Uma Flecha No Escuro escrita por Madame Baggio


Capítulo 1
Prólogo




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Londres, Novembro de 1949

 

Susan Pevensie observou da janela de seu quarto o movimento da rua de sua casa. O dia amanhecera chuvoso em Londres e não melhorara nada nas últimas horas. A morena duvidava que fosse melhorar pelo resto da semana.

Pelo menos a chuva combinava com seu humor. E as gotas nas janelas combinavam com as lágrimas que cobriam seu rosto.

Queria muito parar de chorar, mas não tinha forças.

 

Voltou o olhar para a carta que estava sobre sua escrivaninha, amassada de tanto ser relida. Recebera a correspondência alguns anos atrás, quando ainda vivia nos Estados Unidos com os pais. Nela Lucy contava a mais nova aventura deles em Nárnia.

Nárnia.

 

O coração de Susan apertou-se de forma dolorosa ao pensar no reio dela com os irmãos. Agora não tinha mais nenhum deles. Nem seus pais. Todos perdidos em um instante, em um acidente de trem que até agora parecia surreal demais para ela.

Por que?

Essa pergunta envenenava sua mente e quase tirava sua crença no grande Leão. Estava tentando ao máximo não questionar e se mostrar madura, entender que a morte fazia parte da vida, mas estava difícil. Cada vez que pensava no sorriso de Lucy, na lealdade de Edmund e na força de Peter... Cada vez que se lembrava dos irmãos seu coração parecia que ia partir-se em dois.

Eu os quero de volta.

Queria os irmãos de volta e então queria voltar a Nárnia, onde foram reis e rainhas muito tempo atrás. Onde governaram por quinze anos, tornaram-se adultos e lutaram batalhas, apenas para voltarem para trás, crianças mais uma vez. O lugar para onde ela e Peter nunca puderam voltar, mas Lucy e Edmund tinham visitado pouco tempo depois...

Enxugou o rosto e reaplicou a maquiagem com cuidado. Agora essa era sua maior armadura contra os outros, sua imagem impecável. Não permitiria que ninguém sentisse pena dela.

Pegou o guarda-chuva e caminhou pelas ruas, chegando a estação de Aldywich, que recentemente fora reaberta. Desceu as escadas passando pelas poucas pessoas que estavam por ali e preparou-se para esperar o trem.

Mas por hora havia essa frase repetindo-se em sua cabeça, na voz clara de Aslan, voz que ela não sabia se vinha de suas lembranças ou de seu coração.

—Uma vez uma rainha de Nárnia, sempre uma rainha de Nárnia.

O que exatamente isso queria dizer? Porque no momento Susan não se via como rainha.

Suspirou e sentou-se num banco. Suas pálpebras começaram a pesar e decidiu fechar os olhos. Só por um minuto. Londres ainda estaria ali quando ela os abrisse de novo...


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