Singular - Solangelo escrita por Dry Flower


Capítulo 1
Capítulo Único - Singular


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Depois de apagar minhas histórias aqui, finalmente criei coragem para postar uma, e dessa vez é o amado Yaoi ♥
Esse é um dos meus shipps favoritos em PJO/HDO: Solangelo/Wico. E, nessa one, o objetivo foi mostrar os sentimentos mútuos entre eles e descrevê-los. Não exatamente relações fisícas entre os dois, e mais específicamente a relação emocional e espirituosa entre eles, como são ligados e etc. Anyway, é dificil explicar isso, mas o que importa é se vocês gostarem né nom?
Então, Boa leitura~



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 Meus passos eram lentos. Naquela noite, iluminada pelo luar, me sentia triste e melancólico, com a angústia me comendo por dentro.

 Parei logo na borda da floresta do norte, e sentei-me sobre as folhas secas e quebradiças que cobriam o terreno. Suspirei, sentindo todo o peso que me recusava reconhecer antes, agora vindo tudo de uma vez para as minhas costas, que se curvaram. Apoiei parte de meu corpo numa árvore farta de folhas e saudável.  Meu rosto foi institivamente aos meus joelhos, cobrindo o que restava com a mão, e sendo dominado por todos os sentimentos que me assolavam no dia-a-dia.

 Angústia. Tristeza. Melancolia. Saudades. Tudo isso veio em um turbilhão, me consumindo lentamente como o fogo consome oxigênio. Aliás, oxigênio meu que se recusava a fazer seu trabalho, pois a falta de ar me atingiu como um soco no estômago.

 A luz da lua cheia iluminava o acampamento, fazendo-me ter uma boa visão dos chalés. Aquele era minha casa e eu já havia aceitado esta idéia faz tempo. Mas, minha dificuldade era em esquecer da pessoa que fazia qualquer lugar ser minha casa, ser meu lar: Bianca. Ah, só os deuses sabem como haviam momentos em que a angústia me dominava ao rebobinar tudo que aconteceu, e a saudade apertava como nunca. Já havia aceitado a morte da caçadora, mas a saudade insistia em atacar em certos momentos, coisa que é importuna. 

 E chegam momentos, como agora, que é dificil segurar as lágrimas e tentar parecer ser forte.

 As amargas lágrimas descem silenciosamente pela minha face, e na minha garganta se forma uma bolha incômoda. Quando mal percebo, as lágrimas já são incontavéis,e a vontade de gritar, de urrar, é imensa, apenas para aliviar aquela angústia em meu peito.

 Com a visão borrada, tirei de meu bolso uma pequena figura de metal, O motivo da morte de Bianca. Um boneco de Mitomagia, jogo em que eu era viciado, e o único que eu não tinha na época de sua morte.

 Mais lágrimas caíam e eu apertava fortemente o boneco na palma da minha mão. A dor pareceu aumentar em meu peito, e eu já soluçava e tremia agressivamente, já estava de bruços no chão. Era como se tudo que eu não tinha chorado todo esse tempo, tudo que eu não me permitir sentir em todo esse tempo, voltasse dez vezes mais forte nesse momento.

 Me permiti chorar, me permiti sentir. Sempre achei que era sinal de fraqueza demonstrar sentimentos para os outros e para sí próprio, mas no momento eu estava desabafando comigo mesmo e com a Lua, que me observava de longe, lá no céu, e iluminava minhas dores com seu brilho melancólico.

 Quando menos esperava, quando já estava assolado em minha solidão naquele local, braços quentes e carinhosos me envolveram. Minha cabeça foi ao peito de alguém, e eu já estava aninhado à essa pessoa, e sabia exatamente quem era. Will.

 O corpo do filho de Apolo aquecia meu corpo frio e gelado pelo sereno da noite. Em momento algum ele me soltou, nem fez perguntas. Ele me envolvia de maneira única, de maneira singular. E sabia que só ele tinha idéia de tudo que venho sentindo e dos demônios que me atacam. Ele é o único que me fazia melhorar rapidamente, de uma hora para outra, como se todas as minhas tristezas se dissipassem com o seu calor.

 Fiquei um bom tempo daquele jeito; chorando, aninhado à ele, e soluçando horrores. Mas, sem ao menos perceber, eu havia parado de chorar. A calmaria me tomou como nunca havia tomado, e permaneci ali, abraçado à ele. O que antes era angústia em meu peito, agora é uma coisa diferente. Eu seu exatamente o que é, mas ainda não sei se consigo admitir, nem em pensamentos.

 -Nico...? – Will perguntou carinhosamente ao pé de meu ouvido – Está bem?

 Demorei talvez segundos para responder, pensando em uma resposta conveniente para o que sentia no momento, e para o que senti à pouco tempo.

 -Eu... Eu não sei... – Minha voz saiu falhada e baixa, como um sussurro de desespero.

 -Fique calmo, e me diga: o que sente?

 Will sabia exatamente como fazer perguntas elaboradas que exigem respostas elaboradas. Não sei quanto tempo fiquei pensando, mas sei que pensei demais tentando encontrar palavras para descrever tudo aquilo.

 -E-eu... sinto-me como todo o peso que não havia sentido antes, viesse com tudo nesse momento mil vezes pior. Como toda a angústia, tristeza, melancolia, raiva, viesse agora em conjunto...

 E eu, apenas em pensamentos, falava muitas coisas. Sei como posso confiar nele, até de olhos fechados. Então, as palavras saíram facilmente, mesmo minha voz demonstrando fraqueza. Sabia que Will teria, como sempre, uma ótima resposta para me ajudar – já que ele já havia me ajudado muitas outras vezes em relação à lembranças repentinas de Bianca, e tristezas consecutivas.

 -Nico... quero que, agora, olhe para mim. – Eu levantei os olhos, e finalmente vi ele. Sua pele bronzeada como sempre, seus olhos azuis tão vivídos como o céu, cabelos loiros como se fossem o próprio sol flamejante na cabeça do garoto. Usava um blusão e calça para dormir, mas as olheiras demonstravam que ele nem havia dormido. Olhei diretamente para os seus olhos. Ele estava encantador como sempre, tenho que admitir. – Sei que lhe fere, mas você terá que viver sem ela. Você terá que seguir seus sonhos, suas batalhas, seus medos e amores sem ela. Mas, sem ela fisicamente. Pois os deuses sabem como ela lhe amava, e tenho a absoluta certeza que ela lhe acompanha dia após dia incessantemente, ligada á você pelo amor incondicional que lhes ligam por laços de sangue. Ela nunca vai lhe abandonar, e eu sei que você nunca se esquecerá dela. Porém, tens que ter somente lembranças boas dela. Sempre levar em conta os sorrisos dela, não as lágrimas. Pode parecer clichê, e é, mas sei que ela nunca iria querer ver você triste. Você tem que levar ela no coração, mas de forma positiva. – Will conseguiu tocar meu coração de um jeito irreconhecível. A angústia subitamente se foi de meu coração, e me senti confortado de forma que nunca me senti antes.

 Ficamos nos olhando durante longos minutos, transmitindo sentimentos que tinhamos vergonha de falar em voz alta. Cada um despiu a alma do outro olhando no fundo dos olhos do outro, descobrindo cada porém e cada porquê da alma de ambos, cada pergunta sem resposta e cada sentimento que ambso não reconheciam.

 Porém, o contato visual foi quebrado por Will, ao olhar em direção à minha mão e ver a figura de metal do Mitomagia. Suponho que ele sabia a estória por trás do boneco – talvez, até todo o acampamento.

 -Esse boneco... devemos fazer algo com ele. – disse ele, pegando o pequeno boneco de minha mão.

 -O-o que? – perguntei com a voz já voltando ao normal.

 -Bom, ele lhe trás lembranças ruins né?

 -Sim...

 -Então vamos acabar com ele.

 E a minha última visão do boneco foi ele ao ar, assim que Will jogou-o em direção ao lago. Não tenho dúvidas de que deve ter afundado, ou então ficara boiando na superfície do lago. As naíades talvez ficassem bravas por encontrar seu território “sujo”, mas eram somente detalhes.

 -Resolvido. – Disse Will baixo, animadamente. Teria dado uma gargalhada longa e alta se não tivesse me lembrado das harpias que rondavam todo o acampamento, e do risco de ser petisco delas.

 Mal percebi, mas já estava alegre, contagiado por Will. O calor em meu peito aumentou, e não me aguentei.

 -Will... Obrigado. Profundamente, obrigado. Não sei como você faz isso, mas me alegrou de uma forma intensa, me acolheu como poucas pessoas fazerm ou já fizeram, e mostrou o quão valiosa é a sua presença ao meu lado, me cativando singularmente. – As palavras fluiram naturalmente, como se meu cerébro já tivesse ensaiado sozinho tudo o que eu guardava inconscientemente.

 Will me olhou de forma que não consigo descrever. Foi um olhar diferente de todos os outros, com um sentimento à ser transmitido diferente de todos os outros. E a resposta dele foi a mais surpreendente, carinhosa, calorosa e doce.

 Sua cabeça se aproximou da minha lentamente, e seu olhar já se dirigia a minha boca, com um quê de desejo, assim como eu. Nossas respirações quentes se misturavam, e os lábios estavam cada vez mais perto um do outro. Meu coração batia inumanamente, e o calor que emanava de seu corpo era delicado e suave, que me atraía cada vez mais, como uma mariposa é atraida para a luz. E tão suave como o calor que emanava, sua mão envolveu minha nuca delicadamente, e a outra me puxou para mais perto. Minha mão já estava em seus fios loiros sem eu dar por mim, e nossos corpos agora estavam mais próximos que nunca, assim como o nosso sentimento encontrava o ápice.

 E quando nossos lábios se tocaram, quando nossos olhos se fecharam, uma sensação completamente diferente transcorreu meu corpo. Um arrepio correu minha espinha no choque de minha boca fria e a dele quente.

 Sua boca era macia e carnuda como veludo, que contrastava perfeitamente à minha fina. A  pressão de inicio foi leve, mas depois aumentou, e o beijo se aprofundou para algo mais.

 Quando menos percebi, nossas línguas invadiam a boca um do outro. Foi a sensação mais incrivel que eu tive o prazer de experimentar. Nossas bocas ensaiavam a dança perfeita, numa sincronia natural, e o gosto de amoras e maçãs maduras invadia minha boca. Era um sabor peculiar, que só ele tinha. Ele encontrava formas diversas para ser singular para mim.

 Todos os sentimentos que com o tempo contive, se libertaram como pássaros aos céus, Tudo que eu não fazia idéia que existia, mostrou-se ser real, todo o desejo escondido nas profundezas de minha consciência veio mais forte que nunca, causando-me vontade de aprofundar ainda mais a conexão entre nossas bocas.

 Minha mão apertou fortemente seus cabelos, e ele já segurava mais firmemente minha nuca e costas.

 Deve ter durado minutos, ou pode até ter durado horas. Mas, na minha mente, o tempo se perdeu dentre todas as carícias entre nós. Não havia tempo, não havia terra, não havia a própria realidade.  Apenas nós dois naquele momento, e mais nada. Apenas a junção do quente e do frio, do sol e da lua, dos céus e do inferno. Tão constrastante eram as diferenças entre nós, mas era exatamente isso que deixava ainda melhor, ainda mais singular. Tudo que compunha nós dois eram tudo que nos unia mais fortemente, e as diferenças sequer existiam quando o amor se mostrava mais forte.

 E quando nossos lábios se separaram, as bocas estavam inchadas e rosadas, a respiração ofegante, contudo, os olhos ainda brilhavam de desejo, querendo consumir mais e mais as nossas forças.

 -Eu nunca achei que fosse algo recíproco o que sinto por você... – Will disse, num sussuro, ainda perto de meus lábios, com seu hálito atingindo minha face.

 -Faço de suas minhas palavras...

 Então ficamos apenas daquele jeito, trocando olhares. Nem seuqer sabia mais que horas eram, mas não era isto que importava. O que importava era descobrir cada detalhe nos olhos azul-celeste que ainda não havia tido chance de descobrir. Não ousei quebrar aquele intenso contato visual, e nem queria que tal ocorresse. Apenas a sensação de tê-lo perto de mim já instigava minhas forças a se renovarem para, cada dia seguido do outro, eu poder acordar sabendo que iria ver ele, e que poderia ouvir suas doces palavras, receber seus doces olhares, sentir sua boca na minha, e alimentar o amor dentro de mim, cada vez mais.

 Não sei se poderia definir aquele momento singular em alguma palavra ou frase. Era algo tão único, que nem sequer definição poderia existir. Talvez, cativante. Ou então, amoroso e carinhoso. Mas ao meu ver, parece que nenhum adjetivo ou verbo, ou quaisquer palavra, é capaz de definir tudo que acontecia dentro de mim e ao meu redor. E quando finalmente achei a frase perfeita para definir, não medi escrúpulos para transmiti-la à ele.

 -Eu te amo, Will Solace— disse com todo amor, ternura, paixão, carinho e desejo que consegui transmitir. Talvez, estivesse com medo da reposta. Mas tal não me deixou nem um pouco triste, muito pelo contrário.

 -Eu também te amo, Nico di Angelo.

 Então, incosequentemente, nos declaramos um ao outro. Não sabiamos o que nos esperava, não sabiamos a reação de nossos amigos, nem de nossos pais olimpianos. Mas, sinceramente, a única coisa que importava naquele momento era mostrar à ele o quanto o amo, e vice-versa.

 Tenho certeza que nosso amor era de uma forma mais pura possível. Inocente, talvez. Com certeza, algo novo. Não estavamos preparados para isso, mas ao mesmo tempo sim. Nosso corpo e mente dava um sinal de amor à cada batida mais forte de nossos corações, a cada formigamento onde um tocava o outro, ou até esbarrava, a cada borboleta no estômago... Eram coisas quase imperceptiveis que denunciavam a presença de um sentimento, mas nós ainda não haviamos percebido.

 Agora, ambos sabiam da existência do recíproco sentimento. Era uma coisa boa, ótima para falar a verdade. Amar é uma coisa única, mas amar Will Solace... É singular.

 

"É tão singular

A habilidade que eu tenho em montar

Um arsenal de clichês pra te cantar,

Na intenção de te fazer não esquecer

Que eu nunca vou parar de te chutar

A noite inteira mesmo se você brigar

Eu te enlaço e não me permito soltar

Pro nosso 'nós' não deixar de ser assim

Tão singular..."

—Singular - AnaVitória


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Notas finais do capítulo

E então...? _(*v*)/*
Gostaram?
Comentem se gostaram ou odiaram algo, se tiver algum erro e etc.
~~E não vou reclamar se derem favorito ou fizerem alguma recomendação eim amiguinhos _(*v*)/* ~~
Enfim, bejoooooooooooooooo