Os olhos brilhavam com algo de inocência. O som e o ritmo que sua voz propagava no ar tinham um jeito encantador. Quando Serena tocou no assunto que tinha sido o motivo para chamar a amiga ao Café Soleil, Shauna pareceu demorar a entender o que a outra dizia, e quando aconteceu de entender não segurou o riso. Serena, entretanto, adotou um postura séria após se recuperar do embaraço causado pela inexperiência, e disse como se estivesse em uma batalha pokémon:

— Shauna, você é importante para mim. Eu realmente queria saber se você sentia o mesmo… — o olhar determinado da treinadora vacilou por um momento — Claro, somos todos amigos há bastante tempo, então não espero uma resposta positiva, mas… eu não me sentiria uma treinadora tão digna se eu continuasse me negando a resolver isso.

Shauna sorriu, e apontou para o rosto de Serena, dizendo em um tom brincalhão:

— E se eu dissesse que eu aceito? O que diria?

Serena piscou duas, três vezes. Dessa vez, devia ser ela quem não tinha entendido o que queria dizer.

— Eu ficaria feliz… mas não parece estar séria.

— Eu não preciso estar séria para ter certeza! — Shauna disse, e pegou as mãos de Serena que estavam repousadas de leve sobre a xícara de café. — Eu só sinto! Tenho certeza que esse dia me será uma ótima lembrança!

Serena segurou com um pouco mais de segurança as mãos da amiga. Ela estava se sentindo realmente bem naquele momento, mesmo que recebesse alguns olhares estranhos pela sua atitude. Serena não se incomodava, pelo menos não quando tinha o conforto da presença de sua pessoa especial.  

A treinadora sempre se viu posta a prova quando era comparada com o talento de seus pais, o que a fez se tornar mais distante do que gostaria com relação a outras pessoas, mesmo com seus amigos de longa data. Por isso, ela sempre via em Shauna um contrário que ela gostaria de se tornar. Admirava a energia da garota, a aura amigável que custava a Serena ter. Queria proteger Shauna como protegia seus pokémons, pois ela era uma das razões que fazia Serena sorrir.

Shauna era uma das razões que fazia Serena acreditar que o mundo não estava tão perdido quanto um certo líder de uma organização criminosa estava propondo. Pessoas ainda podiam brilhar com inocência.