POV's Stiles

Eu estava começando a ficar feliz, realmente feliz. Depois daquele dia no cemitério, a Lydia e eu não nos afastamos mais; Ela é uma pessoa fascinante, e uma ótima amiga. Claro, que algumas coisas ainda me lembram a Malia, elas não são parecidas em praticamente nada, mas algumas vezes, eu me vejo pensando nela.

É difícil não sorrir com a Lydia ao meu lado, ela se irrita facilmente e o seu rosto assume um tom avermelhado que me faz rir só de lembrar;

Naquele sábado tínhamos combinado de ir ao cinema com o Scott e a Allison, eles eram amigos da Lydia, eram pessoas muitos legais, e o Scott era o filho da Melissa, eu já o conhecia das vezes que ele havia ido ao orfanato - estamos nos dando muito bem.

Mas por algum motivo eles desistiram, então eu e Lydia decidimos ir a sua casa, ela prepararia chocolate quente, e assistiríamos a algum filme aleatório.

Quando chegamos em sua casa, ela foi logo para a cozinha, eu ainda comia pipoca.

"Pode escolher o filme que quiser" gritou da cozinha.

"Certo." Gritei de volta.

Haviam alguns porta-retratos pela sala, com fotos diferentes, Lydia com alguém que eu suponho ser a mãe dela; Lydia quando pequena montada em um cavalo - eu não sabia que ela cavalgava; Mas a que me chamou atenção, foi um em que ela está sorrindo, com os cabelos presos, e com o rosto coberto de chocolate. Sorri daquela imagem que nunca mais vou esquecer.

"Você ainda não escolheu?" falou enquanto segurava uma bandeja com duas xicaras. "Do que você tá rindo?"

"Nada."

"Tá bom..." Falou desconfiada enquanto se sentava ao meu lado. "Então deixa que eu escolho; Que tal 'Um amor para recordar'?"

"Drama?"

"Com 100% de certeza."

"Poxa, Lydia! Drama?"

"Por favor, Stiles" pediu com as mãos juntas, em sinal de prece. "Só dessa vez, eu prometo!" Falou enquanto piscava, sem parar, aqueles olhos incrivelmente verdes.

"Tá bom." disse me rendendo.

"Obrigada!"

"Você não parece ser o tipo de garota que prefere os dramas às comédias românticas!" falo entre goles do chocolate quente - delicioso, por sinal - que ela preparou.

"Saiba que você está terrivelmente enganado. Eu sou o tipo de garota que acha que um drama é extremamente essencial na vida de qualquer pessoa!"

"Hum... Péssimo argumento. Posso saber o por quê das pessoas precisarem dos dramas?"

"Porque gargalhadas são fáceis de conseguir, você só precisa falar algo bobo, ou... fazer uma piada sem graça, sorrisos são bem mais aparentes que lágrimas; ninguém gosta de chorar na frente dos outros, os dramas são feitos exatamente para isso."

"Para que? Fazer as pessoas chorarem em público?"

"Não, seu idiota!" Falou sorrindo, um sorriso lindo. "Fazer com que as pessoas demonstrem seus sentimentos mais reservados."

"Filosófico, eu acho. Talvez tenha razão."

"Stiles, meu caro amigo" começou com uma voz engraçada "Você é novo aqui, mas de uma coisa tenha certeza: Eu sempre tenho razão!" diz e eu caiu na gargalhada.

Ela me joga um olhar zangado e ao mesmo tempo brincalhão.

"Não ria!" diz enquanto ela mesma ri. "Com o tempo você vai ver que eu estou falando a verdade."

"Claro, claro" digo me recuperando. "Afinal, Lydia Martin é a rainha da certeza!" falei com uma voz grave para dá uma entonação maior a frase.

"Aí, um ótimo título!" diz pegando uma almofada e jogando com toda a força - que não é muita - em meu rosto.

"Ai, Lydia!" falo surpreso.

"Eu te machuquei?" fala preocupada.

"Não passou nem perto disso, talvez cocegas seja a palavra correta." digo e ela, irritada, joga mais uma vez a almofada sobre mim.

"A gente pode assistir ao filme, por favor?"

"Por mim tudo bem!"

"Ótimo!" diz alto, fazendo bico e cruzando os braços na frente do peito, enquanto senta na ponta do sofá e olha irritada para a TV.

"Não fica irritada."

"Eu não estou irritada"

"Está sim, e sem motivo."

"Eu tô né?" pergunta quebrando aquela posse, e olhando para mim de um jeito mais suave.

"Você sempre fica irritada sem motivo."

"Eu sempre fico irritada sem motivo." Repete a frase,  agora com um sorriso cheio de covinhas.

"Vamos assistir ao seu filme dramático!"

"Tudo bem!" fala se sentando mais perto de mim, encostando as costas no sofá. "Tem pipoca ainda?"

E foi assim que passamos aquele fim de tarde: entre dramas, chocolates quentes e milhos de pipoca - ótimo nome para uma comédia romântica, aliás. Depois que a lua apareceu eu fui para o orfanato que chamo de lar, normalmente eu iria para o mesmo lugar de sempre, olhar as mesmas luzes e pensar na mesma pessoa que não está mais aqui, mas desta vez foi diferente.

As coisas parecem diferentes, os dias não são mais os mesmos, eu não tenho mais vontade de fazer as mesmas coisas, a minha vida foi triste demais por tempo demais, eu não sei se é isso mesmo que estou fazendo, mas eu preciso parar de viver uma vida antiga que só me faz sentir saudade do que já passou, do que não está mais aqui. Eu tenho que seguir em frente, na verdade, eu preciso.

A Malia me deixou e isso não quer dizer que a minha vida chegou ao fim, eu não posso colocar uma pessoa acima de todo um futuro, não posso ficar remoendo o passado a procura de uma brecha, que sei que não vou encontrar, para fazê-lo voltar. Eu não tenho mais ela, eu tenho que aceitar que eu não tenho mais ela aqui comigo.

Penso tudo isso deitado em minha cama, enquanto olho para o teto do meu quarto, onde nós costumávamos olhar para as estrelas, e ela me perguntava qual o motivo delas aparecerem só a noite; Ela não é mais aquela menina, ela não seria mesmo que estivesse aqui, eu não sou mais o mesmo.

Fecho os olhos e tenho um vislumbre dela, sorrindo, com os cabelos castanhos e os olhos da mesma cor, ou talvez de cores diferentes, a imagem dela está começando a se apagar da minha memória, mas ela continua linda, continua distante... porém linda. Mas sem pedir permissão, outra imagem surge em minha mente, uma garota que invade sem pedir licença, com seus olhos verdes brilhantes e os cabelos ruivos presos, um rosto coberto de chocolate e o maior e o mais bonitos dos sorrisos. Lydia, penso. E sorrio sem querer. 

POV's Lydia

Estávamos na aula de artes - terceira aula do dia - e o Stiles ainda não tinha chegado, o que será que aconteceu? Estava agitada o dia todo, ele não é de faltar assim, e nem me mandou uma mensagem - não que isso seja alguma novidade, estranho seria se ele me mandasse alguma mensagem - estava começando a ficar preocupada.

"Lydia, você está sendo paranoica!" disse Allison se sentando a minha frente na mesa da cantina.

Eu havia ligado para ele umas duzentas vezes, e deixado umas cem mensagens na caixa postal, mas ele nunca retorna.

"As pessoas faltam aulas sabia?"

"O Stiles tem o histórico escolar muito precário, sabia?" Eu sei disso, pois ele me contou que tinha sido expulso de muitas escolas, umas por faltas, outras por agressões... Enfim, ele disse que não pode ser expulso de mais uma, ainda mais no último ano do Ensino Médio. "Ele não pode faltar assim do nada, deve ter acontecido alguma coisa!"

"O que aconteceu, foi que no máximo, ele acordou tarde e perdeu o horário!" diz enquanto revira os olhos.

"E por que não me ligou? Ou mandou mensagem?"

"O celular dele deve ter descarregado. Por favor, Lydia!" diz levando as duas mãos para o alto.

"Eu tô exagerando?"

"Talvez, até demais." Allison diz enquanto pega o celular da minha mão.

"O Stiles deve está dormindo, ou algo assim, ele vai te mandar notícia." Tenta me acalmar.

"Tá bom" me rendo. "Talvez, eu tenha mesmo exagerado!"

"Ainda bem que percebeu."

Estava me levantando para ir comprar um suco, ou qualquer coisa, quando meu celular toca na mão de Allison, ela mostra a tela do celular pra mim, e vejo o nome "Stiles" o que me dá o mais grandioso dos alívios, pego o celular de sua mão e atendo.

"Alô, Stiles? Onde você tá?"