eu choro sem parar, soluçando. - Calma, respira fundo. Você está passando mal? Quer que eu chame um médico?
Não consigo responder. Meu corpo todo treme. Estou tão nervosa.
—Alice. - Kyle pega minhas mãos geladas e as aperta. - Olha pra mim.
Olho para ele e tento respirar fundo. Estou com dificuldade para respirar.
—Calma, estou aqui. Respira. - ele respira fundo pelo nariz e eu faço também. - Agora solta.
Faço o que ele está dizendo repetidas vezes e sinto as lágrimas secando, meu tremor se suavizando e meu frio repentino diminuindo.
—Isso boneca. - ele me toma nos braços e acaricia minhas costas. - Estou aqui, calma. Vai ficar tudo bem.
Concordo com a cabeça olhando para a porta do quarto fechada.
—Sinto muito que tenha que ter ouvido ela te diminuindo. Eu te amo.
—Não me ofendi com isso, boneca. Estou orgulhoso que tenha enfrentado ela. - Kyle olha para mim e coloca meu cabelo atrás das minhas orelhas. - Estou muito orgulhoso. Amei o jeito como você disse "estou dando mesmo e o problema é meu".
Dou risada junto com ele e balanço a cabeça.
—Como ela pode me culpar por isso? Foi um acidente, eu...
Balanço a cabeça.
—Não pensa nisso. Está tudo bem.
A porta do quarto se abre e vejo meu pai sozinho dessa vez. Kyle sussura em meu ouvido:
—Acho que seu pai não vai gostar tanto de mim agora que ele sabe que eu já te comi.
Dou uma risadinha e Kyle pisca para mim.
—Filho, será que posso falar com a minha filha?
—Claro sr.Carson. - Kyle se levanta da cama e diz. - Volto mais tarde.
Concordo com a cabeça e Kyle passa por meu pai.
Meu pai vem até mim e de repente me sinto envergonhada por tudo o que disse. Me sinto envergonhada por eu ter me exposto tanto á sua frente.
—Está mais calma? - ele pergunta e se senta ao meu lado, onde Kyle estava.
—Acho que sim. -dou um sorriso amarelo. - Me desculpe, pai. Por... todas as coisas que falei, eu...
—Filha, por favor, eu sei que a culpa foi da sua mãe.
—Mesmo assim. - encaro minhas mãos em cima das minhas pernas cobertas pela manta branca. - Me desculpe. Não é algo que eu gostaria de dizer para ela, mas ela... - respiro fundo. - me deixa tão nervosa.
—Sua mãe não é fácil de lidar,eu sei disso. Mas, vamos conversar sobre outra coisa. Como está indo a faculdade?
—Está sendo legal. mas... -paro hesitante.
—Mas...
—Tenho pensado se é isso mesmo o que eu quero, sabe? Fui escalada para a peça do Cisne Negro, estou animada com isso, mas não sei. - dou de ombros. - Ah pai, as vezes é tão difícil.
Meu pai concorda com a cabeça.
—Filha, você deu muito duro para entrar nessa academia de ballet.
—Eu sei.
—Não desanime assim. Mas, se você quiser fazer outra coisa, faça. Nāo fique presa á decisões que não te fazem feliz.
Concordo com a cabeça e sorrio.
—Mas e quanto ao resto? Está tudo bem?
Olho para os olhos castanhos do meu pai. Não pai, não. Só me dou conta disso neste momento.
—Está sim.
—Seu namorado tem um cabelo esqusito.
Sorrio.
—Nós não somos namorados.
Meu pai arqueia as sobrancelhas...
—Quer dizer, não sei muito bem o que somos. Estamos... juntos, mas não rotulamos nada, entende?
—Na verdade não, mas não entendo muitas coisas da socieade de hoje.
Dou risada.
—Sinto sua falta em casa. Lembra como sempre assistíamos aos episódios de Star Wars todo último domingo do mês?
Sorrio.
—Lembro, claro.
—Ainda acho que a Leia é uma chata.
—Não fale dela assim! - retruco.
—Ela trata o Han muito mal. Admita!
—Mas era amor. E ele irritava ela muitas vezes.
Eu e meu pai ficamos em silêncio e depois rimos.
—Acho que o médico virá te ver daqui a pouco. Ouvi dizer que talvez você tenha alta amanhã e tenha de ficar de repouso alguns dias.
—Que bom. - digo.
—Sua mãe e eu precisamos ir hoje. Voltaremos para Los Angeles essa noite.
—Eu entendo, está tudo bem pai.
—Talvez você possa ir para Chicago com Sean...
—Ficarei bem pai. Eu tenho bons amigos que podem cuidar de mim. Chloé, Sam e Kyle.
Meu pai concorda com a cabeça.
—Acho que você precisa descansar um pouco mais.
—Estou me sentindo exausta. - digo e me deito na maca.
Peço para o meu pai descer o encosto da cama para mim e ele o faz. Senta na poltrona ao lado da cama e segura minhas mãos.
—Perdoe sua mãe, filha.
—Pai, não quero falar sobre isso, tudo bem?
—Tá, claro.
Ficamos em silêncio e vou ficando sonolenta.
—Te amo, pai.
—Eu também te amo, Ally.
E então, adormeço.


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Notas finais do capítulo

E aí? Vocês acharam a mãe da Alice bem cuzona? Eu achei kkkkkkk.
Me contem aí o que acharam desse capítulo :)
Muito obrigada por estarem acompanhando essa nova temporada também. Amo muito vocês ;)
Lê.