Dicotomia - Undertale escrita por cecifrazier


Capítulo 6
Sensações Dolorosas


Notas iniciais do capítulo

Desculpa demorar pra trazer o capítulo ;-;
Ele tava praticamente pronto, só faltavam uns detalhes a mais
ENFIM
Boa leitura ♥



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Não. Definitivamente eu não posso gostar da Frisk dessa forma, ela é minha irmã. Por mais que não sejamos irmãos de sangue, ainda somos irmãos e eu a odeio, certo?

 

Sexta-feira, último dia de aula na semana, sinceramente não queria ir mas já faltei demais e não quero que meu desempenho caia por mera preguiça. Na minha antiga casa com meus antigos pais, eu era obrigado a passar o dia estudando ou meu pai me daria uma surra. Não que Asgore vá me bater por ser um péssimo aluno, mas eu diria que essas lembranças dolorosas me servem de incentivo.

 

A mesma rotina de sempre: acordo cedo, visto uma camisa preta, calça jeans marrom, minha jaqueta preferida e o cordão dourado de coração que Toriel me deu. Isso é coisa de menininha. Desço as escadas e sinto o cheiro de bolo de chocolate no ar, juntamente com o cheiro de ovos e panqueca. Vou até a cozinha esperando encontrar Toriel ou Asgore preparando o café, mas na verdade, era Frisk. Droga.

 

— Fazendo o café da manhã? Hoje vai chover. – Digo, me aproximando dela.

 

— Eu não sou preguiçosa como você, só isso. – Ela dá uma risada baixa.

 

— Eu? Preguiçoso? Ora, me dê isso aqui. – Digo, empurrando-a e tomando a frigideira para mim. Ouço ela dando outra risada, mas um pouco mais alta que a outra.

 

— Chara... – De repente, ela fica com uma voz séria. — Eu queria te perguntar uma coisa.

 

— Ai ai, o que eu fiz agora? – Apago o fogo do fogão e fico de frente para ela.

 

— S-se você fosse se declarar pra alguém... – Ela dá uma pausa, suas bochechas estavam bem vermelhas. — O que você diria?

 

— E-eu não sei. – Olho para o lado corando levemente. Por que ela estava me perguntando isso? — Frisk, eu não sei o que é gostar de alguém assim, eu não sei o que diria.

 

— Ah, por favor. – Ela faz um biquinho e uma cara de cachorro pidão. Que nojo.

 

— Tá tá... – Direciono meu olhar para ela e dou um breve suspiro. — Se eu fosse me declarar, eu diria a essa pessoa o porquê eu gosto dela. Por exemplo: eu gosto de você porque você é chata, me irrita as vezes, é super grudenta e namora os piores caras.

 

— Ei! Eu não namoro os piores caras! – Ela bufa e cruza os braços. Dou uma risada e ela ri também.

 

— Mas eu também gosto de você porque você se preocupa comigo, é gentil... – O rubor no meu rosto só aumenta. — Não me trata mal, é alegre... – Involuntariamente, coloco uma de minhas mãos no rosto de Frisk, que nesse mesmo instante fica ainda mais vermelha. — É-é bonita também e...

 

— C-chara... – Ela coloca sua mão sobre a minha e percebo que estou falando coisas que não deveria.

 

— Ah, mas isso é o que eu diria se eu gostasse de alguém, mas como eu não gosto de ninguém então eu não vou dizer isso. – Digo, me afastando dela e indo em direção às escadas. — Vou chamar os nossos pais pra tomar café.

 

Puta merda, o que deu em mim? Eu realmente devo ter enlouquecido por falar essas coisas sem sentido pra ela, porra.

 

Assim que terminamos de tomar café, fazemos o mesmo de sempre: nos despedimos dos nossos pais, saímos de casa e subimos na moto. Eu mal conseguia olhar ou falar com Frisk depois do que aconteceu hoje de manhã, e com ela me abraçando daquele jeito também não ajudava muito. Como eu queria estar morto agora.

 

— Chara? – Ela me chama, quebrando o silêncio.

 

— Sim? – Respondo de um jeito calmo, evitando falar muito.

 

— Sobre hoje de manhã... Aquilo foi sério? – Sinto ela apertar minha cintura e meu rosto arder. Dou um leve suspiro.

 

— Escuta, só estávamos falando sobre o que diríamos em uma declaração, certo? Nada de mais. – Falo, tentando esconder ao máximo meu nervosismo naquele momento.

 

— Certo... – Ela fala e percebo a tristeza em sua voz. Não, ela não gosta de mim assim.

 

Quando chegamos na escola, estaciono no pátio e descemos da moto. Frisk vê um grupinho de amigas e se despede de mim com um beijo na bochecha, que no mesmo instante fica ruborizada. Porra Chara, te controla.

 

Eu já estava a caminho da sala de aula, quando vejo Vitor e seus amigos no corredor me olhando de uma forma ameaçadora, mas eu não queria problemas então tentei passar direto. Não deu certo.

 

— Ora ora, o que temos aqui? – Vitor juntamente com um de seus amigos me abordam.

 

— O que você quer, seu escroto? – Digo revirando os olhos, com uma expressão de completo desinteresse.

 

— É muito simples... – Ele se aproxima de mim. — Só quero fazer você pagar pelo que fez comigo na segunda.

 

Assim que ele fala aquilo, seus amigos começam a me puxar para os fundos da escola, aonde não havia ninguém por perto. Eu não gritei por ajuda, não reagi, se eu fizesse algo alguém poderia acabar morto e eu não queria isso.

 

Eles me deixam de joelhos ainda segurando meus braços para trás, enquanto Vitor, que estava na minha frente, me acerta com um soco no rosto e logo em seguida com um chute na barriga, me fazendo cuspir sangue.

 

— Demônio, não é? – Ele segura meu rosto com firmeza. — Você não passa de um merdinha. – Ele me dá um chute no peito me fazendo cair para trás.

 

Assim que caí, seus amigos começaram a chutar meu corpo todo, me fazendo gemer de dor e sangrar. O que eles faziam naquele momento nem se compara a o que eu faria se reagisse, então, decidi só aguentar calado.

 

Após um bom tempo recebendo chutes, pisões e xingamentos, eles finalmente pararam.

 

— Até mais tarde, seu merdinha. – Vitor fala debochando da situação.

 

Eu mal consigo me mexer, meu corpo era envolvido por uma dor intensa que eu mal conseguia pensar e muito menos pedir por ajuda. Então, fechei os olhos e desmaiei.

 

•••

 

Saudaç...

 

— Escuta aqui, demônio. Por que não me deixa em paz?

 

Eu faço parte de você não tem como eu...

 

— Claro que tem como você ir embora dessa merda. Eu já to ficando com raiva pra caralho de você. Porra hein.

 

Se está tão estressado assim, por que nã...

 

— Não mato alguém? Vai se foder. O único que vai morrer aqui, é você.

 

Já falamos sobre isso, só morro se você morrer.— Ele dá uma pausa. — Aliás, eu já ando a um bom tempo procurando um receptor, uma alma pura para absorver, sabe do que eu estou falando?

 

— Não sei e nem quero saber. Vai pra puta que pariu.

 

Você é tão divertido... — Ele dá uma risada. — O bebê que Toriel esperava... Estava pensando nele para ser o receptor, você está ficando entediante.

 

— Por que você não usa o seu rabo pra ser o receptor? Quem sabe pode ser o receptor de algo bem grosso, não acha?

 

O único grosso aqui é você. — Assim que ele diz isso some, e sinto braços femininos se entrelaçando na minha cintura por trás.

 

— Frisk? – Sorrio gentilmente tentando olhar para trás. — Não... Você não é ela. Pare de se transformar nela. – Digo me soltando daquele abraço desconhecido.

 

Vamos Chara, me deixe te amar. – “Ela” se aproxima ainda mais de mim, me puxando pela gola da camisa. —Você quer isso... Não quer?

 

Eu não... – Sou interrompido por uma língua em meu pescoço, me fazendo arrepiar todo.

 

Eu realmente não queria aquilo, não queria imaginar que quem estava ali era a Frisk de verdade e não um demônio. Mas essa coisa se parecia tanto com ela que acabava mexendo com meus sentimentos e acabei cedendo à essa ilusão.

 

Chara... — “Ela” dá um suspiro. — Eu te amo.

 

— Eu também te amo... Frisk. – Assim que tais palavras saem da minha boca, puxo-a para mais perto de mim e dou um beijo suave, que aos poucos torna-se intenso.

 

Sinto suas mãos frias passarem por baixo da minha camisa, enquanto eu passo minhas mãos por suas curvas discretas e apertando sua cintura.

 

— Por que você não me usa pra aliviar seu estresse? V-você... Ah, C-Chara. – Antes que “ela” possa terminar de falar, a interrompo com um leve chupão em seu pescoço. Eu realmente estava fora de mim. — Vamos ficar juntos para sempre, não vamos?

 

Assim que "ela" diz essas palavras, acordo do meu transe e a empurro para longe, percebendo que aquilo não passava de mais uma ilusão criada por aquele demônio. Como pude me deixar levar por algo assim? Frisk nunca agiria desse jeito.

 

— Você... – Dou uma pausa, ofegante. — Você não é ela... Fique longe de mim.

 

Hehe... Você estava quase caindo, meu amor. — “Frisk” começa a ter seu rosto distorcido e seu sorriso é de apavorar. — Mas não se preocupe... Um dia eu ainda vou experimentar esse corpinho.— “Ela” diz, desaparecendo em meio a um grande nada.

 

Aquilo foi muito bizarro, meu coração estava acelerado e mesmo que tenha sido por alguns instantes e de um forma desagradável, senti como era ter Frisk em meus braços, sentir seus toques e carinho. Ah, o que eu estou dizendo? Isso foi uma ilusão, apenas.

 

De repente, consigo acordar daquele pesadelo. Eu estava deitado na enfermaria, com curativos em meu braços, pernas e até em meu abdômen, eu sentia apenas dor e tontura, até que ouço a porta se abrir.

 

— Chara! Minha criança! – Toriel fala correndo em minha direção junto com Asgore.

 

— Filho... – Asgore passa sua mão em minha testa. — Quem fez isso com você?

 

— N... Não importa... Pai... – Falo com dificuldade devido a dor.

 

— Não diga uma coisa dessas! Claro que importa! – Lágrimas escorrem do rosto de Toriel, que me abraça confortavelmente.

 

— Chara! – Frisk grita praticamente arrombando a porta da enfermaria e se aproximando de mim. — O que fizeram com você?

 

— Ei... Pare de ser dramática, eu estou bem. – Passo minha mãos em seu rosto enxugando suas lágrimas. — Não chore.

 

— Com licença? – Uma mulher, não muito alta, com uma postura firme e um olhar sério, entra na sala. Era a diretora. — Vimos nas câmeras de segurança e sabemos quem fizeram isso com Chara. Já liguei para os pais, devem estar a caminho.

 

— Certo. – Toriel se levanta da cadeira e vai em direção àquela mulher. — Vamos resolver isso, venha Asgore.

 

Asgore obedece, saindo assim com Toriel e a diretora, deixando assim Frisk e eu a sós. Eu mal conseguia olhar para ela por conta do pesadelo que tive, mas evitá-la seria inútil.

 

— Fri, você pode voltar pra sala de aula. – “Fri” era o apelido carinhoso que dei a ela, mas que raramente usava.

 

— Não, eu fico aqui com você, eu sei que você quer que eu fique. – Ela fala se sentando na cama e dando uma risada baixa. Droga, era verdade.

 

— Sendo assim... – Puxo-a pelo braço fazendo-a deitar do meu lado. Dane-se, eu praticamente me declarei pra ela hoje de manhã, isso não é nada.

 

— Chara...? – Ela fala surpresa e o rubor em suas bochechas ela visível.

 

— Cale a boca e tenta não se mexer, eu to machucado pra cacete. – Falo enquanto envolvo meus braços em sua cintura para um abraço.

 

Pouco tempo depois, adormeço ainda abraçado com Frisk. Pode ser loucura minha, mas podia jurar que ouvi ela dizer um “Vou cuidar de você sempre” e senti sua mão fazer carinho no meu cabelo. É, loucura, ela não me suporta.

 


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Notas finais do capítulo

Não vou demorar pra trazer o próximo...


(...eu acho -q)

Obrigada por lerem ♥
Nos vemos no próximo capítulo



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